Silas fez como príncipe, pegou o sapatinho olhando para todos os lados e constatou que ela não estava mais ali, mesmo a vendo escondida junto com os outros atrás da cortina. Seguiu todos os passos do príncipe nos filmes, procurou pela Cinderela em todos os lugares.
Era tão confiante que não achou ridículo fazer aquilo, via como um dever, para compensar o que estava prestes a fazer. — O público está amando a sua escolha, senhor Bayrec. — comentou Louis admirando Silas no palco. Enquanto Emmy tirava as luvas e entregava para assistente de palco, calçava outro sapato, agora de couro, apenas no pé que faltava, para facilitar.Louis não podia negar, o homem era lindo e talentoso. — Eu sei! — respondeu Carlos satisfeito.— Volte pro palco Cinderela! — Carlos quase empurrou Emmy, assim que o piso do palco se ajustou, ficando completamente plano. “O que deu nele? Pra quê tanta empolgação?” Emmy se perguntou, enquanto reapareceu no palco.Silas quis a medi por inteira, mas se conteve, não podia estragar o final apesar de não gostar de estar ali. Emmy se aproximou dele. Ele pediu para que ela se sentasse na poltrona que havia perto dele, Emmy o fez. Ele pôs um dos joelhos no chão, arrancando suspiros da plateia e deixando Emmy, nervosa.Parecia tão real, que ela se obrigou a dizer para si mesma que um homem da realidade não faria aquilo.Silas puxou delicadamente seu pé direito, que estava escondido pelo vestido. Tirou o sapato de couro simples, o deixando de um lado, pondo o de cristal em seu pé, assim como na narração, coube perfeitamente, ele comprovou em voz alta antes de se pôr de pé e convidá-la a fazer o mesmo.Silas levantou as mãos às levando de encontro ao rosto da tal Cinderela. De leve retirou a máscara, finalmente revelou ao público quem ela era, Silas se sentiu maravilhado com a visão que estava tendo de Emmy. — Case-se comigo! — pediu ele, com ar de apaixonado para não sair do papel. Uma pontada de desilusão se fez presente nela.Emmy olhou de esguelha na direção do diretor que concordou freneticamente. Olhando-o novamente respondeu: — Sim, casarei com a vossa alteza! — respondeu Emmy, fingindo paixão, apesar da verdadeira ansiedade que nela voltava a habitar.Silas entrou no papel novamente fazendo tudo certinho, pôs um anel de diamante no seu dedo da mão esquerda, por mais estranho que fosse, deixando que o público visse. Beijou as costas da sua mão e se endireitou, segurou a outra mão também, eram quentes e confortáveis, olhou-a nos olhos aproximou seu rosto do dela. Emmy de repente sentiu-se nervosa, quase apertou suas mãos, mordeu do lado de dentro o canto do lábio inferior para segurar o nervosismo.Silas parou bem perto de tocar os seus lábios aos dela, fazendo-a entender que era sua vez de se aproximar, seu coração errou uma batida, era somente encenação, mas seu coração vivia aquele momento. Ela colou seus lábios aos dele em um selinho demorado.Difícil foi evitar a vontade de beijá-lo de verdade, seus lábios eram macios e quentes.Silas se segurou para não colar seus corpos ali mesmo e a beijar com vontade, sua boca carnuda e macia o faziam perder o foco, mas não durou mais que cinco segundos, os lábios se separaram os afastando, as pupilas de Silas estavam dilatadas demonstrando seu desejo, Emmy achou ter visto coisas, pensando que seu cérebro a estivesse pregando peças, para ele era sorte que o público não podia ver àquela distância.Emmy não percebeu que suas mãos haviam se separado antes, apenas naquele momento, como não precisava mais encenar depois daquele momento, ela se virou para o público, vendo-o fazer o mesmo, confiante e seguro, a atriz apertou sua mão e se curvou ao público em forma de agradecimento, ele apenas acenou com a cabeça, o que para ela foi um pouco estranho.O público gritou, bateu palmas, assoviou e elogiou enquanto eles saíam de mãos dadas do palco.Assim que Emmy saiu do palco, outro cenário foi montado, ela soltou a mão de Silas que não retrucou, também não demonstrou satisfação. Bayrec quase se jogou naquele que estava com Emmy para o abraçar forte, como se ele fosse um grande amigo de longas datas, mas Silas não retribuiu, apenas se deixou abraçar, sem corresponder. — Estou emocionado! — disse se afastando quando notou ter invadido o espaço do outro. — Venha, vamos conversar! — pediu Bayrec, se recompondo, saiu na frente para que Silas o acompanhasse.Emmy não tirou a roupa porque teria de esperar os últimos saírem do palco para todos retornarem com eles e agradecer, como sempre faziam, então ela ficou com os outros que já haviam se apresentado enquanto Silas conversava com seu chefe em algum lugar perto dali.Pouco tempo depois a última peça tinha acabado, todos entram para se despedir e