Clara ficou no sofá por um longo tempo, envolvida em uma tempestade de emoções. A casa, silenciosa, agora parecia sufocante. As palavras de Vinícius ecoavam em sua mente como um veredito final: "Eu não vou perdoar isso. Nunca."Ela sabia que não poderia ficar parada. Precisava pensar no próximo passo, precisava garantir que sua família e Vinícius estivessem seguros. Mesmo que ele não quisesse mais vê-la, ela ainda o amava e não poderia permitir que Suzana e Leonardo vencessem.Com esforço, Clara se levantou e foi até o quarto de hóspedes. Precisava descansar, mas seu coração estava tão inquieto que não conseguia sequer fechar os olhos. Cada vez que tentava, a expressão de raiva e decepção de Vinícius invadia seus pensamentos.Vinícius entrou no escritório e fechou a porta com força, tentando controlar a avalanche de emoções que o consumia. A raiva, a traição e a confusão se misturavam em sua mente, formando um turbilhão que ele não sabia como administrar.Ele se sentou na poltrona e p
Vinícius fechou a pasta com um estalo e se levantou, ajeitando o blazer como se estivesse pronto para uma missão. Clara o observava com apreensão, ainda sentada à frente dele.— Levante-se. Eu mesmo vou te mostrar onde você vai trabalhar — disse Vinícius, com um tom firme e inquestionável.Clara sentiu um nó na garganta. Não era uma sugestão; era uma ordem. Sem escolha, ela se levantou e o seguiu silenciosamente para fora da sala.Os corredores da empresa estavam tranquilos, mas a tensão entre eles era palpável. Vinícius não disse uma palavra enquanto caminhavam lado a lado, e Clara se sentia sufocada pela frieza dele. Finalmente, eles chegaram a uma sala ao lado do escritório principal de Vinícius.— Aqui será seu espaço — disse ele, abrindo a porta. O escritório era elegante e bem equipado, com uma mesa ampla, janelas grandes que traziam a luz da manhã e equipamentos prontos para uso.Clara ficou parada por um momento, tentando se acostumar com a ideia de trabalhar tão perto dele.—
— Alô? — A voz do outro lado da linha era fria e distante. — Aqui é Suzana Albuquerque, madrasta de Vinícius. Descobrimos recentemente que vocês se casaram. Clara sentiu o coração disparar, como se estivesse caindo em um abismo profundo. O mundo ao seu redor se tornou um borrão enquanto as palavras de Suzana ecoavam em sua mente. A ideia de perder Vinícius a fazia sentir um peso no peito que nunca havia conhecido antes, uma pressão que a fazia respirar com dificuldade. — Eu... sim, nos casamos — respondeu Clara, a voz hesitante, mal conseguindo conter o tremor. — O que aconteceu? Suzana fez uma pausa, e Clara ouviu sua respiração pesada antes de ela responder, sem qualquer traço de emoção. — Ele sofreu um acidente de avião. Já faz dois dias que estamos à procura — continuou Suzana, como se estivesse falando sobre o tempo. — Achei que você deveria vir. A palavra “acidente” ecoou na mente de Clara, como um sino que badalava em seu coração. O desespero começou a se instalar, e um fri
Sabrina estava sentada à mesa, tomando café, quando a porta da frente se abriu, e uma figura familiar entrou. — Henrique! — exclamou Sabrina, levantando-se. — O que faz aqui tão cedo? Henrique Menezes, aos 30 anos, era um homem alto, cerca de 1,80 m, com cabelos loiros bem cortados e olhos azuis intensos. Sua aparência jovem e bem cuidada contrastava com sua postura séria e reservada. O rosto anguloso e a barba sempre aparada davam a ele um ar de sofisticação, e ele se vestia de maneira impecável, com camisas sociais ajustadas e ternos elegantes. Henrique é o diretor jurídico da empresa. Ele trabalha diretamente com Vinícius Albuquerque, sendo responsável por toda a estratégia legal da corporação. Além disso, é amigo pessoal de Vinícius, o que torna sua relação com a empresa ainda mais sólida. — Quem é ela? — perguntou ele, claramente confuso. Sabrina deu um sorriso contido. — Esta é Clara... a esposa de Vinícius. Henrique ficou parado por um momento, depois soltou uma ri
