Antes...Os corredores estavam vazios, Emmy escutava o barulho de seu salto em todo lugar enquanto se dirigia a sala de seu marido, em plena dez horas da noite. Ele estava demorando mais do que o normal, então ela decidiu buscá-lo e fazer uma surpresa.Assim que chegou a porta, pôde ouvir vozes lá dentro, era a voz de Silas e uma mulher, cuja Emmy não reconhecia a voz. Franzindo o cenho, ela sentiu um pouco de amargura, quem estaria com o príncipe até aquela hora?— Acho que ela não vai gostar de saber que seu marido estar, até essa hora fora de casa, não acha? — perguntou a desconhecida. O som do sorriso dele foi divertido, enquanto o barulho de saltos soou para perto dele. — Ela sabe que tenho muitas coisas para resolver, além disso, a gente ainda não terminou aquela estória. — falou ele. Ela gargalhou, um som bonito antes de respondê-lo. — Ah! Silas. Não me ponha a prova. Emmy estava sendo corroída pelo ciúme, de que estória eles falavam, e por que apenas os dois estavam ali a
Naquela noite os raios brilhosos na tempestade brilhavam lá fora, silenciosos e assustadores pela intensidade que iluminavam os céus. Seus intensos piscar por entre as cortinas brancas e portas da varanda fizeram Emmy acordar durante a madrugada, ela se sentou devagar, notando o quão rápido eram os brilhos dos raios lá fora, que se repetiam periodicamente. Virou o rosto para o lado podendo agora observar Silas dormindo profundamente, dormia com o rosto meio virado para o lado direito, contrário a ela, com suas costas sobre o colchão macio.Emmy sentiu carinho pela imagem dos seus fios negros e lisos sobre a testa, eles estavam maiores que uma franja, mas aquilo só o deixava mais belo. Sentiu vontade de alisar seu rosto, ainda levantou a mão direita, com os dedos comichando, ela os apertou antes de tocá-lo, trazendo sua mão de volta para si. Decidiu deixá-lo dormir. Retirou o lençol branco, macio e frio de seu corpo que cobria apenas o quadril do marido.Pôs os pés para fora da cama, c
Suas botas de segunda faziam barulho, enquanto ela corria. A cada curva em um novo corredor da empresa o barulho fino e alto das solas dos calçados era ouvido. Ela estava atrasada para a peça primordial, aquela que a levaria ao seu tão sonhado sucesso, caso não a fizesse, estaria fadada ao fracasso para todo o sempre, era assim que se sentia diante da situação, pois havia sido avisada que aquela seria a última peça do ano, aquela onde haveria a seleção final.Ser atriz era o sonho de Emmy desde a infância. Durante anos estudou tudo que podia para ser boa nos palcos e por trás das câmeras, por isso ela não mediria esforços para continuar com a carreira, por hora era atriz de teatro. Quase deslizando pelos corredores de forma nada elegante com suas botas, Emmy correu ao camarim torcendo para ainda ter tempo para vestir o figurino que havia sobrado, como estava atrasada não tinha mais direito de escolha, era pegar o que estivesse disponível.Passou pela porta do camarim que compartilhav
A esta altura ela se sentia como um boneco vestido de soldado que um garotinho tanto quer para si, seus olhos brilhavam cada vez mais e pareciam faróis.— Mas senhor Bayrec, sou a fera que acabou de sair do palco! — disse o jovem alto, com corpo esbelto, parecendo moldado, cabelos loiros até os ombros e olhos azuis, que realmente acabava de sair do palco com a sua Bela, também loira.Emmy apertou os olhos na direção da loira. Estava chateada. — Você que era para ser a Cinderela, não era? — Emmy perguntou para a garota à sua frente, que sorriu pequeno. — Você chegou tarde, Emmy! — Louis respondeu sincera, seu sorriso se tornou maior, parecia que ela fugia de algo com aquela troca repentina de papéis, não que Emmy quisesse ser o par do orgulhoso loiro. Era apenas por notar que as cinderelas sempre tinham cabelos loiros nas peças e as belas tinham castanhos, como os de Emmy.O casal combinava perfeitamente, eram dois loiros bonitos de olhos azuis que ainda por cima ficavam a maioria do
