O acordo foi firmado, a intenção de Aurélio era que Deméter viste a menina apenas quando fosse o momento de levá-la, que seria daqui a dois anos.
— Agora que o acordo está firmado, quero que ainda amanha organize um jantar na sua casa.
— Por que quer a ver tão rápido? — Pergunta com desconfiança.
— Quero apenas dar uma olhada no produto e ter uma conversa breve com ela, afinal tenho direito, não voou levá-la, mas no acordo não diz nada que só devo a vê-la daqui a dois anos.
— Está bem. — Concordou desconfiado, Deméter então fez sinal indicando a porta e o mordomo que ficara em pé próximo a ele quase imperceptível o conduziu até a saída.
— Bom, amanhã vou finalmente saber quanto parecida ela é com Dália. — Comentou sozinho com um sorriso torto estampado no rosto.
Enquanto isso a futura esposa de Aurélio se encontra secretamente com um homem jovem em sua casa, e ele parece está bem alterado enquanto conversa com a mesma.
— Você ainda vai querer continuar me vendo? — Perguntou esperançosa ao homem alto e forte sentado em uma cadeira na sua cozinha.
— Você engravidou de outro homem e agora quer casar com ele! — acusou rispidamente.
— Você também é casado! Estamos no mesmo barco, eu preciso da condição financeira que ele tem. Alguns meses depois que as crianças nascerem podemos voltar a nos encontrarmos.
— Como isso vai ser possível? — Pergunta indiferente, ele não se importava com o fato dela estar casada.
— Ele pode te contratar naquela casa grande. — Falou pensativa. — Ele pode precisar de alguém para vigiar a filha dele.
— Filha? — Indagou demonstrando interesse.
— Sim, uma garota de quinze anos que mais parece um gato de rua.
— Hum, interessante… Ouvi falar que esse falido tinha uma filha, é um assunto bastante comentado, até mesmo acreditam que ele matou a sua esposa, soube que a tal mulher era muito bonita e jovem, a filha então pode ser uma joia.
— Você nunca deixa seu habito de caçador.
— Não temos nada além de uma relação de corpos, mas parece que você tem antipatia por aquela menina.
— Só não voou com a cara dela, nunca sentir tanta antipatia por alguém como sinto por ela.
— Ela te intimida? Está com ciúmes da filha do seu futuro marido? — Perguntou Vittorio com sorriso irônico escapando pela barba mal feita.
Ele tem vinte seis anos, mas aparenta mais idade por manter uma barba tão mal feita, porém seu cabelo era bem cortado e limpo, descuidava apenas da barba, mas a sua intenção era apenas de esconder sua identidade.
— Claro que não, além disso… — Parou de falar com receio de contar o que estava acontecendo na casa.
— Além disso?
— Nada! Então… — Falou arrastando uma cadeira para próximo dele se sentando. — Não me deixe, por favor! — Implorou o encarando com ternura enquanto desliza sua mão pelo seu rosto fazendo-o suspirar com a sensação suave.
— Não vou deixar, voltamos a nos ver daqui a alguns meses. — Confirmou pegando sua mão depositando um beijo. — Agora eu tenho que ir, boa sorte com sua nova vida.
— Obrigada.
Ouviu a porta bater dando-lhe um leve susto deixando-a receosa, ela tinha sentimentos obsessivos por Vittorio, e ele mesmo sendo casado mantinha casos com outras mulheres além de esmeralda.
No dia seguinte, Aurélio corria pela casa com os empregados arrumando tudo de forma impecável, sua casa era simples se comparada a mansão de Deméter, porém ainda era uma casa grande com um pouco de luxo.
Dalila estava sentada na escada encolhida no canto olhando para o salão confusa, seu pai não lhe dirigia a palavra nem mesmo lhe encarava, era como se não estivesse ali.
— Suba para seu quarto! — Ordenou severamente. — Se arrume, lave esse cabelo, teremos uma visita importante hoje. — Avisou alarmado, fazendo com que ela subisse o restante dos degraus correndo quase tropeçando.
