—Espero que dessa vez você aprenda, Sophia. – Carmen disse antes de abrir a porta.
—Duvido muito. –dei uma risada baixa e quando estava prestes a entrar a mulher me puxou de volta.
—Estou falando sério menina. Já é a quinta vez em menos de duas semanas que você vem parar na detenção. – seu olhar era sério —O que você quer da sua vida afinal?
—Você não vai querer saber. –puxei meu braço me livrando de seu toque e entrei na sala.
Tive a grande surpresa de encontrar o novato sentado em uma das carteiras da fileira do meio. Ele mal chegou na escola e já está na detenção? Depois eu sou o mal exemplo e a encrenqueira.
—É bom vê-la de novo, senhorita Mason. – o diretor falou com ironia tirando minha atenção do revoltado recém-chegado, apenas acenei para ele e me sentei na fileira atrás do garoto —Daqui a duas horas estarei de volta. Não se esqueçam que estarei de olho nas câmeras.
Assim que o velho saiu coloquei os pés sobre a mesa e peguei o celular junto dos fones, o volume estava no máximo e fiquei olhando para o nada lembrando da briga que me levou a mais um dia de castigo.
(Flashback on)
—Olá esquisita, sozinha como sempre, não é? – a risada esganiçada de Gabrielle fez meus tímpanos doerem.
—Qual é a tua gralha? Meu ouvido não é penico. – falei tampando meus ouvidos.
A garota ficou irritada com minha atitude, como sempre, chegando ainda mais perto e agarrou meus cabelos fazendo-me gritar de dor. Gabrielle começou a rir e aquilo era o que ela queria, me humilhar, uma vez que ninguém jamais conseguiu ou sequer pensou em fazer.
—Então, cadê a valentona do colégio que b**e em todo mundo? Não vai se defender? Por que não chama o papai e a mamãe pra te defender? Ah é mesmo, você não pode porque não tem pai e mãe.
Meu coração disparou ao mesmo tempo em que a raiva me consumia por dentro. Aquela garota havia passado dos limites.
Com um movimento de mão a joguei no chão e sem dar a chance para revidar me sentei em cima dela distribuindo socos, t***s e arranhões, tudo que ela fazia era tentar se defender e gritar por ajuda.
—Cadê a valentona que estava me humilhando até agora? – as palavras saíram em tom raivoso.
As pessoas a nossa volta gritavam por ajuda, alguns correndo de um lado a outro procurando alguém para nos separar, mas não se meteram. Não havia um aluno ali com coragem o suficiente para se meter em meio a uma briga que eu estava envolvida.
(Flashback off)
—Ei. Do cabelo roxo. – o novato me tirou dos devaneios quando puxou um dos meus fones e ficou me encarando —Acho que agora você consegue me ouvir.
—Qual é a tua? Quem é você pra fazer isso? – perguntei de forma rude o olhando com o cenho franzido.
—Charlie Mitchell, e você roxinha? – revirei os olhos desviando a atenção dele —Nossa, grossa você hein.
—Me erra garoto. – ditei guardando os aparelhos na mochila, mas pude ouvir o tal Charlie rir baixo e notei quando saiu de seu lugar para se sentar ao meu lado.
Ok, tenho a impressão de que estava ao lado de um possível idiota.
—Agora falando sério, qual seu nome? – sua fala era calma e me olhou com um pequeno sorriso de canto.
—Sophia.
Os olhos do garoto estavam atentos em mim e tinha que admitir que eram lindos olhos, o tom de castanho era intenso e me vi perdida em seu olhar.
O silêncio que se instalou acabou quando meu celular tocou indicando uma notificação e o peguei vendo uma mensagem de Jack.
Estamos saindo. Apareça na janela se quiser carona.
Peguei a mochila indo até a janela e dei uma risada baixa aos ver meus amigos com uma escada, joguei a mochila para eles e resolvi deixar um pequeno recado para o diretor no quadro negro.
Foi ai que me lembrei de Charlie, quando o mesmo deu risada do que eu havia escrito.
