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Lisa Mary
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Retornei para casa e, finalmente pude descansar no conforto do meu lar. Estava há horas sem comer nada e fui cozinhar algo leve para não parecer inchada. Senti o cansaço me vencendo quando subi as escadas de volta para o quarto e meus olhos pesaram, indicando que eu precisava dormir, ao menos um pouco. Tomei um banho quente ouvindo “Oh! Darling”, e me deitei para dormir depois desse ritual. Parecia como em um sonho, eu me sentia um pouco menos conturbada diante de uma situação tão estressante quanto ter que assumir uma falsa personalidade.
Em um sono profundo, ouvi meu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira e estremeci na cama, virando-me para o lado. Encolhi os dedos dos pés sob o cobertor, tentando me refugir do castigo em ter que despertar. Bati com a mão sobre o telefone e o arrastei pela mesinha até mim.
Quem deve ser agora...
Atendi aquela chamada e a voz no outro lado me fez despertar em um susto.
—Oi, eu não sabia que horas ligar pra você, mas..., como já é fim do dia eu pensei que poderia ser bom te ligar quando as coisas já estivessem melhor pra você. —Meu silêncio o fez se questionar. —Se não está reconhecendo a minha voz...
—Vicente. —Pulei da cama, encarando o meu reflexo de frente para o espelho. Cabelos avoaçados e pele avermelhada, era quase como se eu nunca fosse bem tratada na vida. Agitei a cabeça embaralhando os pensamentos autodestrutivos e engoli a saliva para falar com ele. —Oi... É, eu estava um pouco ocupada. Acontece que eu recebi algumas visitas de uns parentes que vieram me visitar... E terminei de fazer minha oração agora. —Corri em direção ao closet, cruzando o quarto.
—Ah, que bom... A família é sempre importante. —O barulho de carros me fez questionar os próprios pensamentos, mas eu não podia falar nada então os guardei para mim. —Escuta, não que isso seja necessário, mas... Eu estou no centro de Metz. Estou indo pra uma reunião e queria saber se... Se você gostaria de me encontrar quando eu saísse.
Passei os cabides rapidamente, jogando as roupas pelos lados do closet e puxei, violentamente, um vestido longo e sexie, apoiando o celular entre o ouvido e o ombro.
—Claro... Seria ótimo. Eu estou sem fazer nada mesmo, então... Vai ser bom sair um pouco. —Minha voz soara como um sorriso.
—Está combinado então. Em uma hora, provavelmente, essa reunião terminará. Onde busco você?
Eu me inclinei para o lado e analisei o meu quarto.
Pura bagunça.
Arregalei os olhos reparando a imensidão que tinha a desordem naquele cômodo e saí do closet, arrastando o vestido pelo chão.
—Olha... Eu encontro você. Tudo bem?
—Tudo bem, a gente pode se encontrar naquele restaurante famoso que fica no coração de Metz. Você tem alguma alergia?
—Não, nada. —Esperei que ele falasse mais alguma coisa, mas a voz de outro homem pôde ser ouvida, motivando a desistência de Vicente naquela ligação.
—Ótimo, eu preciso ir. Tenho que me preparar pra reunião. Até mais, Lisa.
Nem deu tempo de eu responder e a chamada havia sido encerrada. Para alguém extremamente educado ele estava mesmo com pressa.
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Era hora de trabalhar. Arrumei os cabelos soltos, alinhando os tufos volumosos e ondulados. O castanho claro realmente havia ficado bom em mim, e realçava os meus olhos claros. Passei hidratantes e essências sensuais para tornar tudo melhor. O vestido longo em seda com corte reto no busto realçou os meus ombros e tornou meu colo mais atraente. Eu estava tão sensual quanto discreta e isso era perfeito para a personalidade de Vicente. Não dava para ficar apenas na imagem canônica quando eu queria mais um milhão de dólares.
Havia gastado quarenta minutos do meu tempo apenas me arrumando e me preparando para vê-lo, mas depois disso, finalmente saí de casa, dirigindo diretamente para o melhor restaurante, no coração de Metz. Vicente estava se referindo ao Chez Moi, restaurante luxuoso que eu havia apenas conhecido pelo lado de fora.
Enquanto dirigia, reflexos da memória me levaram até as conversas que eu havia tido com Charlotte uma semana antes daquele dia. Todos os seus ensinamentos sobre o seu irmão estavam vindo à tona, e eu me sentia um pouco mais segura com isso. Eu estava pronta para vê-lo.
