Claire
Os dias que se seguiram foram marcados por uma inquietante sensação de expectativa. Cada pensamento meu era tomado por Jean-Luc Moreau, seu sorriso enigmático e os olhos que pareciam sondar minha alma enquanto falávamos de arte. Eu tentava afastá-lo de minha mente; era ridículo pensar tanto em alguém que conheci por menos de meia hora, mas ele insistia em ocupar meus pensamentos como uma obra inesquecível.
Naquela tarde de céu nublado, eu estava em um pequeno café no Marais, tentando concentrar-me em um livro que mal conseguia ler. Minhas mãos tremiam de modo quase imperceptível ao passar as páginas. Meu coração estava acelerado como se o amontoado de palavras no papel estivesse prestes a me levar a embarcar em uma aventura desconhecida.
Então, ele apareceu.
O sino acima da porta anunciou a chegada de alguém junto a um leve arrepio nos meus braços. Imediatamente olhei para a entrada a tempo de ver Jean-Luc atravessar pela porta com uma elegância natural. Seus passos determinados ecoaram no piso de madeira. E como puxado por um fio invisível, seu olhar encontrou o meu instantaneamente, como se soubesse exatamente para onde olhar ao entrar. Como se soubesse onde eu estava sentada.
Ele girou o corpo imenso e musculoso na minha direção e se aproximou da minha mesa com um sorriso sutil nos lábios, uma mistura de confiança e cautela que me intrigava profundamente.
— Claire, que prazer encontrá-la novamente — disse ele, sua voz suave como um sussurro de seda.
Meu nome em seus lábios era como uma carícia inesperada, despertando sensações que eu lutava para entender. Forcei-me a retribuir seu sorriso para não parecer mais patética do que já era, sentindo uma mistura de nervosismo e excitação.
— Oi. — Engoli em seco. — Que coincidência. — Fechei o livro com um suspiro resignado.
— Não — disse ele, ainda sorrindo. — Eu estava procurando por você.
Meus olhos se arregalaram e não consegui esconder meu espanto com sua frase. Meu coração bateu mais rápido.
— Por quê? Por que procurou por mim?
— E... como soube onde me encontrar?
Ele se inclinou ligeiramente, seu olhar intensificando-se com um brilho misterioso, desfazendo o sorriso.
— Digamos que possuo a arte de estar nos lugares certos, nos momentos certos — respondeu com um olhar levemente estreito.
Jean-Luc pediu um café e se sentou à minha frente, criando um espaço íntimo entre nós que parecia carregado de eletricidade.
— O que está lendo? — Olhou para o livro fechado sobre a mesa, com a contracapa para cima.
— Só uma fantasia idiota. — Forcei um sorriso.
Ele fez o mesmo.
— Não acho que seja idiota. Já está quase acabando a história. — Encarou o marcador que denunciava onde a leitura havia sido interrompida.
— Só quis dizer que não é interessante... para você. Ao menos acho que não seria. — Desviei meus olhos dos seus, que encaravam os meus penetrando fundo. — Não tem cara que goste de romance feérico. — Tentei sorrir outra vez. Estranhamente me sentia acuada e com um pouco de vergonha.
— Tem razão, eu não leria. Mas isso não significa que eu não queira saber o que você lê.
Olhei-o novamente. Acho que havia uma interrogação estampada em meu semblante, fazendo-o sentir a necessidade de se explicar.
— Tenho curiosidade em saber mais, talvez saber de tudo sobre você. — Tomou um gole do café que fora servido a ele. — Claire, há algo em você que me intriga profundamente — confessou Jean-Luc, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade que me fez perder o fôlego por um instante.
Eu segurei seu olhar, sem palavras para expressar o turbilhão de emoções que lutavam dentro de mim. O que era isso entre nós, além de uma atração inexplicável que me puxava para perto dele, mesmo quando algo em minha mente alertava para os perigos de me envolver com alguém como Jean-Luc? Um homem pouco mais velho, claramente rico, pertencente a um lado da sociedade que eu jamais visitara.
— Não tenho muita coisa impressionante sobre mim para dizer — falei baixinho, intimidada com suas últimas palavras. Além de inesperadas, eram profundas.
Ele sorriu, um sorriso que alcançou seus olhos desta vez.
— Acredito que esteja enganada. — Escorou-se na cadeira. — Vamos lá. Fale-me de você.
— O que quer saber?
— Você não é de Paris, é?
Neguei com a cabeça.
— Saint-Étienne.
— Está bem longe de casa, Claire. — Estreitou os olhos ao dizer.
— Acho que essa era a intenção — disse baixinho.
— Me diga... Quando surgiu a paixão por arte?
Sorri.
— Eu nem me lembro. Só sei que sempre esteve comigo. Arte, em particular, pinturas do período renascentista, me fascinam — falei um pouco empolgada, com um tom mais alto.
Jean-Luc nem mesmo piscava, olhando-me com um olhar compenetrado, estudioso, inclinando levemente a cabeça para o lado.
