Fui imediatamente verificar se Afonso estava ferido.Felizmente, ele estava de pé, apenas um pouco pálido.Provavelmente estava assustado!Mas se fosse George aqui, ele certamente não teria medo. Ele realmente não é George.Embora eu soubesse disso, não podia simplesmente ficar parada, mesmo que fosse por causa daquele rosto.Pisei nos cacos de vidro espalhados pelo chão e me aproximei de Afonso. — O que aconteceu?Mas ele não me respondeu, e até seu olhar para mim carregava um certo desdém. Um dos empresários sentados falou: — Quem diabos é você?Outra pessoa o puxou de lado e sussurrou: — É da família Martins.Com o lembrete, o gordinho me avaliou mais cuidadosamente, antes de dizer: — Sebastião não quis mais ela, não é?Olha só, como isso me irrita.Então, como Sebastião ainda tem a cara de pau de querer recomeçar algo comigo?Se eu voltasse com ele, isso daria motivo para essas pessoas comentarem.— Eu sou Carolina, ele é meu homem. Se ele fez algo errado, eu assumo a responsabilid
Pensando nisso, eu senti que algo não estava certo. Eu não havia vindo durante esses últimos dias. E hoje, logo que cheguei, Afonso estava exatamente ali, e exatamente algo aconteceu. Isso parecia ter sido planejado por alguém intencionalmente.Eu fui diretamente para o parque de estacionamento e enfrentei o gordinho ao qual eu havia batido na cabeça: — Diga, hoje quem mandou vocês incomodar as pessoas?Metade da cara do gordinho estava sangrando. Se fosse eu antes, eu provavelmente ficaria tremendo de medo, mas não sei a partir de quando eu já me tornei forte.— Eu não entendo o que você está dizendo.O gordinho olhava para mim com medo em seus olhos.Embora a violência não seja recomendada, mas sempre funcionava. Eu o tinha acertado com aquele cinzeiro e o tinha feito se calar.Eu sorri e olhei em volta. Parece que o gordinho percebeu minha intenção e imediatamente se recuou: — Sra. Carolina, não me incomode.Eu o olhei diretamente nos olhos: — Se você disser, eu não terei nada a o i
— Pago a dívida que lhe devo!A resposta de Afonso foi bem direta e me fez lembrar da sua antiga má compreensão sobre mim.— Então, como é que você apareceu justamente no momento em que eu estava em perigo? Devo suspeitar de que foi você quem planejou esse embuste? — Usei suas próprias palavras.Afonso não mostrou muitas mudanças de emoções e olhou fixamente para a frente:— Desculpe, eu me enganei sobre você.Eu fiquei surpreendida,e ele percebeu tão rápido?— Ouvi o gordinho falando no celular. O embuste de hoje foi planejado por Miguel, do Grupo Martins.As palavras de Afonso me deixaram perplexa, o gordinho claramente disse Sebastião logo agora.— Você não acredita? — Afonso olhou para mim. — Eu gravei a conversa.Ele logo tirou o celular e me deu. Eu peguei o celular, que já estava iluminado automaticamente, e toquei no botão de reproduzir a gravação:…Sr. Miguel, está feito. Sra.Carolina acha que foi o Sr. Sebastião... Minhas mãos tremiam levemente. Eu não esperava que Miguel fo
A ponta do meu dedo sentiu uma dor aguda e instintivamente tentei puxar a mão de volta, mas Afonso a segurou firmemente e disse baixinho: — Aguenta só um pouco, já vai acabar. A voz dele estava incrivelmente suave, bem diferente da frieza com que ele costumava me tratar. A mudança repentina no comportamento dele me pegou desprevenida, e eu não conseguia entender suas intenções. A enfermeira era bem profissional e, em poucos instantes, retirou um caco de vidro da ponta do meu dedo. Ela segurou o fragmento e me mostrou: — Olha o tamanho! Se ficasse preso na pele, continuaria doendo. Eu realmente não fazia ideia de quando tinha me cortado, mas provavelmente aconteceu quando peguei o cinzeiro para jogar em alguém. Depois de desinfetar meu machucado, a enfermeira colou um curativo sobre o corte. — Obrigado. — Afonso agradeceu à enfermeira e soltou minha mão. Rapidamente, recolhi minha mão de volta. Olhei para o curativo e, em seguida, para ele. — E você? — Perguntei. — E
