Bato mais uma vez na porta, faltava apenas meia hora para eu conseguir me atrasar pela segunda vez só essa semana. Ouço a música aumentar do lado de dentro, ela sabia bem como me irritar todas as manhãs. Aysha sempre acordava mais cedo e se apossava do banheiro como se não fosse meu também.Meu punho já estava vermelho de tanto esmurrar aquela porta, mas era inútil.Ouço a porta sendo destrancada e por fim ela finalmente abre, quase passei por cima dela para entrar no banheiro.— Calma, gata! — Aysha reclama — não precisa passar por cima de mim.Olho a bagunça de cremes que ela deixou em cima da pia, hoje eu não tinha tempo para limpar, então co tranco a porta e começo a me maquiar, não restava mais tempo para tomar banho.— Estou atrasada, para variar. — Resmungo.Limpo os olhos, passo um batom qualquer nos lábios e um lápis debaixo da marca d'água, hoje seria um dia importante, eu merecia estar pelo menos arrumada.Saí do banheiro bagunçando os cabelos para ver se conseguia disfarça
Tomei um longo banho, na tentativa de tirar o fracasso de mim. Aysha me ajudou na maquiagem, passou uma sombra que ressaltou meus olhos castanhos redondos, um batom vermelho sangue e fez alguns cachos no meu cabelo escuro. O vestido escolhido foi um vermelho e uma jaqueta de couro opaca e um coturno. Já me sentia melhor, apesar de não esquecer do André e que minha vida profissional dependia da minha escrita medíocre.Olhei para meu reflexo, baguncei os cachos para me deixar ainda selvagem, não procurava sexo essa noite, mas se algum homem com o mínimo de intelecto se aproximasse não negaria transar no banheiro do bar.Aysha estava linda com um vestido curto que ressaltaram suas curvas, o cabelo cacheado e as argolas a deixavam ainda mais bela, fora a pele negra bem iluminada, ela era linda da cabeça aos pés.A mesma chamou um táxi para o bar que costumava ir e nós fomos.— Estou louca para dançar — Aysha diz passando o gloss em seus lábios volumosos — e transar!— Quero encher a cara.
Nial pegou a minha mão e me tirou de toda aquela bagunça no bar, a cena toda pareceu em câmera lenta na minha cabeça. Quando saímos algumas meninas na porta o observavam, acontece que ele era muito mais bonito do que parecia, os olhos eram cinza e não havia um pelo sequer em seu rosto, a mandíbula parecia ter sido esculpida por anjos e os cabelos aloirados com um corte quiff lhe deixavam com mais cara de um deus grego. Era um perfeito deus grego.Seu carro era um belíssimo conversível preto. No estacionamento ele abriu a porta do carona para pegando na minha costa para eu entrar. O contato da sua mão na parte nua da minha costa me fez arder em tensão. Assim que ele entrou, deu partida. Eu não sabia para aonde íamos. O contato da sua mão na parte nua da minha costa me fez arder em tensão. — Caramba, você é algum magnata ou algo do tipo? — Pergunto olhando tudo no carro.Nial sorriu enquanto aumentava o som, tocava Head Hot Chilli Pepers, Californication na rádio.— Adoro essa música.
