capítulo 5

— Não sei por que, Isabele, mas não acredito em você.

O olhar penetrante de Álvaro parecia despir suas mentiras. A descrença em sua voz carregava uma certeza desconcertante que fez o estômago de Isabele revirar.

— A que você se refere? Pode me dizer?

— Estou me referindo à história que você acabou de me contar. A mentirosa aqui é você. Porque aquele garotinho me lembra muito de mim quando tinha a mesma idade dele. Ele tem os meus olhos. Aliás, a sua idade "b**e" exatamente com os anos desde aquela noite. Eu acredito que estava tão nervoso, devido ao desejo e à paixão que sentia por você, que acabei colocando o preservativo às pressas e ele estourou.

As palavras de Álvaro foram como facas, cortando a fachada de Isabele. Ela sentiu o medo crescer, mas forçou um sorriso frio e continuou a mentir, determinada a manter a verdade escondida.

— Eu disse a mais pura verdade. E para que se convença de uma vez, vou ser ainda mais sincera:

Sua voz não tremia, mas por dentro, Isabele sentia uma mistura de raiva e angústia. Cada palavra era uma faca cravando mais fundo em si mesma, mas ela se agarrava à fachada de indiferença para não mostrar sua vulnerabilidade.

— Eu estava com tanto ódio de você e tão ferida que, assim que cheguei em Florianópolis, na minha primeira noite lá, saí escondida dos meus tios com uma identidade falsa e bebi um bocado para tentar esquecer o que fez comigo e o quanto estava destruída.

O nó na garganta quase a impedia de continuar, mas ela disfarçou, sustentando o olhar firme. Queria que ele acreditasse nessa versão, mesmo que cada frase fosse um esforço para mascarar quem ela realmente era e que nunca seria capaz de algo assim.

— Acabei indo para a cama com um cara que conheci sem ao menos saber o nome dele.

A humilhação que fingia não sentir queimava dentro dela. Isabele sabia que essas palavras a despiriam de qualquer dignidade aos olhos dele, mas era o preço para afastá-lo da verdade.

— Depois disso, decidi que ia usar os homens e não ser usada por eles, como você fez comigo. Então, só parei quando engravidei e nem sequer sabia quem era o pai de Davi e, sinceramente, nem fiz questão de saber, sou a mãe e o pai do meu filho, e é isso que importa.

Por trás da postura altiva, Isabele sentia-se pequena, perdida e devastada. Cada palavra era como levantar uma muralha para esconder a dor de um passado que ainda a assombrava, enquanto fingia ser alguém que nunca foi.

Álvaro a observou em silêncio por um instante, o olhar intenso buscando algo além das palavras frias que ela dizia. Então, com a voz firme, mas carregada de incredulidade, ele disse:

— Eu simplesmente não consigo acreditar, Isabele. A menina doce, tímida e pura que eu conheci um dia... Você realmente espera que eu acredite que ela se tornou essa vagabunda que está me dizendo que é? A ponto de ir para a cama com tantos homens que nem sabe quem é o pai do seu filho?

Ele balançou a cabeça lentamente, como se tentasse entender a pessoa diante dele, mas sua expressão deixava claro que não conseguia reconciliar o passado com o que ela dizia agora.

— Pois acredite, Álvaro. É a mais pura verdade. E quem me tornou essa vagabunda, como você diz, foi você. Quando me mostrou que amar um homem e acreditar em cada palavra dele só serve para destruir o coração de uma mulher. Na época, eu era apenas uma garota de dezoito anos que ainda acreditava em príncipes encantados... Mas, no fim, encontrei o pior dos sapos.

A voz de Isabele transbordava rancor, cada palavra carregada de dor e ressentimento. Ela jogava sua mágoa como armas afiadas, esperando que ele sentisse ao menos uma fração do sofrimento que a consumiu durante todos aqueles anos.

Álvaro a fitou com um olhar que misturava desdém e ironia, suas palavras saíram cortantes:

— Se é mesmo a vagabunda que diz ser, então não vai se importar se eu sugerir que marcássemos uma noite para nos encontrarmos e relembrarmos os velhos tempos.

Ele inclinou-se ligeiramente, a voz carregada de malícia enquanto continuava:

— Confesso que, desde aquela nossa primeira noite, nunca consegui esquecer o quanto foi gostoso estar dentro de você, Isabele.

Álvaro permitiu que sua voz diminuísse, suas palavras escolhidas para atingi-la com precisão e, proferidas para provocá-la, com esse intuito, ele continuou:

— Tão apertadinha, quente e molhada. E, para ser honesto, eu não me importo que me use.

Enquanto ele dizia essas palavras provocativas e ofensivas, Isabele continuava firme diante dele, pois ela mesma o provocou quando mentiu, fingindo ser quem não era. Isabele sentia que conseguiu o que queria: fazer com que ele acreditasse que não havia a menor possibilidade de ser pai de Davi.

Enquanto isso, com um tom casual que contrastava com a força de suas palavras, ele prosseguiu, como quem lança um golpe final:

— Tenho certeza de que o fato de eu estar noivo não deve ser um problema para você. As vagabundas que conheci nunca se importaram com isso... Não que eu tenha traído a Júlia, mas, sendo você a vagabunda em questão, talvez eu faça uma exceção. É só me dizer...

Aquelas suas últimas palavras fizeram Isabele lembrar do canalha que ele era e, pelo jeito, continua sendo. E, antes que terminasse de falar mais palavras ofensivas, ela lhe acertou com um forte tapa no rosto, que reverberou no banheiro feminino.

Álvaro a olhou cheio de fúria e algo mais quando a agarrou, puxando-a ao encontro de seu peito forte, tomando seus lábios com uma mistura de fúria, urgência e desejo há muito tempo guardado.

Isabele se debateu, se negou a abrir seus lábios, e quando os abriu para protestar, ele aproveitou para invadir sua boca. Com a língua ousada e exigente, começou a beijá-la até lhe roubar o fôlego. E Isabele, mesmo o odiando, não conseguiu ficar imune à posse dominadora daquele homem por muito tempo.

Fazia anos que ela não era beijada assim. Teve alguns namoricos sem importância, mas nada se comparava ao beijo de Álvaro e ao que ele a fazia sentir. E quando ela, com um gemido, mergulhou os dedos em seus cabelos bem cortados e o correspondeu, eles foram interrompidos.

— Isabele, você está bem? Está aí, filha? Por que não me responde? — perguntou sua mãe, girando a maçaneta da porta, que estava trancada.

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