— E você? — perguntei, contendo minha euforia que começava a aflorar.
O canto esquerdo de seu lábio se ergueu.
— Um certo dia, há alguns anos, descobri que servem como um calmante natural poder observá-las.
— Para mim também — sussurrei.
Ele continuou a falar:
— No entanto, sou mais ligado ao período moderno. Mas gosto das esculturas de Michelangelo. — Piscou para mim, e eu quase suspirei.
Ele se inclinou sobre a mesa, apoiando os dois antebraços em sua beirada, chegando o seu tronco para mais perto. Seu calor se estendeu até mim e foi muito reconfortante. Seu cheiro era viril e quente. A fragrância de seu perfume fazia jus ao homem robusto e intrigante que era.
— Fale-me mais sobre arte — pediu ele, com a voz suave e baixa.
— Eu me empolgo quando falo sobre isso.
— Dê-me toda a sua empolgação. — Sorriu sedutor.
Meus olhos se prenderam nos seus lábios perfeitamente desenhados e de uma coloração rosa-clara, sutil. Então, subiram por sua face até os olhos cristalinos. Encará-lo tão de perto quase me tirou o fôlego. Namorei por alguns segundos as sobrancelhas grossas e escuras, e as sardas quase imperceptíveis no alto das maçãs de seu rosto. Quando encarei novamente suas órbitas, vi as pupilas dilatarem, deixando seu olhar sombrio.
ClaireSuas palavras foram o suficiente para selar nosso destino naquele fim de tarde até o cair da noite. O café se esvaziou ao nosso redor, mas nós permanecemos ali, presos em um jogo de olhares e palavras que pareciam desafiar as leis do tempo e do espaço enquanto falávamos sobre arte e um pouquinho de nada sobre mim e meus estudos. Por um segundo, senti que estava falando muito e rápido demais. Estava começando a parecer exagerada. Então, eu me calei, suspirei fundo e tomei um gole do meu café que já estava gelado. Prova de que eu havia falado demais! — Claire, posso lhe fazer uma pergunta? — perguntou Jean-Luc após um momento de silêncio carregado. — Claro — respondi, sentindo meu coração bater mais rápido. Ele estudou meu rosto por um instante, como se estivesse buscando algo nas linhas sutis de minha expressão. — Por que Paris? Por que deixar sua família e vir para cá estudar arte? A pergunta de Jean-Luc era direta e simples, mas carregava um peso que eu não esperava. Eu r
ClaireO vento fresco da noite balançava as folhas das árvores ao redor enquanto eu observava Jean-Luc desaparecer na escuridão pela calçada. Suas palavras ressoavam em minha mente, misturando-se com as sensações turbulentas que ele despertara em mim. — Tenho certeza disso... — repeti sua última frase. E ele de fato tinha. Era visível. Repeti outra vez suas palavras silenciosamente, deixando-as ecoar pela mente. Caminhei devagar pelas ruas familiares do Marais, perdida em meus pensamentos. Paris parecia diferente naquela noite, mais viva e cheia de promessas desconhecidas. Ou de um desconhecido. Cada esquina, cada prédio histórico parecia sussurrar segredos que eu mal começava a compreender. Cheguei em casa com o coração ainda acelerado, incapaz de ignorar a inexplicável conexão que havia surgido entre mim e Jean-Luc. Era idiota e assustador ao mesmo tempo. Fechei a porta do apartamento com um suspiro, sentindo-me empolgada com o que estava por vir, com o que sentia. Sentando-me na
ClaireAcordei com a luz do sol entrando pelas cortinas. Durante o café da manhã, não consegui evitar que meus pensamentos voltassem para Jean-Luc. Já fazia três dias que o havia visto, e ele não tinha me encontrado como prometera. Tinha medo de que estivesse me iludindo ou ficando obcecada por alguém que vi duas vezes na vida. Será que eu havia imaginado a conexão entre nós? Será que ele também a sentia? Sentia a atração? Na mesa da cozinha, tentava me concentrar nas tarefas do dia. Mas a imagem de Jean-Luc continuava a invadir meus pensamentos. Sacudi a cabeça, tentando me livrar da sua figura ou da lembrança do toque de seus lábios no dorso de minha mão. — Preciso focar — murmurei para mim mesma, tentando afastar a distração. Mas era inútil. Cada vez que tentava me concentrar, lembrava de seus olhos, de seu sorriso. Tinha algumas aulas para elaborar. Naquela manhã começaria com uma nova turma. Pessoas da terceira idade. Gostava deles. Pelo menos não passavam uma hora falando mal
