Ele relaxou os ombros, aliviado com a compreensão dela. — Podemos dançar? Prometo que não toco mais nesse assunto. Ela hesitou, seu olhar vasculhando o ambiente antes de assentir devagar. — Desde que falemos sobre qualquer outra coisa, tudo bem. A pista de dança estava muito arejada e conforme se moviam, Isabele tentou ignorar a tensão que pesava no ar. No entanto, não precisava olhar para saber que Álvaro a observava. Sentia seu olhar como uma chama ardente em sua pele. Ele estava parado ao fundo, um copo de uísque na mão, a expressão dura, a mandíbula cerrada em um misto de raiva e... ciúme. — Álvaro... — A voz sedutora de Julia cortou o silêncio ao lado dele, analisando-o com olhos astutos. — Sei que nosso relacionamento é só negócios e prazer, mas o que está rolando entre você e a enteada do seu pai? Ele não desviou os olhos de Isabele, a tensão em seu rosto evidente. — Nada. Mal a conheço. — mentiu, a voz grave, quase convincente. Julia soltou uma risada baixa,
Isabele foi relaxando, pouco a pouco, nos braços de Álvaro ao som da balada romântica que ecoava pelo salão. As lembranças a atingiram como uma onda inevitável, transportando-a para um passado que ainda ardia sob sua pele. Era impossível esquecer as inúmeras vezes em que haviam dançado juntos, o calor do corpo dele pressionando o seu, a sensação de segurança inquietante que ele sempre lhe proporcionara. Álvaro parecia igualmente mergulhado no turbilhão de recordações. Ele a estreitou ainda mais em seus braços, inalando o perfume suave de seus cabelos e deslizando as mãos em um toque sutil pelas costas dela. Cada movimento era uma provocação silenciosa, um lembrete do que haviam compartilhado — e do que ainda pairava entre eles, não dito, mas sempre presente. — Por que não acredita em mim, Isa? — A voz dele veio baixa, rouca, carregada de algo que a fez estremecer. — Por que é tão difícil aceitar que eu realmente me apaixonei por você? Eu nunca teria coragem de fazer o que me acu
— Por favor, filha, venha morar conosco. Fiquei tanto tempo longe de você e do meu neto. Eu prometo que não vou interferir em nada na sua vida, e quanto à sua carreira, você pode montar seu escritório aqui. O Gabriel tem vários amigos que precisam de uma designer de interiores talentosa, como você, para decorar suas casas. Gabriel, que estava ouvindo, complementa: — Isso mesmo! Inclusive, tenho um casal de amigos que comprou uma cobertura em São Paulo e está precisando de alguém competente, como sei que você é, para decorá-la. Isabele sorri, mas nega suavemente: — Agradeço muito o convite, mas sinto que em ter que recusar. Eu já estou decidida, e, além disso, vamos deixar esse assunto para outro momento. Não quero que estraguem a noite de casamento de vocês com questões fora de hora. A mãe, visivelmente triste, tenta entender: — Tudo bem, filha, mas não consigo entender o motivo da sua recusa. Achei que você gostaria de viver mais perto de mim, principalmente agora que esto
— Até quando vai me tratar como se eu fosse um idiota irresponsável? — perguntou com a voz baixa, mas cheia de tensão. — Você me humilhou na frente dos nossos pais, sabele. Ela tentou puxar o braço, mas ele a manteve firme. — Álvaro, me solta. Você já está ultrapassando limites demais. — Não até você me ouvir — ele sussurrou, puxando-a para dentro de um dos quartos. Com a porta fechada, ele a encurralou contra a parede, os olhos fixos nos dela. — Eu nunca teria pego seu filho no colo se não tivesse condições para isso. Eu posso ter bebido mais do que costumo beber mas não ponto de fazer algo estupido como colocar o bem está de uma criança em risco. Isabele manteve o olhar firme, mesmo sentindo seu coração acelerar. — Eu só quis proteger meu filho, Álvaro. Se isso te ofende, problema seu ,não posso fazer nada. Ele soltou uma risada amarga, se aproximando mais. — Isso é uma forma de se vingar de mim? Porque eu sei que você com certeza ainda guarda rancor pelo que acont
