capítulo 6

Ela fechou os olhos por um instante, tentando controlar as emoções que a consumiam. Respirou fundo e abriu a porta, encontrando o olhar preocupado da mãe.

— Está tudo bem, mãe. Já estou saindo — disse ela, tentando manter a voz firme, apesar da confusão de sentimentos que sentia.

— Tudo bem, querida. Vou voltar para junto do Gabriel e da Júlia, que, pelo jeito, também está preocupada com o sumiço do Álvaro. Não se demore. Estamos aguardando você. — disse sua mãe, saindo em seguida, sem desconfiar de nada do que estava acontecendo naquele banheiro.

sabele esperou até que os passos da mãe desaparecessem pelo corredor antes de se virar para encarar Álvaro. Ele estava parado, os olhos cravados nela com uma intensidade sufocante, como se pudesse enxergar até os recônditos mais profundos de sua alma.

— Isso nunca mais vai acontecer, Álvaro — declarou ela com firmeza, mesmo que, por dentro, tremesse.

— Você pode acreditar no que quiser, mas, para mim, você é um erro do passado que eu não tenho intenção de reviver. Não importa o que diga ou faça, não há nada que me faça esquecer o que você me fez passar.

Ele deu um passo à frente, e Isabele recuou instintivamente, mas manteve o olhar desafiador. Álvaro parou, respeitando o espaço dela, mas a intensidade de sua expressão não diminuiu.

— Talvez você tenha razão — ele disse, a voz mais baixa, quase um sussurro, mas ainda assim carregada de emoção.

— Talvez eu seja o maior erro da sua vida. Mas também sei que, pela sua reação a mim, nenhum dos outros que vieram depois de mim conseguiu apagar o que tínhamos. E isso me assombra, Isabele. Não há um dia em que eu não me pergunte como teria sido se eu tivesse feito as coisas de forma diferente.

— Isso é problema seu, Álvaro. Não meu.

A resposta de Isabele foi imediata, mas ela sentiu o peso das palavras dele. Não queria admitir, mas o que ele dizia a fazia se lembrar de tudo o que tentou enterrar por tantos anos.

Ele respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem para dizer algo mais.

— Você pode me odiar, Isabele. Tem todo o direito. Mas eu vou provar que não sou mais o mesmo homem que te machucou. E, quando isso acontecer, você vai ver que ainda há algo entre nós. Algo que nunca morreu.

Isabele lançou um olhar fulminante para Álvaro, o coração disparado, mas a raiva fervendo em suas veias a fez se manter firme.

— Você é um mentiroso, Álvaro! — disparou, a voz carregada de desprezo.

— Continua o mesmo canalha de sempre. Está aqui, flertando comigo, me beijando sem a minha permissão, enquanto sua noiva está a poucos passos de distância! Como tem coragem de me dizer que mudou?

Álvaro a encarou, a expressão dura suavizada por algo que ela não queria reconhecer como vulnerabilidade. Ele deu de ombros, mas havia uma sombra de verdade em suas palavras ao responder:

— O noivado foi insistência da Júlia, Isabele. Ela sabe muito bem que eu não a amo, assim como ela não me ama. Entre nós, o que existe é apenas sexo, mas nada que me incendeie de verdade. Com você… com você, Isa, sempre foi diferente. E não estou falando só do sexo, porque, convenhamos, nós só fizemos uma única vez. No dia seguinte, aconteceu aquele fato terrível e eu nunca mais pude te ter em meus braços daquela forma, tão apaixonada e entregue. O que tínhamos ia muito além do físico... Era algo que eu nunca senti com mais ninguém. Algo que ainda me assombra.

Álvaro respirou fundo, fez uma pausa e continuou com um pouco de rouquidão na voz e um toque de malícia:

— Bastou um beijo, um único beijo roubado há instantes, para eu ficar duro como uma rocha. E tem mais: se você me tocasse de uma forma mais ousada, acho que, se eu não fosse um cara controlado, gozaria na mesma hora, como um adolescente inexperiente.

As palavras dele, ditas com uma honestidade desconcertante, a atingiram como uma rajada de vento quente. Ela piscou, atordoada por um instante, mas rapidamente recuperou o controle.

— Chega! — gritou ela, cortando qualquer outra palavra que ele pudesse dizer.

— Eu não quero ouvir mais nada. Não importa o que você diga, Álvaro, nada disso muda quem você é ou o que fez comigo no passado.

Sem esperar resposta, Isabele girou a maçaneta da porta com força e saiu do banheiro, deixando Álvaro sozinho.

Ela caminhou rapidamente pelo corredor, ignorando o olhar curioso de algumas pessoas e tentando afastar a sensação de que o beijo ainda queimava em seus lábios.

No entanto, a voz dele ecoava em sua mente, implacável, trazendo à tona sentimentos que ela achava ter enterrado para sempre.

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