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Vicente François
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Depois que Lisa Mary foi embora, eu me senti inquieto. O almoço passou diante dos meus olhos e eu mal consigo me lembrar do sabor que a comida tinha. Os olhos de minha irmã permaneceram sobre mim, feito uma águia buscando sua presa. Ela era a graça entre nós dois e eu a amava por isso. Minha mãe conversou com o meu pai sobre alguns assuntos em relação à reunião que teria durante a noite enquanto Charlotte e eu recebíamos seu esposo de volta à França.
Literalmente arrancando o pedaço de pele no lábio inferior, esperava eles saírem do aeroporto quando, disperso, acabei me surpreendendo com o barulho que as portas traseiras fizeram com a entrada dos dois.
—Vicente, a gente deveria ter chamado um motorista ou sei lá. Alguém que possa morrer por nós, e não nós mesmos. —Disse Charlotte, passando o cinto. Ela me olhou pelo retrovisor e senti que estava buscando algo em meu olhar, ou, uma reação sobre seu comentário.
—Gosto de ser útil as vezes. —Falei com desdém. —Além do mais estamos em um comboio com quatro carros; dois na frente e dois atrás. Você quer algo melhor que isso? —Liguei o carro, indicando para os seguranças que eu estava saindo.
—É, Charlotte. Não tem nada demais em dirigir as vezes... Eu dirijo o tempo todo.
—Mas você é diferente. —Rebateu, encostando a cabeça no ombro de seu esposo.
—Por quê?
—Porque nós somos os François e isso é quase uma maldição. —Disse Charlotte e então eu acelerei, saindo dali. —Como foi a viagem?
Percebi meu cunhado virando a cabeça para a janela. Seu olhar era como se buscasse respostas nos pensamentos para responder intuitivamente. Ele passou as mãos pelas coxas e suspirou, relaxando os ombros.
—Ah... Negócios são tediosos. Foi a mesma coisa de sempre. —Virou a cabeça para ela novamente e deixou um beijo casto em seu rosto.
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Eu me limitei em apenas dirigir e seguir o comboio pela nossa segurança. Ao voltarmos para a mansão François, minha irmã e seu esposo subiram para o quarto e foram “planejar a paz mundial”. Meu pai e minha mãe permaneciam no escritório folheando papeladas volumosas e eu, bom, não conseguia parar de pensar na garota nova.
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A noite chegou. Em meu quarto, havia terminado de tomar banho. Olhando meu reflexo de frente para o espelho, a capa exterior fazia inveja. Aquela que cobria a pessoa solitária e perdida. Eu o havia ignorado por muitos anos, e agora, uma garota totalmente pura e ingênua estava trazendo-a à tona.
Estremeci, arrancando a toalha presa em volta da cintura e a joguei no chão. Eu detestava aquela conversa comigo mesmo.
Atravessei o quarto e passei a palma da mão em frente ao sensor, abrindo as portas de meu closet. As roupas apresentadas para mim, apareciam como um rodízio, e não era um grande esforço pensar em peças atraentes. Terminando de me vestir, abotoei o último botão da camisa roxa, encarando meus olhos no reflexo do espelho. Uma ansiedade estranha tomou meus pensamentos e, entre outras coisas, a imagem perfeita do sorriso dela consumiu minha mente como um sabor, quase me proporcionando o prazer em sentir o gosto daquele beijo outra vez.
Caminhei apressadamente até o banheiro, puxando o blazer de dentro do cesto. Segurei aquele pano, o aproximando ao rosto. O cheiro dela ainda estava no tecido... Inalei intensamente, fechando os olhos e, quase fui incapaz de soltar novamente. Eu me peguei desejando que ela estivesse na cama esperando por mim.
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Fui obrigado a disfarçar e sair do banheiro quando ouvi a voz de meu pai no lado de fora do quarto, batendo na porta.
—Vicente? —Corri até a porta e a abri, encarando os olhos teimosos de meu pai. —Você precisa ver isso antes de irmos.
Meu pai esticou o braço em direção ao meu peito, entregando-me uma pasta preta com três papeis.
—O que é isso? —Uma ruga se formou em minha testa enquanto segurei a pasta, tirando a mão da porta.
—São das ações que eu falei com você hoje de manhã. Eles vão falar sobre isso hoje e eu não quero ter que começar outra discussão. Quero que dê um jeito de encerrar esse assunto sem trazer discórdia.
