(Sophia)Quando Emma me deixou em casa era por voltas das oito horas da noite e acenei enquanto ela ia embora.Aquele tempo com ela havia sido agradável e divertido, mas meu coração batia rápido todos vez que nossos olhares se encontravam e para minha infelicidade o motivo era outro par de olhos castanhos.Respirei fundo sentindo a culpa me atingir e, por mais louco que pudesse ser, fui até a casa ao lado. Precisava falar com Charlie, precisava dele ao meu lado e sabia o que tudo aquilo significava.Toquei a campainha esperando ansiosa que fosse ele a atender e para minha surpresa foi exatamente o que aconteceu.—Oi. – falei baixa e nervosamente.—Oi. – ele não parecia diferente e o modo como mexeu no cabelo provava isso.—Você pode dar uma volta comigo pra gente conversar, ou está ocupado? – a surpresa ficou estampada em suas feições, mesmo dando um sorriso pequeno.—Claro, posso sim. Só vou me trocar e avisar meus amigos. – sorri de lado vendo o rosto do garoto corar.—Certo, dez mi
(Sophia)—Meu pai revisou o contrato minunciosamente e disse que não tem problema assinarmos. – Scoth falou deixando sua pasta sobre a mesa de centro e se sentou ao lado da namorada —Mas vocês conhecem o senhor Carter e sabem que não foi só isso que ele disse.—E ele sabe qual é nossa resposta sobre o tomem muito cuidado com qualquer coisa que for adicionada. – Jack causou uma risada de quase todos ao tentar imitar o sogro, a exceção foi a minha seriedade que não demorou a ser notada —Que cara é essa? Tá parecendo uma uva passa agora.—Nossa, você é tão engraçado. Por que não tenta vaga de palhaço? – falei com indiferença e todos me olharam em um misto de confusão e surpresa —Foi mal.—O que houve? Você ficou esquisita desde que decidiu falar com o Michael. – Scoth tinha o cenho franzido e as feições levemente sérias, apenas dei um suspiro pesado desviando a atenção dele —Diga de uma vez.—Michael é o marido da Cordelia.—O quê? – a surpresa e o espanto foram coletivos.—Pois é. – me
—Espero que dessa vez você aprenda, Sophia. – Carmen disse antes de abrir a porta.—Duvido muito. –dei uma risada baixa e quando estava prestes a entrar a mulher me puxou de volta.—Estou falando sério menina. Já é a quinta vez em menos de duas semanas que você vem parar na detenção. – seu olhar era sério —O que você quer da sua vida afinal?—Você não vai querer saber. –puxei meu braço me livrando de seu toque e entrei na sala.Tive a grande surpresa de encontrar o novato sentado em uma das carteiras da fileira do meio. Ele mal chegou na escola e já está na detenção? Depois eu sou o mal exemplo e a encrenqueira.—É bom vê-la de novo, senhorita Mason. – o diretor falou com ironia tirando minha atenção do revoltado recém-chegado, apenas acenei para ele e me sentei na fileira atrás do garoto —Daqui a duas horas estarei de volta. Não se esqueçam que estarei de olho nas câmeras.Assim que o velho saiu coloquei os pés sobre a mesa e peguei o celular junto dos fones, o volume estava no máxim
(06:45 a.m)Aquele era o quarto cigarro que fumava dentro dos dez minutos que estava ali sentada no banco em frente ao colégio. Com o tempo que fazia não era tão estranho estar de moletom.A atenção que tinha no cigarro entre os dedos foi tirada no mesmo instante que senti um perfume amadeirado pouco conhecido pelo meu olfato.—O que faz aqui sozinha? – suspirei pesadamente ainda olhando o nada, mas aquilo não pareceu intimidar o garoto que se sentou ao meu lado —Sei que a gente acabou de se conhecer e ao que parece você não gosta muito de mim, mas fiquei realmente preocupado ontem. Quer conversar?—Certas coisas são melhores guardar para si mesmo. – minha voz saiu baixa enquanto voltava o cigarro para os lábios.—Tudo bem, mas se mudar de ideia sabe onde me encontrar.Charlie se levantou entrando no prédio e com um suspiro longamente pesado fiz o mesmo.Nos corredores todos me olhavam da maneira de sempre, com nojo, medo e muitos outros sentimentos que eu apenas ignorava. Entrando na
