Na manhã seguinte, Clara e Vinícius acordaram juntos, ainda sob o impacto da noite anterior. A luz suave da manhã invadia o quarto, e os dois, deitados lado a lado, aproveitavam o silêncio confortável que se seguiu ao momento intenso que compartilharam. — Bom dia — murmurou Vinícius, se espreguiçando ao lado dela, a voz ainda rouca de sono. Clara sorriu suavemente, ainda sentindo as emoções da noite anterior. — Bom dia — respondeu ela, com um toque de timidez. O desconforto que existia antes parecia ter diminuído, e ela se sentia mais relaxada perto dele. — Está pronta para o café da manhã? — ele perguntou, brincando, enquanto se levantava da cama. — Acho que sim. — Clara riu, se levantando também. Após se vestirem, desceram para o café da manhã, que foi tranquilo, marcado por conversas leves e sorrisos que fluíam naturalmente. Ambos evitavam falar dos assuntos mais complicados, como se quisessem prolongar a sensação de normalidade por mais um pouco. Depois do café, Vinícius qu
— Alô? — A voz do outro lado da linha era fria e distante. — Aqui é Suzana Albuquerque, madrasta de Vinícius. Descobrimos recentemente que vocês se casaram.Clara sentiu o coração disparar. A surpresa da ligação, somada ao tom indiferente de Suzana, a deixou desconcertada.— Eu... sim, nos casamos — respondeu Clara, a voz hesitante. — O que aconteceu?Suzana fez uma pausa, e Clara ouviu sua respiração antes de ela responder, sem qualquer traço de emoção.— Ele sofreu um acidente de avião. Já faz dois dias que estamos à procura — continuou Suzana, como se estivesse falando sobre o tempo. — Achei que você deveria vir.— Acidente? — Clara repetiu, a voz falhando. — Como... como isso aconteceu?— O avião caiu em uma área remota. As buscas continuam. — Suzana suspirou. — É melhor você vir logo, Clara. Podemos precisar de você.O mundo de Clara girava.— Estou indo — respondeu, e antes que Suzana pudesse falar mais, Clara desligou o telefone com mãos trêmulas.A viagem foi longa, e o silênc
Sabrina estava sentada à mesa, tomando café, quando a porta da frente se abriu, e uma figura familiar entrou.— Henrique! — exclamou Sabrina, levantando-se. — O que faz aqui tão cedo?Henrique, o advogado de Vinícius, parecia cansado, mas aliviado ao ver Sabrina. Quando seus olhos encontraram Clara, uma expressão de surpresa atravessou seu rosto.— Quem é essa? — perguntou ele, claramente confuso.Sabrina deu um sorriso contido.— Esta é Clara... a esposa de Vinícius.Henrique ficou parado por um momento, depois soltou uma risada nervosa.— Esposa? — repetiu ele, incrédulo. — Desde quando Vinícius é casado? Ele nunca mencionou isso.Clara tentou manter a compostura, mas o desconforto era evidente.— Nos casamos recentemente. Vinícius quis manter tudo em segredo por um tempo — explicou Clara, sua voz um pouco hesitante.Henrique ainda parecia perplexo, mas suspirou, como se estivesse tentando absorver as informações.— Bom, não vim aqui para discutir sobre casamentos — disse ele, com u
O som da porta se abrindo lentamente fez Clara se sentar na cama, o coração acelerado. Leonardo entrou no quarto, sua expressão sombria e indecifrável. Ele parou perto da porta por um momento, observando-a.— Clara, precisamos conversar — disse ele, a voz baixa, carregada de tensão.Clara sentiu o peito apertar, o eco das revelações recentes ainda a perturbava. Ela o encarou com desconfiança.— O que você quer, Leonardo? — perguntou Clara, sua voz trêmula. — Já mentiu o suficiente para mim.Leonardo suspirou, passando as mãos pelo cabelo, desconfortável. Ele sabia que não havia mais espaço para adiar a verdade.— Eu sei que você está com raiva, Clara. E você tem razão. Eu menti, e foi errado. Mas agora não há outra saída — admitiu ele, hesitante.Clara balançou a cabeça, incrédula.— Não há outra saída? — ela repetiu, a voz ficando mais firme. — Você me enganou, Leonardo. Eu me casei com você achando que você era outra pessoa! Como pode me pedir para continuar com isso?Leonardo se ap
