5 parte II
Lisa Mary
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Eu estava começando a observar o ambiente luxuoso e imparcial. Era como se os objetos daquela casa apenas existissem para sustentar o ego das pessoas que moravam ali. A imensidão dos corredores se alinhava perfeitamente com os móveis retos e limpos, em tons que escalonavam do preto para o cinza e se espalhava em branco e tons de areia. Apenas alguns quadros grandes e extravagantes que compunham o mural da família, demonstrava que naquela mansão moravam pessoas e não apenas o interesse de capa de revista que faziam matérias sobre “as mansões mais luxuosas da França”, ou coisas desse tipo.
Enquanto caminhava ao lado da senhora François, por um corredor extenso, ouvi a origem da família, coletando o máximo de informações que eu pude. Mantive as mãos em frente ao corpo o tempo inteiro enquanto caminhava comportada e tímida, sempre com a imagem de uma boa moça puritana em construção.
—Bom, como você já deve ter percebido, o Vicente tem uma aparência Irlandesa e, isso se dá pelo fato de a minha família ser da Irlanda. Apenas o meu esposo é da França, e isso gerou características diferentes nos irmãos François. —Ela apontou para um dos quadros, balançando o dedo naquela mesma direção. —Assim que ele se formou em economia o seu pai revelou os planos para ele.
—Ele parece alguém de bom coração. —Usei suas palavras para parecer mais ingênua.
A madame me olhou conforme falei minhas palavras, e abraçou o próprio tronco solitariamente.
—Você não é daqui, é? —Suas sobrancelhas se juntaram enquanto fazia a pergunta, penetrante em meu olhar.
—Sou sim, eu apenas estou tentando me adaptar as coisas que as pessoas geralmente gostam. Festas, encontros extravagantes e essas coisas, mas... Eu não consigo me encaixar. Por mais que eu tente, eu sempre serei apenas uma pessoa cafona e antiga.
Minhas mentiras funcionaram. Olhei para baixo, esperando por alguma palavra, mas ao invés disso, tive uma reação mais positiva do que pensei que teria. Senti a palma quente de sua mão macia sobre a pele do meu rosto, e ergui o olhar em direção a ela.
—Você é uma boa menina, minha querida. Não me admira que Vicente queira a sua amizade, senão, algo além disso.
Sorri forçando timidez, e pareci envergonhada, ruborizando as bochechas propositalmente.
—Ah! Ah, senhora... Não, não. Ele jamais se interessaria por uma pessoa feito eu. Não tenho nada de interessante para agregar a um homem feito Vicente. Não... —Balancei a cabeça, mantendo o sorriso “nervoso” nos lábios e uma voz que quase chegou a falhar.
—Tudo bem, não vou deixar você mais tímida do que já é. —Algo nela era tão solitário quanto seus pensamentos. —Mas devo lhe avisar que ele trouxe apenas duas amigas a esta casa. Nada além disso. O meu filho não é uma pessoa de fácil interesse, então... Ele deve ter visto algo especial em você. —Defendeu, tornando a dar pequenos passos pelo corredor, o que me forçou a acompanhá-la.
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5 parte II
Vicente François
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Ela era tão ingênua quanto teimosa, e embora meus pensamentos me dissessem para não beijá-la, eu me vi em conflito interno quando as luzes se apagaram e ouvi a sua voz na escuridão. Tão pequena, frágil e necessitada de cuidados, que não tive outra alternativa senão ajudá-la. Eu estava tão próximo que não pude me conter, percebi que quando as coisas acontecem de maneira inesperada isso pode se tornar um problema, e acabou sendo quando eu me aproximei daquela garota. Era como se um animal sedento estivesse rasgando dentro de mim, implorando para ser solto. Uma sensação esquisita beliscou o meu peito e eu me inclinei inesperadamente para um beijo sem disciplina alguma. Sentia dentro de mim, uma fome, uma vontade louca de tirar as suas roupas, mas tive que me limitar a apenas beijá-la, e mesmo assim eu fui repudiado com toda razão.
Cheguei a pensar que ganharia alguns t***s na cara pelo atrevimento, mas ela era de tão bom coração que apenas correu de mim, bloqueando minha presença. Eu não conseguia me perdoar por ter agido de forma errada e nojenta, e corri atrás dela implorando seu perdão. Alcançando aquela mulher, avistei-a na presença de um dos membros da igreja e me aproximei para garantir que ninguém se aproveitaria de sua inocência... Como eu havia me aproveitado.
