11 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Aquela noite me levou a crer que eu precisava tê-lo tanto quanto ele me queria e, quando tudo acabou, ele me tirou a venda dos olhos com delicadeza, se saboreando em minha respiração ofegante sobre corpo quente e suado. Eu me deleitei sobre a cama, repousando ao seu lado para descansarmos. A noite acabou como um suspiro exausto e nós dormimos. ⤝⥈⤞ O clarão que a luz do dia ocupava pelos espaços do meu quarto me forçou a abrir os olhos, ao som de “Oh Pretty Woman” e o barulho do chuveiro compunham o início do meu dia. Inalei fundo no despertar, sentindo o aroma de erva doce que emanava pelo quarto. Como eu pude dormir desse jeito... Joguei os pés para fora da cama, equilibrando-me sobre a palma das mãos. Decidi ignorar o mundo rodando em torno de mim, consequente da sonolência que eu ainda sentia como resultado da noite anterior. Ele havia acabado comigo como um cavalo e eu sentia meus quadris reclamarem de uma maneira satisfatória. Estava nua, então n
12 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu me despedi de Lisa, mesmo sabendo que a deixaria decepcionada. Eu não quero ser o cara que leva você pra cama e dá o fora na manhã seguinte. Eu realmente gostaria de poder escolher você para ser o meu compromisso principal nessa manhã, e nem meus desejos consigo realizar. Saindo de sua casa, avistei meus seguranças acordados dentro dos carros, para minha surpresa. A culpa pesou sobre os meus ombros, mas eu precisava me manter firme para encará-los e seguir para a indústria. —Bom dia, rapazes. —Ergui a cabeça, vendo a porta de meu carro ser aberta por Sebastian. —Houve um equívoco de última hora e... Bom, eu não pude permitir que trocassem os turnos, já que não dava pra chamar ninguém. Vou até a Indústria, então vamos seguir o mesmo comboio, mas quando me deixarem lá, sigam pra suas casas e retornem apenas durante a noite para o turno de vocês. —Sim, senhor. —Obedientes, confirmaram, entrando em seus carros para organizarem a rota perfeita. ⤝⥈
13 Vicente François ⤝⥈⤞ Após a saída fervorosa de Charlotte, meu pai e eu conversamos, ao lado de minha mãe, sobre os planos dele para meu início ao poder, e nós passamos a manhã discutindo sobre os detalhes. ⤝⥈⤞ 13 Lisa Mary ⤝⥈⤞ A saída repentina de Vicente fez nascer em mim, uma dúvida cruel. Ele gostou? Quando Vicente se despediu de mim, eu o observei se distanciando do jardim e entrando em seu carro após dois segundos de conversa com os seguranças cansados em frente à casa de campo. Pela janela, o sol incomodava os meus olhos, mas ainda assim eu me mantive atenta em cada movimento seu. Recuei em passos curtos de volta para a cama quando percebi os carros saindo simetricamente, e me joguei sobre a cama, expirando forte. —Eu preciso de um emprego. E eu precisava. Como iria conseguir explicar para Vicente que eu não tinha herança, mas vivia misteriosamente em uma casa grande, sem dinheiro nenhum? Eu precisava urgentemente encontrar algo no que me disfarçar. Havia
14 Vicente François ⤝⥈⤞ Doía muito, para mim, saber que Charlotte estava insatisfeita ou magoada com a sua vida. Eu queria ajudá-la, mas dessa vez não podia. Não estava sob meu controle. Limitado a aceitar as decisões de meu pai, tive que vê-la sair por aquelas portas com todo o seu ódio ao mencionar seus planos com seu marido, e aceitar com gratidão as propostas de nossos pais para mim. ⤝⥈⤞ —Agora que conseguimos acertar todos os detalhes sobre como será a sua chegada à essa Indústria, meu filho, quero que saiba que... Seu pai estará aqui sempre para o que precisar. —Ele pôs as mãos sobre meus ombros, encarando os meus olhos. —Espero que se sinta à vontade para expor suas ideias, afinal de contas, a partir do momento em que eu morrer tudo isso será seu. —Pai, mãe; eu me sinto lisonjeado. Embora eu sempre soube que tudo isso seria meu, não significa que me sinta confortável com essa tomada de decisão. Ainda mais quando isso exclui minha irmã da participação na administração
15 Charlotte François ⤝⥈⤞ Depois que Estevan e eu nos enroscamos sobre a papelada que ele deveria analisar, desci da mesa com sua ajuda e arrumei a postura, endireitando os ombros. Ainda ofegante, passei as mãos sobre a roupa perfeitamente costurada para mim, e limpei a garganta para começar a conversar sobre os planos em minha mente. —E então, você já sabe como se livrar do seu irmão? —Ele sorriu nasal, espremendo os lábios. —Nunca gostei muito de Vicente. —Eu amo o meu irmão. Mas, eu amo mais a mim. —Ergui a cabeça, fechando os olhos momentaneamente. —A chegada dela à indústria será memorável. —Abri os olhos para não o ver sendo projetado no interior de minhas pálpebras. —Como assim? —Digamos que ele terá seu primeiro problema. —Passei as mãos pelo rosto, respirando fundo. Era insuportável pensar que teria que chegar ao extremo, mas eu tinha. —Vicente vai se deparar com um maquinário superaquecendo bem debaixo dos pés dele. Se ele conseguir um bom engenheiro, tudo bem.