(Charlie)O show havia terminado já fazia pelo menos vinte minutos, mas isso não diminuiu a animação das pessoas e tive de impressão de estarem com ainda mais energia.Richard depois de algum tempo de insistência conseguiu subir no palco junto de Kevin, conversavam com o casal da banda enquanto o meu baterista apreciava seu momento no instrumento que tanto admirou.Tom estava em meio a algumas garotas em um canto afastado, elas riam de alguma idiotice que o garoto falava e maneei a cabeça imaginando o que poderia ser.Eu olhava em volta prestando a atenção em cada canto procurando uma única pessoa que me interessava e depois de minutos encontrei Sophia no bar. Estava com outras roupas, os cabelos presos pareciam estar molhados e entre as mãos uma lata que notei ser de energético.Me aproximava devagar e as cenas do que fez na última música voltavam a mente como se estivessem acontecendo de novo, e mais uma vez tive a mesma vontade de tê-la pra mim.—Estou surpreso, foi um show e tanto
(Sophia)O último sinal havia tocado e não demorei a sair da sala, Charlie me acompanhou até mesmo no caminho para casa. Vez ou outra o garoto fazia alguma idiotice apenas para que eu desse risada, e dava muito certo.—Então, o que acha de a gente sair a tarde? Dar uma volta ou algo assim. – perguntou assim que chegamos em frente a minha casa.—Desculpa, mas não vou poder. Tenho que ir trabalhar daqui a pouco. – o sorriso que tinha no rosto se tornou triste em segundos e engoli em seco me sentindo mal por aquilo.—Tudo bem, uma próxima vez quem sabe. – ele acenou e me deu as costas.—Charlie. – no mesmo instante ganhei sua atenção e tive a impressão de ter visto uma ponta de esperança em seus olhos —Meus amigos e eu vamos passar o fim de semana fora, quer ir com a gente?—Com certeza.E lá estava ele, o sorriso que havia me encantado. Foi difícil não retribuir o ato e um tanto estranho me sentir envergonhada com sua resposta.(Charlie)Com certeza.O que diabos acabou de acontecer? O
(Charlie)Meu corpo queimava em desejo por ela e pelo olhar dela sabia que a garota sentia o mesmo, os olhos castanhos fixos nos meus diziam muita coisa e principalmente que ela me queria tanto quanto eu a queria.—Charlie. – sua voz interrompeu meus pensamentos e notei vergonha em suas feições —Acho melhor a gente voltar.—Ah, tudo bem. – me levantei a ajudando e arrumei minhas roupas —Desculpa.—Pelo quê?—Não sei, só achei que deveria me desculpar.—Tá tudo bem. – seu sorriso era pequeno e tímido, mas ainda era lindo.Sorri de volta pegando sua mochila e seguimos para a casa lado a lado, não ousei chegar tão perto dela, mesmo querendo. Tinha que respeitar o espaço dela.Encontrando os outros dentro da casa, as meninas arrumando a sala e os meninos na cozinha, e passamos o resto da noite e parte da madrugada assistindo filmes enquanto comíamos. Na hora de dividir os quartos acabei no mesmo cômodo que Scoth, enquanto isso Sophia ficou com Jane.Nada mais justo, mas o silêncio naquele
(Sophia)Eu não poderia ter começado o dia pior do que já estava.Depois de todo o choro do dia anterior acordei com uma insuportável dor de cabeça, mas não poderia fugir da escola. Diferente do trabalho que havia conseguido alguns dias de folga.Passando pelo portão principal avistei Charlie conversando com Gabrielle e meu sangue ferveu de raiva no mesmo instante, mas decidi respirar fundo e seguir caminho pelo corredor.Notei o garoto com certa esperança no olhar quando passei por eles, escolhi não fazer nada e continuar caminhando como se ambos não existissem, mas acabei parando no meio do caminho notando meus amigos virem em minha direção.Cada um mais apreensivo que o outro e Scoth com expressões sérias, o que era raro.—O diretor liberou a gente, vamos embora. – o garoto falou colocando as mãos nos meus ombros enquanto me levava para fora.A voz tão séria quanto suas feições.—Mas por quê? O que aconteceu? – perguntei confusa com a situação.Ao nosso lado, ainda perto dos armári