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O ataque foi um golpe e todos foram pegos de surpresa. Olhando por cima de sua cabeça, superando sua estatura, eu permaneci por trás dela, mas avistei meu carro entre os dois carros dos seguranças. Foi nesse momento que eu tive que tentar convencê-la a ir comigo. Não ficaria em paz sabendo que ela estaria em perigo por minha causa.
Quando eu lhe ofereci proteção, percebi Lisa Mary erguendo o queixo teimoso para mim, destacando a fenda. Era cheia de si. O olhar selvagem contrabalanceava com sua pureza, e a respiração pesada me revelou que ela nunca mais ficaria à vontade comigo outra vez.
Naquele momento eu percebi que havia estragado tudo.
Depois de muito tentar, finalmente lhe caiu a ficha. Os seguranças em torno de nós garantiram que não seríamos atingidos, mas eu ainda estava temendo. Ela finalmente se deu por vencida e aceitou vir comigo em meu carro. Enquanto dirigíamos, percebi que mexia em seu celular como se tentasse esconder a tela, mas eu não tinha o direito de perguntar se estava tudo bem, quando eu havia instalado pânico entre nós dois.
Talvez não seja uma boa hora para levar você em casa. Talvez eu devesse levar você em minha casa primeiro e garantir que estará segura outra vez...
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Finalmente chegando à mansão François, apresentei Lisa Mary para minha mãe, que aparentemente gostou dela. E para minha irmã Charlotte, que não simpatizou com a garota nem por dois segundos, e a ignorou como se fosse uma decoração distante. Eu tive que deixar as três conversando e sair para falar com Sebastian, com a chave do carro de Lisa na mão.
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Segurei o objeto metálico próximo ao peito e saí em passos largos para fora da mansão, encontrando o estacionamento dos seguranças. Uma sensação esquisita passou sobre meus ombros com o frio daquela manhã, embora o dia estivesse ensolarado, mas ignorei e permaneci percorrendo por um caminho de pedras decorativas, até que meus pés tocaram a área asfaltada.
—Sebastian? —Meu tom de voz firme chamou sua atenção e ele se virou para mim, abandonando a conversa entre ele e outro segurança. —Venha aqui, por favor.
Passei a chave de uma mão para a outra enquanto esperava pelo homem que vinha em passos largos e ágeis.
—Sim, senhor.
—Eu quero que volte na igreja e traga para a mansão um... —Entortei levemente os lábios em uma espremida, tentando me lembrar do modelo que Lisa havia me passado. Cocei o queixo com o indicador e o polegar, ainda matutando. —Ah, sim. É... Um Auditt99 de cor azul. Quero que traga pra cá e deixe na garagem. É da senhorita Mary. —Expliquei, esticando o braço para a frente com a mão ainda fechada em um punho.
O segurança abaixou o queixo olhando em direção á minha mão fechada, e estendeu sua mão sob a minha, segurando a chave que caiu quando estiquei os dedos.
—Sim, senhor. Mais alguma coisa, senhor François?
—Não, apenas isso. —Me preparei para sair, mas congelei. —Ah! Quando voltar, almoce. Já vai ter passado do horário do almoço e... Não é bom ficar de estômago vazio por muito tempo. —Sorri para ele e então saí.
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Eu retornei para dentro da mansão, mas encontrei apenas Charlotte bebendo vinho na poltrona de frente para a lareira. Ela estava com os pés cruzados e sua cabeça parecia confortável em uma almofada, no encosto da poltrona.
Inalei fundo e estufei o peito, mapeando a sala e os corredores com o olhar.
—O que fizeram com Lisa Mary? —Meu tom de voz suspeito chamou sua atenção e Charlotte levantou a cabeça olhando para mim.
—Mamãe levou ela pra algum lugar dessa casa, eu não quero nem me estressar com isso. Quem é essa vagabunda, Vicente? Não fique trazendo qualquer tipo de gente pra cá, você sabe que não somos como os outros. —Arqueou as sobrancelhas com tom de superioridade e então inclinou para frente, se levantando da poltrona.
Desci as mãos dentro dos bolsos da calça e a olhei de cima, superando sua estatura.
—Lisa Mary.
—O que tem?
—É o nome dela.
