Assim que saiu do quarto, Vinícius fechou a porta com cuidado e respirou fundo, não para processar qualquer sentimento, mas para manter o foco no plano que havia traçado. Tudo estava funcionando como ele queria, e cada passo que dava com Clara o aproximava de descobrir a verdade. Ele não podia se distrair, e sentimentos estavam fora de questão naquele momento.Caminhando pelos corredores da pousada, pegou o celular e discou rapidamente o número de Henrique. Não havia tempo a perder.— Vinícius? Tudo está indo conforme o planejado? — a voz de Henrique soou, objetiva.— Sim — respondeu Vinícius em um tom frio. — As câmeras estão instaladas?Henrique fez uma breve pausa.— Sim, tudo como você pediu. As câmeras foram instaladas discretamente pela casa. Temos visão dos principais cômodos, inclusive áreas externas. Se Clara fizer qualquer movimento suspeito, você será o primeiro a saber.Vinícius assentiu, ainda atento ao seu redor.— Ótimo. Fique atento e me avise sobre qualquer novidade
Vinícius deu um passo à frente, estendendo a mão para Clara.— Vamos dar uma volta? — sugeriu ele, num tom suave.Clara hesitou por um segundo, mas logo aceitou. Segurou a mão dele, e juntos saíram para caminhar pelo jardim da pousada.O silêncio entre eles era confortável. A brisa da noite soprava suavemente, e Clara sentia um breve alívio do peso que a acompanhava nos últimos dias.— Eu sempre gostei de lugares assim — disse Vinícius, quebrando o silêncio. — A tranquilidade me faz esquecer... por um momento.— Esquecer o quê? — Clara perguntou, sem pensar.Vinícius riu baixinho, mas não respondeu diretamente.— Às vezes, a vida nos dá mais perguntas do que respostas. Mas você parece em paz agora.Clara olhou para o céu, evitando os olhos dele.— Acho que por um momento, sim... — respondeu, mas logo desviou o olhar de novo. — Mas é difícil relaxar de verdade.Vinícius parou de andar e a puxou suavemente para perto. Clara sentiu o toque dele, firme, mas não invasivo.— Você está segur
Vinícius olhou para Clara enquanto caminhavam lentamente pelas ruas tranquilas de Valença. O sol estava suave, e a brisa trazia uma sensação de leveza, quase relaxante.— Essa é sua cidade? — ele perguntou, a curiosidade clara no tom de voz.Clara assentiu, deixando um sorriso tímido surgir.— Sim. Tudo aqui tem um ritmo diferente... mais calmo, menos pressa. Gosto disso. — Ela olhou ao redor, observando as poucas pessoas nas ruas.— Posso entender o apelo — disse Vinícius, observando o entorno. — Às vezes, é bom estar longe da agitação.O silêncio que se seguiu foi confortável. Clara se pegou relaxando, aproveitando a caminhada. Ao lado de Vinícius, o peso dos últimos dias parecia um pouco menos intenso. Talvez fosse o ar de sua cidade natal, talvez a companhia... ela não sabia ao certo.— Você vinha muito aqui? — Vinícius quebrou o silêncio, apontando para uma pequena livraria na esquina.Clara sorriu ao ver o lugar.— Sempre. Passava horas nessa livraria. — Ela olhou para a fachada
Enquanto caminhavam, Clara sentia o peso do momento anterior, mas também o alívio de que as coisas entre eles estavam aparentemente mais leves. No entanto, ela sabia que precisava sondar Vinícius para entender mais sobre o que estava acontecendo com ele, especialmente com a perda de memória.— Vinícius... — ela começou, quebrando o silêncio confortável entre eles. — Você já começou a lembrar de alguma coisa? Sobre nós, quero dizer.Vinícius olhou para ela de forma séria, mas seu semblante permaneceu calmo.— Ainda não — ele respondeu, suspirando. — A sensação é de que algo está faltando. Como se eu soubesse que deveria me lembrar de algo importante, mas não consigo acessar.Clara assentiu, tentando manter a expressão serena. Por dentro, seu coração batia acelerado. Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele poderia descobrir a verdade. Mas, ao mesmo tempo, estava começando a sentir algo diferente por ele.— E... — Clara hesitou, buscando as palavras certas. — O que você espera de nós
