Capítulo 8

Ian

Não sei o que está acontecendo comigo. Desde que comecei a conversar com aquela estranha, não paro de pensar nela ou em como ela pode ser, na cor de seus olhos, dos cabelos, em como se veste... As únicas coisas que sei dela até o momento é que tem uma tatuagem, que sua pele é pálida, que trabalha na minha empresa e que é tímida. Mas, por trás do seu anonimato, é sincera e provocante.

Todo esse mistério está me deixando louco; e uma mulher nunca conseguiu isso de mim. Estou fascinado por ela como se fosse uma necessidade saber sua identidade, seu nome, onde vive e com quem.

Não acho que o passarinho tenha algum namorado, mas pode ter algum pretendente.

Hoje, mesmo, senti que deveria sair do meu escritório só para buscar por uma pessoa que eu nem sabia quem era.

É loucura. Estou ficando louco.

O pior de tudo é que sempre quero mais dela: mais informações e mais uma mensagem.

Ela foi a primeira mulher que me fez dizer tudo aquilo sobre mim, porque a maioria que sai comigo só fala banalidades, enche o saco e me faz desejar que as horas passem rápido. Diferentemente do que a estranha causa em mim.

Em qual departamento ela trabalha? RH? É uma secretária? Assistente pessoal? Técnica de manutenção? É um mistério.

Hoje terei uma visitação com um dos nossos novos clientes. O homem é daqueles que não acredita nas novas tecnologias, mas, ironicamente, precisa de proteção virtual para os seus dados. Tudo hoje em dia gira em torno delas, como a internet. Se não se sabe guardar adequadamente os dados da sua empresa, seja banco, construtora, etc., corre-se o risco de ser roubado pelos hackers ou, como os antigos os chamam, “piratas virtuais”. Essa gente rouba tudo que você tem para ganhar.

Apesar de ser difícil gerir números e dados de outras empresas, meu pai foi um homem muito cuidadoso e sabia que, para não errar, teria que sempre inovar e buscar novas maneiras de proteger tais informações.

Minha cabeça oscila entre o trabalho, o novo cliente e a estranha do celular. Passei a frequentar espaços onde os funcionários frequentam e a observar tudo e todos. Até agora, dentro do elevador social, procuro por respostas.

As mulheres lindas com seus terninhos e vestidos justos estão caladas. Eu não sou o único homem aqui, mas ninguém, nem mesmo o cara de óculos estranhos, diz um “pio”.

Segundo a estranha, todos me acham um vilão. E ela tem razão. Desde que pus os pés neste lugar, tenho sido um bundão. Fui muito bem educado com os melhores princípios, e tudo mais, porém quando estou estressado ou de saco cheio, estouro e não penso muito nas pessoas ao meu redor.

Agora, eu não quero ser um tarado que está tentando ver uma parte do corpo de alguma mulher. Sendo assim, impeço meus olhos de procurarem por um pulso com uma tatuagem de pássaros voando. É difícil.

Você é um tarado, Ian!

Ela diria isso. Rio do meu próprio pensamento e do da mulher que, ultimamente, está tirando o meu juízo.

Dou graças a Deus quando chego ao meu andar. O clima no elevador estava estranho. As pessoas ficam assim quando estão perto de mim. O que só comprova que sou um homem odiável.

— Bom dia, senhor Novack! — Mia me cumprimentou, entregando-me meu café antes mesmo de eu entrar no escritório. — A visita com o senhor Phil está marcada para daqui a dez minutos. Ele insiste para que o senhor o acompanhe.

“Ótimo!” Como se eu não tivesse outras coisas para fazer!

Phil é o dono de uma das maiores empresas de publicidade do país, e já fazia um tempo que ele e meu pai estavam conversando sobre um acordo. O homem demorou para aceitar que uma empresa como a TEC Corporation poderia proteger o seu dinheiro. Até parece que ainda vive no século passado, onde tudo era armazenado em gavetas e escrito em papéis que só juntavam poeira. No novo século, tudo que fazemos, até mesmo criação de projetos, é colocado em HD’s ou em bancos de dados. Empresas como a dele dependem de servidores modernos para que nada seja perdido.

Contudo, o que é facilitado, também pode ser uma porta para roubos. Antes alguém tinha que passar por um segurança armado para pegar a papelada que poderia arruinar um negócio, como contratos e muito mais, porém, para isso hoje em dia, é necessário apenas um bom conhecimento e ferramentas capazes de alcançar computadores até do outro lado do mundo. Ninguém está seguro de ser roubado, no entanto dificultamos os idiotas de conseguir esse feito.

— Ok, Mia. Prepare tudo para mais tarde! — avisei, tentando não ficar de mau humor só porque um velho amigo de meu pai precisa da minha presença para acreditar que a TEC Corporation é capaz de fazer o seu trabalho: cuidar do patrimônio virtual de um bilionário qualquer. — Remarque a reunião das 10 horas para às 14 horas! Farei o possível para que isso acabe logo.

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