— Pergunte o que quiser! — disse Silas ao seu lado, ofegante chamando a atenção da mulher logo à sua frente.
Notou que ela carregava as roupas que provavelmente tinha vestido para ir até ali, então se abaixou pegando uma sacola perto de seus pés, a entregando.— Ponha suas roupas aqui! — ele pediu, a vendo analisar o lado de fora da sacola com uma marca bem cara estampada no centro da mesma.Sem ao menos reclamar, ela o fez, sem notar que tinham mais coisas ali dentro. — Primeiramente... — ela começou assim que voltou a sua postura de durona recatada.Silas a olhou nos olhos dando toda atenção que ela jamais imaginou que um dia receberia daquele homem. Emmy havia imaginado que assim que ela abrisse a boca para fazer suas diversas perguntas, ele não lhe daria o mínimo de atenção, e com isso ela poderia insultá-lo ao máximo, entretanto, ele a surpreendeu.Emmy fez um pequeno barulho com a garganta no momento em que desviou os olhos para frente, naquele instante ela pode jurar que o ouviu sorrir de sua timidez desconhecida. Frustrada, ela mordeu o canto direito do lábio inferior tentando se recompor, jamais fora tímida com nenhum homem, o que afinal estava acontecendo agora? Ela tinha medo de olhá-lo nos olhos?— O senhor por acaso é ator? — perguntou, ainda sem olhá-lo.Silas soltou uma risada anasalada, desviando o olhar pela primeira vez para o mesmo ponto em que ela olhava, mas não respondeu. — Não disse que me daria respostas?! — Emmy exigiu, ainda com sua atenção em qualquer coisa que não fosse ele. — Talvez! Se a senhorita me considerasse enquanto pergunta! — disse Silas, a fitando novamente.— Tenho que saber para onde está me levando, caso não se lembre, não fui informada! — Emmy diz, de modo firme. Não era de tudo, uma mentira. — Mal saímos do lugar. Não precisa ter medo de mim, eu não mordo! — Silas responde, com divertimento.Emmy suspira baixinho apertando os dedos dos lados do vestido, como se pedisse coragem em seu íntimo, ela jamais havia se comportado assim na presença de uma única pessoa. Finalmente ela encarou o belo homem ao seu lado.— Devo me desculpar — começou Silas, abrindo um sorriso de canto que intencionalmente chamou atenção de Emmy para seus lábios. “O que está acontecendo comigo?” Emmy se perguntou voltando a olhá-lo nos olhos depois de engolir em seco, quando ele alargou seu sorriso por notar o que acontecia, o homem era muito observador. — Acho que não falei a verdade há alguns instantes. — Silas confessou, vendo Emmy franzir o cenho o avaliando com curiosidade. Ele sorriu internamente pensando em como sua raiva havia passado rápido. — Eu mordo sim. Se você pedir, é claro! — Silas terminou. Não era seu feitio agir assim, flertar com ninguém, mas era divertido sair da rotina, ainda mais com aquela bela mulher.Emmy abriu a boca enquanto soltou uma risada anasalada, seu cenho franziu rapidamente assim como se desfez. Ele estava brincando com ela. — Como fui tola, isso aqui não vai me levar a nada! — disse Emmy, apontando para ambos.Silas observou em silêncio o retorno de sua raiva, enquanto ela pedia para o motorista estacionar.Antes mesmo que o motorista fizesse alguma coisa, Silas respondeu: — Não é necessário, Luke, apenas continue! — deu a ordem. A velocidade do carro subiu novamente. — Vai me sequestrar agora? — Emmy perguntou, irônica. Seus olhos azuis cintilavam. — Não há necessidade de sequestrar minha própria noiva. — Silas ressaltou a última palavra. — Acho que ver muitas pessoas em um só lugar não te fez bem. Espera! Talvez o senhor tenha escotofobia, medo de ser olhado ou encarado por outras pessoas, é isso? — Emmy se fingiu pensativa.Era claro que aquele homem não tinha nada daquilo, pois é uma condição mais comum em pessoas com transtornos de ansiedade social. — Fala alguém que a pouco nem sabia como se comportar na presença de apenas um homem. — rebateu Silas.Emmy semicerrou os olhos em sua direção fechando a cara como se o ameaçasse. — Diga logo o que o senhor quer! — sua paciência já estava chegando ao limite. — Bem... eu iria apenas responder suas perguntas, mas, se quer colocar meus desejos acima dos seus, eu não me oponho. — Silas respondeu, com um ar de divertimento. — Por acaso o senhor, tem algo a ver com o fato da minha demissão? — Emmy perguntou rapidamente, por receio de descobrir qual seria os desejos do homem ao qual ela nem sabia direito como se comportar na sua presença. — Vejo que recobrou os sentidos — zombou Silas, por alguns segundos. — Não! Eu não tenho nada a ver com a sua demissão. Em segundo, apenas me chame de Silas! — ele concluiu. — Como saber se isso é verdade? Afinal, a poucos dias a empresa estava em suas mãos. Certo?! — Emmy o