Capítulo 5
Minha mão estava doendo de tanto que ele apertava, claramente estava bravo.

Isso era ciúmes?

Mal surgiu esse pensamento, Sebastião soltou minha mão, com o olhar frio:

— Carolina, só porque eu disse aquilo, você vai se vingar assim?

Fiquei surpresa; não esperava que ele pensasse assim.

— Eu não fiz isso, eu... — Comecei a explicar, mas fui interrompida.

— Você tocou onde nele? Você realmente tocou naquela parte? — O maxilar de Sebastião estava tenso, seus olhos estavam ameaçadores.

Ele raramente ficava assim, claramente estava com ciúmes.

Naquele momento, minha frustração diminuiu consideravelmente, ele ainda se importava comigo. Se ele apenas me visse como uma irmã ou amiga, não se importaria se eu tocasse em outro homem.

— Não. — Neguei novamente.

Então, Augusto saiu de dentro e assobiou para mim:

— Pervertida, como assim está flertando com meu cunhado de novo?

A expressão "Da boca de um cachorro não sai uma palavra boa" se encaixava perfeitamente.

Olhando para Augusto com aquele jeito de moleque atrevido, fiquei me perguntando em que vida passada eu fiz inimizade com ele.

Quando os irmãos se aproximaram, especialmente observando a postura graciosa de Lídia, lembrando dela tocando Sebastião, levantei minha mão e agarrei o braço de Sebastião.

Mas claramente senti que seus músculos tensionavam.

— Pare de falar besteira. — Lídia chegou retorcendo a orelha de Augusto. Ela parou na frente de mim e Sebastião, com uma expressão de desculpas. — Sebastião, Carolina, desculpem pelo incômodo.

— Não é culpa sua. — Sebastião olhou para Augusto. — Se você causar mais problemas, ninguém vai te livrar da cadeia na próxima vez.

— Hã? — Augusto olhou para Sebastião desafiadoramente. — Quem é você pra dizer isso? Se você virar meu cunhado, aí eu vou te obedecer.

— Augusto! — Lídia repreendeu enquanto lhe dava outra bofetada. Augusto se esquivou.

— Irmã, ele gosta de você! Caso contrário, por que ele ficaria com você dia e noite, cuidando de você?

Apertei o braço de Sebastião ao ouvir aquilo. Nos últimos dias, ele passava o dia e a noite fora de casa, saindo da empresa por longos períodos. Pelo visto, estava com essa mulher...

Ela era a esposa do seu amigo de consideração, que faleceu em um acidente de carro. Não estava errado ele cuidar dela. Mas precisava cuidar dela todos os dias? Isso a ponto de permitir que os outros interpretassem como outro tipo de sentimento?

— Pare de falar besteira. — O rosto de Lídia ficou vermelho enquanto ela batia mais forte em Augusto.

O adolescente rebelde, irritado com os tapas, ergueu a mão instintivamente, empurrando Lídia, que cambaleou para o lado.

Eu também fui empurrada e quase caí. Quando me recuperei, Sebastião já estava ao lado de Lídia, agachado em um joelho, a segurando.

— Lídia, você está bem? Onde dói?

— Minha... minha barriga dói, Sebastião... — Lídia falou com a voz fraca enquanto segurava o braço de Sebastião.

— Não se preocupe, vou te levar ao hospital. — A voz de Sebastião estava trêmula de preocupação.

Fiquei ali, paralisada como uma estátua. Já tinha visto Sebastião de várias maneiras, mas nunca tão aflito. E essa aflição era por causa de outra mulher.

Sebastião levou Lídia para o carro e me chamou, gritando:

— Carolina, venha dirigir!

Eu ainda estava imóvel, sem reação.

— Rápido, senão minha irmã se machucar de verdade, você verá o que farei com você! — Augusto veio e me puxou agressivamente.

Quando ele me tocou, não sei o que aconteceu, mas levantei a mão e lhe dei um tapa.

— Não me toque!

O rosto pálido de Augusto ficou marcado com cinco dedos. Os dois no carro congelaram, e Augusto ficou surpreso. Ele claramente não esperava que eu reagisse assim, mas, após um segundo, se descontrolou, vindo para me agredir.

— Mulher imunda...

— Augusto! — Sebastião gritou: — Se você tocar nela, te mando de volta para a cadeia agora mesmo.

A ameaça funcionou, Augusto recuou, lançando olhares furiosos para mim e Sebastião enquanto se afastava.

— Augusto! — Lídia chamou, mas logo se dobrou com dor, segurando o estômago. — Está doendo, Sebastião, me leve ao hospital.

— Carolina! — Sebastião me chamou novamente.

Vendo a dor de Lídia, deixei de lado minhas questões e sentimentos, entrei rapidamente no carro e dirigi em alta velocidade até o hospital.

Chegando lá, Sebastião segurava Lídia com urgência.

— Doutor, ela está grávida, caiu e agora está com muita dor.

Grávida?

Senti como se meus pés estivessem presos ao chão, e meu coração afundou. O marido dela não estava mais vivo, como ela poderia estar grávida?

Olhando para o rosto angustiado de Sebastião, uma terrível suspeita começou a surgir.

Lídia foi levada para a sala de emergência, e Sebastião e eu esperamos do lado de fora. Eu não a conhecia o suficiente para sentir grande preocupação. Mas Sebastião estava claramente ansioso, com os olhos fixos na porta da sala de emergência, como se tivesse esquecido que sua noiva estava ao lado dele.

A sensação amarga aumentava em meu peito, e depois de algumas tentativas, resolvi perguntar:

— O filho... é seu?

Eu não queria adivinhar, então perguntei diretamente. Sebastião olhou para mim, surpreso, depois seu olhar ficou mais profundo.

— O que você está dizendo? Claro que não. É o filho do Fernando.

Senti um alívio profundo.

Fernando era o marido de Lídia e um bom amigo de Sebastião. Ele morreu em um acidente de carro há um mês.

— Estou cuidando de Lídia por causa do pedido de Fernando. — Sebastião explicou.

Me lembrei da aparência de Sebastião quando ele voltou para casa após resolver o acidente, com o cabelo desarrumado e a barba por fazer, parecendo um eremita.

Eles tinham um laço forte, e agora que seu amigo estava morto, era compreensível que Sebastião cuidasse da viúva do amigo.

De repente, me senti culpada por minhas suspeitas. Segurei levemente o braço de Sebastião e expliquei a situação com Augusto:

— Eu não toquei no garoto, ele está só tentando me incriminar.

Sebastião me olhou, mexeu os lábios, e depois de um momento, apertou minha bochecha.

— Nada de beber de novo.

Eu queria dizer que eu só tinha bebido um pouco, mas a porta da sala de emergência se abriu antes que eu pudesse responder.

O médico se aproximou de Sebastião, sem nem olhar para mim:

— Assine aqui como responsável pela gestante.

Sebastião olhou para mim, mas pegou a caneta do médico. Antes de assinar, ainda perguntou:

— Doutor, como está a situação?

— Sua esposa está com ameaça de aborto, precisamos fazer uma intervenção para tentar salvar o bebê, mas pode não ser bem-sucedida, então, por favor, assine. — O médico explicou.

— Por favor, doutor, faça o possível para salvar. — Sebastião implorou com urgência.

— Nós faremos. Agora, assine.

Apressado pelo médico, Sebastião assinou seu nome como responsável pela paciente Lídia.

Eu sabia que era só um requisito formal, mas não podia deixar de me sentir mal ao ver o meu noivo se tornar o responsável de outra pessoa.
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