Vinícius estava recostado na cama do hospital, o olhar perdido na janela que dava vista para o pátio externo. As dores nas costelas eram constantes, mas ele já estava se acostumando com a sensação de mal-estar físico. O acidente parecia um pesadelo distante, embora o efeito ainda estivesse muito presente em seu corpo.Ao seu lado, Júlia, a mulher que o resgatou e o levou ao hospital, estava sentada, lendo um livro com a expressão tranquila. Eles já haviam trocado conversas nas últimas manhãs, e Vinícius começava a sentir uma espécie de gratidão silenciosa por ela. Júlia era moradora de uma vila próxima ao local do acidente e havia se mostrado incansavelmente prestativa desde que o encontrara.— Você está com uma cara melhor hoje — comentou ela, fechando o livro e sorrindo para ele.— É, acho que finalmente estou me acostumando com essa dor — respondeu Vinícius, tentando esboçar um sorriso. — Mas as costelas ainda me lembram que estou bem longe de casa.Júlia assentiu, e seu sorriso
O sol já estava começando a descer no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e rosa. Vinícius estava em pé ao lado da cama, os movimentos ainda cautelosos devido às costelas machucadas, enquanto Júlia dobrava com cuidado as roupas que ele usaria na viagem de volta. A decisão de partir havia sido tomada, mesmo com o conselho dos médicos para que ele ficasse mais alguns dias. Vinícius sabia que não podia adiar mais.Júlia, por sua vez, tentava disfarçar o incômodo que sentia ao vê-lo ir embora. Ela sabia que ele tinha assuntos urgentes para resolver, mas uma parte dela desejava que ele ficasse mais um pouco. Ao longo dos dias em que cuidara dele, uma conexão havia se formado, e agora a ideia de se despedir era mais difícil do que ela imaginara.— Acho que é isso — disse ela, entregando a camisa dobrada para ele com um sorriso tímido. — Você está pronto para partir?Vinícius assentiu, vestindo a camisa devagar.— Sim, acho que sim — respondeu ele, enquanto ajeitava as mangas. —
O avião pousou suavemente, e Vinícius sentiu um leve desconforto ao se mover no assento, as costelas machucadas ainda o incomodavam. Ele suspirou, ansioso para sair daquela situação e entender o que estava realmente acontecendo. O acidente ainda estava fresco em sua mente, mas o que mais o perturbava era o mistério que envolvia seu suposto casamento com Clara.Quando saiu do terminal, avistou Leonardo esperando por ele perto do carro, com uma expressão contida, mas familiar. Vinícius avançou até ele, sentindo o peso da situação aumentar.— Vinícius! — Leonardo disse, com um sorriso controlado ao apertar sua mão. — Como você está, irmão?— Melhorando — respondeu Vinícius, sem muita emoção. — Ainda tentando juntar os pedaços.Leonardo assentiu, abrindo a porta do carro para ele.— Imagino que deve ser confuso voltar depois de tudo isso — disse Leonardo, enquanto entrava no carro e ligava o motor. — Como foi a viagem?— Tranquila, mas não estou aqui para falar da viagem — Vinícius respo
Antes que Vinícius pudesse reagir à conversa com Clara, a porta da sala se abriu de repente. Gisele Amorim entrou como um furacão, o rosto tomado pela emoção. — Vinícius! — ela gritou, correndo em sua direção, como se estivesse desesperada para garantir que ele realmente estava ali, vivo. Vinícius ficou congelado por um segundo. Gisele sempre foi uma presença constante em sua vida. Amiga de infância, eles cresceram juntos, e a família dele sempre imaginou que acabariam se casando. Mas algo sempre o impediu de avançar. Antes que pudesse reagir, Gisele o envolveu em um abraço desesperado, apertando-o como se quisesse garantir que ele era real. — Não acredito que você está vivo! — disse ela, a voz embargada de alívio. — Achei que tinha te perdido para sempre. Vinícius, pego de surpresa, devolveu o abraço, tentando manter a calma. Sentia o peso do momento, e a intensidade dos sentimentos de Gisele nunca havia sido tão clara. Clara, até então ao seu lado, deu um passo para trás, obser