—Impossível. —Olhei para meu pai, ironizando a situação. —Não é que eu não queira fazer isso, mas eles parecem um bando de cachorros com osso, não largam nunca. —Dei um passo para trás, indicando para meu pai entrar.
A nossa conversa foi fervorosa. Meu pai queria que eu fizesse os milagres que ele tanto esperava de mim, mas tudo o que eu queria era encerrar uma noite tranquila ao menos por uma vez.
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Inclinado a ficar, ele não me acompanhou para a reunião e eu acabei saindo sozinho em um comboio com quatro carros. Parado em frente ao prédio onde aconteciam as reuniões da minha família, enterrei a mão no bolso e puxei o celular, ligando para ela.
Quando a chamada terminou, eu pude me sentir um pouco mais seguro para descer e enfrentar aquelas pessoas que eu tanto detestava. Naquela noite eu subi até a cobertura e defendi os interesses de meu pai, mas quando a reunião acabou, mal pude me segurar dentro do elevador. Agitado, batia com o pé apressadamente, incapaz de desviar o olhar para fora do painel que subtraía os números até o térreo. As portas se abriram e eu acelerei os passos tendo meus seguranças me escoltando no estacionamento, até o carro. Saindo em um comboio, finalmente fui para o Chez Moi. As pessoas me conheciam e não demoraria muito para que a minha foto estivesse estampando os sites de fofoca, então, para evitar, fui para uma área privada e mandei que as outras duas mesas ficassem vazias até o momento em que eu saísse. Eu deixei a entrada de Lisa Mary liberada.
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E então, sem demora, ela chegou. Por cima do cardápio eu vi aquele vestido longo de alças finas e corte sensual no corpo de uma mulher que exalava beleza. Seus cabelos castanhos claros jogados sobre as costas davam um volume soberano àquela imagem. Senti um choque leve no peito quando ela se aproximou e a anfitriã saiu, deixando-nos à sós.
Eu me levantei e fui até sua cadeira, puxando-a para que ela se sentasse.
—Boa noite, você quer pedir alguma coisa especial? —Perguntei, sentando-me de frente para ela. Inalei discretamente, sentindo o perfume diferente e amadeirado.
—Não, tudo bem. —Respondeu tímida, pondo as mãos sobre as pernas. Lisa olhou em volta, estranhando as mesas vazias entre nós. —O que houve?
—Essa é uma área reservada e eu mandei que as outras duas mesas ficassem vazias. —Pus uma mão na coxa, encarando os olhos dela. —Eu acabei de sair de uma reunião difícil. Só queria ficar quieto e jantar com a minha... Amiga, depois disso. —Quase me engasguei quando afirmei o que éramos.
—Você se sente bem? —Ela se inclinou levemente sobre a mesa.
Eu nem soube como reagir diante sua preocupação.
—Estou acostumado, não se preocupe. É apenas um estresse que vai passar quando o dia amanhecer. —Afirmei com sinceridade, eu realmente estava.
Fiquei esperando que ela fizesse um pedido para nós dois, após desistir de saber como eu estava, eu a percebi pondo o cardápio sobre a mesa. Lisa não parecia à vontade e, isso me abriu espaço para questioná-la.
—Lisa, quer ir para outro lugar? —Arqueei as sobrancelhas, incomodado.
—É que... —Sorriu sem jeito, desviando o olhar sobre a mesa. —Eu não me sinto confortável sabendo que você está com problemas. Não é certo querer se divertir quando alguém em sua frente não está se sentindo bem.
Eu petrifiquei. Pisquei para ela, ainda sem palavras. Uma garçonete se aproximou para anotar o nosso pedido, mas pus os cardápios sobre a mesa e uma gorjeta generosa dentro dele. Tanto Lisa, quanto eu, apoiamos as mãos sobre a mesa e nos levantamos prontos para sairmos.
—Senhor François, estão prontos para pedir? —Passou o olhar sobre a mesa e nos observou levantar.
—Não, tudo bem. Nós estamos de saída. Eu retornarei em um outro dia, mas hoje estou exausto. —Sorri para Lisa, flexionando o braço em sua direção. —Vamos? Onde você estacionou?
A garçonete não conseguiu, sequer, questionar os meus motivos e apenas se limitou a ficar em silêncio nos observando sair.
—Eu estacionei em frente ao restaurante.
—Acho melhor você deixar o seu carro em um estacionamento pago. —Sorri para ela, percebendo meus seguranças se aproximarem para nos escoltarem.
