Quem é ele?

A esta altura ela se sentia como um boneco vestido de soldado que um garotinho tanto quer para si, seus olhos brilhavam cada vez mais e pareciam faróis.

— Mas senhor Bayrec, sou a fera que acabou de sair do palco! — disse o jovem alto, com corpo esbelto, parecendo moldado, cabelos loiros até os ombros e olhos azuis, que realmente acabava de sair do palco com a sua Bela, também loira.

Emmy apertou os olhos na direção da loira. Estava chateada.

 — Você que era para ser a Cinderela, não era? — Emmy perguntou para a garota à sua frente, que sorriu pequeno.

 — Você chegou tarde, Emmy! — Louis respondeu sincera, seu sorriso se tornou maior, parecia que ela fugia de algo com aquela troca repentina de papéis, não que Emmy quisesse ser o par do orgulhoso loiro. Era apenas por notar que as cinderelas sempre tinham cabelos loiros nas peças e as belas tinham castanhos, como os de Emmy.

O casal combinava perfeitamente, eram dois loiros bonitos de olhos azuis que ainda por cima ficavam a maioria do tempo. Emmy suspirou frustrada, vendo o diretor dispensar dois de seus colegas vestidos de príncipes.

 "Definitivamente ele está louco." pensou Emmy analisando as ações ansiosas de Bayrec, que ao invés de aceitar um dos homens como seu par, os dispensou. Já não se importava com o casal que passava por ela.

 Naquele momento ouviu o apresentador Cool chamar seu nome.

 — ... apresentando a peça da Cinderela! — anunciou com sua voz potente, sendo ecoada pelo espaço fechado.

 — Vá em frente Emmy. Seu príncipe logo aparecerá! — disse Bayrec, com um sorriso nervoso no rosto.

Emmy puxou o ar na mesma medida que segurava as bordas do vestido, se aproximando da cortina vermelha, suspirou.

 — A máscara! — advertiu Jefer, o mesmo que havia chamado a atenção do diretor assim que ela chegou. A máscara estava um pouco apertada na ponta dos dedos dele.

 — Verdade, obrigado! — Emmy agradeceu com um sorriso pequeno, enquanto pegava a máscara branca de seda, que apenas cobria ao redor dos seus olhos azuis-escuros, a deixando mais bonita.

Adentrou o palco vendo centenas de rostos curiosos a olhando na plateia, alguns mudaram a expressão, pondo um imenso interesse no lugar, admiração, dentre outras coisas que Emmy não gostava de ver, como o desejo. A jovem não se interessava por ninguém, pelo menos não até aquele momento.

Ela caminhou pelo fundo do palco vagarosamente, chegando ao topo da escada, ao qual ela devia fingir ser grande, sendo a mais lenta possível para concretizar a peça, na realidade apenas tinham trinta degraus.

 Emmy tentou não se preocupar com o tal príncipe que deveria estar ao pé da escada naquele momento, a esperando com admiração, curiosidade e interesse estampados no rosto.

Quando ela colocou o pé no primeiro degrau, revelando o sapatinho brilhoso, alguém apareceu do lado esquerdo ao pé da escada.

Emmy apertou o corrimão da escada de madeira, pintada para parecer com um mármore branco e elegante.

Aquele que apareceu na ponta da escada não era nenhum de seus colegas, pelos murmurinhos da plateia ele devia ser alguém conhecido, importante, talvez famoso, pois Emmy conseguia ouvir uma garota falar um pouco alto…

 — Não acredito. É Silas Davis Wright! 

Emmy sorriu internamente pela empolgação e admiração da garota, a qual ela não podia dar atenção agora, tinha que focar no seu “príncipe” que a esperava. Ela não sabia quem ele era, mas gostou da ideia de ser alguém importante, assim chamaria mais atenção para o lugar e para eles mesmos.

Por mais que fosse uma empresa grande em estrutura, ainda havia pouco investimento, por conta dos avanços na tecnologia poucas pessoas querem sair de seus lares para assistir a uma peça, que pode não ser atrativa a todos, quando podem assistir a um filme com cenários maravilhosos sob efeitos magníficos de computadores, tudo nos devidos detalhes, quanto ali, onde Emmy estava, eram treinados para agirem em pouco tempo, até mesmo o cenário era rapidamente movimentado, sem muito glamour.

Emmy foi descendo cada degrau vagarosamente, para causar ansiedade no público e também dá lhes tempo de relembrar os poucos passos da Cinderela nos filmes que assistiu. Ela mesma repetia as lembranças das cenas, dos detalhes e falas na sua cabeça, não poderia demonstrar ser improvisado.

 Olhando nos olhos do seu parceiro, ela notou tanto ele quanto sua beleza, mesmo com aquela máscara cinza cobrindo parte de suas sobrancelhas grossas, enquanto rodeava seus olhos claros.

Ele tinha nariz afilado, sobrancelhas pretas, médias, bem desenhadas, lábios médios meio rosados, um rosto limpo, não sabia ao certo se diria quadrado e belo. Cabelos pretos, lisos, quase caindo na testa, pareciam sedosos como os pelos de um gato. Ele era alto, vestia um terno preto, colado aos seus músculos, que deveriam ser volumosos no ponto certo, acompanhado de uma gravata azul-escura, um colarinho cinza e uma camisa branca, por baixo de tudo. Calça social, um pouco colada nas coxas grossas e um sapato preto, quase brilhante de tão limpo.

 “Ele deve ter muito dinheiro!” pensou Emmy, vendo seu Rolex com vidro azul opaco e pulseira de ouro branco, assim que ele segurou na ponta do corrimão da escada.

Emmy notou que ele não tinha sequer um anel nos dedos, então quase suspirou de alívio por não ter que lidar com nenhuma esposa ciumenta após sair do trabalho. Seu diretor uma vez já havia feito aquilo com ela, o seu par havia faltado, então ele improvisou com um amigo seu que era casado, o que rendeu uma bela confusão depois que Emmy saiu do trabalho.

A mulher do tal amigo do senhor Bayrec havia arrumado um barraco devido a um beijo no rosto que ele havia dado em Emmy por conta do papel, eles não eram culpados, haviam decidido não dar nenhum beijo técnico por conta de seu estado civil, e mesmo assim aquilo não convenceu a mulher dele que era apenas o papel.

A mulher ciumenta tentou bater em Emmy, mas o próprio esposo dela não permitiu, puxando sua mulher para longe dela, no entanto, não evitou um belo puxão de cabelos. Lembrar daquilo fez doer o couro cabeludo de Emmy que quase perdeu a compostura antes dos últimos degraus.

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