Ela tinha sobrancelhas grossas e bem comportadas acima dos olhos azuis-escuros. Tinha ainda, nariz arrebitado, lábios carnudos, seu rosto era perfeito, queixo pequeno, pele perfeita, seu colo já indicava que seu corpo também era na medida certa. Talvez ele não tenha feito um negócio ruim. A mulher jovem aprendia rápido, parecia inteligente, além de carregar beleza em seu ser e voz.
Emmy fingiu não se distrair com o homem lindo com quem ela dançava. Ela não poderia perder o emprego dos sonhos por se distrair com a beleza de alguém que ela nem se quer veria mais depois da peça. Emmy encorajou-se a desfazer o sentimento de ansiedade, espantou o frio na barriga, fingiu não sentir tudo, mas demonstra suavidade sem deixar de prestar atenção ao seu redor, não podia esquecer estar trabalhando, sendo observada e avaliada.Recordou-se como parte do papel, ele deveria falar algo em poucos minutos e ela só teria de responder da melhor forma possível. Somente esperava que o desconhecido soubesse o que estava fazendo tanto quanto parecia confiante. Silas continuou conduzindo a dança até o fim da música, assim que ela encerrou a Cinderela deveria ser convidada a dar um passeio pelo jardim como Emmy recordava, e assim foi. — Permita-me convidá-la a um passeio? — Silas perguntou, sua voz sempre a acordava para a realidade assim como a puxava levemente para o sonho que parecia viver.Emmy apenas concordou-com a cabeça em sinal positivo, o acompanhando para o outro lado do palco, que tinha grandes pedaços de gramas artificiais; maioria das superfícies das gramas eram feitas de polipropileno, polietileno, látex ou poliuretano, também poderia ser a combinação deles, bem como enchimento de areia seca em estufa e base de pó de granito. Haviam também, flores bem semelhantes às flores de verdade, enfeitando todo o cenário. Eles efetuaram um bom trabalho. O cenário era o mesmo da Bela e a Fera, que aconteceu poucos minutos atrás, onde Louis havia interpretado o papel que deveria ser de Emmy. A loira era meticulosa e aquilo só indicava que algo estivesse errado, pois Louis não trocaria um papel em que ela se encaixava perfeitamente por outro que a representaria como erro na cena.Alguns filmes tinham um balanço para Cinderela e outros, apenas bancos de concreto, como ali, que no caso também era o mesmo da Bela, onde Bela sentava para ler os livros da biblioteca da Fera, quando estavam por ganhar intimidade. Assim como mostrava ao príncipe feroz que a vida ainda podia ser bela como a natureza que os rodeavam.No caso da Cinderela, ela seria cantada pelo príncipe elegante, bonito e romântico naquele mesmo lugar,Emmy se sentou no banco ao lado de Silas, olhando para o falso jardim e para a plateia à frente. Alguns estavam tão concentrados que pareciam prender o ar para não perder nada, outros apenas assistiam devido ao tal Silas. — Como se chama? — Silas perguntou, olhando-a com interesse. — Chamo-me Cinderela, vossa alteza! — respondeu Emmy, calma. Era até surpreendente ela ter agido daquela forma com um homem desconhecido, apesar de ser apenas um papel.Cinder vem de cinzas, pequenas cinzas... Ella, o nome real de Cinderela. Relembrando o contexto por trás do nome, o príncipe levou a mão à máscara de Emmy.— O que estás fazendo? — Emmy perguntou, curiosa de verdade, mas demonstrou espanto para não deslizar para fora do seu papel ou cena. Não permitiu que ele tirasse sua máscara.Talvez eles tivessem pulado algumas coisas, entretanto, pouco importava, todos estavam distraídos com o novo show, com o tal Silas.A parte em que estavam no palco subia enquanto eles estavam naquela cena. O príncipe não se abalou, deixando Emmy curiosa, ele não parecia um ator, mas seria um novo contratado vindo de outro país? Eles já ajustavam o chão para o momento em que a Cinderela tivesse que correr e perder o sapatinho. — Quero ver seu rosto! — respondeu o príncipe, impedido por Cinderela que rapidamente se pôs de pé.— Não, não podes! — Emmy respondeu, o notando se levantar também. — Por que não? — Silas perguntou se pondo a sua frente.O homem parecia tão belo a ela, parecia irreal, cada vez que se aproximava e voltava à frente de seus olhos, se tornava impossível não o notar. — Não posso revelar quem sou de verdade. Não hoje! — a linda mulher à frente dele respondeu com os olhos baixos.Silas segurou seu queixo, fazendo o olhar nos olhos. Ele ainda era mais alto por conta do salto dela. — Então vou mostrar-lhe a minha face, para que confie em mim! — Silas mencionou, enquanto soltava seu queixo e tirava sua máscara, revelando um homem mais bonito do que Emmy pudesse imaginar.Emmy o olhou com admiração. Ele era realmente lindo e sedutor. Vendo o interesse estampado nos olhos azuis de Emmy, Silas abriu um sorriso malicioso por dois segundos antes de fingir continuar no papel, deixando Emmy um pouco tímida, por seu sorriso e por seu controle invejável de emoções.