— Alô? — A voz do outro lado da linha era fria e distante. — Aqui é Suzana Albuquerque, madrasta de Vinícius. Descobrimos recentemente que vocês se casaram.
Clara sentiu o coração disparar, como se estivesse caindo em um abismo profundo. O mundo ao seu redor se tornou um borrão enquanto as palavras de Suzana ecoavam em sua mente. A ideia de perder Vinícius a fazia sentir um peso no peito que nunca havia conhecido antes, uma pressão que a fazia respirar com dificuldade. — Eu... sim, nos casamos — respondeu Clara, a voz hesitante, mal conseguindo conter o tremor. — O que aconteceu? Suzana fez uma pausa, e Clara ouviu sua respiração pesada antes de ela responder, sem qualquer traço de emoção. — Ele sofreu um acidente de avião. Já faz dois dias que estamos à procura — continuou Suzana, como se estivesse falando sobre o tempo. — Achei que você deveria vir. A palavra “acidente” ecoou na mente de Clara, como um sino que badalava em seu coração. O desespero começou a se instalar, e um frio cortante percorreu sua espinha. — Acidente? — Clara repetiu, a voz falhando. — Como... como isso aconteceu? — O avião caiu em uma área remota. As buscas continuam — Suzana suspirou. — É melhor você vir logo, Clara. Podemos precisar de você. O mundo de Clara girava. Ela sentiu o estômago revirar e as mãos suarem, como se estivesse sendo arrastada para um pesadelo. — Estou indo — respondeu ela, desligando o telefone com mãos trêmulas. A viagem foi longa, e o silêncio no carro não ajudava. Clara tentava processar as palavras de Suzana, mas sua mente estava a mil. A cada quilômetro percorrido, o peso da ansiedade a envolvia como um manto pesado. Quando desembarcou, um motorista a aguardava, levando-a diretamente para a mansão da família Albuquerque. Assim que Clara saiu do carro, a imponente porta da mansão se abriu. Suzana estava ali, com Sabrina ao seu lado. Clara, aos 26 anos, era uma mulher de beleza marcante. De estatura mediana, seus 1,65 m combinavam perfeitamente com sua silhueta esbelta e bem definida. Ela possuía um corpo naturalmente atraente, com curvas que chamavam atenção de forma sutil. Seus cabelos longos e castanhos emolduravam seu rosto delicado, destacando seus olhos expressivos e lábios suaves. Sua presença era encantadora, e a elegância natural que exibia não passava despercebida, transmitindo leveza e suavidade. — Clara, que bom que veio — disse Suzana, sorrindo de maneira que não chegava aos olhos. — Precisamos conversar. Suzana, uma mulher elegante e imponente, aos 50 anos, ainda mantinha uma beleza marcante. Seus longos cabelos castanhos estavam sempre bem arrumados, e suas roupas sofisticadas revelavam seu gosto refinado. Com uma personalidade forte, Suzana era determinada e estrategista, acostumada a estar no controle das situações. A irmã mais nova de Vinícius olhou para Clara com um misto de curiosidade e simpatia. — Você deve estar exausta. Vem, entra — disse Sabrina, gentilmente, tentando amenizar o clima tenso. Sabrina, com 24 anos, exalava uma beleza vibrante e jovial. Alta, com cerca de 1,72 m, possuía um corpo esguio, mas com curvas definidas. Seus cabelos loiros caíam em ondas suaves até os ombros, sempre bem arrumados, e seus olhos claros irradiavam energia e confiança. Clara assentiu, sentindo-se deslocada no ambiente luxuoso, mas seguiu as duas para a sala. Assim que se sentaram, Suzana foi direto ao ponto. — Não sabíamos que você e Vinícius tinham se casado — Suzana começou, sem rodeios. — Descobrimos recentemente, ao encontrar os papéis do casamento. Clara sentiu um nó na garganta, mas tentou manter a calma. — Sim... foi algo rápido — ela desviou o olhar, o calor subindo à sua face. — Vinícius e eu decidimos manter segredo