—Vai cumprir o castigo todo ou tá a fim de dar no pé?
Seus olhos percorreram a sala como se estivesse em dúvida do que fazer, mas não demorou a se levantar com a mochila nos ombros e me seguir escada abaixo.
—Pronta pra ir? – Jack perguntou me devolvendo a mochila.
—Claro, mas só preciso fazer uma coisa. – me afastei tirando de um dos bolsos um convite —Charlie.
—A roxinha resolveu falar comigo? – disse virando-se para mim, o sorriso estampado na cara.
—Não, vim falar com seu umbigo. – ele riu ainda me olhando e maneou a cabeça —Só queria te dar isso, espero que apareça.
Lhe entreguei o papel e sem esperar uma resposta ou reação voltei aos meus amigos, no caminho para o carro todos olhavam com desconfiança para mim.
—Arrumou um amigo novo? –Scoth perguntou sorrindo de lado.
—Já te mandei ir pro inferno hoje?
Todos deram uma risada entrando no carro logo partindo, eu apenas olhava o lado de fora com o pensamento longe. Por alguns instantes fiquei pensando no novato e em seus olhos cor de chocolate, a lembrança de seu sorriso me fazendo sorrir também.
(...)
Eu tinha em mente que chegar em casa e passar pela porta da frente me traria alguns problemas, principalmente por eu ter fugido da detenção, mas não havia o que ser feito e me esconder só iria piorar tudo.
E do jeito que eu imaginei aconteceu, vovó Mary estava de pé no meio da sala de braços cruzados e com as feições sérias.
—Você foi parar na detenção e fugiu dela de novo, não é? – sua voz tinha desapontamento e estava tão séria quanto suas feições.
—Oi pra você também, vozinha linda. – tentei ser o mais engraçada possível apenas para fugir daquele assunto, mas com dona Mary irritada era impossível tal feito.
—Não estou para brincadeira, Sophia. – aquilo poderia facilmente ser confundido com um grito, tanto que fiquei assustada —Seu avô e eu fazemos de tudo para você e seus irmãos e é assim que você retribui? Entrando em brigas sem motivo e fugindo da detenção?
Naquele momento não consegui dizer nada, estava sem saber o que fazer sobre sua reação de fúria repentina, mas a acusação de entrar em briga sem motivo foi demais pra mim. Apenas dei uma risada, baixa e forçada, respirando fundo.
—Sabe vó, eu tenho duas coisas pra dizer a senhora. – olhei em seus olhos sentindo os meus já marejados e ela percebeu isso com a proximidade que havia nos colocado —Primeiro que eu não pedi por nada disso, mas se engana a senhora se pensa que não sou grata porque sei que se não fosse por vocês dois, sabe-se lá onde estaríamos hoje. Só que se não quiserem mais ter esse trabalho, não tem problema, não vou forçar ninguém a me aturar.
O olhar dela mudou da seriedade para a surpresa.
—E segundo, mas não menos importante, se aconteceu alguma coisa errada tenha em mente que a culpa não é minha. Não desconte em mim seja lá o que tenha acontecido, do mesmo jeito que eu não desconto em nenhum de vocês o que acontece comigo lá fora.
Arrumei a mochila no ombro e fui para meu quarto, no corredor estavam meus irmãos, cada um na porta de seu devido quarto. Peter parecia preocupado com algo, e Mandy tinha os olhos cheios de lágrimas.
Vê-los daquele jeito acabava comigo.
Suspirei pesadamente e me tranquei no cômodo, joguei a mochila sobre a cama e sem conseguir mais acabei desabando em lágrimas.
Chorei pelo passado que tive. Chorei pela briga na escola. Chorei pelo sofrimento dos meus irmãos. Chorei por me sentir fraca.
Meu corpo já não aguentava mais, meu psicológico menos ainda. O que mais tinha que ser feito para me livrar das coisas ruins que aconteciam?
