Bato mais uma vez na porta, faltava apenas meia hora para eu conseguir me atrasar pela segunda vez só essa semana. Ouço a música aumentar do lado de dentro, ela sabia bem como me irritar todas as manhãs. Aysha sempre acordava mais cedo e se apossava do banheiro como se não fosse meu também.
Meu punho já estava vermelho de tanto esmurrar aquela porta, mas era inútil.Ouço a porta sendo destrancada e por fim ela finalmente abre, quase passei por cima dela para entrar no banheiro.— Calma, gata! — Aysha reclama — não precisa passar por cima de mim.
Olho a bagunça de cremes que ela deixou em cima da pia, hoje eu não tinha tempo para limpar, então co tranco a porta e começo a me maquiar, não restava mais tempo para tomar banho.
— Estou atrasada, para variar. — Resmungo.
Limpo os olhos, passo um batom qualquer nos lábios e um lápis debaixo da marca d'água, hoje seria um dia importante, eu merecia estar pelo menos arrumada.
Saí do banheiro bagunçando os cabelos para ver se conseguia disfarçar o quão sujo estava, bagunço a franja e olho para Aysha.— Como estou? — Dou uma voltinha.
— Parecendo uma louca.
— Ótimo.
Procuro meus papéis e as chaves.
— Hoje vão dizer quem vai ser promovido? — Aysha pergunta enquanto revira os restos na geladeira. — Por isso sua agitação?
— Isso. Eu preciso mesmo que a Miranda diga que a vaga é minha, você sabe o quão isso é importante para mim.
Finalmente acho as chaves. Termino de guardar os papéis em uma pasta e coloco na minha bolsa.
— Beleza, trabalhar para uma sádica maluca deve mesmo ser o sonho de qualquer um.
Bato as mãos na bancada.
— É só questão de tempo até eu dar o pé de lá com um currículo cheio.
Ela arqueia uma sobrancelha.
— Você diz isso desde que saímos da faculdade.
Pego minha bolsa e coloco no ombro.
— Mas dessa vez é sério, esse ano vai ser incrível, eu juro. — Abro a porta. — Torça por mim.
— Sempre! — A ouço gritar enquanto saio correndo pelos corredores.
Saio do apê que dividia com minha amiga, aceno para o primeiro táxi que vejo e dou partida até a revista que trabalhava há três anos. New moon era uma das revistas mais cobiçadas de Nova York, tive a oportunidade de fazer estágio lá depois da faculdade e não sai mais desde então. Muitas pessoas dariam suas vidas para ter essa oportunidade, mas ninguém realmente sabe como é exaustivo trabalhar lá.
Olhei meu reflexo no espelho do pó compacto, o rímel dos meus cílios escorreu para debaixo dos olhos, tentei limpá-los, mas só piorou a situação.
O táxi me deixou no meio da time square em horário de pico, era difícil acompanhar as multidões que atravessavam a ruas, porém eu já estava acostumada com ritmo agitado da cidade.Corri até um café próximo da revista onde costumava tomar meu latte todos os dias, Jenny sorriu assim que me viu.— Bom dia, Cassie. Vai querer o mesmo de sempre?
— Por favor. — Procuro o dinheiro na bolsa, mas acabo derrubando meus papéis no chão — droga!
Pego cada um com pressa, sem ver se sujaram ou amassaram.
— Aqui está. — Ela me entrega o copo fechado de latte com chantilly e um saco de papel com o que parecia ser rosquinhas dentro. — As rosquinhas são por conta da casa, afinal hoje será um dia especial.
— Muito obrigada!
Saio correndo do café, indo direto para a editora. Deixo minha bolsa na minha sala, levo apenas o necessário para a sala de reuniões, quando chego lá já havia começado. O barulho que a porta de vidro fez interrompeu Lauren, todos — inclusive Miranda— olharam para mim como se eu fosse uma maluca, muito embora eu parecesse.
— Desculpem. — Me acomodo em um acento vazio ao lado do Alan, meu colega de trabalho.
— Você está ferrada. — Ele cochichou para mim.
— Eu sei.
Lauren ignora minha presença voltando a falar, ela exalava tanta confiança que chegava a dar nojo, sua dicção era perfeita e seu cabelo loito estava sempre bem escovado, ela nunca tinha resto de rímel na linha do olhos e as roupas exalavam amaciante. Irritantemente perfeita.
