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Vicente François
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Eu tive a oportunidade de desfrutar de uma manhã calma, apesar de todo o alvoroço na igreja. Nunca havia me sentido tão confortável ao lado de alguém novo, como estava me sentindo na presença de Lisa Mary. Era algo totalmente fora do meu cotidiano. Eu queria tanto que ela ficasse, que eu quase cheguei a ligar para Sebastian e ordenar que atrasasse na entrega do carro, mas a imagem do Audi cruzando os grandes portões da entrada, tirou o meu chão. Lisa Mary, ao ouvir o som selvagem do motor veloz, olhou por cima dos ombros e rapidamente tirou a mão do apoio em meu braço, quase me bloqueando. Ela virou-se totalmente ao avistar o luxuoso carro azul e um sorriso largo se espalhou em seus lábios na companhia de um arfar.
—Ele já veio! —Se surpreendeu. —Com licença...
Senti como se a chegada daquele carro fosse a nossa despedida, e cheguei a expirar com força. Embora o sol esquentasse minha pele dentro das vestes, meu sopro se destacou em uma fumaça em frente ao meu rosto, e eu finalmente desenterrei os pés do chão para seguir Lisa Mary. Seus passos apressados indicavam fortemente o quanto ela queria ir embora... Ou talvez estivesse apenas preocupada demais com o seu carro, e era justo.
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Tentei disfarçar a minha ansiedade ao me aproximar. Sebastian estacionou o Audi aos pés dela, quando finalmente parou de andar, e eu cheguei depois tendo minha presença notada por Lisa.
—Ele foi muito rápido, você percebeu? —Estava tão contente que suas bochechas ruborizaram enquanto sorria, e ela segurou as mãos próximas ao peito.
Limpei a garganta e pigarreei brevemente, dando um passo à frente. Com as mãos nos bolsos da calça, ergui o queixo para Sebastian que estava descendo do carro.
—Sebastian? Obrigado por ter ido buscar o carro da senhorita Mary. —Ele se aproximou de mim, e devolveu as chaves em minha mão. —Muito bem, agora vá almoçar. Você veio antes do que eu imaginei que iria vir.
Sebastian apenas assentiu e então saiu, deixando as chaves comigo.
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Virei para Lisa, segurando a chave pelo enfeite e a coloquei em sua mão macia. Seus pequenos dedos sensíveis se flexionaram em volta do enfeite, tocando os meus.
—Muito obrigada, senhor François...
—Vicente. —Engoli. —Bom, agora que o seu carro está aqui, por favor, não vá embora. Fique e almoce conosco eu iria adorar que me fizesse companhia.
Ela passou os olhos pelos próprios pés organizando os pensamentos. A chave se enroscou entre seus dedos e ela a jogou no fundo da pequena bolsa branca que carregava com tanto cuidado.
—Eu não posso. —Ainda não me olhava nos olhos quando falou. Lisa agitou a cabeça enquanto sorria timidamente, espremendo a pequena bolsa de mão em frente ao corpo.
—Qual o problema?
A ruga em minha testa voltou a ser permanente quando sua resposta me atingiu. Ela era tão intrigante para mim...
—Porque eu preciso acertar um contrato de trabalho importante e... Eu tenho que ir. —Disse Lisa. Ela ergueu o queixo delicadamente me minha direção e encarou os meus olhos. —Eu gostei de conhecer você, senhor... —Engoliu para se corrigir, chegando a piscar intensamente, recobrando a informalidade entre nós dois. —Vicente.
—Se me chamar de “Senhor François” por mais uma vez eu serei obrigado a chamar você para sair. —O sorriso em meus lábios, que havia espremido para disfarçar a timidez, fez pigmentar ainda mais a minha pele ressaltando a vergonha.
Ela era tão pura que mal conseguia olhar em meus olhos para confirmar ou negar o meu pedido, então apenas olhou em direção ao seu carro antes que pudesse me olhar por uma última vez, e deu um passo à frente, ficando diante de mim. Estávamos tão próximos que eu quase não conseguia me conter dentro da própria pele. Pude ouvir quando inalou profundamente e encheu o peito para me olhar nos olhos e dizer:
—Senhor François. Senhor... François.
Eu quase não acreditei que estava aceitando sair comigo. Sentia em meu peito batidas que vibraram constantemente como se fossem explodir. O coração já doía de bater tão forte contra a caixa toráxica, e eu tirei as mãos dos bolsos da calça, soltando os ombros. Lisa Mary forçou as panturrilhas e subiu na ponta dos pés. Foi quando ergueu o queixo em direção ao meu rosto. Eu pensei que seria beijado nos lábios. Fechei os olhos, me preparando para sentir os meus sentimentos serem correspondidos, mas senti a pele do meu rosto esquentar quando seus lábios macios me tocaram, e o cheiro do perfume em seus cabelos alcançaram minhas narinas, preenchendo meus pulmões. Eu abri os olhos momentaneamente e a encontrei se afastando, encerrando aquele beijo breve.