agradecer, menos Silas que não era um ator. Apesar da atriz não perguntar, ouviu seus colegas comentando que ele não era parte da equipe e nem seria, pois não precisava nem gostava daquilo.Assim que saíram do palco depois das cortinas se fecharem, Bayrec chamou Emmy para o camarim, Silas não estava mais com ele. Naquele momento todos olharam para Emmy com um misto de preocupação e pena, que ela não pode entender porquê.Chegando na porta do camarim, Bayrec se aproximou como se fosse contar um segredo. Era tudo muito suspeito. — Fizemos um ótimo negócio hoje. — Bayrec comentou satisfeito, vendo a jovem ficar um tanto confusa. — Você está de parabéns, fez um ótimo trabalho ao lado de Davis, o casal perfeito! — Bayrec sorriu. — Obrigado…, mas de que negócio está falando? — Emmy perguntou, confusa e curiosa. Bayrec não era um chefe ruim, mas nunca se animava tanto a ponto de considerar alguém um casal ou par perfeito. — Conseguir um sócio para a empresa! — Bayrec disse, animado.Todos sabiam que ele havia vendido a imprensa a alguns dias. Apenas se considerava o CEO pela falta de presença do novo dono. — Mas, a empresa já não estava em outras mãos? — a atriz pergunta desconfiada. — Sim, mas você minha cara. Nos devolveu a empresa e ainda nos deu no lugar de dono, um sócio poderoso. Você nos salvou Emmy! — Bayrec não podia estar mais estranho com aquela conversa, ainda mais a chamando de Emmy não senhorita King, como ela poderia ter feito aquilo?— Como fiz isso? — pergunta, curiosa e intrigada. — Emmy, você ganhou na loteria. Salvou nossa empresa e não precisa mais trabalhar! — Bayrec parecia ter perdido a cabeça ao seu ver, mas logo a jovem ligou os pontos, ficando chateada no mesmo instante.— Então tudo isso é só para me dizer que estou sendo demitida? — para ela era inacreditável, até mesmo a cara do seu chefe, que permanecia sem remorso. — Eu me esforcei muito hoje em um papel que eu nem tinha ideia de como fazer, e com um cara que nem ator era, para ser demitida?? — Emmy pergunta, exaltadaBayrec levanta as mãos em sinal de rendição com um sorriso no rosto, um sorriso um tanto cafajeste para um cara de quarenta anos. Aquilo apenas alimentou a raiva da atriz. — Você não precisa mais trabalhar, porque está rica. – não vendo nada mudar nas feições de Emmy, ele continua. — Deixa eu lhe explicar. Você não precisa mais disso aqui! — suas mãos agora apontaram para todos os lados, parando no camarim por um breve segundo e
— Pergunte o que quiser! — disse Silas ao seu lado, ofegante chamando a atenção da mulher logo à sua frente. Notou que ela carregava as roupas que provavelmente tinha vestido para ir até ali, então se abaixou pegando uma sacola perto de seus pés, a entregando.— Ponha suas roupas aqui! — ele pediu, a vendo analisar o lado de fora da sacola com uma marca bem cara estampada no centro da mesma.Sem ao menos reclamar, ela o fez, sem notar que tinham mais coisas ali dentro. — Primeiramente... — ela começou assim que voltou a sua postura de durona recatada.Silas a olhou nos olhos dando toda atenção que ela jamais imaginou que um dia receberia daquele homem. Emmy havia imaginado que assim que ela abrisse a boca para fazer suas diversas perguntas, ele não lhe daria o mínimo de atenção, e com isso ela poderia insultá-lo ao máximo, entretanto, ele a surpreendeu.Emmy fez um pequeno barulho com a garganta no momento em que desviou os olhos para frente, naquele instante ela pode jurar que o o
— Eu não ligo! — Emmy fingiu não se importar, continuando onde havia parado. As pontas de seus dedos foram de encontro com o anel, estava preste a desliza-lo para fora de seu anelar, quando ouviu novamente a voz de Silas. — Eu deixarei de ser sócio de Bayrec, e todos eles perderão o emprego. A empresa vai à ruína. — Silas estava sério.Não estava feliz com aquilo, mas não queria casar com alguém que sua mãe escolhesse para ele, como nos séculos passados, por mais que achasse que seu método não fosse agradável, que não houvesse alguém como ela para o fazer perder uma aposta, considerava agora a melhor opção.Emmy levantou a cabeça para encontrar seus olhos. Ele não estava mentindo ou mesmo blefando, afinal, ele poderia fazer aquilo, tinha todo poder que precisava. Sua mão se afastou daquela em que o anel decorava seu dedo no momento seguinte, ele havia seguido o gesto, se entreolharam por alguns minutos, ambos permaneceram em silêncio enquanto pareciam vasculhar a alma um do outro