Respirei fundo passando as mãos pelo cabelo e rosto, me levantei concentrando em apenas me arrumar para ir ao trabalho, mas quando já estava pronta saí do quarto dando de cara com Peter.
—Que foi? – perguntei arrumando a bolsa no ombro.
—A gente precisa conversar. – o garoto parecia preocupado e aquilo me deixou curiosa.
—Sobre?
—Mamãe esteve aqui e veio atrás de você.
Engoli em seco sentindo a fúria já se espalhando pelo corpo, mas respirei fundo vendo a aflição misturada ao medo nos olhos do mais jovem.
—Se ela bater aqui de novo sabe o que fazer e principalmente para onde mandar ela ir. – Peter assentiu fazendo-me sorrir de lado enquanto colocava os óculos escuros —Agora vou indo. Cuide de tudo pra mim e não se preocupe com essas coisas.
O garoto me deu um breve abraço e logo sai de casa.
Uma coisa que eu não conseguia era ser dependente dos outros, por isso me desdobrava em dois empregos para sustentar não apenas a mim e meus vícios, mas também ajudar com algumas despesas da casa.
(...)
Fim do expediente, finalmente.
Depois de atender o último cliente ajudei Scoth a arrumar tudo e fechar a loja.
—Que tal uma bebida pra esquentar o sangue? – o garoto perguntou parando em frente minha casa.
—Obrigada, mas dessa vez vou recusar. Amanhã vou para o restaurante e preciso me manter sóbria. – rimos baixo e ele concordou.
Nos despedimos e dei um aceno rápido antes dele sair com o carro. Estava sozinha e com aquela sensação ruim de abandono de novo, mas notei que estava sendo observada e olhando em volta franzi o cenho quando identifiquei de onde vinha o olhar que tanto me incomodava.
Charlie estava no quintal da casa do lado e quando nossos olhares se encontraram ele sorriu de lado. Revirei os olhos maneando a cabeça e entrei em casa, todos estavam assistindo TV e para não atrapalhar apenas acenei dando um cumprimento coletivo enquanto ia para meu quarto.
Já no banheiro deixei que a água quente descesse por meu corpo e junto a ela as lágrimas que não consegui segurar, foi então que comecei a ferir meu corpo mais uma vez.
Eu não me orgulhava nem um pouco daquilo, sabia que era um ato de covardia comigo mesma, mas era o único momento que me sentia bem e livre de tudo que me atormentava. E depois daquele momento terminei meu banho fazendo os curativos logo em seguida.
Resolvi passar um tempo sentada na sacada olhando as estrelas e fumando um cigarro. Como em todas as noites desde que aquilo se tornou rotina pensei como seria acabar com tudo de uma vez, imaginei como seria a vida de cada pessoa que me conhecia se eu não existisse mais.
No mesmo instante pensei em meus irmãos, no quanto eles sofreriam com minha partida e a coragem se esvaiu de mim. Eu não conseguia deixá-los sozinhos.
E mais uma vez, dessa sem nem perceber, comecei a chorar, mas agora de uma maneira mais sôfrega que pelo visto chamou a atenção de alguém, e esse alguém acendeu a luz do quarto vizinho.
Charlie.
Nossos olhares se encontraram e o dele trazia preocupação assim como suas feições.
Pela primeira vez em todos esses anos não me importei que estivesse me vendo daquela forma, fraca e vulnerável, apenas baixei a cabeça abraçando minhas pernas me deixando levar pelo choro até que cada lágrima levasse minha dor embora.
