— Senhorita Carolina, o Presidente Martins está procurando por você. — Ana Gomes, que veio comigo, levantou o celular na minha frente.Eu realmente subestimei a persistência de Sebastião. Nesse caso, só podia pegar o celular e responder com um tom cortês: — Presidente Martins, em que posso ajudar?— Lina. — A voz de Sebastião soava rouca, com uma clara nota de desculpa. — Por que você saiu tão cedo hoje? Voltei para casa e não encontrei você.Percebi que ele não queria falar sobre negócios e me afastei um pouco antes de responder: — Saí para tomar café da manhã.— Me desculpe.Eu... ontem à noite... não consegui sair, então não voltei para casa.Meu coração esfriou, dei um sorriso sarcástico e perguntei: — Por que não conseguiu sair? — Sebastião se manteve em silêncio. Segurei a respiração antes de continuar: — Não encontrou uma cuidadora?— ...Não. — Ele respondeu. Eu não disse mais nada e Sebastião continuou: — Lina, a que horas você termina aí? Posso ir se buscar e almoçamos junto
— Se junte a nós.Sebastião não perguntou minha opinião antes de concordar. Lídia se sentou, olhando para a comida à sua frente, com uma expressão de desejo. — Peixe grelhado! Eu estava desejando isso recentemente.— Então, devo pedir mais um foie gras para você? — A naturalidade na fala de Sebastião era notável.— E uma sobremesa também. Quero sorvete de iogurte com calda de morango, e para beber, suco de laranja, — Lídia concluiu, olhando para mim. — Carolina, você quer um suco de laranja também?— Não, eu bebo água. — Disse, enquanto colocava o foie gras no meu garfo na boca.Suave e delicado, ainda com um leve sabor de leite...— Sebastião, o foie gras que você trouxe para mim das últimas vezes também era daqui? As palavras de Lídia me fizeram parar de mastigar o foie gras. Olhei para ele, que parecia visivelmente desconfortável.— Sim. — Sebastião respondeu.Não era de se admirar que ele soubesse que o foie gras daqui era bom; afinal, ele já havia comprado várias vezes para out
Lídia ficou visivelmente desconfortável, seu rosto pálido se tornando ainda mais pálido. A mão que segurava o suco tremia.— Desculpe, eu, eu não fiz de propósito.Ela parecia tão frágil e lamentável, como se eu tivesse dito algo que não deveria, a machucando. Mas eu não parei. Já que comecei, era melhor esclarecer tudo. — Talvez você não tenha feito de propósito, mas nos afetou de verdade. Lídia, já que foi sem intenção, basta prestar atenção no futuro, não precisa pedir desculpas.— Se Fernando estivesse aqui, eu nunca incomodaria Sebastião. — Lídia disse, e lágrimas caíram novamente.Dizem que as mulheres são feitas de água, e Lídia provou isso. Ela soube falar de forma muito habilidosa, dificultando minha resposta.— Carolina. — Lídia olhou para mim, com os olhos cheios de lágrimas. — Procuro Sebastião porque isso foi um pedido de Fernando antes de falecer, e Sebastião prometeu ajudar. — Sua mão não parava de acariciar o copo: — Se não fosse por isso, eu não o procuraria.Ela esta
Sebastião se virou, olhando para mim, seus olhos profundos tremiam e ele parecia surpreso, seguido de uma irritação palpável.— Carolina, na outra hora para ser teimosa, agora Lídia está...— Eu sou sua noiva. — Eu o interrompi.Essa frase me fez sentir tão pequena.Costumava ver cenas assim na TV e achava as protagonistas fracas, não valia a pena desperdiçar palavras com um homem desses.Agora que era eu mesma, entendia plenamente.— Lídia está grávida, não pode se machucar! — Sebastião disse, recuando.Depois de alguns passos, ele se virou e correu para fora.No confronto entre eu e Lídia, ele escolheu ela.Sentada ali, vi claramente quando ele a alcançou, vi quando ele a segurou, e finalmente quando ela se agarrou a ele...Abaixei a cabeça, não consegui mais observar.Independente do que acontecia entre eles, a escolha dele hoje clareou minha mente finalmente.Aquela refeição que eu mal toquei me custou mais de dois mil reais.Não voltei para a casa Martins, mas fui para a casa de L
