Claire
Suas palavras foram o suficiente para selar nosso destino naquele fim de tarde até o cair da noite. O café se esvaziou ao nosso redor, mas nós permanecemos ali, presos em um jogo de olhares e palavras que pareciam desafiar as leis do tempo e do espaço enquanto falávamos sobre arte e um pouquinho de nada sobre mim e meus estudos.
Por um segundo, senti que estava falando muito e rápido demais. Estava começando a parecer exagerada. Então, eu me calei, suspirei fundo e tomei um gole do meu café que já estava gelado. Prova de que eu havia falado demais!
— Claire, posso lhe fazer uma pergunta? — perguntou Jean-Luc após um momento de silêncio carregado.
— Claro — respondi, sentindo meu coração bater mais rápido.
Ele estudou meu rosto por um instante, como se estivesse buscando algo nas linhas sutis de minha expressão.
— Por que Paris? Por que deixar sua família e vir para cá estudar arte?
A pergunta de Jean-Luc era direta e simples, mas carregava um peso que eu não esperava. Eu respirei fundo, reunindo minhas palavras como quem se prepara para mergulhar em águas profundas. Falar sobre minha família ou sobre um momento específico do meu passado era quase como me afogar. Eu sentia que podia morrer se falasse demais sobre isso. Mas eu não precisava dizer nada a ele, ainda um estranho. Ele queria apenas saber por que Paris.
— Paris era meu sonho desde criança. Um lugar onde a arte pulsa em cada esquina, onde os mestres deixaram sua marca inapagável. Eu queria aprender com os melhores, desafiar-me em um ambiente que respira criatividade. E, talvez, encontrar algo que eu não consegui encontrar em casa — confessei, sentindo-me vulnerável diante de sua intensa curiosidade.
Jean-Luc ouviu atentamente, seu olhar não mais como um predador, mas como alguém genuinamente interessado em compreender quem eu era além das aparências, além da falação sobre pinturas velhas.
— Claire... Você tem uma alma fascinante — disse ele suavemente, seus dedos traçando círculos imaginários na mesa entre nós. — Eu mal arranhei a superfície de quem você é, mas já sinto que há muito mais para descobrir e me interessar.
Se interessar... por mim?
Eu sorri timidamente, levemente emocionada com suas palavras. Em apenas um encontro... — isso era um encontro? Quer dizer... ele disse que procurou por mim. Isso faz dessa tarde um encontro, não é? — Jean-Luc havia conseguido desvendar camadas de minha essência mesmo que eu não quisesse.
— O que não encontrou em casa? — perguntou casualmente, dando um gole em seu café que também devia estar gelado.
Desviei meus olhos dele, sentindo-me encolher involuntariamente na cadeira.
— Liberdade... entre outras coisas — disse baixinho.
Jean-Luc ficou em silêncio por alguns segundos. Ergui a cabeça, encontrando um olhar levemente estreito para mim.
— A maioria das pessoas vem para Paris pela arte e pela comida, mas todas procuram desesperadamente por amor, o que não combina muito bem com liberdade. Enquanto você... quer apenas isso. Interessante. — Sorriu. — Mas está aberta? Para o amor?
Senti-me tensa.
— Eu não sei. — Foi tudo o que disse antes de virar o restante horrível daquele café de duas horas atrás. — Já está tarde — disse ao olhar as horas no celular. — Eu tenho que ir.
Jean-Luc assentiu, afastando o tronco da mesa. Ele acenou para a garçonete, que se aproximou rapidamente. Antes que eu conseguisse pegar o dinheiro na carteira, ele já havia pago os nossos cafés com seu smartwatch.
Ele sorriu educadamente e levantou-se, esperando por mim.
— Obrigada — murmurei, levantando-me.
Antes que eu fizesse, Jean-Luc apanhou meu livro sobre a mesa e analisou sua capa. Nenhuma expressão surgiu em seu rosto. Ele apenas olhou-me ao estendê-lo para mim. Eu o apanhei e, em silêncio, caminhamos juntos para a saída.
Quando nos despedimos na porta do café, Jean-Luc pegou-me de surpresa ao segurar minha mão. Ele continuou agarrado a ela por um momento a mais do que o necessário depois de beijar o meu dorso, enviando um arrepio pela minha espinha.
Sua mão era grande e guardava a minha no calor da sua de forma cativante e aconchegante. Imediatamente minha mente se perguntou como seria guardar meu corpo em seus braços. Eu caberia direito entre eles, recostada em seu peito largo de músculos marcados sob a camisa azul de algodão. Esse pensamento fez as minhas bochechas esquentarem. E, como se pudesse ler meus pensamentos, ele sorriu com humor, exibindo os dentes pela primeira vez.
— Até logo, Claire. — Soltou minha mão, dando um passo para trás. — Nos encontraremos novamente em breve, tenho certeza disso — disse ele, antes de desaparecer na noite.
