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3 - A Verdade Revelada

O som da porta se abrindo lentamente fez Clara se sentar na cama, o coração acelerado. Leonardo entrou no quarto, sua expressão sombria e indecifrável. Ele parou perto da porta por um momento, observando-a.

— Clara, precisamos conversar — disse ele, a voz baixa, carregada de tensão.

Clara sentiu o peito apertar, o eco das revelações recentes ainda a perturbava. O peso da mentira a sufocava, e ela o encarou com desconfiança.

— O que você quer, Leonardo? — perguntou Clara, sua voz trêmula. — Já mentiu o suficiente para mim.

Leonardo suspirou, passando as mãos pelo cabelo, desconfortável. Ele sabia que não havia mais espaço para adiar a verdade.

— Eu sei que você está com raiva, Clara. E você tem razão. Eu menti, e foi errado. Mas agora não há outra saída — admitiu ele, hesitante.

Clara balançou a cabeça, incrédula.

— Não há outra saída? — ela repetiu, a voz ficando mais firme. — Você me enganou, Leonardo. Eu me casei com você achando que você era outra pessoa! Como pode me pedir para continuar com isso?

Leonardo se aproximou devagar, sentando-se numa cadeira ao lado da cama. Sua voz abaixou, quase como um sussurro.

— Eu fiz isso porque não tive escolha. A situação era complicada, e eu sei que é difícil de entender. Mas, Clara, o que está feito não pode ser desfeito — ele olhou para ela, tentando apelar para sua compreensão. — Por favor, ouça o que eu tenho a dizer.

Clara cruzou os braços, o rosto endurecido.

— Não vou mentir para Vinícius — disse ela, com os olhos fixos nele. — Eu não vou participar dessa farsa.

Leonardo respirou fundo, seu olhar sério.

— Se você não fizer o que estamos pedindo, Vinícius vai pensar que você também estava por trás do acidente — ele deixou a ameaça pairar no ar. — E ele não vai hesitar em destruir você.

Clara piscou, surpresa pela seriedade no tom de Leonardo. Ela mal conhecia Vinícius, mas as palavras de Leonardo a deixaram com medo.

— Como assim? — murmurou ela. — O que você está insinuando?

Leonardo se inclinou para frente, sua voz ainda mais grave.

— Vinícius não é o tipo de homem que perdoa facilmente. Se ele descobrir a verdade, vai acreditar que você foi cúmplice de tudo, e ele não vai parar até acabar com sua vida. E eu não quero ver isso acontecer — disse ele, abaixando o olhar, quase como se estivesse genuinamente preocupado.

Clara hesitou, sentindo o medo crescer dentro dela, mas ainda não estava pronta para ceder.

— E o que você espera que eu faça? Mentir para ele pelo resto da minha vida? — perguntou Clara, a voz mais frágil agora, mas ainda resistente.

Leonardo tentou se aproximar, tocando de leve o ombro de Clara.

— Não. Não para sempre. Apenas até resolvermos isso. Quando ele voltar, vai estar confuso. Você precisa ser paciente. Diga que vocês se casaram, que foi tudo real — ele a olhou intensamente. — Porque, de certa forma, foi. Só precisa ser Vinícius na mente dele, não eu.

Clara ficou em silêncio por alguns segundos, a raiva e a confusão travando uma batalha dentro dela.

— Eu não vou mentir, Leonardo — repetiu ela, mas sua voz não era mais tão firme.

Leonardo se aproximou, tocando a mão dela suavemente, sua voz quase desesperada.

— Por favor, Clara. Não quero que você se machuque — disse ele, sua voz soando quase suplicante. — Se você não fizer isso, Vinícius vai pensar o pior de você. Ele não vai hesitar antes de acabar com tudo... e isso inclui sua família.

Clara sentiu o estômago revirar ao ouvir essas palavras. Ela olhou nos olhos de Leonardo, tentando encontrar uma saída.

— Minha família...? — perguntou ela, quase em um sussurro.

Leonardo assentiu, seu olhar agora pesado de culpa.

— Minha mãe não vai pensar duas vezes antes de envolver sua família nisso. Eu... eu não posso protegê-los se você não colaborar. Você sabe como ela é.

Clara baixou o olhar, sentindo-se cada vez mais encurralada. Não se tratava apenas dela. Recusar-se significava colocar sua família em perigo.

— Então, se eu não seguir o plano... — ela respirou fundo, lutando para se controlar. — Vocês vão machucar as pessoas que eu amo?

Leonardo tocou a mão dela suavemente, a voz quase desesperada.

— Não é isso que queremos, Clara. Mas essa é a única maneira de proteger você e eles. Vinícius não pode saber a verdade... ainda.

Clara mordeu o lábio, as lágrimas ameaçando escorrer. Ela estava sem opções, e mesmo que odiasse admitir, sabia que Leonardo estava certo.

Ela respirou fundo, tentando manter a calma.

— O que eu preciso dizer a ele? — perguntou finalmente, derrotada.

Leonardo soltou o ar lentamente, como se tivesse tirado um peso dos ombros.

— Diga a verdade sobre o casamento. Foi real, Clara. Só que, para Vinícius, precisa ser ele no lugar de quem realmente estava lá — explicou ele, levantando-se. — Diga que vocês se casaram em segredo porque ele quis assim. E que passaram dias juntos depois da cerimônia. Se ele disser que não se lembra, culpe o acidente.

Clara balançou a cabeça, ainda tentando processar tudo.

— E se ele não acreditar? — perguntou, a voz trêmula.

Leonardo fez uma pausa antes de responder.

— Ele vai acreditar. Nós garantiremos isso.

Clara o observou sair, sua mente girando com as implicações da conversa. Ela sabia que não tinha escolha, mas a culpa e o medo já a corroíam por dentro.

Ela teria que seguir o plano... pelo menos por enquanto.

Mas, no fundo, Clara sabia que Vinícius descobriria a verdade. E quando isso acontecesse, ela não sabia como sobreviveria à fúria dele.

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