—Por quê? —Franziu o cenho, olhando para mim.
—Porque eu pretendo levar você para provar um doce a base de álcool.
Pude notar o desespero no olhar de Lisa. A julgar pela sua pureza, era provável que ela nunca tivesse ousado de provar bebidas na vida e, eu estava pronto para lhe apresentar sob meus cuidados.
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9 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Senti minha ansiedade escalando a impaciência quando o carro estacionou. Ouvindo suas palavras. Eu queria outra posição naquele carro e eu não estava me referindo aos bancos. Apesar de todos os meus planos para que aquele encontro estivesse exatamente da maneira como eu havia planejado, eu sentia como se minha vida estivesse desmoronando. Eu não podia ficar tão vulnerável diante dele. Ainda paralisada com as mãos sobre as coxas, Vicente chamou meu nome, agarrando o guardanapo sobre suas coxas e o arremessou no centro da mesa, mantendo a mão no local. —Lisa? —Tamborilou os dedos sobre a mesa a espera de minha resposta. Eu não fazia ideia do motivo pelo qual me recusava a ser no mínimo, espontânea em sua presença, mas aceitei. Pisquei, agitando a cabeça para embaralhar os pensamentos, até que meus olhos alcançaram uma expressão confusa de Vicente. No alto de sua sobrancelha aquela ruga intrigante tomava um espaço curto, e ele ergueu a mão até o topete teimoso, alis
10 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Percebi minha ousadia, mas tive que prosseguir. Aquele homem precisava de um empurrão e eu não conseguia mais me controlar dentro da calcinha. Ao som do bipe, as portas do elevador se abriram, obrigando-nos a nos separar. Para fingir que não estava sóbria, cambaleei para fora do elevador, sentindo meu corpo ser puxado quando Vicente agarrou suas mãos em minha cintura e me uniu á ele, garantindo que eu não cairia. —Eu vou deixar você em casa e depois disso vou embora. Não quero que pense que... Eu seria capaz de me aproveitar de você nesse estado. —Olhou-me sério e pareceu ofendido com suas próprias ações. Irritante! O que você quer? Ser canonizado? Pisquei, engolindo duramente. Em silêncio, caminhamos até seu carro e saímos do estacionamento, entrando no comboio de seguranças novamente. Percebia sua aflição, mas ele manteve suas mãos no volante para não deslizar em mim. Percebendo que eu não havia colocado o cinto de segurança, Vicente olhou-me sereno e inclino
11 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Aquela noite me levou a crer que eu precisava tê-lo tanto quanto ele me queria e, quando tudo acabou, ele me tirou a venda dos olhos com delicadeza, se saboreando em minha respiração ofegante sobre corpo quente e suado. Eu me deleitei sobre a cama, repousando ao seu lado para descansarmos. A noite acabou como um suspiro exausto e nós dormimos. ⤝⥈⤞ O clarão que a luz do dia ocupava pelos espaços do meu quarto me forçou a abrir os olhos, ao som de “Oh Pretty Woman” e o barulho do chuveiro compunham o início do meu dia. Inalei fundo no despertar, sentindo o aroma de erva doce que emanava pelo quarto. Como eu pude dormir desse jeito... Joguei os pés para fora da cama, equilibrando-me sobre a palma das mãos. Decidi ignorar o mundo rodando em torno de mim, consequente da sonolência que eu ainda sentia como resultado da noite anterior. Ele havia acabado comigo como um cavalo e eu sentia meus quadris reclamarem de uma maneira satisfatória. Estava nua, então n
12 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu me despedi de Lisa, mesmo sabendo que a deixaria decepcionada. Eu não quero ser o cara que leva você pra cama e dá o fora na manhã seguinte. Eu realmente gostaria de poder escolher você para ser o meu compromisso principal nessa manhã, e nem meus desejos consigo realizar. Saindo de sua casa, avistei meus seguranças acordados dentro dos carros, para minha surpresa. A culpa pesou sobre os meus ombros, mas eu precisava me manter firme para encará-los e seguir para a indústria. —Bom dia, rapazes. —Ergui a cabeça, vendo a porta de meu carro ser aberta por Sebastian. —Houve um equívoco de última hora e... Bom, eu não pude permitir que trocassem os turnos, já que não dava pra chamar ninguém. Vou até a Indústria, então vamos seguir o mesmo comboio, mas quando me deixarem lá, sigam pra suas casas e retornem apenas durante a noite para o turno de vocês. —Sim, senhor. —Obedientes, confirmaram, entrando em seus carros para organizarem a rota perfeita. ⤝⥈