16 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Vicente assumiu sua presença ao meu lado e flexionou o braço para que eu passasse a mão pelo vão triangular. Eu ainda me lembrava das vezes em que Estevan mentia para a senhora sua esposa que, naquele momento, estava diante de nós. Ela estreitou os olhos quando virou para mim, erguendo a cabeça de maneira soberana. ⤝⥈⤞ —Então quer dizer que essa garota veio almoçar conosco? —Seus lábios se espalharam em um sorriso de desprezo e ela passou os olhos por Vicente, que suspirou com seus comentários maldosos. —Você vai enfiar essa criatura na família François, é isso mesmo? —Charlotte... Não. Hoje não. —Reclamou, levando a mão em frente ao rosto. Ele apoiou os dedos em frente ao cenho, abaixando a cabeça. —Se quiser discutir espere, ao menos, o espírito voltar pro meu corpo, porque agora eu me sinto tão estressado quanto vazio de fome. —Ele olhou para Estevan e, em seguida, para sua irmã. —Com licença. Nós caminhamos em passos sincronizados em direção às grande
17 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Pude notar um Vicente mais vivo e animado, ele estava finalmente respirando outra vez. No entanto, algo acendeu dentro de mim, quando ele me declarou “sua namorada”, enquanto conversava ao telefone com alguém. Pode parecer besteira, mas eu devo confessar que me senti confortável com suas palavras. Vicente e eu ficamos naquele quarto por cerca de quarenta minutos e, por incrível que pareça, nós não transamos. Eu estava com vontade, eu queria ser tocada, mas ele foi tão careta que apenas permaneceu me provocando. Eu queria aquele Vicente da noite passada me enrabando feito uma... —Você parece dispersa, está tudo bem? —Deslizou os dedos entre meus cabelos, acariciando meu couro cabeludo. Eu me enrosquei em seu braço forte enquanto sentia a brisa entrando pela janela e soprando os meus pés. —Esse divã parece mais confortável desde que você se deitou aqui comigo. —Esse momento é muito bom, mas eu tenho que te dizer. —Vicente se preparou com um suspiro intenso
18 Vicente François ⤝⥈⤞ Uma semana passou-se depois daquele almoço familiar. Eu ainda sentia vergonha diante de Lisa Mary, por ter exposto ela a uma confusão da minha família, mas logo ela se daria conta de que aquelas discussões seriam inevitáveis. O grande dia, então, chegou. Preparando-me ainda dentro de minha sala, percebi a movimentação através das janelas. O meu pai e Lisa Mary estavam na mesma sala comigo, e tentavam me acalmar. Embora ele não gostasse muito dela, ainda assim decidiu que aquele dia seria tranquilo. ⤝⥈⤞ —Vicente, você precisa se acalmar. Embora não consiga conter as emoções agora, imagine que as coisas estão em seu controle. Você está assumindo o controle de tudo agora, precisa manter inteligência emocional como dominante dentro de você. —Ela pôs sua mão sobre meu ombro, olhando em meus olhos. —Ouça a sua namorada, meu filho. Ela deu a você o mesmo conselho que eu recebi há muitos anos atrás. Se não consegue sentir-se melhor, finja. —Papai reforço