.— Talvez haja algumas coisas sobre mim que você ainda não saiba e uma delas é que eu não falho nunca, Isa... principalmente quando o assunto é mostrar o quanto você ainda me quer. — A voz dele era pura provocação, e cada palavra sussurrada contra seu ouvido a fazia arder. Ele deslizou os lábios pelo pescoço dela e subiu mais um pouco mordiscando o lóbulo de sua orelha delicada de forma provocante. Isabele sentiu cada célula de seu corpo responder, seu corpo inteiro arrepiado, e um gemido involuntário escapou de seus lábios. — Para, Álvaro... Não podemos ...— murmurou, sua voz vacilante, sem qualquer convicção. Ele riu baixinho, deslizando a mão pelo braço dela, descendo lentamente até sua cintura. — Eu paro... mas só se você disser que não sentiu nada — desafiou, roçando os lábios contra sua pele. Isabele fechou os olhos com força, tentando reunir forças para se virar e se libetar dele e do poder sensual que tinha sobre ela. — Eu... eu... — Diga, Isa... — insistiu ele
A festa de casamento chegava ao fim. As luzes suaves da decoração cintilavam, enquanto os últimos convidados se despediam, trocando votos de felicidade com os recém-casados. Angélica, radiante em seu vestido elegante, abraçava cada um com ternura, enquanto Gabriel, sempre atencioso, agradecia pela presença de todos. Isabele observava à distância, sentindo um misto de emoções. Apesar do amor evidente entre sua mãe e Gabriel, uma inquietação tomava conta de seu peito. E essa inquietação tinha nome: Álvaro. — Então, filha, nós vamos partir agora. — Angélica se aproximou, segurando as mãos de Isabele com carinho. — Decidimos viajar essa noite mesmo. Assim, aproveitamos ao máximo nossa lua de mel. Isabele assentiu, forçando um sorriso. — Que bom, mãe. Vocês merecem ter uma lua de mel maravilhosa , especialmente você depois de tudo que já sofreu nessa vida . — E você? Vai ficar bem aqui? — Angélica apertou levemente as mãos dela, como se soubesse que algo a incomodava. Antes q
Quando saiu do banho, ainda perturbado, ouviu vozes vindo do andar de baixo. Álvaro franziu o cenho. Ele, Isabele e Davi eram os únicos na casa – ou pelo menos era o que ele pensava. Ao reconhecer a outra voz, um sentimento corrosivo de ciúme tomou conta dele. Vitor. O que aquele idiota estava fazendo ali, e tão tarde da noite? Álvaro vestiu rapidamente uma calça de moletom escura, as roupas ainda espalhadas pelo closet do quarto que passaria a ocupar, e desceu as escadas com passos firmes, a mandíbula travada. A visão que encontrou fez sua raiva crescer ainda mais. Isabele e Vitor estavam sentados no sofá da sala, rindo e conversando com intimidade desconcertante. Ela nunca sorriu assim para ele, nunca desde que chegou. Aquilo foi o estopim. Sem pensar, Álvaro atravessou a sala em poucos segundos e, sem cerimônias, empurrou Vitor pelo peito, afastando-o de Isabele bruscamente. — Que diabos você pensa que está fazendo aqui? — sua voz saiu baixa, carregada de ameaça. Isabele
O vapor quente do banheiro tomava conta do ambiente, misturando-se ao cheiro amadeirado e envolvente de Álvaro. O silêncio entre os dois era denso, carregado de tensão e lembranças não ditas. Isabele ainda estava zonza, o álcool percorrendo suas veias, deixando-a mais ousada do que jamais se permitiria estar. Ela o encarava, seus olhos brilhando com algo que nem ela mesma queria nomear. Álvaro, por outro lado, lutava contra cada instinto seu. Ele nunca foi de recuar diante de um desejo, principalmente quando se tratava dela. Mas agora, naquele momento, sabia que precisava segurar o controle. — Você precisa de um banho — murmurou, tentando manter sua voz firme, embora o calor que queimava dentro dele estivesse prestes a consumi-lo. Isabele inclinou a cabeça, um sorriso travesso se formando em seus lábios. — E você acha que pode me ajudar com isso? — Sua voz saiu provocativa, desafiadora, como se estivesse testando até onde ele poderia aguentar. Álvaro engoliu seco. Sua mandíbu