O som da porta se abrindo lentamente fez Clara se sentar na cama, o coração acelerado. Leonardo entrou no quarto, sua expressão sombria e indecifrável. Ele parou perto da porta por um momento, observando-a. — Clara, precisamos conversar — disse ele, a voz baixa, carregada de tensão. Clara sentiu o peito apertar, o eco das revelações recentes ainda a perturbava. O peso da mentira a sufocava, e ela o encarou com desconfiança. — O que você quer, Leonardo? — perguntou Clara, sua voz trêmula. — Já mentiu o suficiente para mim. Leonardo suspirou, passando as mãos pelo cabelo, desconfortável. Ele sabia que não havia mais espaço para adiar a verdade. — Eu sei que você está com raiva, Clara. E você tem razão. Eu menti, e foi errado. Mas agora não há outra saída — admitiu ele, hesitante. Clara balançou a cabeça, incrédula. — Não há outra saída? — ela repetiu, a voz ficando mais firme. — Você me enganou, Leonardo. Eu me casei com você achando que você era outra pessoa! Como pode me pedir p
Vinícius Albuquerque, aos 30 anos, era um homem de presença imponente e charme irresistível. Com 1,85 m de altura e físico atlético, sua postura naturalmente exalava confiança. Seus cabelos castanho-claros curtos e lisos, junto com seus penetrantes olhos verde-mel, muitas vezes pareciam carregar segredos. A mandíbula forte e bem marcada adicionava ao seu rosto uma seriedade que poucos conseguiam ignorar. Com ou sem terno, ele sempre atraía olhares por onde passava. Agora, sentado na cama do hospital, sua habitual imponência parecia atenuada pelas dores nas costelas e pelo cansaço evidente. Os olhos, que antes transmitiam segurança, estavam distantes, perdidos na paisagem lá fora enquanto ele tentava assimilar os acontecimentos recentes. Ao lado dele, sentada com a postura tranquila, estava Júlia, a mulher que o resgatou após o acidente. Aos 27 anos, Júlia era dona de uma beleza discreta, que emanava uma simplicidade natural. Seus longos cabelos castanhos eram, na maioria das vezes, p
O sol já estava começando a descer no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e rosa. Vinícius estava em pé ao lado da cama, os movimentos ainda cautelosos devido às costelas machucadas, enquanto Júlia dobrava com cuidado as roupas que ele usaria na viagem de volta. A decisão de partir havia sido tomada; já se passaram alguns dias desde que Henrique tinha ligado falando sobre o casamento, mesmo com o conselho dos médicos para que ele ficasse mais alguns dias. Vinícius sabia que não podia adiar mais. Júlia, por sua vez, tentava disfarçar o incômodo que sentia ao vê-lo ir embora. Ela sabia que ele tinha assuntos urgentes para resolver, mas uma parte dela desejava que ele ficasse mais um pouco. Ao longo dos dias em que cuidara dele, uma conexão havia se formado, e agora a ideia de se despedir era mais difícil do que ela imaginara. — Acho que é isso — disse ela, entregando a camisa dobrada para ele com um sorriso tímido. — Você está pronto para partir? Vinícius assentiu, vestindo
O avião pousou suavemente, e Vinícius sentiu um leve desconforto ao se mover no assento, as costelas machucadas ainda o incomodavam. Ele suspirou, ansioso para sair daquela situação e entender o que estava realmente acontecendo. O acidente ainda estava fresco em sua mente, mas o que mais o perturbava era o mistério que envolvia seu suposto casamento com Clara. Quando saiu do aeroporto, avistou Henrique esperando por ele perto do carro, com uma expressão contida, mas familiar. Henrique era seu advogado e amigo de longa data. Sempre direto e discreto, Henrique sabia como lidar com situações delicadas. Vinícius avançou até ele, sentindo o peso da situação aumentar. — Vinícius! — Henrique disse, com um sorriso controlado ao apertar sua mão. — Como você está, meu amigo? — Melhorando — respondeu Vinícius, sem muita emoção. — Ainda tentando juntar os pedaços. Henrique assentiu, abrindo a porta do carro para ele. — Imagino que deve ser confuso voltar depois de tudo isso — disse Henri