Capítulo 10

Emma

O que está acontecendo comigo? Ian Novack sabe me deixar louca.

Como se a amizade que dizemos ter, fosse algo tão importante e vital para a minha vida!

Ele estava a poucos centímetros de mim, encarando minha nuca, causando arrepios pelo meu corpo todo e outras reações idiotas que desejei rejeitar a todo custo.

Meu chefe é charmoso, e ver suas fotos me deixa boba.

Eu senti que ele estava a poucos passos de mim e seu perfume sutil me deixou de quatro, no chão. Mas não como foi na última vez.

Ele está frustrado, assim como eu. Por isso decidi acabar de vez com nossa brincadeira. Eu fui culpada por ter a começado, então terminei com ela.

Saio atrasada do trabalho, já imaginando que perderei o metrô para chegar cedo em casa. Assim que ponho os pés para fora do prédio, Ian sai com uma expressão nada legal.

Meu coração quase salta pela boca e o desejo de ir até ele, vem até mim.

Não é como se tivesse sido semanas ou meses de conversa, mas o pouco que falamos um com outro foi suficiente para me abalar por esse “término” idiota.

Faço todo o caminho até a estação, pensando no que ele fará, se é por minha causa o seu mau humor e se, em algum momento, nós nos esbarraremos outra vez ou ele insistirá em continuar mantendo contato.

Depois do que que lhe enviei, não obtive respostas. Não deveria estar desejando isso, mas mentiria se dissesse que não estou.

***

Apesar de ter passado o dia todo sentada, meu corpo está cansado, insistindo para entrar na banheira e ficar lá até o outro dia. No entanto, Bia, como uma fiel e pontual amiga, b**e em minha porta com o maior sorriso do mundo e com uma empolgação fora do comum.

Apesar de sermos vizinhas e de ela estar ao meu lado durante todos os cincos anos em que moro em Nova York, ainda me impressiono com a ideia de que somos amigas. Ela é linda e confiante. Mas, também... Pudera! A mulher tem um metro e setenta de altura, cabelos naturalmente ruivos, corpo esbelto e autoconfiança. Tudo que falta em mim.

Claro... Eu não sou horrorosa, nem acredito em um conceito ou tipologia. Minha magreza é um mistério, já que sempre como o mais variado cardápio de gorduras, e meus cabelos são pretos, lisos, naturais e bem tratados em casa. Só não gosto de sair para comprar roupas. Algo que Bia não deixa de lado e sempre me passa na cara.

— Sabe, Emma? Você deveria me dar uma porcentagem do seu salário. — Senta-se em meu sofá, esperando-me. — É uma das pessoas mais inteligentes que conheço, se não for a mais, é bonita e tem dinheiro para dar e vender. Sei quanto ganha um engenheiro na sua área. Eu pesquisei.

— Quer dinheiro emprestado? Eu já te ofereci. Foi você quem não...

— É brincadeira, sua ridícula. — Revira os olhos e deixa o sorriso voltar, iluminando seu rosto cheio de sardas. — Na verdade, estou meio que em um trabalho.

Paro o que estou fazendo para prestar atenção no que ela irá dizer. Essa é mais do que uma novidade, é um milagre. Claro que Bia é esforçada e tenta, de diversas formas, arrumar um dinheiro por si só, porém devo admitir que não consegue, de jeito algum, deixar para trás a boa vida de uma filha de magnata.

— Trabalho? — Levanto as sobrancelhas. — Você?

— Posso saber que surpresa é essa? — Questionou ofendida. — Sempre trabalhei. Fui personal trainer em uma das lojas da GUCCI e até para aquela mulher que dava dicas de moda.

— Você durou mais ou menos quanto tempo em cada uma dessas atuações? — Perguntei, tirando sarro dela. — Bia, você realmente se esforça para ficar no trabalho, mas sempre diz que ficou chato depois de duas semanas.

— Não pode me culpar pela última vez. A mulher poderia trabalhar na loja mais chique da cidade, mas as roupas... Meu deus! Eram horrorosas. — Faz cara feia.

— O que é dessa vez? — Visto-me em frente ao espelho. Pelo que conheço dela, contará uma longa história que durará todo o percurso da corrida. — Contadora do seu pai? Porque sempre diz que quer ser independente, só que não sai do apartamento que ele te deu e não para de comprar no cartão ilimitado. Bia, você não... — Ela j**a uma das almofadas em mim. Nem esperava que fosse usar tanta força. — Ok. Vou levar a sério.

— Uma das minhas antigas amigas da loja me levou a uma agência. E lá, eu... — Viro-me para a olhar com desconfiança. Eu bem sei quem é essa amiga, e imagino que não deve ser boa coisa. — O que foi? Por que está me olhando como se fosse me dar uma bronca?

— Que amiga foi essa? — Perguntei com calma, aproximando-me dela.

— Sei que Victória não é a pessoa mais confiável, mas...

— “Confiável” não deveria estar na mesma frase que o nome dessa mulher. — Falei entre os dentes. — Você se esqueceu que quase foi presa porque ela colocou drogas na sua bolsa? Sem falar da joia cara que fez todos pensarem que você roubou.

— Eu não me esqueci disso, mas a perdoei. Além do mais, fui bem recebida e aceita, enquanto ela foi rejeitada. — Contou com muita alegria. — Meu primeiro cliente é lindo de morrer e tenho que...

— Beatriz Alencar, do que está falando?

