(Charlie)Dormir bem à noite foi quase impossível com o que havia acontecido, mas o que tornou tudo pior foi Sophia ter me visto com Gabrielle.De manhã senti tanta raiva quanto na noite anterior ao ver a garota de madeixas roxas ao lado do ex-namorado, meu sangue ferveu ao ver Sophia e Andrew aos risos enquanto fumavam. Muita coisa começou a rodar minha cabeça, mas preferi não fazer nada e segui para a sala mesmo sem ela. Pouco depois a garota entrou se sentando ao meu lado.—Arrumou um amigo novo? – perguntei ganhando a atenção de Sophia.—Desde quando você se preocupa com as amizades que eu faço? – seu cenho franziu e as feições ganharam seriedade.—A questão não é essa, só é estranho você o tratar tão mal em um dia e no outro agir como se fosse seu melhor amigo.—Conhece o significado de desculpa? – a olhei confuso e a garota deu de ombros —Andrew se mostrou arrependido e eu só o desculpei. Não me sinto mal com isso.—Claro, e já começa agir como se nada tivesse acontecido? – ante
(Sophia)Meus braços ardiam enquanto o sangue descia junto com a água do banho, minha cabeça doía de tanto ter chorado.Depois do ocorrido com Charlie fui ao velho parque para tentar organizar meus pensamentos, mas minha solidão não durou muito e Andrew apareceu com meus amigos em seu encalço. Todos se juntaram para discutir e gritar, tanto comigo quanto com o garoto, e não aguentando aquela situação apenas me levantei pegando a mochila. Scoth gritava meu nome enquanto eu caminhava para casa.Não tinha pressa e qualquer um poderia até dizer que estava me arrastando.Passei o resto do dia trancada no quarto com o mínimo de iluminação e as músicas sempre baixas, tudo apenas contribuía para que meu estado piorasse.E piorou.Quando dei por mim estava em meio a um surto de choro que me levou a mais um dia de feridas abertas, de todos os tipos.Pela manhã ainda me sentia péssima, mas levantei arrumando tudo e fiz meus curativos antes de seguir para a escola. Ao chegar avistei Andrew logo n
(Charlie)Eu lia em voz alta cada palavra daquela porcaria de livro tentando fazer com que meu cérebro se lembrasse delas mais tarde, a professora de literatura cobraria aquilo, mas todos os meus esforços pareciam inúteis.Então a voz de Sophia chamou minha atenção. A garota estava sentada ao meu lado olhando os próprios pés enquanto recitava com facilidade o trecho que eu tentava decorar.—Tem como você ser um pouquinho menos nerd? – a garota riu baixo comigo.—Perdi a conta de quantas vezes já li esse livro. – maneei a cabeça guardando o livro na mochila e voltei a olhar a menina.Parecia estar com o pensamento distante, a expressão deixava claro isso, mas só fiquei preocupado quando notei seu cenho franzir e os olhos ganharem um brilho diferente do habitual. Seguindo seu olhar notei o alvo de tal mudança.Andrew Baker estava encostado ao muro do colégio trocando o mesmo olhar com Sophia. Cheguei a pensar que a qualquer momento eles poderiam se matar apenas com aquilo.A garota entã
(Sophia)Finalmente o grande dia havia chegado e eu estava nervosa à espera de meus amigos, já tinha até perdido a conta de quantos cigarros havia fumado naquele meio tempo.Notei Charlie passar pela porta e ficou alguns instantes apenas me observando, resolvi ignorar sua presença como vinha fazendo durante todo esse tempo. Ainda lembrava bem das palavras dele.—Sophia. – ele estava próximo e engoli em seco sentindo o nervosismo me tomar —A gente pode conversar?Respirei fundo pensando no que seria melhor naquele momento, continuar o ignorando ou me render a uma conversa, mas quando estava prestes a me virar para o garoto Scoth parou com o carro a nossa frente e a ponta abriu no segundo seguinte.—Vamos embora. – o maior falou do banco do motorista, mas o olhar furioso estava em Charlie.Sim, ele sabia o que tinha acontecido. Era meu melhor amigo em meio ao nosso grupo e sabia tudo que acontecia comigo, Scoth e eu éramos como irmãos gêmeos.Entrei no veículo dando uma última olhada pa