Assim que voltou ao quarto correu até o guarda-roupa e escolheu um elegante vestido azul bebê de tecido solto, não valorizava nenhuma de suas curvas, lhe daria uma aparência ainda mais delicada, bem como uma sapatilha, vestiu após um banho demorado e sua aparência era como de uma jovem princesa com poucos ornamentos, sem joias, maquiagem ou qualquer outra coisa.
— Senhorita Dalila?! — Chamou a empregada sem abrir a porta, esperando que a menina lhe atendesse.
— Sim, Ana?! — Respondeu timidamente com a voz suave abrindo a porta.
— A senhorita está maravilhosa, seu pai avisou para que descesse agora, o convidado chegará em poucos minutos.
— A senhora sabe quem é esse convidado? — Perguntou quase sussurrando, então Ana olhou ao redor como se procurasse algo e em seguida empurrou a senhorita para dentro do quarto fechando a porta a suas costas.
— Não sei senhorita, mas ando ouvindo passarinhos pela casa falando sobre um tal contrato que pode ter a ver com a senhora, mas não sei mais nada. — Contou discretamente no ouvido da menina.
— Está bem, provavelmente deve se tratar da herança da mamãe, já que ela é de uma família tão influente.
— Mas seu pai faliu toda a sua família! Seu avô até teve um infarto e quase morreu e por isso foi tirado às pressas do país.
— Sim, mas mamãe me contou umas coisas e pediu segredo.
— Fique esperta menina! — Aconselhou-a apreensiva já que sabia o que realmente estava acontecendo na casa.
Dessa forma, com a menina já pronta finalmente desceram. Logo que chegou próximo a seu pai o mesmo a analisou dos pés à cabeça em silêncio, enquanto ela lhe encara confusa.
— Bom… A roupa não está ruim, parece estar bem e desmancha essa cara de limão-azedo! — Ordenou puxando-a com ele para o salão a deixando de pé próximo a porta.
— Mas porque tenho que ficar aqui? — Perguntou ingenuamente.
— Atenda a porta, você é burra? Assim que a campainha tocar você a atende. — Explicou de forma grosseira deixando-a encabulada.
— Está bem papai, entendi. — Abaixou a cabeça frustrada. Assim que a campainha tocou a garota rapidamente atendeu, no momento em que Deméter a viu mal conseguiu proferir uma palavra sequer até que viu seu sorriso gentil.
— Boa tarde pequena Dália.
— Dália era minha mãe… Senhor. — Respondeu envergonhada, abaixando a cabeça ao mesmo tempo, sentindo seu peito arder desejando chorar, mas segurou as lagrimas.
— Sim, sua mãe e você é idêntica a ela, herdou a sua beleza excepcional. — A bajulou encantado sem conseguir desviar o olhar.
— Obrigada! Então… Venha, vou acompanhá-lo até o salão. — Gaguejou mantendo seus olhos voltados para o chão sem conseguir encarar-lhe.
— Primeiro! Endireite a sua postura, não demonstre submissão exacerbada como está fazendo agora. Sei que é só uma menina, mas imponha-se um pouco isso a torna mais bela. — Corrigiu lhe gentilmente.
— Isso não fará diferença nenhuma para mim, vamos até o salão onde meu pai te aguarda. — Disse finalmente criando coragem fazendo-o sorrir satisfeito.
— Deméter, que bom que chegou! Vejo que já conheceu minha linda filha. — Falou cinicamente fazendo Dalila lhe encarar descrente.
— Sim, uma moça muito educada. — Respondeu enquanto ela observava os dois. De início Dalila o achou familiar, aquele homem pomposo e elegante não lhe era estranho.
— Vamos conversar melhor no jantar. — Sugeriu, então escolheu uma cadeira propositalmente ao lado de Dalila que começou a suspeitar de toda aquela aproximação, além de que seu pai estava tão gentil e receptivo com ela.
— Então, eu tenho uma adega de vinhos. — Começou seu pai a falar, indicando que deixaria os dois sozinhos.
Deméter acenou para ele ir sem que Dalila percebesse, foi o que achou, mas os olhos ligeiros viam e traduziam a situação com exatidão.
— Então nos traga um bom vinho! — Sugeriu animado.