por enquanto. Não estávamos escondendo de vocês, só... era complicado. — Complicado, como? — Suzana arqueou uma sobrancelha, o tom carregado de desconfiança. — Vocês mal se conheciam. Isso tudo parece estranho, Clara. Sabrina olhou de soslaio para Suzana, como se desaprovasse o interrogatório. — Mamãe... — começou Sabrina, tentando aliviar a pressão. — Não precisamos fazer tantas perguntas agora. Clara acabou de chegar. Suzana lançou um olhar de advertência para a filha, mas relaxou um pouco. — Tudo bem, Clara — disse Suzana. — Vamos deixar isso de lado por enquanto. Mas precisamos falar sobre o acidente. O que aconteceu com Vinícius é grave. — Grave? — Clara perguntou, tentando controlar o pânico na voz. O coração batia descontrolado. — O que você sabe sobre o acidente? — Foi um acidente de avião. O avião caiu numa área de difícil acesso. As buscas estão sendo feitas, mas as informações são limitadas até agora — respondeu Suzana, com o mesmo tom frio. — Ele estava sozinho? — Clara insistiu, a ansiedade tomando conta. Suzana hesitou, trocando um olhar rápido com Sabrina antes de responder. — Não temos certeza dos detalhes... — disse Suzana, vagamente. — Só sabemos que a situação é crítica. — Então ele... ele pode não... — Clara começou, mas Sabrina interrompeu rapidamente, percebendo a angústia crescente de Clara. — Ainda não sabemos, Clara — disse Sabrina, suavemente. — Não perca a esperança. Estamos fazendo tudo o que podemos para encontrá-lo. Clara assentiu, tentando digerir as informações. Tudo parecia surreal, como se estivesse vivendo um pesadelo do qual não conseguia acordar. Sabrina, percebendo o cansaço de Clara, se levantou. — Acho que você precisa descansar — sugeriu Sabrina, oferecendo um sorriso tranquilizador. — Posso te mostrar o quarto? Clara aceitou a oferta com gratidão. Queria sair dali, longe dos olhares inquisitivos de Suzana. Elas subiram a escadaria da mansão em silêncio. — Aqui é o seu quarto — disse Sabrina, abrindo uma porta de madeira pesada. — Se precisar de qualquer coisa, me avise. Sei que é muita coisa para assimilar agora, mas estou aqui se precisar conversar. — Obrigada, Sabrina — disse Clara, a voz cansada. — Eu realmente aprecio isso. Sabrina se despediu com um aceno, deixando Clara sozinha no quarto. Assim que a porta se fechou, Clara sentou-se na beirada da cama, o corpo exausto e a mente confusa. Deitada na cama, Clara tentou dormir, mas sua mente estava a mil. Pensava no acidente de Vinícius, nas palavras vagas de Suzana, e algo dentro dela gritava que havia mais nessa história. De repente, o som abafado de vozes pelo corredor chamou sua atenção. Clara se levantou, indo até a porta, abrindo-a levemente para escutar melhor. Ela reconheceu a voz de Suzana, falando ao telefone. — Isso precisa ser mantido em segredo até sabermos o que fazer — disse Suzana, a voz baixa e tensa. Clara recuou, o corpo tenso. O que eles estavam escondendo? Seu coração disparou, e naquele momento, Clara soube que estava no meio de algo muito maior do que poderia imaginar. Ela fechou a porta devagar, a mente tomada por suspeitas. Algo estava muito errado, e ela precisaria descobrir o que era.Sabrina estava sentada à mesa, tomando café, quando a porta da frente se abriu, e uma figura familiar entrou. — Henrique! — exclamou Sabrina, levantando-se. — O que faz aqui tão cedo? Henrique Menezes, aos 30 anos, era um homem alto, cerca de 1,80 m, com cabelos loiros bem cortados e olhos azuis intensos. Sua aparência jovem e bem cuidada contrastava com sua postura séria e reservada. O rosto anguloso e a barba sempre aparada davam a ele um ar de sofisticação, e ele se vestia de maneira impecável, com camisas sociais ajustadas e ternos elegantes. Henrique é o diretor jurídico da empresa. Ele trabalha diretamente com Vinícius Albuquerque, sendo responsável por toda a estratégia legal da corporação. Além disso, é amigo pessoal de Vinícius, o que torna sua relação com a empresa ainda mais sólida. — Quem é ela? — perguntou ele, claramente confuso. Sabrina deu um sorriso contido. — Esta é Clara... a esposa de Vinícius. Henrique ficou parado por um momento, depois soltou uma ri