Seu rosto ficou levemente rígido: — Na situação de ontem à noite, eu estava com medo que algo acontecesse com ela, você sabe que Fernando é o filho único dos pais deles, agora o filho que Lídia carrega é a única esperança da família Nunes, se algo realmente acontecesse...Ele não terminou a frase, mas eu entendi.— Então, tudo que estiver relacionado a ela, você sempre vai a colocar em primeiro lugar, certo? — Perguntei friamente.Sebastião ficou em silêncio por dois segundos: — Depois que o bebê nascer, tudo vai se resolver.Eu ri.No momento em que me virei, o sol nascente feriu meus olhos.Olhei para ele: — Sebastião, mesmo depois que o bebê nascer, haverá novos problemas, ele vai ficar doente, podem ocorrer acidentes, e enquanto você usar essa criança como desculpa, sempre haverá um laço entre você e Lídia, e eu sempre serei a pessoa que você abandona.Sebastião se calou diante das minhas palavras.Deixei clara a minha posição: — Sebastião, se nos casarmos, não quero meu marido cui
No entanto, o parque estava quase concluído, e eu não queria sair neste momento.Durante o almoço, eu estava organizando meu trabalho quando Ana se aproximou com um olhar misterioso: — Senhorita Carolina, você estava menstruada ontem à noite?Olhei para ela: — O quê? Mas sim.Ana sacudiu a cabeça: — Estava me perguntando por que o presidente Martins está com um humor tão ruim hoje, agora entendo que seus desejos não foram satisfeitos.Fiquei confusa por um momento, depois entendi o que ela quis dizer.Bati levemente com a caneta na cabeça dela: — No horário de trabalho, se concentre no trabalho e não em besteiras.Ana riu e me entregou o relatório que revisamos juntas no dia anterior: — Não estou falando besteira, na verdade, todos estão receosos de entrar na sala do presidente Martins hoje, ninguém saiu de lá sorrindo.A imagem de Sebastião jogando as rosas no lixo esta manhã passou pela minha mente. Não sabia se seu mau humor de hoje se devia ao fato de eu não ter sido facilmente con
Lídia ficava imediatamente com o rosto pálido, com lágrimas rolando nos olhos. Ela parecia extremamente vulnerável, prestes a desabar.— Sebastião, você está cansado de mim, não está? — As lágrimas de Lídia caíram enquanto ela fala.Sebastião não disse nada, mas o ambiente ao seu redor ficava carregado.— Se Fernando estivesse bem, eu não se incomodaria... — A voz de Lídia era baixa, mas suas palavras eram pesadas.— Você pode me incomodar, mas não incomode ela. — Sebastião se referia a mim.Parecia que eles iam começar a brigar. Não sabia se devia ficar ou sair.— Entendi, não vou mais os incomodar. — Lídia se virou e saí rapidamente.Dessa vez, Sebastião não a seguiu, mas olhava para mim, eu baixei a cabeça e sigui em direção à saída.Sebastião me acompanhava de perto. Ao sairmos do café, ouvimos o som agudo de um freio de carro.Levantamos a cabeça ao mesmo tempo e vimos Lídia sendo atropelada por um carro que saiu da garagem.— Lídia! — Sebastião exclamou e correu em sua direção.E
Luana percebeu que eu não estava sendo totalmente honesta, mas não insistiu: — Certo, se aviso se souber de algo. Ah, quer vir para minha casa hoje? Se não quer voltar para a casa do Martins, pode ficar aqui.Luana estava de plantão à noite, então ir para sua casa era conveniente.Não queria voltar para a casa dos Martins, especialmente agora que Sebastião e eu estávamos compartilhando o mesmo quarto.Mas ficar na casa de Luana para sempre também não era certo. Mesmo sem namorado, ela precisava de seu espaço.— Ok. — Aceitei a oferta, pelo menos até encontrar um lugar para ficar, era melhor do que um hotel.Mesmo sabendo onde dormir naquela noite, não fui diretamente para a casa de Luana. Dirigi para a periferia da cidade.Essa era a parte antiga da cidade, mas ainda cheia de moradores, a maioria inquilinos devido ao alugue pouco caro.Fui para lá porque era onde eu morava com minha família antes do acidente. Na época, essa área era próspera e bem localizada.Mas em dez anos, toda a vi