—Foda-se! —Ela rolou os olhos para cima e tombou a cabeça para o lado, separando algumas mexas de seu cabelo curto com os dedos. —Olha aqui, eu não sei onde os nossos pais erraram com você pra fazer um homem tão maleável, mas eu vou te dizer uma coisa: essa garota não é da mesma classe social que nós, fica esperto.
—Porque você é assim, hein? Sempre desconfiando de todo mundo, sempre maldando as ações de todo mundo. Ela é apenas uma amiga, não posso ter isso também? Outra coisa, não tá acontecendo nada entre nós e ela é uma moça de igreja, como percebeu. Até no jeito dela... A garota mal fala, mal se defende! —Comecei a sentir o calor do estresse me corroendo o estômago.
—Vai mesmo discutir com a sua irmã por causa de uma garota desconhecida? Vicente! Eu sou do seu sangue!
Charlotte falou tão alto que acabou chamando a atenção de meu pai, e ele chamou por mim, pondo os braços no corrimão do andar de cima.
—Vicente?
Seu tom de voz firme e sempre severo me atingiu e, foi como se um choque repentino percorresse o meu corpo por um ou dois segundos. Engoli a saliva sentindo a garganta mais seca, e tirei as mãos dos bolsos, virando em direção as escadas. Embora tivéssemos a mesma altura, eu sempre o olhava com redenção.
—Sim?
—Venha até o meu escritório, por favor, filho. Eu quero falar com você. —Disse e saiu. Nem se importou em me ouvir confirmar presença.
Eu virei para Charlotte, suspirando inquieto.
—E tudo culpa sua... —Falei entre os dentes, esboçando minha raiva.
—Faço isso porque amo você, e você sabe! Não comece a trazer estranhos pra nossa casa. —Ela sorriu. Deu dois passos até mim, e pôs a mão sobre meu peito como se pedisse perdão, mas nunca falava. —Não fique irritado por muito tempo, vai acabar criando rugas. —E deixou um selar em minha bochecha, saindo depois disso.
Com a saída de Charlotte, reuni forças e coragem para subir as escadas e finalmente fui até o escritório do meu pai. A rejeição de Charlotte apenas me deixou mais inquieto para ter a presença de Lisa Mary. Ela não gostar de Lisa era um indicativo de qualidade da garota, considerando que Charlotte tem uma personalidade tóxica.
Ele estava esperando por mim. Encontrei a porta aberta e quando entrei, vi que papai estava com as mãos sobre a mesa e os dedos sempre entrelaçados.
—Oi pai, queria me ver, hã... —Entrei, fechando a porta ao passar. —Assuntos de trabalho outra vez?
—Não, meu filho. Se sente. —Esticou a mão indicando a cadeira á frente da grande mesa em madeira marrom. —Sabe, eu tô ficando velho. Muito velho. A ponto de estar doente com algo que vem me matando todos os dias, silenciosamente. Eu preciso saber que tenho confiança em você. —Papai me olhou nos olhos e endireitou os ombros, tirando as mãos de cima da mesa.
—Eu fiz alguma coisa errada? —Meus olhos grandes e culposos finalmente se encontraram com os de meu pai, e eu juntei as mãos sobre as pernas, de ombros caídos. Era como se eu não coubesse naquela cadeira.
—Ouvi o que a sua irmã disse, e por mais que seja um pouco intrigante, de certa maneira difícil de lidar, ainda assim a sua irmã tem razão.
—Pai, eu...
—Não me interrompa. —Disse calmamente. Seu tom de voz era tão constante que quase chegava a ser confortável ouvir seu sermão. —Filho, tudo o que eu construí veio de muito longe, de tão baixo que a sua mãe e eu não pensávamos que chegaríamos a sermos bilionários. E somente depois de termos conseguido nossa primeira fortuna, tivemos a Charlotte, depois você. —Ele sorriu, mas não era sobre felicidade. Seus olhos revelaram a cobrança de suas memórias para um momento bom. —Quando você nasceu a sua irmã quase entrou com você dentro da banheira.
—Ela ia me matar?
—Ela sempre gostava de brincar na banheira durante longos banhos quentes, e queria que você fosse o “bebezinho” dela. Sua mãe quase demitiu a babá nesse dia. —Disse sorrindo. —Não ignore os conselhos que sua irmã tem pra você, meu filho. Ela tem por você um amor invejável, que é raro entre irmãos. Ainda mais irmãos com tanto poder nas mãos, como vocês.