O som da porta se abrindo lentamente fez Clara se sentar na cama, o coração acelerado. Leonardo entrou no quarto, sua expressão sombria e indecifrável. Ele parou perto da porta por um momento, observando-a. — Clara, precisamos conversar — disse ele, a voz baixa, carregada de tensão. Clara sentiu o peito apertar, o eco das revelações recentes ainda a perturbava. O peso da mentira a sufocava, e ela o encarou com desconfiança. — O que você quer, Leonardo? — perguntou Clara, sua voz trêmula. — Já mentiu o suficiente para mim. Leonardo suspirou, passando as mãos pelo cabelo, desconfortável. Ele sabia que não havia mais espaço para adiar a verdade. — Eu sei que você está com raiva, Clara. E você tem razão. Eu menti, e foi errado. Mas agora não há outra saída — admitiu ele, hesitante. Clara balançou a cabeça, incrédula. — Não há outra saída? — ela repetiu, a voz ficando mais firme. — Você me enganou, Leonardo. Eu me casei com você achando que você era outra pessoa! Como pode me pedir p
Vinícius Albuquerque, aos 30 anos, era um homem de presença imponente e charme irresistível. Com 1,85 m de altura e físico atlético, sua postura naturalmente exalava confiança. Seus cabelos castanho-claros curtos e lisos, junto com seus penetrantes olhos verde-mel, muitas vezes pareciam carregar segredos. A mandíbula forte e bem marcada adicionava ao seu rosto uma seriedade que poucos conseguiam ignorar. Com ou sem terno, ele sempre atraía olhares por onde passava. Agora, sentado na cama do hospital, sua habitual imponência parecia atenuada pelas dores nas costelas e pelo cansaço evidente. Os olhos, que antes transmitiam segurança, estavam distantes, perdidos na paisagem lá fora enquanto ele tentava assimilar os acontecimentos recentes. Ao lado dele, sentada com a postura tranquila, estava Júlia, a mulher que o resgatou após o acidente. Aos 27 anos, Júlia era dona de uma beleza discreta, que emanava uma simplicidade natural. Seus longos cabelos castanhos eram, na maioria das vezes, p
O sol já estava começando a descer no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e rosa. Vinícius estava em pé ao lado da cama, os movimentos ainda cautelosos devido às costelas machucadas, enquanto Júlia dobrava com cuidado as roupas que ele usaria na viagem de volta. A decisão de partir havia sido tomada; já se passaram alguns dias desde que Henrique tinha ligado falando sobre o casamento, mesmo com o conselho dos médicos para que ele ficasse mais alguns dias. Vinícius sabia que não podia adiar mais. Júlia, por sua vez, tentava disfarçar o incômodo que sentia ao vê-lo ir embora. Ela sabia que ele tinha assuntos urgentes para resolver, mas uma parte dela desejava que ele ficasse mais um pouco. Ao longo dos dias em que cuidara dele, uma conexão havia se formado, e agora a ideia de se despedir era mais difícil do que ela imaginara. — Acho que é isso — disse ela, entregando a camisa dobrada para ele com um sorriso tímido. — Você está pronto para partir? Vinícius assentiu, vestindo