confrontou, sem tirar os olhos dele. Aquela defrontação só fazia com que o interesse dele aumentasse. — Correto! Mas hoje, por sua causa, sou apenas um sócio. — respondeu ele. — Como alguém pode perder a posse de uma empresa que acabou de comprar, por uma aposta?! — Emmy quis ridicularizar o fatídico acontecimento. — Alguém que tinha certeza que ninguém chegaria aos pés da Cinderela perfeita?! — Silas confessou, baixando os olhos para seus lábios carnudos tão perto dele.Emmy quase esqueceu por alguns segundos o que importava no momento. — E o que ganhou com isso? Porque eu vejo apenas perdas. — ela foi sincera. — Uma noiva a altura! — respondeu, a observando minuciosamente. — Quem disse que sou sua noiva? — Emmy cruzou os braços na frente do busto. Não queria demonstrar que seu coração estava inquieto com aquele assunto. — A aliança no seu dedo prova que estou certo! — Silas olhou para sua mão esquerda escondida embaixo do outro braço.Emmy seguiu seu olhar, desfez a pose pondo sua mão esquerda à frente dos olhos por instinto, surpreendendo-se em seguida com o anel em seu dedo. Como ela havia esquecido aquilo? — Não se incomode, eu o devolvo! — Emmy disse, baixando a mão esquerda e levando sua outra de encontro do anel, para tirá-lo. — Se fizer isso, irá jogar fora a chance de seus colegas de triunfarem algum dia! — disse ele, assistindo a atriz parar o que nem havia começado a fazer.— Eu não ligo! — Emmy fingiu não se importar, continuando onde havia parado. As pontas de seus dedos foram de encontro com o anel, estava preste a desliza-lo para fora de seu anelar, quando ouviu novamente a voz de Silas. — Eu deixarei de ser sócio de Bayrec, e todos eles perderão o emprego. A empresa vai à ruína. — Silas estava sério.Não estava feliz com aquilo, mas não queria casar com alguém que sua mãe escolhesse para ele, como nos séculos passados, por mais que achasse que seu método não fosse agradável, que não houvesse alguém como ela para o fazer perder uma aposta, considerava agora a melhor opção.Emmy levantou a cabeça para encontrar seus olhos. Ele não estava mentindo ou mesmo blefando, afinal, ele poderia fazer aquilo, tinha todo poder que precisava. Sua mão se afastou daquela em que o anel decorava seu dedo no momento seguinte, ele havia seguido o gesto, se entreolharam por alguns minutos, ambos permaneceram em silêncio enquanto pareciam vasculhar a alma um do outro
Deveria aproveitar para relaxar por completo, mas não teria a audácia de abusar do espaço e nem das coisas que não eram suas, olhando em volta encontrou uma toalha pendurada ao lado de um grande espelho onde estava a pia de mármore bem extensa, apenas pensou em tomar uma breve ducha antes de ir embora e acabar com aquele encanto luxuoso.Depois de ter aparecido em um hotel cinco estrelas ou mais, ao lado de um príncipe, vestida de princesa, Emmy sabia que jamais retornaria a sua pacata realidade, teria de se habituar a nova vida que estava prestes a conhecer junto a Silas.Depois de tomar um banho relaxante, decidiu ser rápida em sua visita, ou pelo menos era o que ela desejava que fosse, apenas uma visita.Emmy vestiu as mesmas roupas que havia vestido antes do traje da peça, calçou as botas e penteou os cabelos com os dedos. Deixou tudo que acompanhava o traje de Cinderela em cima da cama, pegando apenas sua pequena bolsa de colo, se dirigiu ao closet, pois não havia espelho naquel
O momento o impedia de pensar em outra coisa a não ser na belíssima mulher em cima dele o passando calor, se continuasse daquela forma ele sentia que iria irradiar a qualquer momento. Com este pensamento Silas engoliu em seco.Parecendo se recompor com o ato quase imperceptível de Silas de apertar um pouco os dedos nas suas costas, ela afastou seu rosto rapidamente, ficando totalmente vermelha. Sua máscara tinha sido quebrada e agora ela não poderia mais colocá-la para esconder seu eu de verdade, pois aquele pequeno acidente jamais poderia ser apagado da sua mente, nem de sua vida, além do mais, era o seu primeiro beijo roubado, ao tempo que ela também tivera roubado de outro alguém, alguém que seria importante na sua vida, seu noivo, futuro marido.Emmy trouxe os braços rapidamente, outro ato impensado. Suas mãos deslizaram pelo couro do sofá fazendo com que ela voltasse a encontrar seu rosto, como Silas não havia se movido o acontecimento foi o mesmo, no entanto, desta vez fora ape
