Capítulo 4

Brincar com os meninos mais ainda? Stephen indagou-se, assustado. Mais um pouco desse tipo de brincadeira e a rapaziada ia sair do local com as calças vergonhosamente úmidas e pegajosas!

Mas Serena realmente queria dizer “brincar”, e então começou a cantar “Single ladies”, ao mesmo tempo em que fazia subir ao palco duas jovens, de improviso, para imitar a coreografia de Beyoncé, principalmente no momento em que repetia o refrão“ Then you should have put a ring on it “(Então deveria ter colocado um anel nisso), indicando o dedo que deveria ter recebido uma aliança. As moças dançavam jogando os cabelos de um lado para o outro, cheias de energia, e os músicos da banda faziam um coro bem humorado.

Stephen riu e relaxou, voltando a sentar-se para beber sua cerveja. Juliana, a telefonista, pôs um copo na frente de Stephen:

— Chefe, toma conta pra mim? — pediu e saiu correndo para perto do palco, querendo participar da brincadeira dançante.

Davis riu da expressão surpresa de Stephen.

— Fui promovido a guardador de bebidas? — Stephen indagou, sorrindo.

— Não se ofenda. Uma moça nunca deixa a bebida dela sem alguém de confiança vigiando, e ela o julga confiável, por isso pediu a você que tomasse conta. O truque sujo pra drogar as meninas aqui tem o apelido de “boa noite, Cinderela”, e Juliana é muito bonita para arriscar-se.

Stephen franziu as sobrancelhas:

—“Boa noite, Cinderela”? Uou... Ainda bem que ela não espera que eu lhe aplique esse golpe. — Stephen olhou rapidamente para o copo. — E o que é isso, afinal?  

— Caipirinha, uma mistura nacional bem popular. Prove um pouco, Juliana não vai se importar.

Stephen levou o canudinho à boca, ingerindo a batida saborosa, enquanto seus olhos voltavam a procurar Serena. Quando percebeu, havia bebido todo o drink de Juliana. Olhou o copo, surpreso com sua distração. A cantora tinha realmente um dom impressionante para hipnotizá-lo e tirar-lhe do rumo.

— Shit! — praguejou.

Pediu outra caipirinha ao garçom para repor antes que a música chegasse ao fim, e voltou a sua cerveja, fazendo planos para aquela noite.

****

Serena terminou a canção de Beyoncé, emendou “Shape of You”, de Ed Sheeran, e achou que era uma boa hora de acalmar os ânimos do pessoal. Sem dúvida os hormônios ali ainda estavam em fúria, e provocá-los demais sempre era um perigo para as damas e um risco desnecessário de atiçar brigas entre os muitos machos alfa espalhados no salão. Ainda lembrava-se da última confusão dentro do bar porque dois rapazes disputavam a atenção da mesma moça. Os seguranças tiveram trabalho para apaziguar os brigões e seus amigos, e algumas garrafas de bebidas caras foram quebradas durante o confronto que acabou envolvendo vários rapazes. Felizmente ninguém havia se ferido seriamente, e depois disso os músicos se tornaram redobradamente cuidadosos. Após um pacote de músicas “quentes” vinha sempre uma com efeito calmante, e a banda já havia mexido muito com a libido do público até agora, cantando “Angels”, “Wicked game”, “Sexual healing”, “Human nature” e na sequência Sade e Britney. Por essa razão ela debruçou-se sobre o teclado de Lúcio, pedindo a melodia de “Hunting high and low”, do A-ha. Entre as canções em inglês, essa era uma das que mais tranquilizavam o ambiente, e o sintetizador do amigo dava o efeito do som das gaivotas e do mar batendo. O resultado final era muito bonito e semelhante ao do original.

Sentou-se mais uma vez em seu banquinho, e soltou a voz, enquanto percorria com os olhos o local, sentindo a serenidade começar a se estabelecer, alguns casais tomarem a pista, dançando de forma romântica, e as pessoas que antes estavam em pé voltarem a suas cadeiras. Olhou na direção do pessoal da White Corp, que batia ponto religiosamente todas as sextas-feiras no “Encanto”, e era sempre um grupo animado e participativo. Sorriu de forma amigável para eles quando lhe acenaram efusivamente e por pouco não se perde na canção que já havia cantado mais de mil vezes. A razão do súbito embaralhamento de ideias era um homem sentado entre o pessoal que lhe acenara. Um príncipe encantado louro, que a olhava diretamente, com o corpo ligeiramente inclinado para frente e os cotovelos sobre a mesa, com as mãos entrelaçadas sustentando um queixo que mesmo à distância em que se encontrava, e encoberto por uma bem cortada barba dourado escuro, aparentava ser firme e quadrado. Serena ficou refém do olhar penetrante, e cantou uma boa parte da música encarando-o, até dar-se conta do que estava fazendo. Então estendeu sua boca num sorriso provocante, e desviou o olhar para a outra ponta do bar. Repreendeu-se intimamente. Nunca, nunca encarar um freguês do bar, Serena, nunca! Sabe bem disso! Nem mesmo se esse freguês é um pedaço de mal caminho, e no caso do louro ali, não era só um pedaço, mas o caminho todo. Deus do Céu!     

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