As palavras de papai ecoaram em minha mente. Se eu ouvisse mesmo a Charlotte, estaria colocando Lisa Mary em uma grande injustiça, apenas por caprichos. Eu não estava disposto a fazê-la passar por isso.
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5 parte IIIVicente François ⤝⥈⤞ As palavras de meu pai refletiram em minha cabeça e deixou uma ruga em minha testa. Depois daquela conversa, ele me mostrou alguns modelos que estava interessado em colocar em prática, mas depois disso me liberou, permitindo que eu finalmente fosse atrás de Lisa Mary. Descendo as escadas, encontrei a empregada carregando, cuidadosamente, uma bandeja de prata bem decorada. São os doces preferidos da minha mãe... Eu me aproximei da empregada. —Pra quem são esses doces? —Levantei a mão em direção á bandeja, indicando os doces.—Senhor François, são para a Madame e a sua nova visita. Elas estão no jardim de inverno e sua mãe me pediu que levasse algo refrescante, mas também doce para comerem. Limpei a garganta em uma tosse seca, e estiquei as mãos para a frente, flexionando os dedos uma única vez. —Deixe que eu levo, pode ir. Obrigado. —Mas, senhor... —Pode ir. —Peguei a bandeja e acelerei os passos pelo corredor, equilibrando com cuidado. Não p
6 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu tive a oportunidade de desfrutar de uma manhã calma, apesar de todo o alvoroço na igreja. Nunca havia me sentido tão confortável ao lado de alguém novo, como estava me sentindo na presença de Lisa Mary. Era algo totalmente fora do meu cotidiano. Eu queria tanto que ela ficasse, que eu quase cheguei a ligar para Sebastian e ordenar que atrasasse na entrega do carro, mas a imagem do Audi cruzando os grandes portões da entrada, tirou o meu chão. Lisa Mary, ao ouvir o som selvagem do motor veloz, olhou por cima dos ombros e rapidamente tirou a mão do apoio em meu braço, quase me bloqueando. Ela virou-se totalmente ao avistar o luxuoso carro azul e um sorriso largo se espalhou em seus lábios na companhia de um arfar. —Ele já veio! —Se surpreendeu. —Com licença... Senti como se a chegada daquele carro fosse a nossa despedida, e cheguei a expirar com força. Embora o sol esquentasse minha pele dentro das vestes, meu sopro se destacou em uma fumaça em frente ao
7 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Dizer que foi uma tarefa fácil permanecer na carne de uma boa moça fingida foi fácil, é uma mentira descarada. Eu sentia como se a qualquer momento eu pudesse tocar o meu rosto e me sujar com a máscara podre que havia vestido sobre a face. No entanto, havia me saído tão bem quanto qualquer atriz de cinema, e isso me deu orgulho. Vicente era realmente um homem atencioso, calmo, educado e, por muitas vezes, irritantemente controlado. Antes que fôssemos embora, percebi que ele havia caído em meu jogo de indução de sentimentos. Enquanto eu o provocava, fazia parecer que ele estava sentindo tudo isso sozinho, e quase o deixei no limite. Percebia sua respiração pesada, e quando passei os olhos pelos dedos de suas mãos, avistei ele apertando o punho como uma forma de se controlar para não me beijar inesperadamente, e tenho que admitir que aquilo estava me deixando satisfeita. A maneira como me olhava era quase como se fosse me canonizar. Eu estava cumprindo com minha pa
8 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Retornei para casa e, finalmente pude descansar no conforto do meu lar. Estava há horas sem comer nada e fui cozinhar algo leve para não parecer inchada. Senti o cansaço me vencendo quando subi as escadas de volta para o quarto e meus olhos pesaram, indicando que eu precisava dormir, ao menos um pouco. Tomei um banho quente ouvindo “Oh! Darling”, e me deitei para dormir depois desse ritual. Parecia como em um sonho, eu me sentia um pouco menos conturbada diante de uma situação tão estressante quanto ter que assumir uma falsa personalidade. Em um sono profundo, ouvi meu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira e estremeci na cama, virando-me para o lado. Encolhi os dedos dos pés sob o cobertor, tentando me refugir do castigo em ter que despertar. Bati com a mão sobre o telefone e o arrastei pela mesinha até mim. Quem deve ser agora... Atendi aquela chamada e a voz no outro lado me fez despertar em um susto. —Oi, eu não sabia que horas ligar pra você, mas..., c
