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Lisa Mary
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O burburinho de um bar lotado contrabalanceava com a música “Bonjofondo”, fazendo algumas pessoas dançarem descontraídas. Envolvi os dedos em torno do copo, virando a última dose de uísque. Ele me olhou por cima do copo, contendo o riso em seus lábios curvilíneos, e pôs a mão sobre a mesa tentando me alcançar, mas desistiu quando percebeu que aquilo atraiu olhares para nossa mesa.
Você será meu, por mais que tente recuar. Querido Daniel, eu sou a peste que o perseguirá até o final dessa noite... Pensava, deslizando o bico da bota entre suas bolas.
—Como vai ser, Daniel? Você vai me fazer perder tanto tempo aqui? Eu quero bolas na minha cara. B-o-l-a-s. —O olhei com desdém, mantendo o sorriso debochado que eu amava.
Daniel relaxou, encostando as costas na cadeira.
Cansada daquela cena, inclinei para a frente deixando amostra o busto prestes a saltar sobre o corpete, e pus as mãos sobre a mesa, o olhando com superioridade. Os longos cabelos negros caíram sobre meus ombros e eu finalmente alcancei o seu olhar. Boquiaberto, percebi suas bochechas ruborizadas quando ficou perto.
—Me procure quando resolver crescer, e eu serei aquela com uma saia tão curta que você poderá me foder sem precisar tirá-la. —Ameacei sair de sua frente.
Estava prestes a recuar quando sua sombra sobre mim, revelou com quem eu realmente estava lidando. Daniel passou a mão sobre meu braço e me puxou para o fundo do restaurante, sem dizer uma única palavra. Encarando suas costas enquanto passávamos entre as pessoas, tirei o celular da pequena bolsa e enviei a mensagem que estava em rascunho. “Agora é com você. Agora você já sabe.” Para completar, digitei: “estaremos no banheiro.”
Ele me levou até o banheiro, nos fundos do bar, e encostou a porta ao passarmos. Empurrando-me contra uma cabine, a porta bateu violentamente na parede ecoando por segundos. Vire-me contra Daniel e o joguei sobre a privada, o deixando sentado. Pus um pé sobre sua perna, subindo ainda mais a saia. Foi quando Daniel segurou com vigor minha bunda, afogando o rosto em meus lábios. Minha calcinha foi afastada para que tivesse um contato melhor. Tombei a cabeça para trás, revirando os olhos espremida em uma situação avassaladora. Os espasmos que percorreram pelo meu corpo me faziam querer mais e ter que aproveitar antes do flagrante.
—Isso, querido! Me chupa desse jeito e fode gostoso... —Disse em um gemido, com a voz embargada, rebolando em sua boca.
O momento foi interrompido quando a porta do banheiro se abriu, acompanhado de um grito que vinha do peito. Sorrindo, abri ainda mais a porta da cabine e olhei para a moça revoltada, por cima dos ombros.
—Judy! —Soltou-me rapidamente, limpando os lábios na manga da camisa social. —Espera, eu... Consigo explicar... —Nervoso, ele me empurrou para o lado e eu observei a cena com desdém, apoiando as mãos contra a parede no impacto.
—Agora eu sei... — Ela estreitou os olhos em uma expressão de revolta. Nem se importou em chamar a atenção para o banheiro. —Em três dias. O nosso casamento seria em três dias, o que eu digo pras pessoas?! O QUE EU FALO PRA MINHA MÃE? —Esbravejou a mulher traída, avançando contra Daniel.
—Foi ela! Foi tudo culpa dela! —Apontou para mim, no ápice do nervosismo, quando o seu pau ainda estava duro e aparente. —Essa piranha me enganou, me seduziu... Por favor, tem que acreditar em mim! Eu nem a conhecia!
Troquei alguns passos despreocupados em direção a Judy, endireitando os ombros e erguendo o queixo. Ela me analisou e respirou fundo, se aproximou de mim, deixando sobre Daniel a expectativa de que eu apanharia. Foi quando Judy pôs sua mão sobre minha saia e a desceu, olhando para Daniel.