Quase fiquei congelado com sua atitude, mas ela era tão inocente e tão pequena que eu sentia vontade de protegê-la do mundo inteiro, ao mesmo tempo em que eu me controlava para não agarrá-la. Era a coisa mais preciosa que eu já tinha tocado em toda a minha vida, e a coisa mais perversa na qual em pensava desde aquele beijo.
Tomei coragem para perguntar onde a buscaria, e impulsionei o corpo para a frente. Segurei em sua mão para impedir que saísse, e ganhei sua atenção naquele momento.
—Lisa. —Ela me olhou ligeiramente, arqueando as sobrancelhas. —Onde eu busco você?
Seus olhos alcançaram sua mão presa na minha e eu a soltei.
—Anota o meu número de telefone e a gente combina um lugar, está bem? —O sorriso simples em seus lábios fez os seus olhos se estreitarem, e ela esticou o braço para mim.
Enterrei a mão no bolso e puxei o celular, desbloqueando a tela. Entreguei o telefone para ela que digitou seu número e me devolveu novamente.
Não fui capaz de falar mais nada, apenas segurei o celular como se fosse sua mão, enquanto via ela entrar em seu carro e o ligar, partindo dali. Eu nunca havia encarado por tanto tempo, a traseira de um carro partindo, quanto fiz naquela manhã.
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7 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Dizer que foi uma tarefa fácil permanecer na carne de uma boa moça fingida foi fácil, é uma mentira descarada. Eu sentia como se a qualquer momento eu pudesse tocar o meu rosto e me sujar com a máscara podre que havia vestido sobre a face. No entanto, havia me saído tão bem quanto qualquer atriz de cinema, e isso me deu orgulho. Vicente era realmente um homem atencioso, calmo, educado e, por muitas vezes, irritantemente controlado. Antes que fôssemos embora, percebi que ele havia caído em meu jogo de indução de sentimentos. Enquanto eu o provocava, fazia parecer que ele estava sentindo tudo isso sozinho, e quase o deixei no limite. Percebia sua respiração pesada, e quando passei os olhos pelos dedos de suas mãos, avistei ele apertando o punho como uma forma de se controlar para não me beijar inesperadamente, e tenho que admitir que aquilo estava me deixando satisfeita. A maneira como me olhava era quase como se fosse me canonizar. Eu estava cumprindo com minha pa
8 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Retornei para casa e, finalmente pude descansar no conforto do meu lar. Estava há horas sem comer nada e fui cozinhar algo leve para não parecer inchada. Senti o cansaço me vencendo quando subi as escadas de volta para o quarto e meus olhos pesaram, indicando que eu precisava dormir, ao menos um pouco. Tomei um banho quente ouvindo “Oh! Darling”, e me deitei para dormir depois desse ritual. Parecia como em um sonho, eu me sentia um pouco menos conturbada diante de uma situação tão estressante quanto ter que assumir uma falsa personalidade. Em um sono profundo, ouvi meu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira e estremeci na cama, virando-me para o lado. Encolhi os dedos dos pés sob o cobertor, tentando me refugir do castigo em ter que despertar. Bati com a mão sobre o telefone e o arrastei pela mesinha até mim. Quem deve ser agora... Atendi aquela chamada e a voz no outro lado me fez despertar em um susto. —Oi, eu não sabia que horas ligar pra você, mas..., c
9 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Senti minha ansiedade escalando a impaciência quando o carro estacionou. Ouvindo suas palavras. Eu queria outra posição naquele carro e eu não estava me referindo aos bancos. Apesar de todos os meus planos para que aquele encontro estivesse exatamente da maneira como eu havia planejado, eu sentia como se minha vida estivesse desmoronando. Eu não podia ficar tão vulnerável diante dele. Ainda paralisada com as mãos sobre as coxas, Vicente chamou meu nome, agarrando o guardanapo sobre suas coxas e o arremessou no centro da mesa, mantendo a mão no local. —Lisa? —Tamborilou os dedos sobre a mesa a espera de minha resposta. Eu não fazia ideia do motivo pelo qual me recusava a ser no mínimo, espontânea em sua presença, mas aceitei. Pisquei, agitando a cabeça para embaralhar os pensamentos, até que meus olhos alcançaram uma expressão confusa de Vicente. No alto de sua sobrancelha aquela ruga intrigante tomava um espaço curto, e ele ergueu a mão até o topete teimoso, alis