— Não. A vossa alteza não entendes... — ela respondeu.— Então diga-me o porquê e eu entendereis! — Silas pediu para encarnar um príncipe perfeito.Emmy dá alguns passos para o lado, dando as costas para ele. Ela abaixa a cabeça olhando o falso jardim, enquanto toca com a ponta dos dedos de uma das mãos na máscara.— Não sou ninguém importante. Muito menos da realeza! — Emmy responde, como Cinderela.Silas se aproxima, quase colando seu corpo ao dela. Agora a plateia pode comprovar ser realmente Silas Davis Wright. Alguns quiseram fazer alvoroço, com assobios, mas se controlaram comentando baixinho sobre aquilo. — E se eu disser, que não me importo com isso? Que apenas quero conhecê-la como és! — Diz Silas.Ambos pareciam mudar o roteiro, pois as palavras originais não eram aquelas, mas o público estava amando a mudança.— Eu não posso! — Emmy respondeu, em tom de tristeza, ainda de costas para ele.Emmy segurou os lados do vestido passando por ele apressada, assim como no conto, Silas tentou acompanhá-la, como o príncipe das telas fazia. Emmy apressou o passo apertando mais o vestido, correu descendo as escadas, onde deixou o sapatinho do pé direito.Silas fez como príncipe, pegou o sapatinho olhando para todos os lados e constatou que ela não estava mais ali, mesmo a vendo escondida junto com os outros atrás da cortina. Seguiu todos os passos do príncipe nos filmes, procurou pela Cinderela em todos os lugares.Era tão confiante que não achou ridículo fazer aquilo, via como um dever, para compensar o que estava prestes a fazer. — O público está amando a sua escolha, senhor Bayrec. — comentou Louis admirando Silas no palco. Enquanto Emmy tirava as luvas e entregava para assistente de palco, calçava outro sapato, agora de couro, apenas no pé que faltava, para facilitar.Louis não podia negar, o homem era lindo e talentoso. — Eu sei! — respondeu Carlos satisfeito.— Volte pro palco Cinderela! — Carlos quase empurrou Emmy, assim que o piso do palco se ajustou, ficando completamente plano. “O que deu nele? Pra quê tanta empolgação?” Emmy se perguntou, enquanto reapareceu no palco.Silas quis a medi por inteira, mas se conteve, não
— Como fiz isso? — pergunta, curiosa e intrigada. — Emmy, você ganhou na loteria. Salvou nossa empresa e não precisa mais trabalhar! — Bayrec parecia ter perdido a cabeça ao seu ver, mas logo a jovem ligou os pontos, ficando chateada no mesmo instante.— Então tudo isso é só para me dizer que estou sendo demitida? — para ela era inacreditável, até mesmo a cara do seu chefe, que permanecia sem remorso. — Eu me esforcei muito hoje em um papel que eu nem tinha ideia de como fazer, e com um cara que nem ator era, para ser demitida?? — Emmy pergunta, exaltadaBayrec levanta as mãos em sinal de rendição com um sorriso no rosto, um sorriso um tanto cafajeste para um cara de quarenta anos. Aquilo apenas alimentou a raiva da atriz. — Você não precisa mais trabalhar, porque está rica. – não vendo nada mudar nas feições de Emmy, ele continua. — Deixa eu lhe explicar. Você não precisa mais disso aqui! — suas mãos agora apontaram para todos os lados, parando no camarim por um breve segundo e
— Pergunte o que quiser! — disse Silas ao seu lado, ofegante chamando a atenção da mulher logo à sua frente. Notou que ela carregava as roupas que provavelmente tinha vestido para ir até ali, então se abaixou pegando uma sacola perto de seus pés, a entregando.— Ponha suas roupas aqui! — ele pediu, a vendo analisar o lado de fora da sacola com uma marca bem cara estampada no centro da mesma.Sem ao menos reclamar, ela o fez, sem notar que tinham mais coisas ali dentro. — Primeiramente... — ela começou assim que voltou a sua postura de durona recatada.Silas a olhou nos olhos dando toda atenção que ela jamais imaginou que um dia receberia daquele homem. Emmy havia imaginado que assim que ela abrisse a boca para fazer suas diversas perguntas, ele não lhe daria o mínimo de atenção, e com isso ela poderia insultá-lo ao máximo, entretanto, ele a surpreendeu.Emmy fez um pequeno barulho com a garganta no momento em que desviou os olhos para frente, naquele instante ela pode jurar que o o