Fiquei ali, sob a luz suave da rua, perguntando-me o que o futuro nos reservava. Porque eu esperava que nos reservasse algo, nem que fosse cafés gelados e conversa tola. Sexo também seria bom. Eu sentia falta dele. Já fazia meses que não me despia para ninguém. E tirar a roupa para Jean-Luc não seria nada mal.
Mordi o lábio inferior para conter um riso. Eu já queria saber quando o veria de novo, mesmo que uma coisinha, bem lá no fundo do peito, me dissesse que Jean-Luc Moreau era como uma tempestade iminente da qual talvez eu não estivesse pronta para enfrentar. Só o seu olhar já era prova da pura intensidade que se transbordava em cada movimento do seu maravilhoso corpo. Além do mistério que exalava junto ao perfume. Não falara muito de si. Ou melhor... não falara nada. Era impossível imaginar que me envolver com ele fosse como viver na calmaria de um borboletário quando só o seu calor fazia meu coração quase rasgar do peito.
ClaireO vento fresco da noite balançava as folhas das árvores ao redor enquanto eu observava Jean-Luc desaparecer na escuridão pela calçada. Suas palavras ressoavam em minha mente, misturando-se com as sensações turbulentas que ele despertara em mim. — Tenho certeza disso... — repeti sua última frase. E ele de fato tinha. Era visível. Repeti outra vez suas palavras silenciosamente, deixando-as ecoar pela mente. Caminhei devagar pelas ruas familiares do Marais, perdida em meus pensamentos. Paris parecia diferente naquela noite, mais viva e cheia de promessas desconhecidas. Ou de um desconhecido. Cada esquina, cada prédio histórico parecia sussurrar segredos que eu mal começava a compreender. Cheguei em casa com o coração ainda acelerado, incapaz de ignorar a inexplicável conexão que havia surgido entre mim e Jean-Luc. Era idiota e assustador ao mesmo tempo. Fechei a porta do apartamento com um suspiro, sentindo-me empolgada com o que estava por vir, com o que sentia. Sentando-me na
ClaireAcordei com a luz do sol entrando pelas cortinas. Durante o café da manhã, não consegui evitar que meus pensamentos voltassem para Jean-Luc. Já fazia três dias que o havia visto, e ele não tinha me encontrado como prometera. Tinha medo de que estivesse me iludindo ou ficando obcecada por alguém que vi duas vezes na vida. Será que eu havia imaginado a conexão entre nós? Será que ele também a sentia? Sentia a atração? Na mesa da cozinha, tentava me concentrar nas tarefas do dia. Mas a imagem de Jean-Luc continuava a invadir meus pensamentos. Sacudi a cabeça, tentando me livrar da sua figura ou da lembrança do toque de seus lábios no dorso de minha mão. — Preciso focar — murmurei para mim mesma, tentando afastar a distração. Mas era inútil. Cada vez que tentava me concentrar, lembrava de seus olhos, de seu sorriso. Tinha algumas aulas para elaborar. Naquela manhã começaria com uma nova turma. Pessoas da terceira idade. Gostava deles. Pelo menos não passavam uma hora falando mal
ClaireRespirei fundo e vagarosamente, tentando processar as palavras de Jean-Luc. Havia algo intrigante e ao mesmo tempo aterrorizante sobre ele. Mas não podia negar a minha curiosidade crescente sobre o homem ao meu lado. — Jean-Luc, eu... — comecei, mas fui interrompida pelo garçom, que trouxe o seu café. Ele agradeceu ao garçom e se voltou para mim, fixando seus olhos nos meus novamente. — Claire, eu não sei se tudo isso também parece repentino e intenso para você — disse ele suavemente. — Mas quero que saiba que minhas intenções são sinceras. Não estou aqui para te assustar ou te fazer mal. Como eu disse... só quero a chance de te conhecer melhor, de descobrir quem você é. Eu te achei fascinante desde o primeiro segundo que a vi. Você me atraiu de modo inesperado. E gosto disso. Gosto de você. Havia uma sinceridade em suas palavras que me fez relaxar um pouco. Jean-Luc estava interessado em mim de uma maneira que eu não estava acostumada. Ele queria me dar uma atenção pela qua
ClaireDepois que Jean-Luc se despediu com aquele beijo prolongado em minha mão, entrei na escola de arte com o coração batendo descontroladamente. As pernas chegaram a ficar bambas. Ele tinha uma presença avassaladora, algo que me deixava intrigada e um pouco assustada. Eu nunca imaginei por um minuto sequer que pudesse existir alguém como ele na Terra. — Uh! Como ela está coradinha — disse a senhora Petit ao entrar na sala, fazendo-me rir. Tomei um copo d’água e respirei fundo, preparando-me para a aula. Às cinco e meia, quando estava guardando os materiais e fechando a sala, senti uma ansiedade crescente. Era um misto de expectativa e nervosismo, algo que não experimentava há muito tempo. Saí da escola e encontrei Jean-Luc encostado em um Rolls-Royce conversível de cor vermelho sangue e capô preto. Quando me viu, um sorriso surgiu em seus lábios, fazendo meu coração acelerar ainda mais. — Pontual como um relógio — disse ele, abrindo a porta do carro para mim. — Tentei não me atr