10 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Percebi minha ousadia, mas tive que prosseguir. Aquele homem precisava de um empurrão e eu não conseguia mais me controlar dentro da calcinha. Ao som do bipe, as portas do elevador se abriram, obrigando-nos a nos separar. Para fingir que não estava sóbria, cambaleei para fora do elevador, sentindo meu corpo ser puxado quando Vicente agarrou suas mãos em minha cintura e me uniu á ele, garantindo que eu não cairia. —Eu vou deixar você em casa e depois disso vou embora. Não quero que pense que... Eu seria capaz de me aproveitar de você nesse estado. —Olhou-me sério e pareceu ofendido com suas próprias ações. Irritante! O que você quer? Ser canonizado? Pisquei, engolindo duramente. Em silêncio, caminhamos até seu carro e saímos do estacionamento, entrando no comboio de seguranças novamente. Percebia sua aflição, mas ele manteve suas mãos no volante para não deslizar em mim. Percebendo que eu não havia colocado o cinto de segurança, Vicente olhou-me sereno e inclino
11 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Aquela noite me levou a crer que eu precisava tê-lo tanto quanto ele me queria e, quando tudo acabou, ele me tirou a venda dos olhos com delicadeza, se saboreando em minha respiração ofegante sobre corpo quente e suado. Eu me deleitei sobre a cama, repousando ao seu lado para descansarmos. A noite acabou como um suspiro exausto e nós dormimos. ⤝⥈⤞ O clarão que a luz do dia ocupava pelos espaços do meu quarto me forçou a abrir os olhos, ao som de “Oh Pretty Woman” e o barulho do chuveiro compunham o início do meu dia. Inalei fundo no despertar, sentindo o aroma de erva doce que emanava pelo quarto. Como eu pude dormir desse jeito... Joguei os pés para fora da cama, equilibrando-me sobre a palma das mãos. Decidi ignorar o mundo rodando em torno de mim, consequente da sonolência que eu ainda sentia como resultado da noite anterior. Ele havia acabado comigo como um cavalo e eu sentia meus quadris reclamarem de uma maneira satisfatória. Estava nua, então n
12 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu me despedi de Lisa, mesmo sabendo que a deixaria decepcionada. Eu não quero ser o cara que leva você pra cama e dá o fora na manhã seguinte. Eu realmente gostaria de poder escolher você para ser o meu compromisso principal nessa manhã, e nem meus desejos consigo realizar. Saindo de sua casa, avistei meus seguranças acordados dentro dos carros, para minha surpresa. A culpa pesou sobre os meus ombros, mas eu precisava me manter firme para encará-los e seguir para a indústria. —Bom dia, rapazes. —Ergui a cabeça, vendo a porta de meu carro ser aberta por Sebastian. —Houve um equívoco de última hora e... Bom, eu não pude permitir que trocassem os turnos, já que não dava pra chamar ninguém. Vou até a Indústria, então vamos seguir o mesmo comboio, mas quando me deixarem lá, sigam pra suas casas e retornem apenas durante a noite para o turno de vocês. —Sim, senhor. —Obedientes, confirmaram, entrando em seus carros para organizarem a rota perfeita. ⤝⥈
13 Vicente François ⤝⥈⤞ Após a saída fervorosa de Charlotte, meu pai e eu conversamos, ao lado de minha mãe, sobre os planos dele para meu início ao poder, e nós passamos a manhã discutindo sobre os detalhes. ⤝⥈⤞ 13 Lisa Mary ⤝⥈⤞ A saída repentina de Vicente fez nascer em mim, uma dúvida cruel. Ele gostou? Quando Vicente se despediu de mim, eu o observei se distanciando do jardim e entrando em seu carro após dois segundos de conversa com os seguranças cansados em frente à casa de campo. Pela janela, o sol incomodava os meus olhos, mas ainda assim eu me mantive atenta em cada movimento seu. Recuei em passos curtos de volta para a cama quando percebi os carros saindo simetricamente, e me joguei sobre a cama, expirando forte. —Eu preciso de um emprego. E eu precisava. Como iria conseguir explicar para Vicente que eu não tinha herança, mas vivia misteriosamente em uma casa grande, sem dinheiro nenhum? Eu precisava urgentemente encontrar algo no que me disfarçar. Havia
14 Vicente François ⤝⥈⤞ Doía muito, para mim, saber que Charlotte estava insatisfeita ou magoada com a sua vida. Eu queria ajudá-la, mas dessa vez não podia. Não estava sob meu controle. Limitado a aceitar as decisões de meu pai, tive que vê-la sair por aquelas portas com todo o seu ódio ao mencionar seus planos com seu marido, e aceitar com gratidão as propostas de nossos pais para mim. ⤝⥈⤞ —Agora que conseguimos acertar todos os detalhes sobre como será a sua chegada à essa Indústria, meu filho, quero que saiba que... Seu pai estará aqui sempre para o que precisar. —Ele pôs as mãos sobre meus ombros, encarando os meus olhos. —Espero que se sinta à vontade para expor suas ideias, afinal de contas, a partir do momento em que eu morrer tudo isso será seu. —Pai, mãe; eu me sinto lisonjeado. Embora eu sempre soube que tudo isso seria meu, não significa que me sinta confortável com essa tomada de decisão. Ainda mais quando isso exclui minha irmã da participação na administração