(06:45 a.m)Aquele era o quarto cigarro que fumava dentro dos dez minutos que estava ali sentada no banco em frente ao colégio. Com o tempo que fazia não era tão estranho estar de moletom.A atenção que tinha no cigarro entre os dedos foi tirada no mesmo instante que senti um perfume amadeirado pouco conhecido pelo meu olfato.—O que faz aqui sozinha? – suspirei pesadamente ainda olhando o nada, mas aquilo não pareceu intimidar o garoto que se sentou ao meu lado —Sei que a gente acabou de se conhecer e ao que parece você não gosta muito de mim, mas fiquei realmente preocupado ontem. Quer conversar?—Certas coisas são melhores guardar para si mesmo. – minha voz saiu baixa enquanto voltava o cigarro para os lábios.—Tudo bem, mas se mudar de ideia sabe onde me encontrar.Charlie se levantou entrando no prédio e com um suspiro longamente pesado fiz o mesmo.Nos corredores todos me olhavam da maneira de sempre, com nojo, medo e muitos outros sentimentos que eu apenas ignorava. Entrando na
(Charlie)O show havia terminado já fazia pelo menos vinte minutos, mas isso não diminuiu a animação das pessoas e tive de impressão de estarem com ainda mais energia.Richard depois de algum tempo de insistência conseguiu subir no palco junto de Kevin, conversavam com o casal da banda enquanto o meu baterista apreciava seu momento no instrumento que tanto admirou.Tom estava em meio a algumas garotas em um canto afastado, elas riam de alguma idiotice que o garoto falava e maneei a cabeça imaginando o que poderia ser.Eu olhava em volta prestando a atenção em cada canto procurando uma única pessoa que me interessava e depois de minutos encontrei Sophia no bar. Estava com outras roupas, os cabelos presos pareciam estar molhados e entre as mãos uma lata que notei ser de energético.Me aproximava devagar e as cenas do que fez na última música voltavam a mente como se estivessem acontecendo de novo, e mais uma vez tive a mesma vontade de tê-la pra mim.—Estou surpreso, foi um show e tanto
(Sophia)O último sinal havia tocado e não demorei a sair da sala, Charlie me acompanhou até mesmo no caminho para casa. Vez ou outra o garoto fazia alguma idiotice apenas para que eu desse risada, e dava muito certo.—Então, o que acha de a gente sair a tarde? Dar uma volta ou algo assim. – perguntou assim que chegamos em frente a minha casa.—Desculpa, mas não vou poder. Tenho que ir trabalhar daqui a pouco. – o sorriso que tinha no rosto se tornou triste em segundos e engoli em seco me sentindo mal por aquilo.—Tudo bem, uma próxima vez quem sabe. – ele acenou e me deu as costas.—Charlie. – no mesmo instante ganhei sua atenção e tive a impressão de ter visto uma ponta de esperança em seus olhos —Meus amigos e eu vamos passar o fim de semana fora, quer ir com a gente?—Com certeza.E lá estava ele, o sorriso que havia me encantado. Foi difícil não retribuir o ato e um tanto estranho me sentir envergonhada com sua resposta.(Charlie)Com certeza.O que diabos acabou de acontecer? O
(Charlie)Meu corpo queimava em desejo por ela e pelo olhar dela sabia que a garota sentia o mesmo, os olhos castanhos fixos nos meus diziam muita coisa e principalmente que ela me queria tanto quanto eu a queria.—Charlie. – sua voz interrompeu meus pensamentos e notei vergonha em suas feições —Acho melhor a gente voltar.—Ah, tudo bem. – me levantei a ajudando e arrumei minhas roupas —Desculpa.—Pelo quê?—Não sei, só achei que deveria me desculpar.—Tá tudo bem. – seu sorriso era pequeno e tímido, mas ainda era lindo.Sorri de volta pegando sua mochila e seguimos para a casa lado a lado, não ousei chegar tão perto dela, mesmo querendo. Tinha que respeitar o espaço dela.Encontrando os outros dentro da casa, as meninas arrumando a sala e os meninos na cozinha, e passamos o resto da noite e parte da madrugada assistindo filmes enquanto comíamos. Na hora de dividir os quartos acabei no mesmo cômodo que Scoth, enquanto isso Sophia ficou com Jane.Nada mais justo, mas o silêncio naquele
