Decidindo abandonar a tentativa de levá-la para uma sessão particular de música em seu apartamento, pelo menos por enquanto, mudou de assunto, aproveitando que ela não o rechaçara por completo:— Você não costuma beber álcool? — Tomou um gole de seu saboroso chopp. Estava um pouco curioso, pois a vira beber vinho antes, mas recusara bebida alcoólica veementemente quando fizeram seus pedidos na pizzaria.— Só com meus amigos, ou quando estou sozinha em minha casa.— Por quê? — Surpreendeu-se. — Você é fraca para bebidas?— Não, a questão não é bem essa...— E qual é?— Prefiro manter-me bem sóbria quando não piso em terreno firme.— Acho que estou um pouquinho ofendido com essa resposta... Serena fitou o homem estrangeiro. Gostava de olhar nos olhos da pessoa com quem falava, e aparentemente ele também fazia uso desse recurso, que testava tanto a sinceridade quanto a índole do interlocutor. Não o conhecia o bastante, mas uma coisa parecia bem clara: não era um homem que precisasse us
Serena soltou suas mãos da pressão dele.— Isso que você está falando é ridículo — resmungou.— Não. Acha que é o primeiro cliente bonitão que me cerca? Já trabalho cantando faz tempo, senhor Stephen, e já passei por isso antes! Fiz algumas tentativas com uns rapazes que me admiravam no bar, todas com péssimo resultado para mim. Eu sofri, me senti humilhada. Essa é a razão pela qual não fico de conversa com os clientes. Não saio com eles. Nem mesmo procuro fazer amizade com eles. Não funciona. Os homens sempre confundem tudo.— Você não pode me comparar a outros homens!Serena deu um sorriso sem alegria, e suspirou:— É seu instinto de macho alfa falando, o predador que existe no ser humano tem necessidade de vencer quando se sente provocado, e admito que muito do meu repertório é bem provocante, então posso representar um desafio. Mas garanto que se você apenas passasse por mim pela rua, mal me olharia. Além do mais, todos sabem que depois que um desafio é vencido, acaba a graça.Ste
Podia ficar durante toda a noite conversando com Serena. Sim, conversando. Poderia se contentar com isso. Não para sempre, evidente, mas podia esperar até que ela confiasse nele o bastante para entregar seu corpo, e com um pouco de sorte, talvez também o coração. Em troca poderia dar-lhe o seu. Por que não? Afinal, estava morando no Brasil, não havia nenhuma previsão — e nem vontade — de retornar aos EUA, já vira em cada uma das filiais espalhadas pelas terras tupiniquins, casamentos ou uniões de sucesso entre norte-americanos e brasileiras, então por que não arriscar também? Serena era realmente tudo que ele havia dito antes, bonita, esperta, divertida. E devia ser um furacão na cama. Se ele soubesse conduzir as coisas do modo certo, talvez em um mês ou dois estivessem morando juntos, sob o mesmo teto. Seria fantástico! — Acho que devemos ir, antes que os funcionários nos expulsem. — Stephen pediu a conta e pagou. Olhou Serena intensamente. — Da próxima vez a levarei a um cinco
— Mas... não vá pensar que vai dormir comigo na minha cama, entendido?— Bem entendido! — Deu um grande sorriso.— Você vai dormir na sala — insistiu Serena, desconfiada do sorriso dele.— Claro.Não havia dúvidas que era um apartamento feminino, até o aroma indicava isso, bem como os toques pessoais de cada moradora. Serena já havia dito que dividia o lar, e as despesas, com as duas amigas do bar, mesmo assim ele se surpreendeu que fosse tão aconchegante e arrumado. As garotas eram organizadas e caprichosas com a decoração, apesar de Stephen perceber que era um local modesto. Registrou a informação de que elas não deviam ganhar um salário alto, e provavelmente precisavam abrir mão de várias coisas que desejariam, somente para manter um teto sobre suas cabeças.A criatividade ali suplantava o luxo. Mas era eficiente, e ele apreciava isso.Se a história com Serena vingasse, e ele estava disposto a empenhar-se nisso, poderia ajudar com as despesas sem que isso as insultasse? Afinal, com