O avião pousou suavemente, e Vinícius sentiu um leve desconforto ao se mover no assento, as costelas machucadas ainda o incomodavam. Ele suspirou, ansioso para sair daquela situação e entender o que estava realmente acontecendo. O acidente ainda estava fresco em sua mente, mas o que mais o perturbava era o mistério que envolvia seu suposto casamento com Clara. Quando saiu do aeroporto, avistou Henrique esperando por ele perto do carro, com uma expressão contida, mas familiar. Henrique era seu advogado e amigo de longa data. Sempre direto e discreto, Henrique sabia como lidar com situações delicadas. Vinícius avançou até ele, sentindo o peso da situação aumentar. — Vinícius! — Henrique disse, com um sorriso controlado ao apertar sua mão. — Como você está, meu amigo? — Melhorando — respondeu Vinícius, sem muita emoção. — Ainda tentando juntar os pedaços. Henrique assentiu, abrindo a porta do carro para ele. — Imagino que deve ser confuso voltar depois de tudo isso — disse Henri
Enquanto Vinícius tentava se ajustar à nova realidade de seu casamento com Clara, a porta da sala se abriu de repente. Gisele Amorim entrou como um furacão, o rosto tomado pela emoção. Gisele, aos 28 anos, era uma mulher sofisticada e de beleza impressionante. Seus cabelos ruivos e ondulados caíam até os ombros, destacando ainda mais seus penetrantes olhos azuis. Com cerca de 1,70 m de altura, Gisele possuía um corpo elegante e esguio, sempre realçado por trajes finos e bem escolhidos. Sua presença era marcante, com uma postura impecável e um andar confiante que nunca passava despercebido. Ela sempre fora uma amiga leal e próxima de Vinícius, e a família dele frequentemente falava sobre o potencial deles como casal. — Vinícius! — ela gritou, correndo em sua direção, como se estivesse desesperada para garantir que ele realmente estava ali, vivo. Vinícius ficou congelado por um segundo. Gisele sempre foi uma presença constante em sua vida. Antes do acidente, havia um carinho sutil e
Clara sentou-se na beirada da cama, os nervos à flor da pele após a conversa com Leonardo. As palavras dele ainda ecoavam em sua mente, e o medo de que sua vida estivesse prestes a desmoronar crescia a cada segundo.Ela mal teve tempo de processar as ameaças quando ouviu o som da porta se abrindo lentamente. Seu coração disparou. Vinícius entrou no quarto, sua expressão serena, mas com os olhos afiados.— Clara, precisamos conversar — disse ele, com uma voz calma, mas carregada de curiosidade e desconfiança.Clara sentiu o peito apertar. O confronto que ela tanto temia estava se aproximando.— Eu trabalho como aeromoça — disse, tentando sorrir levemente. — Foi assim que nos encontramos naquele voo para Valença.Vinícius franziu o cenho.— Lembro da viagem... — disse ele, devagar. — Mas não sabia que você era aeromoça.Clara assentiu, esforçando-se para manter a compostura.— Sim, eu estava trabalhando no voo. Você pediu meu telefone na volta. Foi aí que começamos a nos ver.Vinícius f
O silêncio continuava pesado no quarto. Vinícius, deitado ao lado de Clara, mantinha-se imóvel, lutando contra seus próprios pensamentos. Mas era Clara quem se sentia mais sufocada pela presença dele, mesmo que ele não se movesse. Virada de costas, Clara tentava encontrar uma posição confortável. A cada pensamento que tinha, o peso no peito aumentava. Sabia que estava jogando um jogo perigoso. E, a cada minuto ao lado dele, o fardo da mentira tornava-se insuportável. "Como vou sair disso?" Ela mordeu o lábio, inquieta. "Como vou pedir o divórcio sem levantar suspeitas?" Clara entendia que o divórcio seria o fim da farsa, mas não via outra saída. Talvez, se jogasse bem suas cartas, conseguisse convencer Vinícius de que o casamento não estava funcionando. Afinal, eles mal se conheciam, e a falta de lembranças dele poderia ser sua desculpa perfeita. "Mas como ele reagiria?" Seu coração acelerou. "Será que ele acreditaria? Ou isso só pioraria as coisas?" Mesmo assim, Clara não c