— Senhores, a ideia que tenho é que nessa nova próxima fase da New moon, nós trabalhássemos mais com corpos verdadeiros. — Ela abre um croqui com várias ilustrações de modelos gordas em poses emponderadoras. — As pessoas estão cansadas do óbvio, estão cansadas de se comparar com modelos que vivem a base de água. Vamos trazer diversidade para a revista, somos ou não a melhor de Nova York? Sei que a ideia não é nenhum pouco original, mas somos Moon, tenho certeza que traremos o diferencial.
Todos na sala aplaudem, apesar de a ideia dela não ser verdadeira, Lauren estava pouco se lixando para os corpos verdadeiros e modelos que vivem a base de água, ela queria impressionar a Miranda, mesmo usando pautas tão sensíveis. Acho que todos éramos assim, um bando de ratos disputando.
Miranda também aplaudiu de maneira sofisticada.— Certo. A próxima será você, Cassandra. — Monique, a assistente da Miranda, fala.
Pego meus papéis com dificuldade, quase derrubando tudo. Coloco o meu pen-drive no computador, abro na pasta que estava minha ideia, mas por algum motivo os slides não estavam lá. Sorrio amarelo para as pessoas que esperavam minha apresentação.
Procuro em todas as pastas, nada, absolutamente nada. Lembrei que a Aysha havia pegado meu pen drive na semana anterior.Bato as mãos.— Bem, parece que meu slide sumiu, mas não preciso dele. — Pigarreio. — A minha ideia para a nova fase da revista será algo inovador, mas que não vai tirar nossa ideia original. Podemos fotografar e escrever sobre mulheres que não gostam de revistas, para homens com masculinidade frágil, para crianças que não gostam de ler. Vamos abranger todas as pessoas. — Abro minha pasta, meu rosto arde quando vejo que estava sujo de café ou sei lá o quê. Algumas pessoas cochicham. — Digo, vamos trazer pessoas que pensam que revistas são coisas do passado.
O suor pingava da minha testa.
Miranda fala algo no ouvido da Monique.Olhei para todos na sala, o nervosismo tomou conta de mim, der repente a belíssima ideia que tive no fim de semana, enquanto assistia um documentário sobre focas não pareceu ser tão boa.Abri a boca para falar, mas não saiu nada.— É isso. — Finalizo recolhendo os ombros.
As pessoas aplaudem por pena, visivelmente.
Sento na minha cadeira de cabeça baixa, com vergonha de mim.Após algumas apresentações, Miranda finalmente se levantou para dizer quem seria promovido após essa semana intensa, apesar de hoje ter sido um fracasso, me dei muito bem com todas as pautas durante a semana, talvez eu ainda tivesse uma chance.— Entendo como devam estar agora, ansiosos, então não vou prolongar. — Ela olha para mim de relance. — Por decisão minha, após analisar cada um de vocês, acredito que a decisão não seria mais justa do que colocar Lauren como a nova editora de modelagem da New Moon.
Lauren sorrir, seus colegas a parabenizam, eu faço o mesmo, arrasada.
— Muito obrigada, Miranda.
Ela deu de ombros empurrando os óculos com a ponta do indicador.
— Estão todos liberados. — Seus olhos mais uma vez vem para mim. — Menos você, Cassandra.
Assenti sentindo o nó na minha garganta aumentar.
Após todos saírem da sala, Miranda caminhou até a janela de vidro que ia do teto até o chão e observou a vista. O silêncio entre nós já passava a ser assustador. Se a Miranda me demitisse agora, eu estava ferrada, teria que voltar para Nashville e aturar meus pais ao pé do meu ouvido dizendo que essa foi a pior decisão da minha vida.— Então, deseja conversar comigo?
Ela não respondeu.
Seu belíssimo terninho Prada estava passado perfeitamente enquanto eu usava a primeira camisa limpa que avistei pela frente.— Sabe como cheguei até aqui, Cassandra?
— Sim, eu acho...
— Não, não sabe. Eu era pobre, extremamente pobre, do nível que não tem nada para comer. Tive que dar sangue e suor para erguer essa revista e torná-la um ponto de referência de notícias. — Ela volta-se para mim com os braços cruzados — acredita que mereça estar aqui?
Eu não sabia o que responder, me mantive em silêncio.
