Vidas Entrelaçadas
Vidas Entrelaçadas
Por: Val Lima
1 - A Ligação

— Alô? — A voz do outro lado da linha era fria e distante. — Aqui é Suzana Albuquerque, madrasta de Vinícius. Descobrimos recentemente que vocês se casaram.

Clara sentiu o coração disparar. A surpresa da ligação, somada ao tom indiferente de Suzana, a deixou desconcertada.

— Eu... sim, nos casamos — respondeu Clara, a voz hesitante. — O que aconteceu?

Suzana fez uma pausa, e Clara ouviu sua respiração antes de ela responder, sem qualquer traço de emoção.

— Ele sofreu um acidente de avião. Já faz dois dias que estamos à procura — continuou Suzana, como se estivesse falando sobre o tempo. — Achei que você deveria vir.

— Acidente? — Clara repetiu, a voz falhando. — Como... como isso aconteceu?

— O avião caiu em uma área remota. As buscas continuam. — Suzana suspirou. — É melhor você vir logo, Clara. Podemos precisar de você.

O mundo de Clara girava.

— Estou indo — respondeu, e antes que Suzana pudesse falar mais, Clara desligou o telefone com mãos trêmulas.

A viagem foi longa, e o silêncio no carro não ajudava. Quando Clara desembarcou, um motorista a esperava, levando-a diretamente para a mansão da família Albuquerque.

Assim que Clara saiu do carro, a imponente porta da mansão se abriu. Suzana estava ali, com Sabrina ao seu lado.

— Clara, que bom que veio — disse Suzana, sorrindo de maneira que não chegava aos olhos. — Precisamos conversar.

Sabrina, a irmã mais nova de Vinícius, olhou para Clara com um misto de curiosidade e simpatia.

— Você deve estar exausta. Vem, entra — disse Sabrina, gentilmente, tentando amenizar o clima tenso.

Clara assentiu, sentindo-se deslocada no ambiente luxuoso, mas seguiu as duas para a sala. Assim que se sentaram, Suzana foi direto ao ponto.

— Não sabíamos que você e Vinícius tinham se casado — Suzana começou, sem rodeios. — Descobrimos recentemente, ao encontrar os papéis do casamento.

Clara sentiu um nó na garganta, mas tentou manter a calma.

— Sim... foi algo rápido. — Ela desviou o olhar. — Vinícius e eu decidimos manter segredo por enquanto. Não estávamos escondendo de vocês, só... era complicado.

— Complicado, como? — Suzana arqueou uma sobrancelha, o tom carregado de desconfiança. — Vocês mal se conheciam. Isso tudo parece estranho, Clara.

Sabrina olhou de soslaio para Suzana, como se desaprovasse o interrogatório.

— Mamãe... — começou Sabrina, tentando aliviar a pressão. — Não precisamos fazer tantas perguntas agora. Clara acabou de chegar.

Suzana lançou um olhar de advertência para a filha, mas relaxou um pouco.

— Tudo bem, Clara — disse Suzana. — Vamos deixar isso de lado por enquanto. Mas precisamos falar sobre o acidente. O que aconteceu com Vinícius é grave.

— Grave? — Clara perguntou, tentando controlar o pânico na voz. — O que você sabe sobre o acidente?

— Foi um acidente de avião. O avião caiu numa área de difícil acesso. As buscas estão sendo feitas, mas as informações são limitadas até agora — respondeu Suzana, com o mesmo tom frio.

— Ele estava sozinho? — Clara insistiu, a ansiedade tomando conta.

Suzana hesitou, trocando um olhar rápido com Sabrina antes de responder.

— Não temos certeza dos detalhes... — disse Suzana, vagamente. — Só sabemos que a situação é crítica.

— Então ele... ele pode não... — Clara começou, mas Sabrina interrompeu rapidamente, percebendo a angústia crescente de Clara.

— Ainda não sabemos, Clara — disse Sabrina, suavemente. — Não perca a esperança. Estamos fazendo tudo o que podemos para encontrá-lo.

Clara assentiu, tentando digerir as informações. Tudo parecia surreal, como se estivesse vivendo um pesadelo do qual não conseguia acordar.

Sabrina, percebendo o cansaço de Clara, se levantou.

— Acho que você precisa descansar — sugeriu Sabrina, oferecendo um sorriso tranquilizador. — Posso te mostrar o quarto?

Clara aceitou a oferta com gratidão. Queria sair dali, longe dos olhares inquisitivos de Suzana. Elas subiram a escadaria da mansão em silêncio.

— Aqui é o seu quarto — disse Sabrina, abrindo uma porta de madeira pesada. — Se precisar de qualquer coisa, me avise. Sei que é muita coisa para assimilar agora, mas estou aqui se precisar conversar.

— Obrigada, Sabrina — disse Clara, a voz cansada. — Eu realmente aprecio isso.

Sabrina se despediu com um aceno, deixando Clara sozinha no quarto. Assim que a porta se fechou, Clara sentou-se na beirada da cama, o corpo exausto e a mente confusa.

Deitada na cama, Clara tentou dormir, mas sua mente estava a mil. Pensava no acidente de Vinícius, nas palavras vagas de Suzana, e algo dentro dela gritava que havia mais nessa história.

De repente, o som abafado de vozes pelo corredor chamou sua atenção. Clara se levantou, indo até a porta, abrindo-a levemente para escutar melhor. Ela reconheceu a voz de Suzana, falando ao telefone.

— Isso precisa ser mantido em segredo até sabermos o que fazer — disse Suzana, a voz baixa e tensa.

Clara recuou, o corpo tenso. O que eles estavam escondendo? Seu coração disparou, e naquele momento, Clara soube que estava no meio de algo muito maior do que poderia imaginar.

Ela fechou a porta devagar, a mente tomada por suspeitas. Algo estava muito errado, e ela precisaria descobrir o que era.

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