— Eu não ligo! — Emmy fingiu não se importar, continuando onde havia parado. As pontas de seus dedos foram de encontro com o anel, estava preste a desliza-lo para fora de seu anelar, quando ouviu novamente a voz de Silas. — Eu deixarei de ser sócio de Bayrec, e todos eles perderão o emprego. A empresa vai à ruína. — Silas estava sério.Não estava feliz com aquilo, mas não queria casar com alguém que sua mãe escolhesse para ele, como nos séculos passados, por mais que achasse que seu método não fosse agradável, que não houvesse alguém como ela para o fazer perder uma aposta, considerava agora a melhor opção.Emmy levantou a cabeça para encontrar seus olhos. Ele não estava mentindo ou mesmo blefando, afinal, ele poderia fazer aquilo, tinha todo poder que precisava. Sua mão se afastou daquela em que o anel decorava seu dedo no momento seguinte, ele havia seguido o gesto, se entreolharam por alguns minutos, ambos permaneceram em silêncio enquanto pareciam vasculhar a alma um do outro
Deveria aproveitar para relaxar por completo, mas não teria a audácia de abusar do espaço e nem das coisas que não eram suas, olhando em volta encontrou uma toalha pendurada ao lado de um grande espelho onde estava a pia de mármore bem extensa, apenas pensou em tomar uma breve ducha antes de ir embora e acabar com aquele encanto luxuoso.Depois de ter aparecido em um hotel cinco estrelas ou mais, ao lado de um príncipe, vestida de princesa, Emmy sabia que jamais retornaria a sua pacata realidade, teria de se habituar a nova vida que estava prestes a conhecer junto a Silas.Depois de tomar um banho relaxante, decidiu ser rápida em sua visita, ou pelo menos era o que ela desejava que fosse, apenas uma visita.Emmy vestiu as mesmas roupas que havia vestido antes do traje da peça, calçou as botas e penteou os cabelos com os dedos. Deixou tudo que acompanhava o traje de Cinderela em cima da cama, pegando apenas sua pequena bolsa de colo, se dirigiu ao closet, pois não havia espelho naquel
O momento o impedia de pensar em outra coisa a não ser na belíssima mulher em cima dele o passando calor, se continuasse daquela forma ele sentia que iria irradiar a qualquer momento. Com este pensamento Silas engoliu em seco.Parecendo se recompor com o ato quase imperceptível de Silas de apertar um pouco os dedos nas suas costas, ela afastou seu rosto rapidamente, ficando totalmente vermelha. Sua máscara tinha sido quebrada e agora ela não poderia mais colocá-la para esconder seu eu de verdade, pois aquele pequeno acidente jamais poderia ser apagado da sua mente, nem de sua vida, além do mais, era o seu primeiro beijo roubado, ao tempo que ela também tivera roubado de outro alguém, alguém que seria importante na sua vida, seu noivo, futuro marido.Emmy trouxe os braços rapidamente, outro ato impensado. Suas mãos deslizaram pelo couro do sofá fazendo com que ela voltasse a encontrar seu rosto, como Silas não havia se movido o acontecimento foi o mesmo, no entanto, desta vez fora ape
Eram oito e trinta, Emmy aumentou os olhos, surpresa por ter dormido muito, há esta hora já devia estar em seu apartamento fazendo qualquer coisa, ou mesmo procurando um novo emprego. Com isso ela pôs os pés para fora da cama, penteou os cabelos com os dedos e olhou sua aparência através da tela do celular. Seu rosto não estava amassado, ou coisa parecida, ela esperaria para lavar seu rosto em casa, queria sair dali o mais rápido possível, então pegou sua bolsa de colo pondo o celular ali, a fechando em seguida. Caminhou até a porta abrindo rapidamente. Assim que a porta foi aberta, ela deu de cara com Silas, que estava de cabeça baixa tentando ajustar seu terno ao corpo. Seus cabelos estavam bagunçados o deixando com uma aparência mais relaxada, sua camisa social tinha alguns botões abertos, os quais revelavam um pouco do seu peitoral definido. A gravata que antes estava perfeitamente posta um pouco abaixo da gola da camisa, agora não existia. Sentindo seu olhar ele levantou a cabeç
Silas soltou uma risada anasalada antes de pôr seu suco. Emmy optou por suco de maracujá com bolo de leite, talvez assim ela se sentisse calma perto daquele homem influente em todos os sentidos. Para dificultar sua partida rápida, o bolo derretia em sua boca a fazendo querer mais. — Se está tão bom assim, então devo provar. — disse Silas, que não deixou de observá-la.Emmy semicerrou os olhos automaticamente pedindo posse do bolo, fazendo ele sorrir genuíno. Sem se preocupar levantou o braço tirando um pedaço com uma colher, levando a sua boca no segundo momento.Emmy desviou os olhos para se concentrar em qualquer coisa que não fosse ele, mas o mesmo não valia para Silas, cada movimento dela era observado, a colher deslizando para fora de seus lábios carnudos e macios de forma lenta enquanto ela fechava os olhos para apreciar o gosto, seu rosto demonstrando satisfação com o ato, o pedaço derretendo em sua boca.Silas apertou o copo de suco tentando não pensar em nada, apesar de não