Fui até a área tirando o coturno, coloquei primeiro o pé para ver se a água estava fria, mas temperatura ideal. Meu corpo pegava fogo, a água fria ajudaria a equilibrar a temperatura.Entrei pela escada, Nial me observava com duas taças na mão e uma garrafa de vinho.Mergulhei, submergi olhando para ele ma borda da piscina. Ele me entregou uma taça de vinho para mim e serviu outra para si, virei a taça nos lábios fitando seus olhos.Podia ver seu volume em sua calça ficando ainda maior.— Não vai entrar?Ele olha para os lados.— Gosto de observar primeiro.— Percebi. — Deixo a taça na borda. — Vai se mudar para onde?Ele pensa um pouco antes de responder, como se estivesse hesitando.— Ainda não sei, talvez eu volte a viajar como antes. Percebo que esse assunto parecia desconfortável para ele.— Gosto das surpresas da vida. — Animou. Seus olhos escorregavam para o meu decote. — Essa noite é uma delas.Estávamos a polegadas de um beijo, mas eu tive uma ideia mais interessante.— Pode
Segui Nial até o andar de cima, tudo estava vazio também.Ele abriu uma porta que dava acesso ao quarto com vista para o mar e uma cama king size, mesmo com apenas a cama dentro era maravilhoso.Olhei ao redor e fui para a cama, sentei apoiando as mãos para trás.— Por que você parece confusa? — Perguntou se aproximando de mim.— Porque estou. — Olho ao redor. — Caras como você, não dormem com garotas como eu.Ele suspira e caminha na minha direção, ficando de frente para mim, não pude evitar notar o volume na sua cueca. Ele passa a costa da sua mão no meu rosto suavemente, meus olhos se fecham por impulso, mas se abrem quando ele aperta minha mandíbula com delicadeza, erguendo meu queixo na sua direção.— Caras como eu, sonham em foder garotas como você todos os dias. — Ele morde o lábio inferior. — Preciso provar uma coisa duas vezes para ter certeza que gostei, não é? Vou tornar essa a melhor noite da sua vida, pode apostar.Engoli a seco.Nial se curvou a minha altura e me beijou,
Terminamos o banho, voltamos para o quarto, visto a camisa que Nial me deu e me jogo na cama, ele faz o mesmo em seguida, mas me puxa para seus braços.A ponta de seu dedo roça meu braço com carinho, parecíamos um casal, talvez as pessoas costumam fazer isso, porém todos os caras com quem transei iam embora após gozar, então ninguém poderia me julgar por estar tão desconfiada.— Sinto que pulamos uma cinco etapas.— Etapas?— Você sabe, encontros, primeira transa, apelidos, tomar banho e dormir juntos... — Digo.— A vida é muito inconstante, você sabe.Pisco algumas vezes.Eu não podia me dar ao luxo de me apaixonar, Nial era muito mais do que pedi, mas também poderia ser doloroso, assim como André foi e todos os outros antes dele.Viro para o lado oposto.— Boa noite, Nial.— Boa noite, Cass.Demorei para dormir, na minha cabeça ainda passava cenas dessa noite, talvez eu nunca mais esqueceria.No outro dia, acordei com os primeiros raios de sol, deveria ser cedo.Olhei para a varanda
Respirei fundo, estralei os dedos e encarei a tela do computador, o aplicativo Word estava aberto há horas, esperando que qualquer palavra fosse digitada, mas nem me espremendo conseguiria sair algo bom.Passei as mãos no rosto.Tento recordar do que pensei quando escrevi aquele primeiro artigo, lembro de estar com os olhos cheios de lágrimas e o peito em ódio puro, odiando minha irmã mais que qualquer outra pessoa no universo.Ódio era o melhor combustível, mas tudo o que eu sentia eram as borboletas no meu estômago, o calafrio na espinha e as mãos do Nial em mim.Massageio minhas têmporas com um pouco de força.Já passou dois dias, porém a minha memória parecia mais vivida que nunca.Olhei para o computador novamente, o ponto de início piscando, implorando para eu escrever algo.Fecho o notebook com força, apertando meu pescoço.— Quer comer pizza hoje? — Aysha invade meu quarto. — Ficou o dia inteiro aí?Assenti batendo a cabeça na mesa.Aysha senta na minha perna, agarro sua cintu
Voltei para casa segurando a foto, de vez enquanto olhava, mas tentei não parecer tão melosa ao lado da Aysha. Fora a foto, não encontramos mais nada.Chegando em casa fui para meu quarto, coloquei a foto dele apoiada em porta canetas e abri o computador. Passei a madrugada escrevendo um texto sobre paixões platônicas, pessoas passageiras que conseguem ser intensas e marcar alguém em tão pouco tempo. Reli aquele artigo mais de dez vezes, me certificando se estava da maneira exata que queria, se consegui transpassar todos os meus sentimentos para o papel. Estava ótimo. Na manhã seguinte me arrumei, tomei um banho de lavar a alma, coloquei uma roupa bonita para tentar recuperar meu emprego. Aysha fez um café reforçado, me senti confiante.Servi um pouco de cereal com leite em uma tigela e li mais uma vez o artigo.— Está bom, Cassie. — Aysha afirma.— Não precisa só estar bom, precisar ser impecável. — Vejo um erro ortográfico e corrijo.Aysha suspira e vai olhar o bacon da frigideira.