— Acredita que merece escrever para a minha revista? Pois, eu acho que não, agora, depois do descaso que fez com esse teste você demonstrou não merecer. — Seus olhos vidraram nos meus.
— Miranda, eu...
Ela fez um gesto com a mão para eu me calar.
— Sabe porque está aqui, mesmo depois dessa vergonha?
Balanço a cabeça.
— Porque li seus artigos, aqueles que você publicou em um blog quando ainda estava na faculdade.
A Miranda leu meus textos? Paralisei por alguns instantes.
— Te achei uma grande escritora, as suas palavras me fizeram sentir mais coisas que meus exs namorados. Mas de uns tempos pra cá, você pareceu se perder, anda preguiçosa e se contenta com o medíocre, mas aqui na New Moon nós não aceitamos o medíocre, é por isso que somos os melhores. — Ela vira as costas para mim de novo. — Vou te dar uma oportunidade de mudar meu pensamento sobre você, uma oportunidade de se tornar editora chefe da New Moon Canadá.
Meus olhos encheram de esperança por alguns segundos. Canadá era o sonho de todos aqui.
— Você terá que me impressionar de novo, me fazer sentir mais do que senti lendo aquele artigo. — Miranda se aproxima de mim. — Acredita que consegue?
Pisco algumas vezes.
— A-acho que sim.
— Eu espero mesmo que sim, caso contrário vai ter que arrumar outra coisa para fazer.
— Eu consigo.
— Enquanto isso não precisa vir aqui até trazer esse artigo, pode levar o tempo que precisar, mas não me decepcione novamente. — Pela sua expressão a coisa era séria.
— Não vou.
Miranda olha por alguns instantes para mim, mas der repente sai da sala batendo os escarpim no chão limpo.
Fico paralisada por alguns minutos.Fazia anos que eu não escrevia, Miranda leu meu artigo? Meu deus, era muita coisa para assimilar.Voltei para casa me sentindo um fracasso, me comparando com meu eu de 3 anos atrás, talvez a Cassie de antes conseguisse fazer isso sem muito esforço.As luzes do apartamento estavam apagadas, Aysha ainda não voltou para casa.
Jogo-me no sofá soltando um longo suspiro.As expectativas de Miranda sobre mim, parecia que o mundo estava sobre as minhas costas.Pego meu celular e abro o I*******m para me desfocar daquilo, rolo o feed pulando alguns postings, pessoas felizes, Lauren comemorando com os amigos sua promoção e Miranda em um jantar chique com pessoas famosas. Abri meu perfil fake, o meu grande tiro no pé. Eu era uma escritora fracassada de 26 anos que tinha um perfil fake para espionar a vida do ex-noivo.Pesquiso seu nome, é o primeiro a aparecer. Tinha uma nova foto no feed, ele com uns amigos jogando golfe, vou para seus stories, uma foto dele, passo meu dedo por seu rosto, o sorriso estava mais bonito, nem parecia o mesmo homem de anos atrás. Um vídeo dele jogando golfe e acertando o buraco, ele sempre foi ótimo com esportes. A próxima foto era dele segurando a mão de uma mulher com um belo anel de noivado no dedo anelar, a legenda: "Ela aceitou".
Meu coração disparou.— Cheguei, vadia. — Aysha me tira dos meus pensamentos batendo a porta. Ela caminha na minha direção com algumas sacolas. — Trouxe champanhe, tava caro, mas quem se importa, podemos bancar com seu salário de editora.
Olho na sua direção com os olhos pesados, segurando as lágrimas.
O sorriso de Aysha se desfez.— O que aconteceu? — Ela se aproxima de mim.
Entrego o meu celular para ela, a mesma clica em algumas coisas e faz cara feia.
— Já disse para você parar de estalquear ele!
— Olha os stories.
A cara feia da Aysha some, dando lugar a pena.
— Esse desgraçado! Como ele pôde?! A, mas ele vai ver só... — ela começa a digitar.
— Esquece, Aysha. Ele só não queria casar... comigo. Eu também não consegui a promoção, Miranda me deu outra tarefa, mas sinceramente, sinto que já perdi meu trabalho.
Ela me abraça, deito minha cabeça no seu ombro.
Mesmo anos depois, a rejeição do André ainda doía, a princípio eu pensei que ele voltaria atrás, mas agora iria se casar com outra.— Quer saber? Vamos para a balada. — Ela j**a meu celular para o lado. — Esquecer isso e achar homens para nós.