—A partir de hoje você morreu pra mim. É o fim.
Sorri para ele e lhe soltei uma piscadela antes que saísse daquele banheiro. O volume da música foi diminuindo conforme os gritos aumentavam, mas eu já estava indo embora da festa. Em frente ao restaurante, busquei meu Audi tt99 azul, pronta para me encontrar com outra pessoa. Dentro do carro, troquei as botas por um salto sensual e pus um vestido preto de alças finas que realçava minha pele marinada.
Naquela noite, eu estava a caminho de me encontrar com Charlotte François, uma mulher bilionária que havia conseguido meu número através de Judy, e dizia que tinha uma proposta para me fazer. Provavelmente mais uma querendo flagrar o marido infiel. Seria o meu último encontro naquela semana, eu precisava ampliar meu “negócio” e estava avaliando uma proposta fora do país.
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Chegando à um luxuoso restaurante Italiano, estacionei em frente ao estabelecimento, tendo meu Audi manobrado cuidadosamente para o outro lado. Os seguranças me analisaram, passando os olhos por minhas pernas longas e torneadas. Joguei os cabelos para trás, reprimindo o sorriso que se formara em meus lábios carnudos, e os espremi levemente, entrando. Quando as portas se abriram, senti o clima do ambiente ao som de um tango lento e sedutor, aumentando o meu ego.
Sendo acompanhada pelo anfitrião, eu a observei reservada e longe. Pele bem cuidada, cabelos curtos e roupas longas. Ela emanava riqueza. Charlotte me encarou fixamente enquanto eu me aproximava em passos confiantes, atraindo olhares até o momento em que cheguei a sua mesa.
—Charlotte François?
—Sente-se querida. A gente precisa conversar. — Disse ela, esticando o braço em direção a cadeira, indicando o lugar a sua frente. —Algo para comer?
—Nada para mim. —Respondi, cruzando as pernas. Olhava fixamente em seus olhos, mas por cima dos seus ombros, percebi que um homem na mesa em frente esganiçou silenciosamente para me ver durante o movimento, mas fracassou tendo seu braço puxado pela mulher que o acompanhara.
—Muito bem. Receio que uma mulher como você não tenha tempo de conversas fiadas, então eu vou ser sincera com você.
Antes que ela prosseguisse, a interrompi.
—Qual o nome dele e onde ele vai estar? Não flagro por menos de vinte mil dólares, ainda mais para uma bilionária igual a você. — Ergui as sobrancelhas, mexendo na pequena bolsa. Estava pronta para tirar o bloco de notas quando percebi seu silêncio, e ergui o queixo para olhá-la afrontando minhas palavras.
Charlotte sorriu para mim, debochada.
—Minha proposta é alta, garota. Asseguro que o preço também será. Vinte mil dólares não será, nem mesmo, o lugar onde você ficará.
Engoli.
—O que você quer dizer com isso? — Guardei o bloco de notas, pondo as mãos próximas ao corpo. O garçom se aproximou de nós, trazendo algo que Charlotte havia pedido antes de eu chegar.
Acompanhamos ele sair, com o olhar, deixando-o nervoso.
Limpou a garganta, desenhando o guardanapo com a ponta do dedo sobre a mesa.
—Lisa, eu não sou uma mulher que precisa de um esposo, embora tenha um. É tudo em nome dos negócios. Como você sabe eu venho de uma família extremamente rica e nossas relações giram exclusivamente em torno do dinheiro. Porém, com a piora na saúde do meu pai as coisas têm ficado difíceis, tão difíceis ao ponto de eu precisar dar um empurrãozinho no destino e acelerar a ordem na qual elas acontecem.
Revirei os olhos. —Você enrola muito, Charlotte...
—Eu preciso tirar o meu irmão dos negócios e quebrar o modelo arcaico que o meu pai defende com unhas, dentes e império.
Ela quase me percebeu piscar.