Afastaram a mesinha de centro da sala, arrumaram os cobertores sobre o tapete, improvisando uma cama macia, larga e convidativa.— O albergue está pronto! — ela anunciou, pondo as mãos na cintura e apreciando seu trabalho.— Ficou ótimo! — Stephen tirou a blusa de botões rapidamente, ficando apenas com a camiseta de malha que usava por baixo. Por um momento Serena manteve a respiração suspensa, ao vê-lo abrir os botões da camisa. Ficou um pouco decepcionada por ele estar usando outra peça por baixo, mas julgou que assim era melhor. Mais seguro para a saúde dela, certamente, afinal estava com taquicardia só de imaginá-lo de dorso nu, imagine se o visse despido de fato? Falta de ar, gagueira e infarto, certamente! — Eu... estou suada, sabe? E preciso de um banho! — Precisava escapar da presença dele, antes que fizesse uma tolice.Stephen voltou-se para ela, tão rápido como um tigre, os olhos azuis arregalados. Lambeu o lábio inferior, involuntariamente, imaginando-a nua no chuveiro,
Serena acordou na penumbra, escutando as vozes provindas da tv que fora esquecida ligada. Tentou levantar-se para desligá-la, e descobriu-se presa ao chão, segura por algo ou alguma coisa. Olhou em volta, um tanto sonolenta, e então lembrou-se que havia deitado no tapete da sala com Stephen. Não era difícil prever que acabaria desmaiando de cansaço naquele ninho macio, vendo uma comédia relaxante. Agora descobrira que não deveria ter deitado, nem relaxado, e muito menos permitido-se adormecer ali.Seu super-gringo havia a enlaçado pela cintura, e tinha quase seu corpo todo colado às costas e ao traseiro dela. Ah, fantástico, estava dormindo de colherzinha com um homem a quem devia manter à distância.Voltou o rosto um pouco para admirá-lo, aproveitando o fato de que estava simplesmente fora de combate nesse momento. Usava os cabelos mais longos do que se deveria esperar de um funcionário de alto cargo numa multinacional, num tom de louro evidentemente queimado pelo sol, e absurdamente
Ah, gostava de praia, a bela, assim como ele. Ótimo, pois poderiam ir juntos em São Conrado. Ela tomaria banho de Sol enquanto ele surfaria, ou talvez ela até surfasse também, não é? A maioria dos moradores do Rio de Janeiro tinham uma relação vital com a areia e o mar, e ela não devia ser diferente. Sem falar que devia preencher um biquíni como poucas... Pensando bem, ele não ia gostar muito de ver outros homens admirando aquele bumbum espetacular exposto pelas peças minúsculas que as brasileiras usavam tão naturalmente.Nesse caso, o que faria?Não podia simplesmente mandar sua mulher usar shorts quando todas as outras usavam biquínis! Do mesmo modo que não podia exigir que suas performances não incluíssem mais esfregar-se com colegas da banda ou beijá-los. Ora era um homem moderno, e não poderia bancar o tirano por mais que desejasse, teria que aprender a lidar com seu lado controlador de empresário e seu lado opressor de macho dominante para não estragar a carreira de Serena. Pisc
Stephen levantou-se primeiro, e cumprimentou as amigas de Serena, sorrindo com tranquilidade, e pedindo licença para usar o lavabo. As duas bartenders acompanharam-no com o olhar, a admiração patente em suas faces. Assim que ele sumiu no corredor, Luíza e Joana voltaram a cravar os olhos na amiga, que levantou suspirando, sabendo que receberia uma saraivada de perguntas, diretas ou indiretas.— Ah! Isto é muito irado! — Luíza berrou: — Você, e aquele super gato “blond”! — Você dormiu com o “Thor”! — Gritou Joana.— Eu não dormi com “Thor”! — Serena resmungou, arrependida de ter se deixado levar pela atração ainda há pouco. Quase se entregara a Stephen, mesmo garantindo que não o faria. Que boba!— Certo, isto aqui é uma alucinação coletiva! — riu Luíza, apontando a cama improvisada, com lençóis revolvidos.— Tá, eu dormi com o “Thor”, só dormi, não fiz o que estão pensando.— Por que não? Estavam bêbados demais para isso? Por que nem vi a hora que entraram... Por isso não usaram