Eu estava muito perto de Afonso, a ponto de minha voz sair um pouco suave. Fiz de propósito. Queria testar a reação dele. Dizem que os homens não resistem a uma provocação, então queria ver o quão firme ele era. — Vamos para a sua casa.— Afonso falou com a mesma expressão de sempre e, assim que terminou a frase, afastou-se de mim. Olhando para ele desse jeito, não pude evitar lembrar de como conheci George no começo. Ele parecia exatamente assim, imune a qualquer provocação. Levei Afonso para minha casa. Ele cozinhava, enquanto eu fiquei do lado de fora, observando-o. Ele usava o avental que George costumava usar. Lavava e cortava os ingredientes calmamente, sem pressa, como se George realmente tivesse voltado. Naquele momento, mais uma vez, tive a sensação de que ele era Geo. Nesse dilema sobre Afonso ser ou não George, eu sempre me contradizia. Ora aceitava, ora negava. Eu estava sentada ali, abraçando os joelhos e olhando para Afonso, completamente perdida em pensa
— Vem jantar.Afonso me chamou.Eu não me mexi, apenas o olhei enquanto Afonso organizava os talheres:— Vem experimentar o gosto.Ele, sob a iluminação da luz, realmente se parecia muito com George, tanto que parecia ser a mesma pessoa, especialmente o modo como ele misturava mingau logo agora.As pessoas podem fingir, mas muitas vezes os pequenos gestos e os hábitos não podem ser fingidos espontaneamente.Então, Afonso é meu Geo, não é?Com essas reflexões, eu me levantei e me aproximei dele. Quando cheguei atrás de Afonso, eu o abracei e coloquei minha cara às suas costas.Afonso obviamente ficou rígido, mas ele não me afastou. Em vez disso, ele disse:— Podemos jantar agora.Eu perguntei em voz baixa: — Você é George, não é?Afonso não respondeu. Eu, em seguida, girei o seu corpo e o olhei fixamente na sua cara:— Não há ninguém mais aqui, apenas eu e você. Me diga que você é George, pode?— Eu não sou.Três palavras terminaram cruelmente minhas ilusões.— Eu sou Afonso!Ele enfati
Fiquei sem palavras... Naquele momento, corei sem entender o motivo e percebi que, de alguma forma, ele tinha me surpreendido. Ele parecia sério, um completo novato, mas, para minha surpresa, era um verdadeiro mestre. Interessante! Curvei levemente os lábios em um sorriso discreto, mantendo minha expressão tranquila diante da situação.— Estás imaginando coisas. Depois de dizer isso, coloquei a tigela de mingau na mesa, levantei-me e fui até o sofá para assistir TV. Afonso não parecia apressado nem incomodado. Simplesmente limpou os respingos de mingau em sua roupa e começou a arrumar a mesa. Depois de lavar a louça e organizar a cozinha, saiu e perguntou: — Posso usar o banheiro? — Claro, fique à vontade! —Espondo, evitando olhar para ele. Não sabia por quê, mas aquela simples brincadeira dele me deixou desconfortável, incapaz de encará-lo diretamente. Talvez, no fundo, eu realmente quisesse que ele ficasse. Sua fala havia atingido um ponto sensível dentro de mim, e iss
— Seja honesto, você já fez amor com Carolina?A voz rouca do homem se espalhou pelo vão da porta, fazendo com que eu, prestes a entrar, parasse meus passos. Através do vão, observei os lábios finos de Sebastião pressionados de leve.— Ela tentou, mas eu não estava interessado.— Sebastião, não humilhe a Carolina dessa maneira. Ela é uma das mais belas do nosso círculo social; muitos caras estão interessados nela.Quem falou isso foi Pedro Santos, amigo íntimo de Sebastião e testemunha dos nossos dez anos de relacionamento.— Estamos muito familiarizados, você entende? — Sebastião franziu as sobrancelhas.Quando eu tinha quatorze anos, fui enviada para a casa dos Martins, onde conheci Sebastião pela primeira vez. Desde então, todos me disseram que ele seria meu futuro marido. E assim vivemos juntos por dez anos.— Isso mesmo, vocês trabalham na mesma empresa durante o dia, veem um ao outro o tempo todo, e à noite vocês comem na mesma mesa. Devem se conhecer tão bem que até sabem quanta