—Eu não sou uma assassina.
—É uma mulher da vida, disso eu já sei.
Não aceitei seu comentário. Bati com as mãos sobre a mesa, franzindo o cenho. Levantei-me da cadeira, sem me importar com o barulho que fez quando a empurrei para trás, atraindo os olhares das pessoas em torno de nós.
—Quinhentos mil dólares em uma semana. —Envolveu os dedos em torno da taça sobre a mesa, tirando um gole do vinho que lhe fora servido.
Parei, duvidando de minha própria audição.
—Se senta. Você não ouviu errado. —Ela finalmente me olhou nos olhos. Desistente, sentei-me novamente e pus a pequena bolsa sobre as pernas, pronta para ouvir a proposta. —Como disse, o meu pai está morrendo e o meu irmão assumirá tudo assim que o velho finalmente morrer. Eu preciso dele entretido.
—Não estou entendendo. —Protestei.
Ela precisou juntar o pouco de coragem que lhe restava para finalmente me dizer com todas as palavras.
—Eu preciso que o meu irmão se case.
Engasguei-me com a própria saliva chegando a tossir. As pessoas em volta começaram a olhar preocupadas, e eu não conseguia me controlar. Charlotte chamou o garçom que me trouxe uma água, em seguida saiu, nos deixando sozinhas novamente. Suando e com a pele do rosto quente, tomei alguns goles da água e fui me recuperando do susto.
—Você... Está falando com a pessoa errada. —Disse, com a voz a falhar e a garganta arranhando. Era como se eu estivesse com pedaços de pedra engolindo lentamente, forçando-me a tossir volta e meia.
—Quinhentos mil dólares e todas as suas despesas pagas. Roupas, calçados, bolsas, estadias, comida, salão... Tudo. Incluindo viagens. Eu pago tudo, banco tudo. Só preciso de uma coisa: que se case com o meu irmão e tire ele do meu caminho o mais rápido possível.
—Eu não posso fazer isso. Não posso mesmo, você não entende... — Balancei a cabeça me negando a cogitar estar em uma situação, ao menos, similar.
—Tem razão, você não pode. É fraca demais para ter que lidar com uma pessoa tão rígida e egoísta quando Vicente, meu irmão. No final das contas ele acaba sendo BOM demais pra você, menina. —E sorriu, olhando para o fundo da taça seca. Charlotte percebeu que eu não iria ceder, então me olhou diretamente e inalou fundo antes que disparasse motivada pelo desespero. —Dois milhões de dólares é o que vale esse casamento, por pelo menos um ano.
Limpei a garganta, espremendo os olhos. Pensei em todas as contas que tenho para pagar, em todas as coisas que eu precisava fazer e queria fazer até o momento em que eu ficasse com uma boa condição financeira. Recobrei as memórias de todo o risco que corro fazendo o mesmo trabalho, e então respondi:
—Você não entende, eu não consigo simplesmente me casar com uma pessoa.
—Se quiser dois milhões de dólares, vai ter que conseguir. Eu não me importo se você fica confortável com isso ou não, menina. Você é uma mulher que sai com homens pra provar pras esposas fracassadas que elas não sabem o macho que tem em casa. A proposta que eu tenho pra você, ninguém nessa vida vai te oferecer. Aceita logo isso, garota!
Repensei nervosa, sabia que estava entrando em algo totalmente novo e desafiador. Mas eu precisava do dinheiro. Então, subi o olhar aos olhos de Charlotte, e disse decidida a aceitar:
—Onde eu o encontro?
