Capítulo 6
Lídia saiu ilesa e o bebê esteve salvo, ela voltou para o quarto.

Seu rosto estava pálido, seus olhos vermelhos; com sua aparência delicada, parecia ainda mais frágil e adorável.

— Não se preocupe, o bebê está bem. — Sebastião a confortou.

— Sebastião, estou com tanto medo. — Lídia começou a chorar.

Sebastião pegou um lenço e entregou a ela. Lídia aceitou o lenço e, ao mesmo tempo, agarrou a mão dele, pressionando seu rosto cheio de lágrimas contra o dorso da mão de Sebastião.

Embora ela estivesse em uma situação difícil, será que isso justificava tratar o noivo de outra como se fosse seu próprio homem?

Eu me aproximei.

— Lídia, o médico disse que as emoções da gestante podem afetar o bebê. Você lutou tanto para salvar esse bebê; se continuar a chorar e algo acontecer novamente, será problemático.

Eu estendi minha mão para apoiá-la e a puxei levemente, a afastando delicadamente.

Ao olhar para as lágrimas que ainda estavam na mão de Sebastião, me senti desconfortável, como se algo meu tivesse sido maculado. Sou uma pessoa que valoriza a limpeza, tanto na vida quanto nos relacionamentos.

Lídia pareceu surpresa quando a chamei. Seu rosto endureceu por um momento, mas rapidamente recobrou a compostura.

— Desculpe, Sebastião, veja como estou...

Ela tentou pegar um lenço para limpar a mão de Sebastião, mas eu a impedi.

— Lídia, você não deve fazer movimentos bruscos agora.

O rosto de Lídia endureceu por um instante ao olhar para Sebastião com olhos cheios de lágrimas e uma expressão claramente apaixonada.

— Lídia gosta de você? — Perguntei diretamente a Sebastião ao sairmos do quarto.

— Não! — Sebastião negou.

— E você, gosta dela?

Queria esclarecer tudo de uma vez, em vez de permanecer em um relacionamento confuso.

O rosto de Sebastião endureceu por um instante e, depois de alguns segundos, ele disse baixinho:

— Somos apenas amigos...

Apenas amigos?

— Fernando não está mais aqui. Antes de morrer, ele agarrou minha mão e me pediu para cuidar dela... — A voz de Sebastião tremia, e sua mão pendente também.

Sempre que mencionava a morte de Fernando, ele ficava muito emocionado, como desta vez. Meu coração apertou ao o ver assim.

— Não estou insinuando nada, só percebo que Lídia depende muito de você.

— Ela está grávida e se sente insegura estando sozinha, talvez seja apenas isso. — Sebastião me explicou, olhando para mim com olhos profundos. — Carolina, vou tomar cuidado a partir de agora.

Ele disse isso claramente; o que mais eu poderia dizer? Mesmo assim, o lembrei:

— Embora você queira cuidar dela por Fernando, homens e mulheres são diferentes.

Como aquela cena que vi antes, não quero ver algo assim de novo, não quero me sentir desconfortável.

— Entendi...

Sua voz foi interrompida pelo som de uma maca sendo empurrada com urgência. Me virei para olhar e vi um grupo de pessoas empurrando uma maca em direção a nós. Eu estava prestes a sair do caminho, quando Sebastião disse:

— Cuidado.

Ele me puxou para o lado, e a maca passou com rapidez.

Eu estava no colo dele, podia ouvir seu coração batendo forte. Esse som me lembrou de quando eu tinha acabado de chegar na casa dos Martins e, em um evento escolar, acabei caindo de um lugar alto.

Naquela época, Sebastião correu para me segurar, dizendo que não me preocupasse, e me levou para a enfermaria. Foi a primeira vez que ouvi seu coração bater, tão rápido, tão aflito... Foi naquele momento que comecei a gostar dele de verdade... Agora, seu coração ainda batia rápido, ainda por minha causa.

Fechei os olhos, tentando banir pensamentos confusos, enterrando meu rosto ainda mais em seu peito.

— Vamos para casa, estou cansada. — Pedi.

— Tudo bem, vou avisar a Lídia. — Sebastião beijou minha testa antes de me soltar.

Eu não entrei no quarto, esperei na porta. Não ouvi o que Sebastião falou com Lídia, mas ouvi os soluços dela quando ele saiu do quarto.

Quando voltamos para a casa da família Martins, os pais dele ainda estavam acordados; estavam sentados no sofá assistindo TV, sem falar um com o outro.