Preocupar-me com ela já faz parte do combo. Realmente, eu a tenho como uma irmã e não quero vê-la metida com coisas erradas. Seu pai até me liga para perguntar como ela está, já que a garota insiste em não falar com ele, mesmo que ele o banque.

— É algo sério e seguro, Emma; nada demais. — Nem se importa com minha cara feia, só sorri e se prepara para contar a longa história. — Eu não estava confiante para falar a verdade e tinha as minhas ressalvas, mas depois que a mulher me explicou tudo, passei a dar credibilidade a esse trabalho. Funciona assim: eu sempre vou estar disponível para sair com caras ricos para onde eles quiserem me levar. — A forma calma e empolgada como ela falou essa frase, assustou-me e me paralisou.

Eu já sabia que minha amiga era maluquinha, só que isso é loucura, uma maluquice digna de Beatriz.

— Não me olhe com essa cara! Eu não vou ser prostituta, apenas sair com eles como uma acompanhante.

— Vou ligar para o seu pai e pedir para que ele te interne. — Estou furiosa. — Ficou louca? Esse é um modo de punir sua família ou a mim?

— Nem ouse ligar para o meu pai! Se ligar, a nossa amizade acaba agora. — Reclamou, levantando-se. — Eu estava empolgada para te contar, mas devia ter adivinhado que alguém tão sem graça como você, não entenderia a real situação.

— Real situação? — Debochei. — É loucura, Bia. Sair com homens ricos por dinheiro? Eu já ouvi falar nisso. Está se iludindo se pensa que vai ficar só na amizade.

— Está me ofendendo. — Afirmou brava.

— Desculpe! Mas, o que quer que eu pense quando fala que será uma acompanhante? — Nós duas estamos alteradas.

Minha cabeça já ameaçava doer por conta de Ian; e agora, com essa conversa com Bia, ela nem ameaça mais e parte logo para o ataque.

— Quer saber? Não vou mais sair com você. Já me colocou muita preocupação e está agindo como uma mimada sem juízo.

— Quer saber, Emma? Você está sendo tão sem juízo quanto eu. — Provocou-me, levantando o nariz e vindo em minha direção. — Mente para si mesma e acha que esconde sua insegurança em relação aos homens, mas a sua recusa em se revelar para o homem que gosta e com quem conversa é a prova disso. Sempre foi assim, até mesmo com a nossa amizade, quando se recusava a aceitar ser minha amiga.

Quando Bia fica com raiva, fala muitas besteiras, como agora. Eu deveria estar acostumada com suas piadas e deboche, só que ela acabou de tocar em uma ferida ainda aberta.

— Não é porque ele é seu chefe. Não é porque não gosta de fazer compras, que se veste assim; é porque se vê desse modo e gosta de não ser atraente ou chamativa, pois tem medo de ser usada e traída, como foi no passado.

— É algo sério e seguro, Emma; nada demais. — Nem se importa com minha cara feia, só sorri e se prepara para contar a longa história. — Eu não estava confiante para falar a verdade e tinha as minhas ressalvas, mas depois que a mulher me explicou tudo, passei a dar credibilidade a esse trabalho. Funciona assim: eu sempre vou estar disponível para sair com caras ricos para onde eles quiserem me levar. — A forma calma e empolgada como ela falou essa frase, assustou-me e me paralisou.

Eu já sabia que minha amiga era maluquinha, só que isso é loucura, uma maluquice digna de Beatriz.

— Não me olhe com essa cara! Eu não vou ser prostituta, apenas sair com eles como uma acompanhante.

— Vou ligar para o seu pai e pedir para que ele te interne. — Estou furiosa. — Ficou louca? Esse é um modo de punir sua família ou a mim?

— Nem ouse ligar para o meu pai! Se ligar, a nossa amizade acaba agora. — Reclamou, levantando-se. — Eu estava empolgada para te contar, mas devia ter adivinhado que alguém tão sem graça como você, não entenderia a real situação.

— Real situação? — Debochei. — É loucura, Bia. Sair com homens ricos por dinheiro? Eu já ouvi falar nisso. Está se iludindo se pensa que vai ficar só na amizade.

— Está me ofendendo. — Afirmou brava.

— Desculpe! Mas, o que quer que eu pense quando fala que será uma acompanhante? — Nós duas estamos alteradas.

Minha cabeça já ameaçava doer por conta de Ian; e agora, com essa conversa com Bia, ela nem ameaça mais e parte logo para o ataque.

— Quer saber? Não vou mais sair com você. Já me colocou muita preocupação e está agindo como uma mimada sem juízo.

— Quer saber, Emma? Você está sendo tão sem juízo quanto eu. — Provocou-me, levantando o nariz e vindo em minha direção. — Mente para si mesma e acha que esconde sua insegurança em relação aos homens, mas a sua recusa em se revelar para o homem que gosta e com quem conversa é a prova disso. Sempre foi assim, até mesmo com a nossa amizade, quando se recusava a aceitar ser minha amiga.

Quando Bia fica com raiva, fala muitas besteiras, como agora. Eu deveria estar acostumada com suas piadas e deboche, só que ela acabou de tocar em uma ferida ainda aberta.

— Não é porque ele é seu chefe. Não é porque não gosta de fazer compras, que se veste assim; é porque se vê desse modo e gosta de não ser atraente ou chamativa, pois tem medo de ser usada e traída, como foi no passado.

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