(Sophia)Qualquer um que a olhasse naquele momento se perguntaria; como uma mulher como ela não ajudou os filhos quando eles mais precisaram? Por muito tempo ouvi as pessoas cochichando e se perguntando como ela pode nos abandonar daquela forma.Pois bem, essa é Cordelia Mason, agora muito mais cuidada que antes, os cabelos escuros estavam loiros e muito bem-vestida.—Que isso minha linda, pode me chamar de mãe. – a mulher tentou se aproximar, mas recuei no mesmo instante.—Sei disso, mas por que será que não chamo? – sorri de forma debochada a olhando —Será que é por que você passou anos maltratando seus filhos e depois decidiu os trocar para viver com um homem rico?—Não foi bem assim. – ri baixo de sua fala e desviei o olhar dela por alguns segundos.—Não? Engraçado dizer isso porque ainda sei como é o peso da sua mão e tenho algumas marcas dos cintos que usou. – cruzei os braços a encarando e a vi engolir em seco —Mas não foi pra isso que vim, quero saber o que quer com a gente. P
(Sophia)Depois de passar o resto da tarde e parte da noite na companhia de Charlie o garoto teve de ir embora, a sensação de solidão durou apenas até ele me ligar. Passamos horas ao telefone, tantas que ele adormeceu e não tive coragem de desligar, fiquei ali ouvindo sua respiração e sorrindo como uma boba.Na manhã seguinte minha rotina foi a mesma; me arrumar e ir a escola.E lá estava, sentada no banco em frente ao prédio fumando meu cigarro, distraída com algumas composições. Ouvi passos se aproximando, mas não me atrevi a olhar, poderia ser qualquer pessoa da banda, Charlie ou até mesmo alguém que eu não queria ver. E caso fosse ele não teria mais como fugir.—Bom dia. – finalmente me virei para ver quem era e me deparei com um homem de cabelos escuros em roupas sociais —Você é Sophia Mason, certo?—Quem quer saber? – o olhei com desconfiança e esperando que não estivesse encrencada.—Me chamo Michael, sou produtor e empresário no ramo musical. – o homem apenas sorriu enquanto e
(Sophia)Assim que as aulas acabaram cada um seguiu caminho para sua casa enquanto Scoth e eu fomos direto para o trabalho.Passamos todo o expediente atendendo entre uma música e outra que cantávamos, o que agradava muito ao chefe por chamar atenção dos clientes e animar todo o local.—Vou conferir o estoque e você arruma as coisas por aqui, depois a gente vai embora. – o maior falou pegando a prancheta sobre o balcão.—Tudo bem. – e ele saiu, no mesmo instante comecei a arrumar a loja e o som do sininho da porta chamou minha atenção, mas ao me virar encontrei quem não queria —Só pode ser brincadeira.—Oi princesa. – sua voz ainda me causava arrepios, só que não mais como antes.—Já faz alguns anos que perdeu o direito de me chamar assim, não acha? – falei com seriedade o olhando da mesma forma, mas foi algo que ele não se importou.Na verdade, ele nunca se importou com nada.—Você é minha filha, Sophia, e a chamo da maneira que quiser. – soltei uma risada de suas palavras e as feiçõ
(Charlie)Dormir bem à noite foi quase impossível com o que havia acontecido, mas o que tornou tudo pior foi Sophia ter me visto com Gabrielle.De manhã senti tanta raiva quanto na noite anterior ao ver a garota de madeixas roxas ao lado do ex-namorado, meu sangue ferveu ao ver Sophia e Andrew aos risos enquanto fumavam. Muita coisa começou a rodar minha cabeça, mas preferi não fazer nada e segui para a sala mesmo sem ela. Pouco depois a garota entrou se sentando ao meu lado.—Arrumou um amigo novo? – perguntei ganhando a atenção de Sophia.—Desde quando você se preocupa com as amizades que eu faço? – seu cenho franziu e as feições ganharam seriedade.—A questão não é essa, só é estranho você o tratar tão mal em um dia e no outro agir como se fosse seu melhor amigo.—Conhece o significado de desculpa? – a olhei confuso e a garota deu de ombros —Andrew se mostrou arrependido e eu só o desculpei. Não me sinto mal com isso.—Claro, e já começa agir como se nada tivesse acontecido? – ante