13 Vicente François ⤝⥈⤞ Após a saída fervorosa de Charlotte, meu pai e eu conversamos, ao lado de minha mãe, sobre os planos dele para meu início ao poder, e nós passamos a manhã discutindo sobre os detalhes. ⤝⥈⤞ 13 Lisa Mary ⤝⥈⤞ A saída repentina de Vicente fez nascer em mim, uma dúvida cruel. Ele gostou? Quando Vicente se despediu de mim, eu o observei se distanciando do jardim e entrando em seu carro após dois segundos de conversa com os seguranças cansados em frente à casa de campo. Pela janela, o sol incomodava os meus olhos, mas ainda assim eu me mantive atenta em cada movimento seu. Recuei em passos curtos de volta para a cama quando percebi os carros saindo simetricamente, e me joguei sobre a cama, expirando forte. —Eu preciso de um emprego. E eu precisava. Como iria conseguir explicar para Vicente que eu não tinha herança, mas vivia misteriosamente em uma casa grande, sem dinheiro nenhum? Eu precisava urgentemente encontrar algo no que me disfarçar. Havia
14 Vicente François ⤝⥈⤞ Doía muito, para mim, saber que Charlotte estava insatisfeita ou magoada com a sua vida. Eu queria ajudá-la, mas dessa vez não podia. Não estava sob meu controle. Limitado a aceitar as decisões de meu pai, tive que vê-la sair por aquelas portas com todo o seu ódio ao mencionar seus planos com seu marido, e aceitar com gratidão as propostas de nossos pais para mim. ⤝⥈⤞ —Agora que conseguimos acertar todos os detalhes sobre como será a sua chegada à essa Indústria, meu filho, quero que saiba que... Seu pai estará aqui sempre para o que precisar. —Ele pôs as mãos sobre meus ombros, encarando os meus olhos. —Espero que se sinta à vontade para expor suas ideias, afinal de contas, a partir do momento em que eu morrer tudo isso será seu. —Pai, mãe; eu me sinto lisonjeado. Embora eu sempre soube que tudo isso seria meu, não significa que me sinta confortável com essa tomada de decisão. Ainda mais quando isso exclui minha irmã da participação na administração
15 Charlotte François ⤝⥈⤞ Depois que Estevan e eu nos enroscamos sobre a papelada que ele deveria analisar, desci da mesa com sua ajuda e arrumei a postura, endireitando os ombros. Ainda ofegante, passei as mãos sobre a roupa perfeitamente costurada para mim, e limpei a garganta para começar a conversar sobre os planos em minha mente. —E então, você já sabe como se livrar do seu irmão? —Ele sorriu nasal, espremendo os lábios. —Nunca gostei muito de Vicente. —Eu amo o meu irmão. Mas, eu amo mais a mim. —Ergui a cabeça, fechando os olhos momentaneamente. —A chegada dela à indústria será memorável. —Abri os olhos para não o ver sendo projetado no interior de minhas pálpebras. —Como assim? —Digamos que ele terá seu primeiro problema. —Passei as mãos pelo rosto, respirando fundo. Era insuportável pensar que teria que chegar ao extremo, mas eu tinha. —Vicente vai se deparar com um maquinário superaquecendo bem debaixo dos pés dele. Se ele conseguir um bom engenheiro, tudo bem.
16 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Vicente assumiu sua presença ao meu lado e flexionou o braço para que eu passasse a mão pelo vão triangular. Eu ainda me lembrava das vezes em que Estevan mentia para a senhora sua esposa que, naquele momento, estava diante de nós. Ela estreitou os olhos quando virou para mim, erguendo a cabeça de maneira soberana. ⤝⥈⤞ —Então quer dizer que essa garota veio almoçar conosco? —Seus lábios se espalharam em um sorriso de desprezo e ela passou os olhos por Vicente, que suspirou com seus comentários maldosos. —Você vai enfiar essa criatura na família François, é isso mesmo? —Charlotte... Não. Hoje não. —Reclamou, levando a mão em frente ao rosto. Ele apoiou os dedos em frente ao cenho, abaixando a cabeça. —Se quiser discutir espere, ao menos, o espírito voltar pro meu corpo, porque agora eu me sinto tão estressado quanto vazio de fome. —Ele olhou para Estevan e, em seguida, para sua irmã. —Com licença. Nós caminhamos em passos sincronizados em direção às grande