— Eu sinceramente não quero saber de homem.
— E sexo casual?
Tomei um longo banho, na tentativa de tirar o fracasso de mim. Aysha me ajudou na maquiagem, passou uma sombra que ressaltou meus olhos castanhos redondos, um batom vermelho sangue e fez alguns cachos no meu cabelo escuro. O vestido escolhido foi um vermelho e uma jaqueta de couro opaca e um coturno. Já me sentia melhor, apesar de não esquecer do André e que minha vida profissional dependia da minha escrita medíocre.Olhei para meu reflexo, baguncei os cachos para me deixar ainda selvagem, não procurava sexo essa noite, mas se algum homem com o mínimo de intelecto se aproximasse não negaria transar no banheiro do bar.Aysha estava linda com um vestido curto que ressaltaram suas curvas, o cabelo cacheado e as argolas a deixavam ainda mais bela, fora a pele negra bem iluminada, ela era linda da cabeça aos pés.A mesma chamou um táxi para o bar que costumava ir e nós fomos.— Estou louca para dançar — Aysha diz passando o gloss em seus lábios volumosos — e transar!— Quero encher a cara.
Nial pegou a minha mão e me tirou de toda aquela bagunça no bar, a cena toda pareceu em câmera lenta na minha cabeça. Quando saímos algumas meninas na porta o observavam, acontece que ele era muito mais bonito do que parecia, os olhos eram cinza e não havia um pelo sequer em seu rosto, a mandíbula parecia ter sido esculpida por anjos e os cabelos aloirados com um corte quiff lhe deixavam com mais cara de um deus grego. Era um perfeito deus grego.Seu carro era um belíssimo conversível preto. No estacionamento ele abriu a porta do carona para pegando na minha costa para eu entrar. O contato da sua mão na parte nua da minha costa me fez arder em tensão. Assim que ele entrou, deu partida. Eu não sabia para aonde íamos. O contato da sua mão na parte nua da minha costa me fez arder em tensão. — Caramba, você é algum magnata ou algo do tipo? — Pergunto olhando tudo no carro.Nial sorriu enquanto aumentava o som, tocava Head Hot Chilli Pepers, Californication na rádio.— Adoro essa música.
Fui até a área tirando o coturno, coloquei primeiro o pé para ver se a água estava fria, mas temperatura ideal. Meu corpo pegava fogo, a água fria ajudaria a equilibrar a temperatura.Entrei pela escada, Nial me observava com duas taças na mão e uma garrafa de vinho.Mergulhei, submergi olhando para ele ma borda da piscina. Ele me entregou uma taça de vinho para mim e serviu outra para si, virei a taça nos lábios fitando seus olhos.Podia ver seu volume em sua calça ficando ainda maior.— Não vai entrar?Ele olha para os lados.— Gosto de observar primeiro.— Percebi. — Deixo a taça na borda. — Vai se mudar para onde?Ele pensa um pouco antes de responder, como se estivesse hesitando.— Ainda não sei, talvez eu volte a viajar como antes. Percebo que esse assunto parecia desconfortável para ele.— Gosto das surpresas da vida. — Animou. Seus olhos escorregavam para o meu decote. — Essa noite é uma delas.Estávamos a polegadas de um beijo, mas eu tive uma ideia mais interessante.— Pode
Segui Nial até o andar de cima, tudo estava vazio também.Ele abriu uma porta que dava acesso ao quarto com vista para o mar e uma cama king size, mesmo com apenas a cama dentro era maravilhoso.Olhei ao redor e fui para a cama, sentei apoiando as mãos para trás.— Por que você parece confusa? — Perguntou se aproximando de mim.— Porque estou. — Olho ao redor. — Caras como você, não dormem com garotas como eu.Ele suspira e caminha na minha direção, ficando de frente para mim, não pude evitar notar o volume na sua cueca. Ele passa a costa da sua mão no meu rosto suavemente, meus olhos se fecham por impulso, mas se abrem quando ele aperta minha mandíbula com delicadeza, erguendo meu queixo na sua direção.— Caras como eu, sonham em foder garotas como você todos os dias. — Ele morde o lábio inferior. — Preciso provar uma coisa duas vezes para ter certeza que gostei, não é? Vou tornar essa a melhor noite da sua vida, pode apostar.Engoli a seco.Nial se curvou a minha altura e me beijou,