O tal príncipe não vestido de príncipe, e sim como um homem de poder, cheio de negócios lucrativos, ofereceu a mão para Emmy segurar como sinal de cavalheirismo enquanto fazia seu papel. Emmy lhe entregou sua mão esquerda enluvada, era uma ação normal em cima dos palcos, com seus colegas, mas com ele, era inédito, isso poderia explicar porque ela se sentiu nervosa com algo corriqueiro. Reprimindo seus sentimentos como as boas atrizes que considerava dignas de admiração, ela se manteve plena por fora, por mais que estivesse sentindo coisas estranhas. Ele segurou quase nas pontas de seus dedos, se curvou um pouco e beijou por cima de sua luva; no dorso da sua mão. Ela viu seus lábios aparentemente macios pousarem ali, pressionando levemente, por mais que fosse por cima da luva, ela quase podia sentir o calor que aquele pequeno contato teria se não houvesse nenhum impedimento. Emmy fez uma saudação um pouco diferente, segurou com a mão livre um pouco do comprimento do vestido, baixou u
Ela tinha sobrancelhas grossas e bem comportadas acima dos olhos azuis-escuros. Tinha ainda, nariz arrebitado, lábios carnudos, seu rosto era perfeito, queixo pequeno, pele perfeita, seu colo já indicava que seu corpo também era na medida certa. Talvez ele não tenha feito um negócio ruim. A mulher jovem aprendia rápido, parecia inteligente, além de carregar beleza em seu ser e voz. Emmy fingiu não se distrair com o homem lindo com quem ela dançava. Ela não poderia perder o emprego dos sonhos por se distrair com a beleza de alguém que ela nem se quer veria mais depois da peça. Emmy encorajou-se a desfazer o sentimento de ansiedade, espantou o frio na barriga, fingiu não sentir tudo, mas demonstra suavidade sem deixar de prestar atenção ao seu redor, não podia esquecer estar trabalhando, sendo observada e avaliada.Recordou-se como parte do papel, ele deveria falar algo em poucos minutos e ela só teria de responder da melhor forma possível. Somente esperava que o desconhecido soubesse
Silas fez como príncipe, pegou o sapatinho olhando para todos os lados e constatou que ela não estava mais ali, mesmo a vendo escondida junto com os outros atrás da cortina. Seguiu todos os passos do príncipe nos filmes, procurou pela Cinderela em todos os lugares.Era tão confiante que não achou ridículo fazer aquilo, via como um dever, para compensar o que estava prestes a fazer. — O público está amando a sua escolha, senhor Bayrec. — comentou Louis admirando Silas no palco. Enquanto Emmy tirava as luvas e entregava para assistente de palco, calçava outro sapato, agora de couro, apenas no pé que faltava, para facilitar.Louis não podia negar, o homem era lindo e talentoso. — Eu sei! — respondeu Carlos satisfeito.— Volte pro palco Cinderela! — Carlos quase empurrou Emmy, assim que o piso do palco se ajustou, ficando completamente plano. “O que deu nele? Pra quê tanta empolgação?” Emmy se perguntou, enquanto reapareceu no palco.Silas quis a medi por inteira, mas se conteve, não
— Como fiz isso? — pergunta, curiosa e intrigada. — Emmy, você ganhou na loteria. Salvou nossa empresa e não precisa mais trabalhar! — Bayrec parecia ter perdido a cabeça ao seu ver, mas logo a jovem ligou os pontos, ficando chateada no mesmo instante.— Então tudo isso é só para me dizer que estou sendo demitida? — para ela era inacreditável, até mesmo a cara do seu chefe, que permanecia sem remorso. — Eu me esforcei muito hoje em um papel que eu nem tinha ideia de como fazer, e com um cara que nem ator era, para ser demitida?? — Emmy pergunta, exaltadaBayrec levanta as mãos em sinal de rendição com um sorriso no rosto, um sorriso um tanto cafajeste para um cara de quarenta anos. Aquilo apenas alimentou a raiva da atriz. — Você não precisa mais trabalhar, porque está rica. – não vendo nada mudar nas feições de Emmy, ele continua. — Deixa eu lhe explicar. Você não precisa mais disso aqui! — suas mãos agora apontaram para todos os lados, parando no camarim por um breve segundo e