(Sophia)Eu não poderia ter começado o dia pior do que já estava.Depois de todo o choro do dia anterior acordei com uma insuportável dor de cabeça, mas não poderia fugir da escola. Diferente do trabalho que havia conseguido alguns dias de folga.Passando pelo portão principal avistei Charlie conversando com Gabrielle e meu sangue ferveu de raiva no mesmo instante, mas decidi respirar fundo e seguir caminho pelo corredor.Notei o garoto com certa esperança no olhar quando passei por eles, escolhi não fazer nada e continuar caminhando como se ambos não existissem, mas acabei parando no meio do caminho notando meus amigos virem em minha direção.Cada um mais apreensivo que o outro e Scoth com expressões sérias, o que era raro.—O diretor liberou a gente, vamos embora. – o garoto falou colocando as mãos nos meus ombros enquanto me levava para fora.A voz tão séria quanto suas feições.—Mas por quê? O que aconteceu? – perguntei confusa com a situação.Ao nosso lado, ainda perto dos armári
(Sophia)Qualquer um que a olhasse naquele momento se perguntaria; como uma mulher como ela não ajudou os filhos quando eles mais precisaram? Por muito tempo ouvi as pessoas cochichando e se perguntando como ela pode nos abandonar daquela forma.Pois bem, essa é Cordelia Mason, agora muito mais cuidada que antes, os cabelos escuros estavam loiros e muito bem-vestida.—Que isso minha linda, pode me chamar de mãe. – a mulher tentou se aproximar, mas recuei no mesmo instante.—Sei disso, mas por que será que não chamo? – sorri de forma debochada a olhando —Será que é por que você passou anos maltratando seus filhos e depois decidiu os trocar para viver com um homem rico?—Não foi bem assim. – ri baixo de sua fala e desviei o olhar dela por alguns segundos.—Não? Engraçado dizer isso porque ainda sei como é o peso da sua mão e tenho algumas marcas dos cintos que usou. – cruzei os braços a encarando e a vi engolir em seco —Mas não foi pra isso que vim, quero saber o que quer com a gente. P
(Sophia)Depois de passar o resto da tarde e parte da noite na companhia de Charlie o garoto teve de ir embora, a sensação de solidão durou apenas até ele me ligar. Passamos horas ao telefone, tantas que ele adormeceu e não tive coragem de desligar, fiquei ali ouvindo sua respiração e sorrindo como uma boba.Na manhã seguinte minha rotina foi a mesma; me arrumar e ir a escola.E lá estava, sentada no banco em frente ao prédio fumando meu cigarro, distraída com algumas composições. Ouvi passos se aproximando, mas não me atrevi a olhar, poderia ser qualquer pessoa da banda, Charlie ou até mesmo alguém que eu não queria ver. E caso fosse ele não teria mais como fugir.—Bom dia. – finalmente me virei para ver quem era e me deparei com um homem de cabelos escuros em roupas sociais —Você é Sophia Mason, certo?—Quem quer saber? – o olhei com desconfiança e esperando que não estivesse encrencada.—Me chamo Michael, sou produtor e empresário no ramo musical. – o homem apenas sorriu enquanto e
(Sophia)Assim que as aulas acabaram cada um seguiu caminho para sua casa enquanto Scoth e eu fomos direto para o trabalho.Passamos todo o expediente atendendo entre uma música e outra que cantávamos, o que agradava muito ao chefe por chamar atenção dos clientes e animar todo o local.—Vou conferir o estoque e você arruma as coisas por aqui, depois a gente vai embora. – o maior falou pegando a prancheta sobre o balcão.—Tudo bem. – e ele saiu, no mesmo instante comecei a arrumar a loja e o som do sininho da porta chamou minha atenção, mas ao me virar encontrei quem não queria —Só pode ser brincadeira.—Oi princesa. – sua voz ainda me causava arrepios, só que não mais como antes.—Já faz alguns anos que perdeu o direito de me chamar assim, não acha? – falei com seriedade o olhando da mesma forma, mas foi algo que ele não se importou.Na verdade, ele nunca se importou com nada.—Você é minha filha, Sophia, e a chamo da maneira que quiser. – soltei uma risada de suas palavras e as feiçõ