O sol começava a desaparecer no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, enquanto a varanda da pousada era iluminada por pequenas luzes suspensas e pelas velas colocadas na mesa. O cenário era perfeito, íntimo e acolhedor, como Vinícius havia planejado. O cheiro suave da brisa do mar invadia o ambiente, trazendo uma sensação de paz, embora Clara sentisse um leve nó no estômago.Vinícius estava parado na varanda, observando o horizonte, quando Clara apareceu, vestindo um vestido leve e simples, mas que realçava sua beleza natural. Ela hesitou por um momento antes de se aproximar, sentindo o peso da noite à sua frente.— Está bonito aqui — comentou Clara, quebrando o silêncio enquanto se aproximava da mesa.Vinícius se virou para ela com um sorriso genuíno, os olhos brilhando com um toque de admiração ao vê-la.— Fico feliz que tenha gostado. Achei que seria bom termos um momento só nosso, longe de tudo — respondeu ele, puxando a cadeira para que Clara se sentasse.Ela sor
Na manhã seguinte, Clara e Vinícius acordaram juntos, ainda sob o impacto da noite anterior. A luz suave da manhã invadia o quarto, e os dois, deitados lado a lado, aproveitavam o silêncio confortável que se seguiu ao momento intenso que compartilharam.— Bom dia — murmurou Vinícius, se espreguiçando ao lado dela, a voz ainda rouca de sono.Clara sorriu suavemente, ainda sentindo as emoções da noite anterior.— Bom dia — respondeu ela, com um toque de timidez. O desconforto que existia antes parecia ter diminuído, e ela se sentia mais relaxada perto dele.— Está pronta para o café da manhã? — ele perguntou, brincando, enquanto se levantava da cama.— Acho que sim. — Clara riu, se levantando também.Após se vestirem, desceram para o café da manhã, que foi tranquilo, marcado por conversas leves e sorrisos que fluíam naturalmente. Ambos evitavam falar dos assuntos mais complicados, como se quisessem prolongar a sensação de normalidade por mais um pouco.Depois do café, Vinícius quebrou o
Na manhã seguinte, Clara e Vinícius acordaram juntos, ainda sob o impacto da noite anterior. A luz suave da manhã invadia o quarto, e os dois, deitados lado a lado, aproveitavam o silêncio confortável que se seguiu ao momento intenso que compartilharam. — Bom dia — murmurou Vinícius, se espreguiçando ao lado dela, a voz ainda rouca de sono. Clara sorriu suavemente, ainda sentindo as emoções da noite anterior. — Bom dia — respondeu ela, com um toque de timidez. O desconforto que existia antes parecia ter diminuído, e ela se sentia mais relaxada perto dele. — Está pronta para o café da manhã? — ele perguntou, brincando, enquanto se levantava da cama. — Acho que sim. — Clara riu, se levantando também. Após se vestirem, desceram para o café da manhã, que foi tranquilo, marcado por conversas leves e sorrisos que fluíam naturalmente. Ambos evitavam falar dos assuntos mais complicados, como se quisessem prolongar a sensação de normalidade por mais um pouco. Depois do café, Vinícius qu
— Alô? — A voz do outro lado da linha era fria e distante. — Aqui é Suzana Albuquerque, madrasta de Vinícius. Descobrimos recentemente que vocês se casaram.Clara sentiu o coração disparar. A surpresa da ligação, somada ao tom indiferente de Suzana, a deixou desconcertada.— Eu... sim, nos casamos — respondeu Clara, a voz hesitante. — O que aconteceu?Suzana fez uma pausa, e Clara ouviu sua respiração antes de ela responder, sem qualquer traço de emoção.— Ele sofreu um acidente de avião. Já faz dois dias que estamos à procura — continuou Suzana, como se estivesse falando sobre o tempo. — Achei que você deveria vir.— Acidente? — Clara repetiu, a voz falhando. — Como... como isso aconteceu?— O avião caiu em uma área remota. As buscas continuam. — Suzana suspirou. — É melhor você vir logo, Clara. Podemos precisar de você.O mundo de Clara girava.— Estou indo — respondeu, e antes que Suzana pudesse falar mais, Clara desligou o telefone com mãos trêmulas.A viagem foi longa, e o silênc