Capítulo 5

Assim que acordo, lembro-me do celular e, como um tolo, verifico se tem mais alguma mensagem da mulher misteriosa. Não tem nenhuma. É decepcionante, e me irrito comigo mesmo por pensar assim.

Resolvo cuidar de tudo para começar o trabalho. Tomo banho, coloco um terno cinza e arrumo os cabelos em frente ao espelho.

Meu pai sempre se orgulhou de ser pioneiro no ramo de proteção de dados. Era um leigo no assunto, mas um mestre em administrar.

Com o crescimento da internet, também cresceram novas oportunidades de roubar. É por isso que a TEC Corporation se especializou nessa área e hoje trabalha com diversas empresas, bancos e pessoas que fazem parte desse meio digital.

Depois de pegar os papéis que trouxe ontem para casa, enfio-me no elevador, que desce até o estacionamento. Meu motorista já está à minha espera. Quando entro no carro, resolvo dar atenção aos documentos. Ontem não consegui resolver nada, pois só pensava na estranha, mas hoje resolvi esquecê-la e focar em trabalhar.

Chego rápido à sede de Nova York, já que estava me mantendo ocupado, lendo os diversos formulários e novos contratos.

Saio do veículo e paro antes de passar pela porta da frente. Apesar de poder entrar pelo subterrâneo, gosto de chegar por aqui para passar pela recepção e conferir as coisas. Contudo, meu objetivo de hoje é encontrar uma pessoa específica, mesmo sabendo que é tolice.

Assim que noto quão ridículo é o que estou fazendo, passo pela porta giratória e vou direto ao meu escritório. É claro que o passarinho irritante não faz parte do meu quadro de funcionários.

— Bom dia, senhor Novack! — minha secretária me cumprimentou com um belo sorriso no rosto.

Talvez seu nome seja Mia. Ela sempre me deseja um bom dia, mas nunca lhe retribuo.

— Bom dia, senhorita! — Passo por ela, lendo o papel que está em minhas mãos. — Você poderia me trazer um café, por favor? — Coloco minhas coisas sobre a mesa.

— Claro, senhor. — Dá um sorriso assustado que me faz franzir o cenho. — Aqui estão os papéis para a análise. — avisou-me antes de sair.

“Ótimo!” Mais papéis!

Alguma força maior que toma o meu corpo me faz pegar o celular do bolso. Eu tentei, a todo custo, tirar todo o glitter dele na noite passada.

Busco as mensagens de ontem.

Ser simpático não faz o meu tipo. As pessoas me olham como se eu fosse um estranho.

A falta de resposta me irrita e me faz guardar o aparelho novamente. Concentro-me somente nos papéis agora.

É isso que dá ser mal-educado com todo mundo. Se continuar assim, bundão, pode ser o chefe do ano.

Apesar da demora, ela finalmente respondeu, e, como um idiota, olho a mensagem no mesmo instante.

“Senhor bundão”. Estou começando a me acostumar com esse apelido. Não somos amigos, tampouco quero que sejamos, apesar de estar curioso para saber quem ela é.

O que a senhorita Birdpink está fazendo agora?”

Ela me manda uma foto e eu vejo que está no metrô. Não me enviou uma dela, e sim de uma senhora dormindo, sentada no banco da frente.

A senhora parece simpática, mas quero uma foto sua.

Está ficando obsessivo com esse assunto. Não terá uma foto minha. Contente-se com a senhora simpática!

Ela tem razão: estou começando a insistir demais nessa questão. Deveria me concentrar no trabalho. Entretanto, agora, que estamos conversando de novo, é difícil apenas ignorá-la.

 “Tem razão. Vou começar a ignorá-la, passarinho.

Não seria o primeiro. Então, tudo bem.”

Claramente, não vou fazer isso até que me mostre algo com o qual eu me contente.”

Surpreendentemente, minha tela é invadida por uma foto do seu dedo do meio. É pouco, mas consigo ver que sua pele é pálida, com uma tatuagem, e que sua unha está pintada de azul, combinando com sua cor. Isso me agrada.

Gostei da tatuagem. É muito sexy. Gostaria de saber se outras partes do seu corpo também são."

Vai ficar só com a mão, senhor bundão.

Você é a mulher mais difícil que conheço. Geralmente, não preciso fazer nada para que as mulheres tirem as calcinhas.

Isso, na verdade, é uma honra. Eu nunca faria tal coisa com um pervertido como você.

Só está dizendo isso porque está longe, e não na minha frente. Acredite: eu lhe agradaria muito, passarinho. Tanto que desejaria repetir.

Nunca vai acontecer.

Agora é você que está me subestimando. Tome cuidado ao me provocar!

Vai ter que ficar com a ideia de que nunca vai me encontrar, de que jamais vou ser uma das idiotas que ficam no seu pé e de que nunca me faria perder cabeça a ponto de ficar com você.

Toda essa provocação está me deixando louco. Ninguém nunca falou assim comigo antes ou me recusou. Essa mulher pode ser uma lunática, porém está me motivando a provar o contrário.

Espero ter a oportunidade de provar o contrário, passarinho.

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