Deveria aproveitar para relaxar por completo, mas não teria a audácia de abusar do espaço e nem das coisas que não eram suas, olhando em volta encontrou uma toalha pendurada ao lado de um grande espelho onde estava a pia de mármore bem extensa, apenas pensou em tomar uma breve ducha antes de ir embora e acabar com aquele encanto luxuoso.Depois de ter aparecido em um hotel cinco estrelas ou mais, ao lado de um príncipe, vestida de princesa, Emmy sabia que jamais retornaria a sua pacata realidade, teria de se habituar a nova vida que estava prestes a conhecer junto a Silas.Depois de tomar um banho relaxante, decidiu ser rápida em sua visita, ou pelo menos era o que ela desejava que fosse, apenas uma visita.Emmy vestiu as mesmas roupas que havia vestido antes do traje da peça, calçou as botas e penteou os cabelos com os dedos. Deixou tudo que acompanhava o traje de Cinderela em cima da cama, pegando apenas sua pequena bolsa de colo, se dirigiu ao closet, pois não havia espelho naquel
O momento o impedia de pensar em outra coisa a não ser na belíssima mulher em cima dele o passando calor, se continuasse daquela forma ele sentia que iria irradiar a qualquer momento. Com este pensamento Silas engoliu em seco.Parecendo se recompor com o ato quase imperceptível de Silas de apertar um pouco os dedos nas suas costas, ela afastou seu rosto rapidamente, ficando totalmente vermelha. Sua máscara tinha sido quebrada e agora ela não poderia mais colocá-la para esconder seu eu de verdade, pois aquele pequeno acidente jamais poderia ser apagado da sua mente, nem de sua vida, além do mais, era o seu primeiro beijo roubado, ao tempo que ela também tivera roubado de outro alguém, alguém que seria importante na sua vida, seu noivo, futuro marido.Emmy trouxe os braços rapidamente, outro ato impensado. Suas mãos deslizaram pelo couro do sofá fazendo com que ela voltasse a encontrar seu rosto, como Silas não havia se movido o acontecimento foi o mesmo, no entanto, desta vez fora ape
Eram oito e trinta, Emmy aumentou os olhos, surpresa por ter dormido muito, há esta hora já devia estar em seu apartamento fazendo qualquer coisa, ou mesmo procurando um novo emprego. Com isso ela pôs os pés para fora da cama, penteou os cabelos com os dedos e olhou sua aparência através da tela do celular. Seu rosto não estava amassado, ou coisa parecida, ela esperaria para lavar seu rosto em casa, queria sair dali o mais rápido possível, então pegou sua bolsa de colo pondo o celular ali, a fechando em seguida. Caminhou até a porta abrindo rapidamente. Assim que a porta foi aberta, ela deu de cara com Silas, que estava de cabeça baixa tentando ajustar seu terno ao corpo. Seus cabelos estavam bagunçados o deixando com uma aparência mais relaxada, sua camisa social tinha alguns botões abertos, os quais revelavam um pouco do seu peitoral definido. A gravata que antes estava perfeitamente posta um pouco abaixo da gola da camisa, agora não existia. Sentindo seu olhar ele levantou a cabeç
Silas soltou uma risada anasalada antes de pôr seu suco. Emmy optou por suco de maracujá com bolo de leite, talvez assim ela se sentisse calma perto daquele homem influente em todos os sentidos. Para dificultar sua partida rápida, o bolo derretia em sua boca a fazendo querer mais. — Se está tão bom assim, então devo provar. — disse Silas, que não deixou de observá-la.Emmy semicerrou os olhos automaticamente pedindo posse do bolo, fazendo ele sorrir genuíno. Sem se preocupar levantou o braço tirando um pedaço com uma colher, levando a sua boca no segundo momento.Emmy desviou os olhos para se concentrar em qualquer coisa que não fosse ele, mas o mesmo não valia para Silas, cada movimento dela era observado, a colher deslizando para fora de seus lábios carnudos e macios de forma lenta enquanto ela fechava os olhos para apreciar o gosto, seu rosto demonstrando satisfação com o ato, o pedaço derretendo em sua boca.Silas apertou o copo de suco tentando não pensar em nada, apesar de não
— Não. Eu não te entendo. Por que acha que eu ia entender que ele é bonito? Rico eu entendo, mais a outra parte... nem mesmo noivo eu entendo, eu não sou gay Emmy! — falou Jefer sério — Eu sei, eu sei. — suspirou, olhando para os lados para constatar que ninguém os escutava.— Eu tive que passar a noite na cobertura com ele. — confessa, vendo Jefer se alertar. — Não é assim. Ele meio que me enganou. — ela tenta amenizar. — Te convidou para cobertura e te enganou? Como assim? Você não entrou sabendo que estava entrando?! — Jefer ironizou descrente. — Você dificulta minha vida, amigo! — falou séria, tentando contornar a situação que estava causando.— Ele me disse que era apenas para conversarmos depois que eu trocasse de roupa, relaxasse, entende? — Emmy quase implorou no olhar. — E por que você não pediu para ele te levar para casa, relaxava lá e conversava?! — Jefer comentou. — Porque eu não queria que ele soubesse onde moro, eu nem o conheci ainda! — Emmy respondeu de imediato