Claire Dubois, uma talentosa estudante de arte em Paris, busca refúgio na tranquilidade de uma galeria de arte para escapar das sombras do passado. Em uma noite fria, seu mundo solitário colide com o irresistível Jean-Luc Moreau, um mafioso enigmático que exala perigo e poder. Apesar de sua aura intimidadora, Claire é atraída pela presença magnética de Jean-Luc, desencadeando uma paixão perigosa que desafia tudo o que ela conhece sobre si mesma. O que começa como um encontro fortuito rapidamente se transforma em um jogo perigoso de sedução e segredos, à medida que Claire descobre o verdadeiro mundo obscuro de Jean-Luc. Quando Claire descobre estar grávida, ela foge para proteger seu filho dos perigos sombrios que Jean-Luc representa, mantendo em segredo a verdade sobre sua gravidez. Seis anos depois, o destino os reúne novamente, lançando Claire em um turbilhão de emoções conflitantes. Jean-Luc, obcecado por manter Claire e seu filho em sua vida, enfrenta dilemas morais e perigos que ameaçam separá-los para sempre. Entre a paixão proibida e a luta pela sobrevivência, Claire e Jean-Luc são obrigados a confrontar seus próprios demônios internos e decidir até onde estão dispostos a ir pelo amor e pela segurança de suas famílias.
Ler maisClaireQuando abri a porta e vi Jean-Luc parado ali, algo dentro de mim se retorceu. Seus olhos me prenderam de imediato, e o peso do que havíamos vivido, das descobertas e das mentiras, pairava entre nós como uma tempestade prestes a desabar.Eu devia mandá-lo embora. Devia fechar aquela porta e fingir que ele nunca tinha existido. Mas não tinha essa opção quando ele me colocou na mira de uma russa sedenta de vingança.Sem dizer nada, me afastei para que ele entrasse. Ele hesitou por um segundo antes de cruzar a soleira, e eu fechei a porta atrás dele. O silêncio pesava tanto quanto minha própria respiração.Ele parou no meio da sala, as mãos nos bolsos do casaco, como se quisesse se segurar para não me tocar. Seus olhos percorriam meu rosto, como se buscassem alguma permissão para falar.— Como você está? — ele perguntou, baixo, quase num sussurro.Ri, sem humor.— Está mesmo me perguntando isso? — Minha voz saiu afiada, carregada de ironia e irritação.Jean-Luc suspirou, desviando
ClaireEu encarei meu reflexo no espelho, o rosto pálido e os olhos arregalados, ainda brilhando da torrente de emoções que Jean-Luc havia me feito sentir. Meu coração parecia uma criatura selvagem, batendo contra minhas costelas, sem rumo, sem lógica.Meus dedos deslizaram pela superfície fria da pia, tentando ancorar-me na realidade. Amar Jean-Luc era como ser tragada por um vendaval. Era intenso, visceral, uma força incontrolável que me puxava para dentro do abismo. E ainda assim, mesmo sabendo de tudo, mesmo sabendo o quão errado tudo começou, o quão perigoso ele era, eu o desejava. Deus, como eu o desejava.— O que há de errado comigo? — murmurei para o espelho.Eu queria acreditar que conseguiria me afastar. Que encontraria forças para me reconstruir longe dele. Mas a verdade se infiltrava em meu peito como um veneno. Eu o amava. Amava o homem que me vigiou por dois anos, que escondeu segredos aterradores de mim, que possuía uma vida da qual eu jamais deveria fazer parte. Era es
ClaireUm soluço escapou dos meus lábios. O medo e a raiva colidiam dentro de mim, transformando-se em algo sufocante. Meu peito subia e descia em respirações ofegantes.— Eu não sou algo que você pode possuir — minha voz falhou. — Isso não é amor, Jean-Luc. Isso é uma doença.Ele piscou algumas vezes, como se estivesse tentando processar minhas palavras, balançando a cabeça em negação. O silêncio que se seguiu foi denso, doloroso.As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu tentava encontrar uma saída, enquanto tentava entender no que eu havia me metido. E, pela primeira vez desde que o conheci, tive certeza absoluta de que precisava fugir dele. Mas Jean-Luc estava ali, parado diante de mim, os olhos fixos nos meus, cheios de uma intensidade que me deixava atordoada.— Não faça isso. Não me deixe. Eu esperei pelo momento certo para me aproximar de você. Não sou louco. Só cuidei para que as coisas fossem boas e acontecem na maneira correta — Sua voz era um sussurro rouco, quase r
ClaireO silêncio da manhã envolvia a casa como um véu delicado. Jean-Luc havia saído há pouco para buscar algo para comermos, deixando-me sozinha no escritório, ainda impregnada com os ecos da noite anterior. Minha mente ainda girava, confusa, tomada por uma tempestade de sentimentos conflitantes. O desejo bruto e desesperado que havíamos compartilhado ainda queimava sob minha pele, mas junto dele, algo mais sombrio começava a se formar. Algo que eu não conseguia nomear completamente.Eu me levantei do sofá, minha respiração um pouco descompassada, estava tomada por um ansiedade que não passava. Com passos cautelosos, vestindo apenas sua camisa, comecei a andar pelo escritório. O cheiro dele estava impregnado em toda parte. Devia passar muito tempo do seu dia aqui. Meus olhos percorreram o ambiente até pousarem na grande mesa de carvalho escuro. Respirei fundo antes de puxar a primeira gaveta. Meu estômago se revirou ao encontrar uma pasta de couro envelhecido com meu nome escrito em