(Sophia)Meus braços ardiam enquanto o sangue descia junto com a água do banho, minha cabeça doía de tanto ter chorado.Depois do ocorrido com Charlie fui ao velho parque para tentar organizar meus pensamentos, mas minha solidão não durou muito e Andrew apareceu com meus amigos em seu encalço. Todos se juntaram para discutir e gritar, tanto comigo quanto com o garoto, e não aguentando aquela situação apenas me levantei pegando a mochila. Scoth gritava meu nome enquanto eu caminhava para casa.Não tinha pressa e qualquer um poderia até dizer que estava me arrastando.Passei o resto do dia trancada no quarto com o mínimo de iluminação e as músicas sempre baixas, tudo apenas contribuía para que meu estado piorasse.E piorou.Quando dei por mim estava em meio a um surto de choro que me levou a mais um dia de feridas abertas, de todos os tipos.Pela manhã ainda me sentia péssima, mas levantei arrumando tudo e fiz meus curativos antes de seguir para a escola. Ao chegar avistei Andrew logo n
(Charlie)Eu lia em voz alta cada palavra daquela porcaria de livro tentando fazer com que meu cérebro se lembrasse delas mais tarde, a professora de literatura cobraria aquilo, mas todos os meus esforços pareciam inúteis.Então a voz de Sophia chamou minha atenção. A garota estava sentada ao meu lado olhando os próprios pés enquanto recitava com facilidade o trecho que eu tentava decorar.—Tem como você ser um pouquinho menos nerd? – a garota riu baixo comigo.—Perdi a conta de quantas vezes já li esse livro. – maneei a cabeça guardando o livro na mochila e voltei a olhar a menina.Parecia estar com o pensamento distante, a expressão deixava claro isso, mas só fiquei preocupado quando notei seu cenho franzir e os olhos ganharem um brilho diferente do habitual. Seguindo seu olhar notei o alvo de tal mudança.Andrew Baker estava encostado ao muro do colégio trocando o mesmo olhar com Sophia. Cheguei a pensar que a qualquer momento eles poderiam se matar apenas com aquilo.A garota entã
(Sophia)Finalmente o grande dia havia chegado e eu estava nervosa à espera de meus amigos, já tinha até perdido a conta de quantos cigarros havia fumado naquele meio tempo.Notei Charlie passar pela porta e ficou alguns instantes apenas me observando, resolvi ignorar sua presença como vinha fazendo durante todo esse tempo. Ainda lembrava bem das palavras dele.—Sophia. – ele estava próximo e engoli em seco sentindo o nervosismo me tomar —A gente pode conversar?Respirei fundo pensando no que seria melhor naquele momento, continuar o ignorando ou me render a uma conversa, mas quando estava prestes a me virar para o garoto Scoth parou com o carro a nossa frente e a ponta abriu no segundo seguinte.—Vamos embora. – o maior falou do banco do motorista, mas o olhar furioso estava em Charlie.Sim, ele sabia o que tinha acontecido. Era meu melhor amigo em meio ao nosso grupo e sabia tudo que acontecia comigo, Scoth e eu éramos como irmãos gêmeos.Entrei no veículo dando uma última olhada pa
(Sophia)Quando Emma me deixou em casa era por voltas das oito horas da noite e acenei enquanto ela ia embora.Aquele tempo com ela havia sido agradável e divertido, mas meu coração batia rápido todos vez que nossos olhares se encontravam e para minha infelicidade o motivo era outro par de olhos castanhos.Respirei fundo sentindo a culpa me atingir e, por mais louco que pudesse ser, fui até a casa ao lado. Precisava falar com Charlie, precisava dele ao meu lado e sabia o que tudo aquilo significava.Toquei a campainha esperando ansiosa que fosse ele a atender e para minha surpresa foi exatamente o que aconteceu.—Oi. – falei baixa e nervosamente.—Oi. – ele não parecia diferente e o modo como mexeu no cabelo provava isso.—Você pode dar uma volta comigo pra gente conversar, ou está ocupado? – a surpresa ficou estampada em suas feições, mesmo dando um sorriso pequeno.—Claro, posso sim. Só vou me trocar e avisar meus amigos. – sorri de lado vendo o rosto do garoto corar.—Certo, dez mi