ClaireRespirei fundo e vagarosamente, tentando processar as palavras de Jean-Luc. Havia algo intrigante e ao mesmo tempo aterrorizante sobre ele. Mas não podia negar a minha curiosidade crescente sobre o homem ao meu lado. — Jean-Luc, eu... — comecei, mas fui interrompida pelo garçom, que trouxe o seu café. Ele agradeceu ao garçom e se voltou para mim, fixando seus olhos nos meus novamente. — Claire, eu não sei se tudo isso também parece repentino e intenso para você — disse ele suavemente. — Mas quero que saiba que minhas intenções são sinceras. Não estou aqui para te assustar ou te fazer mal. Como eu disse... só quero a chance de te conhecer melhor, de descobrir quem você é. Eu te achei fascinante desde o primeiro segundo que a vi. Você me atraiu de modo inesperado. E gosto disso. Gosto de você. Havia uma sinceridade em suas palavras que me fez relaxar um pouco. Jean-Luc estava interessado em mim de uma maneira que eu não estava acostumada. Ele queria me dar uma atenção pela qua
ClaireDepois que Jean-Luc se despediu com aquele beijo prolongado em minha mão, entrei na escola de arte com o coração batendo descontroladamente. As pernas chegaram a ficar bambas. Ele tinha uma presença avassaladora, algo que me deixava intrigada e um pouco assustada. Eu nunca imaginei por um minuto sequer que pudesse existir alguém como ele na Terra. — Uh! Como ela está coradinha — disse a senhora Petit ao entrar na sala, fazendo-me rir. Tomei um copo d’água e respirei fundo, preparando-me para a aula. Às cinco e meia, quando estava guardando os materiais e fechando a sala, senti uma ansiedade crescente. Era um misto de expectativa e nervosismo, algo que não experimentava há muito tempo. Saí da escola e encontrei Jean-Luc encostado em um Rolls-Royce conversível de cor vermelho sangue e capô preto. Quando me viu, um sorriso surgiu em seus lábios, fazendo meu coração acelerar ainda mais. — Pontual como um relógio — disse ele, abrindo a porta do carro para mim. — Tentei não me atr
ClaireDepois do jantar, Jean-Luc me guiou até uma sala de estar aconchegante, com uma lareira acesa e poltronas confortáveis. Sentamos próximos um do outro, a tensão entre nós crescendo a cada momento. Não uma tensão ruim. Mas uma que me fazia querer chegar mais perto, tocá-lo... beijá-lo. — Há algo que quero te mostrar — disse ele, levantando-se e pegando um caderno de esboços de uma estante próxima. — Eu não desenho tão bem quanto você, mas gosto de rabiscar de vez em quando. — Você não para de me surpreender. Ele abriu o caderno e o entregou para mim. Coloquei a taça na mesinha ao lado e encarei as páginas, folheando-as. Cada uma revelava uma série de desenhos intricados feitos com grafite. A maioria eram paisagens, outros retratos, mas todos tinham uma profundidade e uma emoção que me surpreenderam. — São maravilhosos, Jean-Luc — disse, tocando levemente um dos desenhos. — Você tem um talento incrível. — Era uma boa válvula de escape para mim quando criança. Olhei-o, surpres
ClaireCom um olhar escuro e baixo, ele se aproximou, prendendo-me cuidadosamente contra a porta, colocando uma mão espalmada ao lado de minha cabeça e a outra em minha cintura. O canto esquerdo do seu lábio se ergueu em um sorriso malicioso. Seus olhos passearam pela minha face, descendo para o peito que arfava mais ofegante do que minutos atrás. A mão em minha cintura deslizou para cima, espalmando-se sobre meu coração acelerado, cobrindo todo o seio. Suspirei ao sentir seu toque sobre o mamilo entumecido. Jean-Luc fechou os olhos e também suspirou. — Quero eles em minha boca... — sussurrou, abrindo lentamente as pálpebras, revelando as pupilas dilatadas. Meu coração bateu mais rápido. Jean-Luc sentiu. Ele sorriu, e um riso convencido escapou pelo nariz. Senti-me ainda mais nervosa. Fazia anos que um homem não me desejava ou declarava querer meu seio em sua boca. Ainda mais um que eu estivesse desejando também. Engoli em seco e respirei fundo. — Vem — disse ele, afastando-se e
ClaireO cenho de Jean-Luc franziu e imediatamente uma de suas mãos seguiu entre minhas pernas, roçando sobre o jeans que cobria minha intimidade. Ele deixou o ar escapar de uma só vez dos pulmões. Os olhos desceram para onde tocava e então se voltaram para mim. Havia algo diferente em seu rosto, no olhar. Algo selvagem. Minhas bochechas esquentaram. Deviam estar vermelhas como pimentões. Engoli em seco a vergonha que começava a brotar. A mandíbula dele se contraiu enquanto me encarava imóvel. Tensão latejava crescendo ali. Por um instante, senti-o hesitar em se mexer. Parecia que, se fizesse isso naquele segundo, algo doeria. Ou se perderia. Talvez perdesse o controle. Comigo. Ele respirou forte, grunhindo com um pouco de desgosto. Acho que desgostoso consigo mesmo. Com movimentos rápidos demais para que meus olhos pudessem acompanhar, assustando-me, Jean-Luc se moveu, puxando-me para a cama e imobilizando-me com seu peso, de barriga para cima. As grandes mãos agarraram meus pu