9 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Senti minha ansiedade escalando a impaciência quando o carro estacionou. Ouvindo suas palavras. Eu queria outra posição naquele carro e eu não estava me referindo aos bancos. Apesar de todos os meus planos para que aquele encontro estivesse exatamente da maneira como eu havia planejado, eu sentia como se minha vida estivesse desmoronando. Eu não podia ficar tão vulnerável diante dele. Ainda paralisada com as mãos sobre as coxas, Vicente chamou meu nome, agarrando o guardanapo sobre suas coxas e o arremessou no centro da mesa, mantendo a mão no local. —Lisa? —Tamborilou os dedos sobre a mesa a espera de minha resposta. Eu não fazia ideia do motivo pelo qual me recusava a ser no mínimo, espontânea em sua presença, mas aceitei. Pisquei, agitando a cabeça para embaralhar os pensamentos, até que meus olhos alcançaram uma expressão confusa de Vicente. No alto de sua sobrancelha aquela ruga intrigante tomava um espaço curto, e ele ergueu a mão até o topete teimoso, alis
10 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Percebi minha ousadia, mas tive que prosseguir. Aquele homem precisava de um empurrão e eu não conseguia mais me controlar dentro da calcinha. Ao som do bipe, as portas do elevador se abriram, obrigando-nos a nos separar. Para fingir que não estava sóbria, cambaleei para fora do elevador, sentindo meu corpo ser puxado quando Vicente agarrou suas mãos em minha cintura e me uniu á ele, garantindo que eu não cairia. —Eu vou deixar você em casa e depois disso vou embora. Não quero que pense que... Eu seria capaz de me aproveitar de você nesse estado. —Olhou-me sério e pareceu ofendido com suas próprias ações. Irritante! O que você quer? Ser canonizado? Pisquei, engolindo duramente. Em silêncio, caminhamos até seu carro e saímos do estacionamento, entrando no comboio de seguranças novamente. Percebia sua aflição, mas ele manteve suas mãos no volante para não deslizar em mim. Percebendo que eu não havia colocado o cinto de segurança, Vicente olhou-me sereno e inclino
11 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Aquela noite me levou a crer que eu precisava tê-lo tanto quanto ele me queria e, quando tudo acabou, ele me tirou a venda dos olhos com delicadeza, se saboreando em minha respiração ofegante sobre corpo quente e suado. Eu me deleitei sobre a cama, repousando ao seu lado para descansarmos. A noite acabou como um suspiro exausto e nós dormimos. ⤝⥈⤞ O clarão que a luz do dia ocupava pelos espaços do meu quarto me forçou a abrir os olhos, ao som de “Oh Pretty Woman” e o barulho do chuveiro compunham o início do meu dia. Inalei fundo no despertar, sentindo o aroma de erva doce que emanava pelo quarto. Como eu pude dormir desse jeito... Joguei os pés para fora da cama, equilibrando-me sobre a palma das mãos. Decidi ignorar o mundo rodando em torno de mim, consequente da sonolência que eu ainda sentia como resultado da noite anterior. Ele havia acabado comigo como um cavalo e eu sentia meus quadris reclamarem de uma maneira satisfatória. Estava nua, então n
12 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu me despedi de Lisa, mesmo sabendo que a deixaria decepcionada. Eu não quero ser o cara que leva você pra cama e dá o fora na manhã seguinte. Eu realmente gostaria de poder escolher você para ser o meu compromisso principal nessa manhã, e nem meus desejos consigo realizar. Saindo de sua casa, avistei meus seguranças acordados dentro dos carros, para minha surpresa. A culpa pesou sobre os meus ombros, mas eu precisava me manter firme para encará-los e seguir para a indústria. —Bom dia, rapazes. —Ergui a cabeça, vendo a porta de meu carro ser aberta por Sebastian. —Houve um equívoco de última hora e... Bom, eu não pude permitir que trocassem os turnos, já que não dava pra chamar ninguém. Vou até a Indústria, então vamos seguir o mesmo comboio, mas quando me deixarem lá, sigam pra suas casas e retornem apenas durante a noite para o turno de vocês. —Sim, senhor. —Obedientes, confirmaram, entrando em seus carros para organizarem a rota perfeita. ⤝⥈