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2 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Em um vestido romântico rendado, atraí a atenção dos fiéis na principal igreja de Metz, a tão respeitada igreja matriz. Os bancos de madeira se preenchiam com pessoas que esperavam educadamente pelo início da missa, dividindo o espaço entre os ricos e os pobres. Em um salto modesto, foi a primeira vez em que eu estava usando algo abaixo dos joelhos. O sol que reluzia sobre meus cabelos recém pintados em castanho claro realçava o tom da minha pele pela manhã. Eu emanava pureza. Em tons discretos e frios, minha presença contrabalanceava com as pessoas em suas roupas com cores divertidas para a missa no domingo de manhã. Indo em direção ao banco próximo ao altar, sentei-me educadamente, sempre sorridente. Eu estava frequentando as missas durante uma semana e consegui me aproximar de algumas pessoas na intenção de parecer amigável. Uma parte dos meus cabelos caiu sobre meus ombros, mas logo tratei de passá-lo para trás da orelha, mantendo a ingenuidade aparente. Todos
3 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Não tinha nada pelo que eu tivesse mais desprezo que fiéis conservadores me olhando prontos para chicotearem com suas línguas contra meus pecados. Estando naquela igreja, eu apenas queria correr o mais rápido possível para longe dos membros idiotas daquele inferno, e acabei me inscrevendo para me voluntariar na venda dos doces. Eu ficaria com o dinheiro de tudo o que vendesse, fácil, fácil. Eu percebi Charlotte e a senhora François passando em frente à barraca da qual eu estava cuidando, e as duas se direcionaram até a tenda que o padre mandou fazer para as mães com crianças e pessoas sensíveis. Meus olhos buscavam por Vicente quando o celular vibrou dentro da pequena bolsa branca, obrigando-me a atender. —Cadê o idiota do seu irmão? —Perguntei, ranzinza. Ele ainda não estava por perto. —Está tão pura, Lisa Mary... Se eu não te conhecesse diria que se converteu. —Sua voz pareceu sarcástica, debochando. —Diga, esse tom de cabelo tão claro não combina muito com voc
4 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Era só abrir os olhos e sentir que eu estaria em contato total com a realidade, então por isso permaneci com os olhos fechados e me permiti beijá-lo por um pouco mais de tempo. A obrigação de ser uma boa moça me forçou a recobrar a consciência e eu apoiei as mãos contra seu peito, empurrando lentamente. Virei o rosto para o lado, e por mais que eu quisesse arrancar suas roupas feito um animal, ainda assim eu fui obrigada a me manter pura e falsamente ingênua. Percebi Vicente se controlando para não insistir em me beijar novamente, e meus olhos encontraram os dele. Estava ansioso. Seu peito subia e descia como se fosse explodir, embora tentasse se controlar. —Isso não foi certo... Senhor François. Você... Você... Não pode fazer isso na casa de Deus. —Disse ofegante, tentando controlar a respiração. A luz logo foi voltando e eu olhei seus olhos negros de luxúria. Ele deu dois passos para trás e pôs uma mão sobre a ponta de uma mesa velha, passando a outra pelo peito
5 Lisa Mary ⤝⥈⤞ —Nós somos amigos? —Aceitei o apoio e deslizei minha mão pelo seu bíceps, provocando-o de maneira que me fez parecer inocente. Vicente limpou a garganta e tossiu seco, piscando na tentativa de parecer decente. —Sim, n-nós somos. —Afirmou e então endireitou a cabeça, afirmando a postura. Nós então trocamos alguns passos até os poucos degraus e subimos até a varanda. Nos aproximamos da porta e ele a abriu. A governanta me analisou dos pés à cabeça e bloqueou o sorriso irônico que quase escapou em seus lábios, nos cumprimentando. No entanto, meu nervosismo quase expeliu pelos poros quando olhei sobre seu ombro direito e avistei Charlotte sentada na poltrona, ao lado de sua mãe que também estava em outra poltrona. —Senhor François, por favor, deixe que eu leve o seu casaco. A casa está aquecida, você vai acabar ficando soado. —Disse a governanta, esticando os dedos em direção à Vicente. —Obrigado. —Ele virou de costas para ela, saindo do meu lado momentaneamen