(Sophia)Quando Emma me deixou em casa era por voltas das oito horas da noite e acenei enquanto ela ia embora.Aquele tempo com ela havia sido agradável e divertido, mas meu coração batia rápido todos vez que nossos olhares se encontravam e para minha infelicidade o motivo era outro par de olhos castanhos.Respirei fundo sentindo a culpa me atingir e, por mais louco que pudesse ser, fui até a casa ao lado. Precisava falar com Charlie, precisava dele ao meu lado e sabia o que tudo aquilo significava.Toquei a campainha esperando ansiosa que fosse ele a atender e para minha surpresa foi exatamente o que aconteceu.—Oi. – falei baixa e nervosamente.—Oi. – ele não parecia diferente e o modo como mexeu no cabelo provava isso.—Você pode dar uma volta comigo pra gente conversar, ou está ocupado? – a surpresa ficou estampada em suas feições, mesmo dando um sorriso pequeno.—Claro, posso sim. Só vou me trocar e avisar meus amigos. – sorri de lado vendo o rosto do garoto corar.—Certo, dez mi
(Sophia)—Meu pai revisou o contrato minunciosamente e disse que não tem problema assinarmos. – Scoth falou deixando sua pasta sobre a mesa de centro e se sentou ao lado da namorada —Mas vocês conhecem o senhor Carter e sabem que não foi só isso que ele disse.—E ele sabe qual é nossa resposta sobre o tomem muito cuidado com qualquer coisa que for adicionada. – Jack causou uma risada de quase todos ao tentar imitar o sogro, a exceção foi a minha seriedade que não demorou a ser notada —Que cara é essa? Tá parecendo uma uva passa agora.—Nossa, você é tão engraçado. Por que não tenta vaga de palhaço? – falei com indiferença e todos me olharam em um misto de confusão e surpresa —Foi mal.—O que houve? Você ficou esquisita desde que decidiu falar com o Michael. – Scoth tinha o cenho franzido e as feições levemente sérias, apenas dei um suspiro pesado desviando a atenção dele —Diga de uma vez.—Michael é o marido da Cordelia.—O quê? – a surpresa e o espanto foram coletivos.—Pois é. – me
—Espero que dessa vez você aprenda, Sophia. – Carmen disse antes de abrir a porta.—Duvido muito. –dei uma risada baixa e quando estava prestes a entrar a mulher me puxou de volta.—Estou falando sério menina. Já é a quinta vez em menos de duas semanas que você vem parar na detenção. – seu olhar era sério —O que você quer da sua vida afinal?—Você não vai querer saber. –puxei meu braço me livrando de seu toque e entrei na sala.Tive a grande surpresa de encontrar o novato sentado em uma das carteiras da fileira do meio. Ele mal chegou na escola e já está na detenção? Depois eu sou o mal exemplo e a encrenqueira.—É bom vê-la de novo, senhorita Mason. – o diretor falou com ironia tirando minha atenção do revoltado recém-chegado, apenas acenei para ele e me sentei na fileira atrás do garoto —Daqui a duas horas estarei de volta. Não se esqueçam que estarei de olho nas câmeras.Assim que o velho saiu coloquei os pés sobre a mesa e peguei o celular junto dos fones, o volume estava no máxim
(06:45 a.m)Aquele era o quarto cigarro que fumava dentro dos dez minutos que estava ali sentada no banco em frente ao colégio. Com o tempo que fazia não era tão estranho estar de moletom.A atenção que tinha no cigarro entre os dedos foi tirada no mesmo instante que senti um perfume amadeirado pouco conhecido pelo meu olfato.—O que faz aqui sozinha? – suspirei pesadamente ainda olhando o nada, mas aquilo não pareceu intimidar o garoto que se sentou ao meu lado —Sei que a gente acabou de se conhecer e ao que parece você não gosta muito de mim, mas fiquei realmente preocupado ontem. Quer conversar?—Certas coisas são melhores guardar para si mesmo. – minha voz saiu baixa enquanto voltava o cigarro para os lábios.—Tudo bem, mas se mudar de ideia sabe onde me encontrar.Charlie se levantou entrando no prédio e com um suspiro longamente pesado fiz o mesmo.Nos corredores todos me olhavam da maneira de sempre, com nojo, medo e muitos outros sentimentos que eu apenas ignorava. Entrando na