Eles raramente conversavam. Eu já tinha perguntado à mãe do Sebastião sobre isso e ela disse que, depois de tantos anos de casamento, não tinham mais muito o que falar.

Sebastião já tinha me contado que, quando eram jovens, o romance dos pais dele era intenso, mas agora havia se tornado tranquilo.

Talvez esse seja o destino do amor.

— Pai, mãe!

— Tio, tia!

Sebastião e eu os cumprimentamos, cada um ao seu modo.

— Vocês já jantaram? Se não comeram, ainda tem comida guardada. — A mãe de Sebastião falou gentilmente.

— Já comemos. — Sebastião respondeu, olhando para mim. — Você ainda está com fome? Quer comer algo mais?

Eu mal comi no jantar, mas agora não estava com fome.

— Não, estou bem.

— Então subam e descansem, vou pedir para a empregada levar leite para vocês. — A mãe de Sebastião sorriu.

Talvez fosse impressão minha, mas algo naquele sorriso parecia estranho, ainda assim, subi as escadas sem pensar muito. Quando abri a porta do quarto, fiquei parada, surpresa, e olhei para Sebastião. Ele também olhou de volta para mim. Antes que pudéssemos descer, a mãe do Sebastião subiu.

— Carolina, esqueci de te avisar, estamos arrumando o quarto do Sebastião para ser o de vocês dois após o casamento. Agora, ele vai ficar no seu quarto.

— Mãe, Carolina e eu vamos morar em outro lugar depois do casamento, por que arrumar o quarto aqui? — Sebastião questionou.

— Só porque vão morar fora, não significa que não vão passar a noite aqui nas festas de fim de ano ou em outros momentos. — Ela o repreendeu com um olhar, puxando-o para a porta do meu quarto. — Vocês dois estão prestes a se casar, não tem problema se ficarem juntos.

— Carolina, você está de acordo? — Ela perguntou.

As palavras que Sebastião disse para Pedro ecoaram na minha mente, me deixando sem resposta.

— Sim, ela concorda. — Sebastião respondeu por mim.

Olhei para ele, e no segundo seguinte, ele envolveu meu ombro com o braço, nos levando para dentro do quarto.

— Mãe, boa noite! — Sebastião antes de fechar a porta.

Nós dois não dissemos nada; o clima estava tenso e um pouco embaraçoso. Especialmente com a cama arrumada com lençóis com rosas, dando a impressão de que aquela era nossa noite de núpcias.

Meu rosto ficou vermelho.

— Eu...vou trocar isso...

Tentei me desvencilhar do braço de Sebastião, mas ele me puxou de volta, me fitando com aqueles olhos profundos. Meu coração batia ainda mais rápido, e minha respiração estava ofegante.

A maçã do rosto de Sebastião tremeu. Ele deu um passo à frente, e todos os meus nervos se retesaram. Ele se aproximava mais e mais; a mão que segurava meu braço subiu lentamente, chegando ao meu ombro, depois ao meu pescoço,enquanto ele baixava o rosto em minha direção. Minhas mãos o agarraram nervosamente.

— Sebastião...

Antes de eu terminar, seus lábios me silenciaram. Seu beijo era feroz e ardente, um que eu nunca havia experimentado antes.

Durante todos esses anos juntos, claro que nos beijávamos. Mas ele sempre dava apenas um beijo rápido, nunca aprofundava. Mas, esta noite, era diferente; seu beijo estava intenso.

Eu estava tão nervosa que meus dentes tremiam, o impedindo de ir mais longe. Sebastião não insistiu; em vez disso, murmurou em meu ouvido:

— Relaxe.

Com isso, senti meu corpo se levantar ligeiramente enquanto ele me colocava na cama. Ao desfazer os botões da minha blusa, meus dedos dos pés se curvaram de nervosismo...

Eu podia ver as veias de sua testa saltarem, sua maçã do rosto tremendo intensamente.

Apesar de não ter experiência no ato, eu sabia o que estava prestes a acontecer. Sentia sua agitação tanto quanto a minha própria...

Talvez ele estivesse errado ao dizer que não tinha interesse, talvez fosse apenas por nunca ter tentado.

Não dizem que só se sabe depois de experimentar?

Fechei meus olhos, esperando por nossa intimidade. Quando senti a brisa fria na pele enquanto ele removia minha blusa, seus lábios começaram a descer para o meu pescoço...

O telefone de Sebastião tocou.

Eu estremeci, puxando seu braço instintivamente.

— Sebastião Martins...
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