Cap.3 — Volto em alguns minutos. — Falou olhando apreensivo para Deméter. Aurélio queria ficar e ouvir o que ele queria falar com a menina, mas não tinha coragem de retrucar e ficar para ouvir.— Agora que ele saiu, me conte, ele está cuidando de você? — Perguntou com total atenção esperando que ela criasse um pouco de confiança.— Ele é meu pai, senhor, como poderia ele não cuidar de mim? — Falou rapidamente, pois tinha medo de contar a verdade a um desconhecido.— Não sei, só estou pensando demais. Espero que ele cumpra sua palavra até o prazo...— Que prazo? — Perguntou confusa.— Não é nada de mais, não houve nenhuma mudança após sua mãe... Você sabe — Tentou novamente arrancar-lhe algo, mas o que podia fazer Deméter? Ele não parecia uma pessoa em quem se pudesse confiar pelo contrário tudo nele gritava perigo. Dalila sentia medo de contar qualquer coisa a ele, já que ele era amigo de seu pai poderia contar-lhe sobre o que ouviu.— Por que está tão interessado em assuntos relacio
Cap.4 encontro na boutique 3 semanas depois — Deixe a menina sair um pouco, venho observando-a e ela não faz nada de errado. — Pediu por telefone. — Eu vou lhe transferir determinado valor, mande-a comprar algo na butique.— Sim, senhor. — Concordou incomodado já que queria manter Dalila presa. Após a visita de Deméter, seu pai estava de bom humor então não havia maus tratos ou atitudes rigorosas, Dalila por sua vez vivia na biblioteca ou lendo no jardim nos fundos da casa debaixo da sacada do quarto do pai onde ele podia a observar e policiar tudo que ela estaria lendo. O velho seguiu silencioso até o quarto da menina que se penteava de forma delicada, enquanto buscava entre os frascos vazios de perfume desapontada. Dalila era bastante vaidosa e vivia se arrumando, seus grandes e espertos olhos de cor quartzo admiravam sua beleza em frente ao espelho, realmente era uma jovem com aparência alegre e delicada. Sorriu com seus lábios finos e levemente rosados em aprovação ao que via,
Cap.5 o dia que o inferno iniciou.Seu pai estava na sala sentado com os pés descansando sobre a pequena mesa de apoio com o jornal na mão quando Dalila disparou pela escada a fim de esconder todas as sacolas.— Quanto privilégio uma jovem garota pode ter, sabia que não precisava dar dinheiro a essa medíocre. — Resmungou demonstrando seu total incômodo. — Bom, ao menos vou ligar para dizer que o pouco limite foi um mal-entendido e agradecer pelos presentes. — Dizia enquanto discava o número.— Onde ela está? — Perguntou atendendo imediatamente.— Já chegou em casa.— Não conseguir chegar a tempo de vê-la, meu filho não estava muito animado com a ideia de conhecer a garota. — Então o senhor não a viu? — Perguntou curioso se levantando enquanto olhava em direção as escadas com os olhos em chamas de fúria.— Não, infelizmente quando cheguei ela havia ido embora.— Está bem.— Podemos marcar outro dia, no momento não estou com tempo, mas quero vê-la novamente.— Ok, até mais. — Desligou
cap.6Abriu a porta para que Esmeralda entrasse quando Dalila o avistou vindo em sua direção após fechar a porta de esmeralda, ela rapidamente abriu a porta do carro e entrou evitando sua ajuda, ele apertou os lábios em um sorriso divertido e voltou ao volante, a sua animação era aparente e nem mesmo ele entendia o porque da tal emoção.— Onde a senhorita esmeralda quer ir? — perguntou-a ao se sentar ligando o carro, enquanto buscava a garota pelo retrovisor, mas ela se mantinha encolhida atrás do banco do motorista.— Me leve ao centro, tem muitas lojas de bebês conhecidas — Pediu gentilmente, Dalila a olhou furtivamente e estranhou aquele olhar como se o conhecesse.— Então ao centro! Chegaram ao centro em quase meia hora, Vittorio andava ao lado de esmeralda sempre tão próximo, aquilo deixou Dalila com uma pulga atrás da orelha, porém não deu importância, seja o que fosse, ela agia como se não fosse da sua conta.Dalila diminuiu os passos, a fim de não ouvir nada do que conversava
