Uma aproximação repentina faria bem para uma garota triste? Um amor à primeira vista faria bem ao seu coração partido? Sophia havia se decepcionado muitas vezes com diversos amores, mas não imaginava que poderia senti-lo de novo. OBS: esta obra trata de assuntos delicados como bullying, depressão, automutilação, suicídio, entre outros assuntos. Em momento algum busco romantizar e/ou incentivar tais atos. A obra não é nada mais que um romance trágico e baseado em fatos reais.
Ler mais(Sophia)—Meu pai revisou o contrato minunciosamente e disse que não tem problema assinarmos. – Scoth falou deixando sua pasta sobre a mesa de centro e se sentou ao lado da namorada —Mas vocês conhecem o senhor Carter e sabem que não foi só isso que ele disse.—E ele sabe qual é nossa resposta sobre o tomem muito cuidado com qualquer coisa que for adicionada. – Jack causou uma risada de quase todos ao tentar imitar o sogro, a exceção foi a minha seriedade que não demorou a ser notada —Que cara é essa? Tá parecendo uma uva passa agora.—Nossa, você é tão engraçado. Por que não tenta vaga de palhaço? – falei com indiferença e todos me olharam em um misto de confusão e surpresa —Foi mal.—O que houve? Você ficou esquisita desde que decidiu falar com o Michael. – Scoth tinha o cenho franzido e as feições levemente sérias, apenas dei um suspiro pesado desviando a atenção dele —Diga de uma vez.—Michael é o marido da Cordelia.—O quê? – a surpresa e o espanto foram coletivos.—Pois é. – me
(Sophia)Quando Emma me deixou em casa era por voltas das oito horas da noite e acenei enquanto ela ia embora.Aquele tempo com ela havia sido agradável e divertido, mas meu coração batia rápido todos vez que nossos olhares se encontravam e para minha infelicidade o motivo era outro par de olhos castanhos.Respirei fundo sentindo a culpa me atingir e, por mais louco que pudesse ser, fui até a casa ao lado. Precisava falar com Charlie, precisava dele ao meu lado e sabia o que tudo aquilo significava.Toquei a campainha esperando ansiosa que fosse ele a atender e para minha surpresa foi exatamente o que aconteceu.—Oi. – falei baixa e nervosamente.—Oi. – ele não parecia diferente e o modo como mexeu no cabelo provava isso.—Você pode dar uma volta comigo pra gente conversar, ou está ocupado? – a surpresa ficou estampada em suas feições, mesmo dando um sorriso pequeno.—Claro, posso sim. Só vou me trocar e avisar meus amigos. – sorri de lado vendo o rosto do garoto corar.—Certo, dez mi
(Sophia)Finalmente o grande dia havia chegado e eu estava nervosa à espera de meus amigos, já tinha até perdido a conta de quantos cigarros havia fumado naquele meio tempo.Notei Charlie passar pela porta e ficou alguns instantes apenas me observando, resolvi ignorar sua presença como vinha fazendo durante todo esse tempo. Ainda lembrava bem das palavras dele.—Sophia. – ele estava próximo e engoli em seco sentindo o nervosismo me tomar —A gente pode conversar?Respirei fundo pensando no que seria melhor naquele momento, continuar o ignorando ou me render a uma conversa, mas quando estava prestes a me virar para o garoto Scoth parou com o carro a nossa frente e a ponta abriu no segundo seguinte.—Vamos embora. – o maior falou do banco do motorista, mas o olhar furioso estava em Charlie.Sim, ele sabia o que tinha acontecido. Era meu melhor amigo em meio ao nosso grupo e sabia tudo que acontecia comigo, Scoth e eu éramos como irmãos gêmeos.Entrei no veículo dando uma última olhada pa
(Charlie)Eu lia em voz alta cada palavra daquela porcaria de livro tentando fazer com que meu cérebro se lembrasse delas mais tarde, a professora de literatura cobraria aquilo, mas todos os meus esforços pareciam inúteis.Então a voz de Sophia chamou minha atenção. A garota estava sentada ao meu lado olhando os próprios pés enquanto recitava com facilidade o trecho que eu tentava decorar.—Tem como você ser um pouquinho menos nerd? – a garota riu baixo comigo.—Perdi a conta de quantas vezes já li esse livro. – maneei a cabeça guardando o livro na mochila e voltei a olhar a menina.Parecia estar com o pensamento distante, a expressão deixava claro isso, mas só fiquei preocupado quando notei seu cenho franzir e os olhos ganharem um brilho diferente do habitual. Seguindo seu olhar notei o alvo de tal mudança.Andrew Baker estava encostado ao muro do colégio trocando o mesmo olhar com Sophia. Cheguei a pensar que a qualquer momento eles poderiam se matar apenas com aquilo.A garota entã