Eram oito e trinta, Emmy aumentou os olhos, surpresa por ter dormido muito, há esta hora já devia estar em seu apartamento fazendo qualquer coisa, ou mesmo procurando um novo emprego. Com isso ela pôs os pés para fora da cama, penteou os cabelos com os dedos e olhou sua aparência através da tela do celular. Seu rosto não estava amassado, ou coisa parecida, ela esperaria para lavar seu rosto em casa, queria sair dali o mais rápido possível, então pegou sua bolsa de colo pondo o celular ali, a fechando em seguida. Caminhou até a porta abrindo rapidamente. Assim que a porta foi aberta, ela deu de cara com Silas, que estava de cabeça baixa tentando ajustar seu terno ao corpo. Seus cabelos estavam bagunçados o deixando com uma aparência mais relaxada, sua camisa social tinha alguns botões abertos, os quais revelavam um pouco do seu peitoral definido. A gravata que antes estava perfeitamente posta um pouco abaixo da gola da camisa, agora não existia. Sentindo seu olhar ele levantou a cabeç
Silas soltou uma risada anasalada antes de pôr seu suco. Emmy optou por suco de maracujá com bolo de leite, talvez assim ela se sentisse calma perto daquele homem influente em todos os sentidos. Para dificultar sua partida rápida, o bolo derretia em sua boca a fazendo querer mais. — Se está tão bom assim, então devo provar. — disse Silas, que não deixou de observá-la.Emmy semicerrou os olhos automaticamente pedindo posse do bolo, fazendo ele sorrir genuíno. Sem se preocupar levantou o braço tirando um pedaço com uma colher, levando a sua boca no segundo momento.Emmy desviou os olhos para se concentrar em qualquer coisa que não fosse ele, mas o mesmo não valia para Silas, cada movimento dela era observado, a colher deslizando para fora de seus lábios carnudos e macios de forma lenta enquanto ela fechava os olhos para apreciar o gosto, seu rosto demonstrando satisfação com o ato, o pedaço derretendo em sua boca.Silas apertou o copo de suco tentando não pensar em nada, apesar de não
— Não. Eu não te entendo. Por que acha que eu ia entender que ele é bonito? Rico eu entendo, mais a outra parte... nem mesmo noivo eu entendo, eu não sou gay Emmy! — falou Jefer sério — Eu sei, eu sei. — suspirou, olhando para os lados para constatar que ninguém os escutava.— Eu tive que passar a noite na cobertura com ele. — confessa, vendo Jefer se alertar. — Não é assim. Ele meio que me enganou. — ela tenta amenizar. — Te convidou para cobertura e te enganou? Como assim? Você não entrou sabendo que estava entrando?! — Jefer ironizou descrente. — Você dificulta minha vida, amigo! — falou séria, tentando contornar a situação que estava causando.— Ele me disse que era apenas para conversarmos depois que eu trocasse de roupa, relaxasse, entende? — Emmy quase implorou no olhar. — E por que você não pediu para ele te levar para casa, relaxava lá e conversava?! — Jefer comentou. — Porque eu não queria que ele soubesse onde moro, eu nem o conheci ainda! — Emmy respondeu de imediato
— Eu sei que está chateada com tudo isso. Mas estaremos aí para conversar se quiser. — tentou confortá-la. — Ah, que horas vocês chegam? — perguntou interessada. — Já estamos de saída. Como sabe, sua mãe acha que pode levar a casa. — gargalhou ele, a relembrando o quanto ela sentia falta de ouvir sua risada. — Isso é ótimo, estarei esperando! — Emmy sentiu-se verdadeiramente feliz.A conversa foi curta, mas a saudade só dobrou de tamanho por saber que em poucos minutos eles estariam a caminho. Emmy desligou a chamada se sentindo boba, havia até esquecido que estava no trem. Guardou o celular no bolso do casaco jeans antes de perceber que estava sendo observado. O cara sentado à sua frente, agora a analisava com curiosidade e interesse.Emmy não pôde se importar, pois notou pela janela do trem que quase perdeu sua parada. Correu para a porta mais próxima assim que o trem parou, devia se apressar agora. O que antes era uma viagem para entrega dos currículos agora era apenas para co
— Não fique tão surpreso. — pediu Adelaide. — Não somos tão exigentes — completou André, o dando um abraço de lado a qual ele quase não retribuiu por ainda sentir-se deslocado.Adelaide quis acompanhar a filha até a cozinha para guardar algumas coisas que haviam trazido. Silas e André ficaram na sala conversando. — Vejo que está bem vestido. Está vindo de alguma reunião importante ou evento? — André perguntou inocente.Silas entendeu todos os significados daquelas palavras, o sentimento de estar deslocado não o abandonou, pois sempre usava aquelas roupas no seu dia a dia, sempre estava resolvendo algo importante. Também se sentiu um pouco envergonhado, o que o surpreendeu, ele não se sentia envergonhado desde a infância quando a Rainha Laís, sua mãe, o pegava aprontando. Isso tudo somente por alguém achar que ele estava dormindo na casa de Emmy? Silas limpou a garganta para disfarçar antes de responder. — Não. Costumo me vestir assim, estou sempre resolvendo coisas importantes.