Cap.7Após o nascimento dos bebês passaram-se três meses, não foram os melhores meses porém não foram conturbados como pensou que seria, apesar de não se alimentar direito e seus estudos terem sido realmente excluídos da sua vida. Ainda assim havia a biblioteca lugar no qual não era proibido frequentar, pelo menos ali.Aquele lugar era seu ponto de equilíbrio. Com a iluminação limitada, ar seco, uma grande mesa de leitura e uma luminária para dar melhor iluminação ao local onde as páginas iriam ser lidas, Dalila deitava-se sobre a mesa e relaxava em meio aos livros amontoados ao seu redor que eram lidos um por um gradativamente.Já fazia tempo que ninguém entrava na biblioteca, o cheiro de mofo às vezes era trazido pelo ventilador e mesmo que Dalila cuidasse do local ela não conseguia fazer isso com a frequência que precisava, além disso, o seu pai demitiu a maioria dos empregados deixando apenas a pobre Monalisa.Dalila por sua vez também foi obrigada a cuidar da grande casa, então a
Cap.8 Vittorio ganha a confiança de AurélioSua respiração era pesada e os pés descalços congelavam, mas ela continuava a correr incansavelmente, sabia que seu pai lhe maltrataria mesmo que não tivesse feito nada de errado.Conseguiu chegar até um posto de gasolina, mas não havia ninguém, mal parecia estar funcionando, a lojinha antiga estava fechada e o frio já estava sendo torturante até avistar um banheiro ao lado da loja.Porta pichada, a fechadura parecia não funcionar para trancar mas ela mal se importou apenas entrou, sua visão foi tomada pelas varias divisórias dos banheiros com as portas quebradas, as paredes minadas, limo acumulado, da pia não caia água, algumas nem tinham mais torneiras. Dalila andava pausadamente pelo chão úmido e grudento com crosta grossa, tinha certeza que esse lugar estava abandonado, mas não se importava apenas queria encontrar uma divisão que pudesse se esconder por alguns minutos até seu pai desistir.— Estou falando sério, eu vi uma garota entrar a
Cap.9 aceito o trabalhoAmbos os homens saíram do quarto e seguiram em silêncio pelo corredor, rapidamente Monalisa passou levando uma bacia com água e pano entrando no quarto de Dalila ainda enrolada no sobretudo, dormindo.Após molhar o pano começou ao menos limpar o rosto sujo da garota sem segurar o remorso e o asco, ela não sabia bem o que acontecera, mas torcia para que ela não estivesse machucada em meio a todo aquele sangue respingado.— Queria conversar com o senhor...? — Inquiriu seu nome.— Vittorio.— Senhor Vittorio! Fico feliz em te conhecer e me sinto agradecido por salvar a menina.— Qualquer um o faria. — Disse frívolo, enquanto acompanhava Aurélio que demonstrava desconforto com a presença forte que esse homem transmitia de impetuosidade.— Sim, mas foi o senhor que fez, acredito que seja segurança ou algo assim? — Perguntou curioso ao entrar no escritório.— Sim, eu sou segurança às vezes.— Sinto que você é alguém confiável, eu poderia solicitar seus serviços nessa
Cap.10— O que está comendo? — Perguntou Monalisa perplexa ao entrar no quarto trazendo o absorvente, Dalila parou de mordiscar o chocolate e a encarou com os olhos esbugalhados.— Não foi você?— Não! — Fez cara de pânico ainda de pé próxima à porta.— Mas... Você jogou aqui na cama.— Não foi eu, mas você parece está bem melhor.— Sim! Engoli um desses comprimidos, agora estou bem. — Disse mais disposta e animada.— Mas quem comprou essas coisas? — Perguntou pegando as outras duas barras restantes e a caixa do remédio aberta. — Será que foi Auro? — Impossível... — Foi quando lhe veio Vittorio em seu pensamento, então se sentou próxima a ela para cochichar. — Tem um homem na casa.— Um homem?!— Sim, parece ser o segurança, mas não sei quem é, parece que seu pai colocou ele para te vigiar. — Como se já não estivesse ruim. — Murmurou com semblante triste.— Não fique triste, faltam 4 meses para você fazer 18 e então poderá ir embora. — A garota suspirou desapontada.— Para onde, mo