(Sophia)Meus braços ardiam enquanto o sangue descia junto com a água do banho, minha cabeça doía de tanto ter chorado.Depois do ocorrido com Charlie fui ao velho parque para tentar organizar meus pensamentos, mas minha solidão não durou muito e Andrew apareceu com meus amigos em seu encalço. Todos se juntaram para discutir e gritar, tanto comigo quanto com o garoto, e não aguentando aquela situação apenas me levantei pegando a mochila. Scoth gritava meu nome enquanto eu caminhava para casa.Não tinha pressa e qualquer um poderia até dizer que estava me arrastando.Passei o resto do dia trancada no quarto com o mínimo de iluminação e as músicas sempre baixas, tudo apenas contribuía para que meu estado piorasse.E piorou.Quando dei por mim estava em meio a um surto de choro que me levou a mais um dia de feridas abertas, de todos os tipos.Pela manhã ainda me sentia péssima, mas levantei arrumando tudo e fiz meus curativos antes de seguir para a escola. Ao chegar avistei Andrew logo n
(Charlie)Dormir bem à noite foi quase impossível com o que havia acontecido, mas o que tornou tudo pior foi Sophia ter me visto com Gabrielle.De manhã senti tanta raiva quanto na noite anterior ao ver a garota de madeixas roxas ao lado do ex-namorado, meu sangue ferveu ao ver Sophia e Andrew aos risos enquanto fumavam. Muita coisa começou a rodar minha cabeça, mas preferi não fazer nada e segui para a sala mesmo sem ela. Pouco depois a garota entrou se sentando ao meu lado.—Arrumou um amigo novo? – perguntei ganhando a atenção de Sophia.—Desde quando você se preocupa com as amizades que eu faço? – seu cenho franziu e as feições ganharam seriedade.—A questão não é essa, só é estranho você o tratar tão mal em um dia e no outro agir como se fosse seu melhor amigo.—Conhece o significado de desculpa? – a olhei confuso e a garota deu de ombros —Andrew se mostrou arrependido e eu só o desculpei. Não me sinto mal com isso.—Claro, e já começa agir como se nada tivesse acontecido? – ante
(Sophia)Assim que as aulas acabaram cada um seguiu caminho para sua casa enquanto Scoth e eu fomos direto para o trabalho.Passamos todo o expediente atendendo entre uma música e outra que cantávamos, o que agradava muito ao chefe por chamar atenção dos clientes e animar todo o local.—Vou conferir o estoque e você arruma as coisas por aqui, depois a gente vai embora. – o maior falou pegando a prancheta sobre o balcão.—Tudo bem. – e ele saiu, no mesmo instante comecei a arrumar a loja e o som do sininho da porta chamou minha atenção, mas ao me virar encontrei quem não queria —Só pode ser brincadeira.—Oi princesa. – sua voz ainda me causava arrepios, só que não mais como antes.—Já faz alguns anos que perdeu o direito de me chamar assim, não acha? – falei com seriedade o olhando da mesma forma, mas foi algo que ele não se importou.Na verdade, ele nunca se importou com nada.—Você é minha filha, Sophia, e a chamo da maneira que quiser. – soltei uma risada de suas palavras e as feiçõ
(Sophia)Depois de passar o resto da tarde e parte da noite na companhia de Charlie o garoto teve de ir embora, a sensação de solidão durou apenas até ele me ligar. Passamos horas ao telefone, tantas que ele adormeceu e não tive coragem de desligar, fiquei ali ouvindo sua respiração e sorrindo como uma boba.Na manhã seguinte minha rotina foi a mesma; me arrumar e ir a escola.E lá estava, sentada no banco em frente ao prédio fumando meu cigarro, distraída com algumas composições. Ouvi passos se aproximando, mas não me atrevi a olhar, poderia ser qualquer pessoa da banda, Charlie ou até mesmo alguém que eu não queria ver. E caso fosse ele não teria mais como fugir.—Bom dia. – finalmente me virei para ver quem era e me deparei com um homem de cabelos escuros em roupas sociais —Você é Sophia Mason, certo?—Quem quer saber? – o olhei com desconfiança e esperando que não estivesse encrencada.—Me chamo Michael, sou produtor e empresário no ramo musical. – o homem apenas sorriu enquanto e
(Sophia)Qualquer um que a olhasse naquele momento se perguntaria; como uma mulher como ela não ajudou os filhos quando eles mais precisaram? Por muito tempo ouvi as pessoas cochichando e se perguntando como ela pode nos abandonar daquela forma.Pois bem, essa é Cordelia Mason, agora muito mais cuidada que antes, os cabelos escuros estavam loiros e muito bem-vestida.—Que isso minha linda, pode me chamar de mãe. – a mulher tentou se aproximar, mas recuei no mesmo instante.—Sei disso, mas por que será que não chamo? – sorri de forma debochada a olhando —Será que é por que você passou anos maltratando seus filhos e depois decidiu os trocar para viver com um homem rico?—Não foi bem assim. – ri baixo de sua fala e desviei o olhar dela por alguns segundos.—Não? Engraçado dizer isso porque ainda sei como é o peso da sua mão e tenho algumas marcas dos cintos que usou. – cruzei os braços a encarando e a vi engolir em seco —Mas não foi pra isso que vim, quero saber o que quer com a gente. P