ClaireDepois do jantar, Jean-Luc me guiou até uma sala de estar aconchegante, com uma lareira acesa e poltronas confortáveis. Sentamos próximos um do outro, a tensão entre nós crescendo a cada momento. Não uma tensão ruim. Mas uma que me fazia querer chegar mais perto, tocá-lo... beijá-lo. — Há algo que quero te mostrar — disse ele, levantando-se e pegando um caderno de esboços de uma estante próxima. — Eu não desenho tão bem quanto você, mas gosto de rabiscar de vez em quando. — Você não para de me surpreender. Ele abriu o caderno e o entregou para mim. Coloquei a taça na mesinha ao lado e encarei as páginas, folheando-as. Cada uma revelava uma série de desenhos intricados feitos com grafite. A maioria eram paisagens, outros retratos, mas todos tinham uma profundidade e uma emoção que me surpreenderam. — São maravilhosos, Jean-Luc — disse, tocando levemente um dos desenhos. — Você tem um talento incrível. — Era uma boa válvula de escape para mim quando criança. Olhei-o, surpres
ClaireCom um olhar escuro e baixo, ele se aproximou, prendendo-me cuidadosamente contra a porta, colocando uma mão espalmada ao lado de minha cabeça e a outra em minha cintura. O canto esquerdo do seu lábio se ergueu em um sorriso malicioso. Seus olhos passearam pela minha face, descendo para o peito que arfava mais ofegante do que minutos atrás. A mão em minha cintura deslizou para cima, espalmando-se sobre meu coração acelerado, cobrindo todo o seio. Suspirei ao sentir seu toque sobre o mamilo entumecido. Jean-Luc fechou os olhos e também suspirou. — Quero eles em minha boca... — sussurrou, abrindo lentamente as pálpebras, revelando as pupilas dilatadas. Meu coração bateu mais rápido. Jean-Luc sentiu. Ele sorriu, e um riso convencido escapou pelo nariz. Senti-me ainda mais nervosa. Fazia anos que um homem não me desejava ou declarava querer meu seio em sua boca. Ainda mais um que eu estivesse desejando também. Engoli em seco e respirei fundo. — Vem — disse ele, afastando-se e
ClaireO cenho de Jean-Luc franziu e imediatamente uma de suas mãos seguiu entre minhas pernas, roçando sobre o jeans que cobria minha intimidade. Ele deixou o ar escapar de uma só vez dos pulmões. Os olhos desceram para onde tocava e então se voltaram para mim. Havia algo diferente em seu rosto, no olhar. Algo selvagem. Minhas bochechas esquentaram. Deviam estar vermelhas como pimentões. Engoli em seco a vergonha que começava a brotar. A mandíbula dele se contraiu enquanto me encarava imóvel. Tensão latejava crescendo ali. Por um instante, senti-o hesitar em se mexer. Parecia que, se fizesse isso naquele segundo, algo doeria. Ou se perderia. Talvez perdesse o controle. Comigo. Ele respirou forte, grunhindo com um pouco de desgosto. Acho que desgostoso consigo mesmo. Com movimentos rápidos demais para que meus olhos pudessem acompanhar, assustando-me, Jean-Luc se moveu, puxando-me para a cama e imobilizando-me com seu peso, de barriga para cima. As grandes mãos agarraram meus pu
ClaireNu, Jean-Luc se deitou sobre mim, apoiando-se no braço esquerdo. A outra mão afastou meus cabelos ruivos caídos sobre os ombros e os seios. Os lábios desceram até a minha pele, beijando minha clavícula perto do pescoço, e, em seguida, o ombro e minha face. O toque era suave, cuidadoso. O calor que seu corpo emanava me aquecia mais que o calor do fogo na lareira, que se propagava pelo quarto. Mas, ainda assim, meu corpo tremia levemente. Estava nervosa como se nunca tivesse feito isso antes na vida. Jean-Luc olhou-me nos olhos de um modo ardente. E quando digo isso, é porque bastou apenas seu olhar profundo e obscuro para fazer minha pele arder dos pés à cabeça. Seus lábios finalmente encontraram os meus. Um beijo lento. Gostoso. Sua língua buscava a minha, entrelaçando-se a ela, quase como se fizesse amor. Minhas entranhas se incendiaram. Mais líquido quente escorreu de mim, descendo entre minhas nádegas. O peso do pênis de Jean-Luc em minha virilha mostrava o quão ele estav