Terminamos o banho, voltamos para o quarto, visto a camisa que Nial me deu e me jogo na cama, ele faz o mesmo em seguida, mas me puxa para seus braços.A ponta de seu dedo roça meu braço com carinho, parecíamos um casal, talvez as pessoas costumam fazer isso, porém todos os caras com quem transei iam embora após gozar, então ninguém poderia me julgar por estar tão desconfiada.— Sinto que pulamos uma cinco etapas.— Etapas?— Você sabe, encontros, primeira transa, apelidos, tomar banho e dormir juntos... — Digo.— A vida é muito inconstante, você sabe.Pisco algumas vezes.Eu não podia me dar ao luxo de me apaixonar, Nial era muito mais do que pedi, mas também poderia ser doloroso, assim como André foi e todos os outros antes dele.Viro para o lado oposto.— Boa noite, Nial.— Boa noite, Cass.Demorei para dormir, na minha cabeça ainda passava cenas dessa noite, talvez eu nunca mais esqueceria.No outro dia, acordei com os primeiros raios de sol, deveria ser cedo.Olhei para a varanda
Respirei fundo, estralei os dedos e encarei a tela do computador, o aplicativo Word estava aberto há horas, esperando que qualquer palavra fosse digitada, mas nem me espremendo conseguiria sair algo bom.Passei as mãos no rosto.Tento recordar do que pensei quando escrevi aquele primeiro artigo, lembro de estar com os olhos cheios de lágrimas e o peito em ódio puro, odiando minha irmã mais que qualquer outra pessoa no universo.Ódio era o melhor combustível, mas tudo o que eu sentia eram as borboletas no meu estômago, o calafrio na espinha e as mãos do Nial em mim.Massageio minhas têmporas com um pouco de força.Já passou dois dias, porém a minha memória parecia mais vivida que nunca.Olhei para o computador novamente, o ponto de início piscando, implorando para eu escrever algo.Fecho o notebook com força, apertando meu pescoço.— Quer comer pizza hoje? — Aysha invade meu quarto. — Ficou o dia inteiro aí?Assenti batendo a cabeça na mesa.Aysha senta na minha perna, agarro sua cintu
Voltei para casa segurando a foto, de vez enquanto olhava, mas tentei não parecer tão melosa ao lado da Aysha. Fora a foto, não encontramos mais nada.Chegando em casa fui para meu quarto, coloquei a foto dele apoiada em porta canetas e abri o computador. Passei a madrugada escrevendo um texto sobre paixões platônicas, pessoas passageiras que conseguem ser intensas e marcar alguém em tão pouco tempo. Reli aquele artigo mais de dez vezes, me certificando se estava da maneira exata que queria, se consegui transpassar todos os meus sentimentos para o papel. Estava ótimo. Na manhã seguinte me arrumei, tomei um banho de lavar a alma, coloquei uma roupa bonita para tentar recuperar meu emprego. Aysha fez um café reforçado, me senti confiante.Servi um pouco de cereal com leite em uma tigela e li mais uma vez o artigo.— Está bom, Cassie. — Aysha afirma.— Não precisa só estar bom, precisar ser impecável. — Vejo um erro ortográfico e corrijo.Aysha suspira e vai olhar o bacon da frigideira.
Guardei algumas camisas, calças, calcinhas na mala, faltava apenas as meias que estavam na máquina e meu computador. Aysha observava me movimentando pelo quarto atrás do que faltava, a primeira coisa que ela disse após eu dizer que iria viajar para Nashville foi: "vadia, você está louca?", ela sabia de tudo que aconteceu antes de nós conhecemos na universidade; odiava minha irmã sem nem conhecê-la, não a julgava por isso.— Acha que deveria levar? — Coloco o óculos de grau no rosto, a vejo fazer careta. — Não consigo ler nada sem eles.— Acho que você não deveria ir.Olho para ela pelo rabo do olho.— Sério mesmo, quer ver sua irmã perfeita se gabando da vida perfeita e do futuro marido perfeito dela? — Ela se senta na cama largando a revista.— Sei como lidar com egocentrismo da minha irmã, afinal trabalho para a Miranda. — Observo o óculos fundo de garrafa, definitivamente não. Coloco de volta na mesa de cabeceira.Pego alguns livros jogando na mala também, olho para Aysha, com as m