ClaireJean-Luc tentou se aproximar mais uma vez, mas eu levantei a mão, impedindo-o.— Você foi injusto, Jean-Luc — sussurrei, sentindo a dor atravessar minha voz. As portas do elevador se abriram e eu saí às pressas, entrando no quarto.— Claire... eu...— Você me envolveu nisso sem me dizer nada — berrei, interrompendo-o. — Você me jogou no meio disso tudo e esperava que eu simplesmente aceitasse sem perguntar? Qual era a porra do seu plano? Minha vida foi colocada em risco!Jean-Luc tentou falar, mas eu já havia me virado. Caminhei até minha mala e comecei a abrir o zíper, pegando minhas roupas e jogando-as de volta dentro dela.— Claire, não faz isso. Me escuta. Eu tive motivos...— Me leva para casa. — Minha voz soou firme, mas eu sabia que ele podia ouvir o peso da decepção nela. — Agora!***A viagem de volta para França foi feita em um silêncio ensurdecedor. Jean-Luc não ousou emitir um ruído. Mas seus olhos sobre mim diziam muito. Estava aflito, magoado, triste e decepcionad
ClaireEncarei a pintura outra vez, sentindo um frio na espinha. Aquela obra, junto com outras que eu já havia reconhecido, não era apenas replicadas. E muitas delas haviam sido roubadas de museus ou coleções particulares há muito tempo. Agora, eu as via ali, na casa de Franz, como se fossem meros itens decorativos.Olhei para ele, chocada.— Isso... isso é um crime — murmurei. Ele era um receptor.Franz virou-se para mim, sorrindo como se estivesse se divertindo com minha ingenuidade.— Chame como quiser, mas prefiro pensar que estou preservando a história. E, claro, você vai guardar esse segredinho, não é?Ele ergueu o dedo indicador, colocando-o sobre os próprios lábios em um gesto teatral de silêncio. Engoli em seco outra vez, incapaz de responder.Franz se aproximou mais, reduzindo a distância entre nós. Seu olhar agora tinha algo que eu não sabia decifrar.— Você é uma de nós agora, ainda que eu ache que não deveria ser. No entanto, aprovo, porque gostei de você. Gostei da cor d
Jean-LucO mundo pareceu desmoronar no instante em que Franz levou Claire pelo braço. Não era só ciúme – embora a ideia de Claire sozinha com ele fosse como um espinho no meu peito –, mas a preocupação legítima. Franz tem o hábito irritante de falar demais, de abrir portas que deveriam permanecer trancadas. E Claire… Claire ainda não está pronta para ouvir de forma crua sobre esse lado da minha vida, embora eu já estivesse a colocando para dentro.Eu a amo. Esse sentimento, essa certeza, não deveria ser tão avassaladora, mas é. E é justamente por isso que estou tentando introduzi-la devagar, passo a passo, nesse mundo de sombras. Porque, se eu for imprudente, ela pode me rejeitar. E, se isso acontecer, não sei o que restará de mim.Fiquei observando a porta por onde os dois saíram, o maxilar travado e os punhos cerrados. Queria segui-los, mas sei que não devia. Franz é um animal social. Ele age como se tudo fosse um jogo ensaiado, mas é imprevisível. Eu só poderia esperar que ele não
ClaireO jantar contínuo. A comida era deliciosa, mas a cada garfada eu sentia o estômago mais apertado, como se estivesse engolindo chumbo. Eu não participei de nenhuma conversa, e Jean-Luc também não fez questão de iniciar uma em francês para me incluir. Todos falavam em alemão, italiano e outra língua que eu não sabia se era espanhol ou português, ignorando minha presença com uma naturalidade quase ensaiada. Era como se eu fosse um fantasma na mesa.A única pessoa que parecia demonstrar algum interesse em mim era René. Ele me olhou atentamente, como se quisesse verificar se eu estava bem, mas não disse nada. Jean-Luc, por outro lado, parecia imerso em seu próprio mundo, como se minha exclusão não fosse algo que o incomodasse.Olhei para o relógio na parede atrás de Tatiana. Os ponteiros pareciam congelados. O tempo se arrastava, e minha ansiedade só aumentava. Eu me senti como uma intrusa em um ninho de cobras, incapaz de entender suas línguas ou sobre o que gesticulavam vez ou out
ClaireIncomodada com tudo o que acabara de ver, peguei o garfo e espetei um pedacinho de batata no prato à minha frente. Levei-o à boca, mastigando lentamente, como se o ato de comer pudesse abafar o nó de ansiedade que crescia no meu peito. Jean-Luc estava sentado ao meu lado, sua postura impecável, mas seu olhar não era de conforto. Ele me encarava com aquela leveza controlada que eu começava a identificar como uma máscara, e, apesar de tudo, ele não sorria.À cabeceira da mesa, Franz começou a puxar o assunto, sua voz soando firme e despreocupada enquanto falava em alemão com os demais. Minha atenção voltou-se ao prato, enquanto meus ouvidos tentavam pegar alguma palavra familiar naquela conversa fluida e quase ensurdecedora. Claro que eu não entendi nada; meu alemão era inexistente, e, diante daquele ambiente, essa barreira linguística parecia uma afronte pessoal.Não resisti e os encarei de soslaio. A mesa estava cheia de figuras que parecem ter saído de um filme noir: elegantes