5 parte IILisa Mary⤝⥈⤞ Eu estava começando a observar o ambiente luxuoso e imparcial. Era como se os objetos daquela casa apenas existissem para sustentar o ego das pessoas que moravam ali. A imensidão dos corredores se alinhava perfeitamente com os móveis retos e limpos, em tons que escalonavam do preto para o cinza e se espalhava em branco e tons de areia. Apenas alguns quadros grandes e extravagantes que compunham o mural da família, demonstrava que naquela mansão moravam pessoas e não apenas o interesse de capa de revista que faziam matérias sobre “as mansões mais luxuosas da França”, ou coisas desse tipo. Enquanto caminhava ao lado da senhora François, por um corredor extenso, ouvi a origem da família, coletando o máximo de informações que eu pude. Mantive as mãos em frente ao corpo o tempo inteiro enquanto caminhava comportada e tímida, sempre com a imagem de uma boa moça puritana em construção. —Bom, como você já deve ter percebido, o Vicente tem uma aparência Irlandesa e,
5 parte IIIVicente François ⤝⥈⤞ As palavras de meu pai refletiram em minha cabeça e deixou uma ruga em minha testa. Depois daquela conversa, ele me mostrou alguns modelos que estava interessado em colocar em prática, mas depois disso me liberou, permitindo que eu finalmente fosse atrás de Lisa Mary. Descendo as escadas, encontrei a empregada carregando, cuidadosamente, uma bandeja de prata bem decorada. São os doces preferidos da minha mãe... Eu me aproximei da empregada. —Pra quem são esses doces? —Levantei a mão em direção á bandeja, indicando os doces.—Senhor François, são para a Madame e a sua nova visita. Elas estão no jardim de inverno e sua mãe me pediu que levasse algo refrescante, mas também doce para comerem. Limpei a garganta em uma tosse seca, e estiquei as mãos para a frente, flexionando os dedos uma única vez. —Deixe que eu levo, pode ir. Obrigado. —Mas, senhor... —Pode ir. —Peguei a bandeja e acelerei os passos pelo corredor, equilibrando com cuidado. Não p
6 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu tive a oportunidade de desfrutar de uma manhã calma, apesar de todo o alvoroço na igreja. Nunca havia me sentido tão confortável ao lado de alguém novo, como estava me sentindo na presença de Lisa Mary. Era algo totalmente fora do meu cotidiano. Eu queria tanto que ela ficasse, que eu quase cheguei a ligar para Sebastian e ordenar que atrasasse na entrega do carro, mas a imagem do Audi cruzando os grandes portões da entrada, tirou o meu chão. Lisa Mary, ao ouvir o som selvagem do motor veloz, olhou por cima dos ombros e rapidamente tirou a mão do apoio em meu braço, quase me bloqueando. Ela virou-se totalmente ao avistar o luxuoso carro azul e um sorriso largo se espalhou em seus lábios na companhia de um arfar. —Ele já veio! —Se surpreendeu. —Com licença... Senti como se a chegada daquele carro fosse a nossa despedida, e cheguei a expirar com força. Embora o sol esquentasse minha pele dentro das vestes, meu sopro se destacou em uma fumaça em frente ao
7 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Dizer que foi uma tarefa fácil permanecer na carne de uma boa moça fingida foi fácil, é uma mentira descarada. Eu sentia como se a qualquer momento eu pudesse tocar o meu rosto e me sujar com a máscara podre que havia vestido sobre a face. No entanto, havia me saído tão bem quanto qualquer atriz de cinema, e isso me deu orgulho. Vicente era realmente um homem atencioso, calmo, educado e, por muitas vezes, irritantemente controlado. Antes que fôssemos embora, percebi que ele havia caído em meu jogo de indução de sentimentos. Enquanto eu o provocava, fazia parecer que ele estava sentindo tudo isso sozinho, e quase o deixei no limite. Percebia sua respiração pesada, e quando passei os olhos pelos dedos de suas mãos, avistei ele apertando o punho como uma forma de se controlar para não me beijar inesperadamente, e tenho que admitir que aquilo estava me deixando satisfeita. A maneira como me olhava era quase como se fosse me canonizar. Eu estava cumprindo com minha pa