Capítulo 3

— O que vocês querem ouvir agora? — ela indagou, simpática, com sua voz encantadora ressoando através do salão graças ao microfone.

— Toxic! Toxic!

Os gritos vinham, em sua maioria, das mesas ocupadas pelo grupo White Corp, e Stephen Beckinsale espantou-se ao descobrir que um dos que mais gritava o nome da música era Ethan. Sério que seu amigo gostava de Britney Spears? Teve que rir. Em poucos segundos todo o bar estava gritando a mesma coisa, e Serena havia apontado o microfone na direção dos clientes, divertindo-se com a algazarra, a mão livre descansando na cintura. Quando os gritos diminuíram, ela voltou a falar: 

— Ah! Toda semana vai ser isso? — Ela fingiu aborrecimento: — Vocês não enjoam de sempre escutarem a mesma música?

— Não!!! — gritaram em resposta.

Serena deu uma risada, e o som baixo e rouco que saiu da garganta da moça fez muitos homens no recinto estremecerem. O diretor executivo da White foi um deles.

— Seja feita a vossa vontade! — ela respondeu.

— Oh, boy!  

Stephen olhou para Davis, sentado na ponta da mesa, que havia soltado a exclamação em voz alta e agora estava mordendo o lábio. O gerente de vendas percebeu que o diretor o olhava curioso, e debruçou-se sobre a mesa, respondendo a pergunta muda no rosto do outro:

— Cara, a Serena vai dançar, dançar Toxic! Isto é demais até pra mim que sou bem casado!    

Vítor deu uma risada, e outros funcionários que estavam próximos a eles também riram. As mulheres da mesa levantaram rapidamente e correram para a pista de dança, junto com alguns rapazes do grupo. Muitas pessoas no bar também abandonaram seus lugares e se aproximaram do palco.

— Você achou quente antes... agora vai suar, amigão — provocou Ethan, cutucando Stephen.

Os primeiros acordes da música começaram a tocar. E a voz de Serena, que antes era puro veludo macio começou a ressoar num sussurro enrouquecido, enquanto ela iniciava, de costas para a assistência, um balanço de quadris que fez Stephen de um salto erguer-se da cadeira.

O balanço de quadris em poucos segundos espalhou-se para o resto do corpo, e a moça se movimentava por completo, numa coreografia que misturava a de Britney em seu famoso clipe, com os gingados das danças brasileiras, gerando um efeito ainda mais sedutor do que o visto originalmente na televisão.

Então ela voltou-se com lentidão para frente, encarando aos rapazes de modo aleatório, mas provocante.

Alguns homens gritaram elogios e assobiaram, incentivando-a.

Mas logo apenas a banda e sua vocalista eram ouvidas.

A voz de Serena criava um atordoamento sensual que rapidamente foi dominando o ambiente, e sua dança completava o conjunto que parecia ter posto em transe todo o público, fazendo-o mover-se sincronizadamente ao som da cantora, num balé sexy e perturbador. Quando ela aproximou-se do guitarrista da banda, um rapaz de cabeleira clara e farta, que lhe deixava com aparência ligeiramente leonina, e este afastou a guitarra para poder colar-se ao traseiro dela, a fim de balançarem juntos numa menção à sedução que Britney Spears mostrava em seu vídeo, provocando espiões, Stephen teve ganas de pular no palco e empurrar o músico, pondo-se ele mesmo atrás da moça, remexendo com ela, abraçando-a firme para que não escapasse nunca. Pôs as mãos nos bolsos para disfarçar a ereção que começara a se manifestar com “Smooth” e já estava alcançando níveis estratosféricos à essa altura. Que absurdo! Não podia desviar os olhos da figura que dominava o palco, e que agora levava a mão aos cabelos, elevando-os e fechando os olhos, como se estivesse recebendo as carícias de um amante, contorcendo o corpo de um modo que tirava o fôlego de quem assistia sua performance. No momento em que ela passou a língua pelos lábios e murmurou: “I think I'm ready now” (acho que estou pronta agora), ele tinha certeza de que não havia um só macho no recinto que não estivesse excitado. Vários casais haviam se formado, e dançavam grudados. A atmosfera sexy era forte e parecia até que o aroma no ar mudara. Feromônios!   

Sentiu um alívio tremendo quando a canção enfim terminou. Mais alguns instantes daquela tortura e sua sanidade estaria comprometida para sempre. Nunca havia prestado muito atenção àquela música antes, mas aquela releitura fez o suor escorrer em suas costas.  Ethan sorria-lhe com expressão de triunfo e zombaria, o engraçadinho. Stephen ergueu as mãos, em sinal de concordância e rendição. O bar não era um “pé sujo”, e estava gostando muito dali. Até demais.

Um estrondoso aplauso explodiu no ar, acompanhado de gritos empolgados. Serena inclinou-se, agradecendo, e piscou um olho para o público, com um sorriso sapeca.

— Agora vamos brincar com os rapazes, meninas! — ela gritou, devolvendo o microfone ao tripé: — Todas as meninas solteiras!

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