Srta. Carolina Anuncia Novo Romance
Srta. Carolina Anuncia Novo Romance
Por: Cada passo produz flores
Capítulo 1
— Seja honesto, você já fez amor com Carolina?

A voz rouca do homem se espalhou pelo vão da porta, fazendo com que eu, prestes a entrar, parasse meus passos. Através do vão, observei os lábios finos de Sebastião pressionados de leve.

— Ela tentou, mas eu não estava interessado.

— Sebastião, não humilhe a Carolina dessa maneira. Ela é uma das mais belas do nosso círculo social; muitos caras estão interessados nela.

Quem falou isso foi Pedro Santos, amigo íntimo de Sebastião e testemunha dos nossos dez anos de relacionamento.

— Estamos muito familiarizados, você entende? — Sebastião franziu as sobrancelhas.

Quando eu tinha quatorze anos, fui enviada para a casa dos Martins, onde conheci Sebastião pela primeira vez. Desde então, todos me disseram que ele seria meu futuro marido. E assim vivemos juntos por dez anos.

— Isso mesmo, vocês trabalham na mesma empresa durante o dia, veem um ao outro o tempo todo, e à noite vocês comem na mesma mesa. Devem se conhecer tão bem que até sabem quantas vezes cada um vai ao banheiro por dia.

Pedro provocou, estalando a língua antes de continuar:

— Hoje em dia, não é mais sobre desenvolver sentimentos ao longo do tempo. Tem que haver um mistério entre um homem e uma mulher, aquele desejo não realizado que é emocionante.

Sebastião ficou em silêncio, sem concordar nem discordar.

— Você vai se casar com ela? — A pergunta de Pedro fez meu coração parar.

Os pais de Sebastião queriam que pegássemos a certidão de casamento. Ele nunca aceitou nem rejeitou, e eu também nunca perguntei. Pedro foi direto ao ponto.

Sebastião não respondeu e Pedro riu.

— Não quer casar?

— ...Quero.

— Então quer casar, mas não está satisfeito, certo? — Pedro conhecia Sebastião desde a infância; entendia muito bem seus sentimentos.

— Pedro, já ouviu falar de uma frase? — Sebastião sorriu levemente.

— Qual?

— Algo que não é saboroso o suficiente para comer, mas é lamentável desperdiçar. — Sebastião acendeu um cigarro, e a fumaça obscureceu o rosto que eu amei por dez anos.

Meu coração se apertou. Para ele, eu já havia me tornado algo irrelevante.

— Então, vai casar ou não? — Pedro insistiu e Sebastião o olhou de lado.

— Você quer tanto saber, está interessado nela? Que tal eu lhe dar ela?

Eu, uma pessoa viva, parecia ser apenas um objeto descartável, algo que ele oferecia com tanta facilidade. Se eu fosse sequer um cachorro ou um gato criado por ele, após dez anos, haveria algum sentimento. Mas não era assim.

Ficou claro para mim o quanto eu realmente significava para ele. Mas ele era a luz na minha vida, meu tudo durante esses dez anos.

Fui profundamente ferida por suas palavras; uma vontade de chorar me invadiu... Olhei para o meu documento de identidade na mão, mordendo os lábios firmemente.

— Haha! — Pedro soltou uma risada. — O que está dizendo? Eu, Pedro, não cobiço a mulher dos amigos.

Sebastião apagou o cigarro no cinzeiro e se levantou do sofá.

— Sai daqui, você sempre me incomoda quando aparece.

— É Carolina quem se incomoda, não sou eu. Se não quer nada com ela, seja honesto, não prive a garota de encontrar seu verdadeiro amor. — Pedro lançou essa frase, pegou o casaco no sofá e se levantou para sair.

Quando a porta foi aberta, Pedro me viu e congelou; ele sabia que eu escutei a conversa.

Ele sorriu forçadamente.

— Está procurando por Sebastião, certo? Ele está lá dentro.

Meus dedos apertavam o documento com força, e não consegui falar nada.

Pedro deu uma olhada no documento em minhas mãos, seus lábios moveram ligeiramente, e ele se aproximou de mim, sussurrando:

— Pense bem no que você realmente quer.

Ele tocou de leve meu ombro com o dele e saiu.

O documento em minha mão parecia pesado e quente como um ferro. Engoli em seco e, depois de um momento, entrei no escritório.
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