O dono da maior floricultura

Tudo é uma questão de querer. Se há disposição, comprometimento, tempo e oportunidade, as histórias de romance vão bem além de um papel.

É por isso, que seja bom não perder o controle da situação, mesmo quando se perde um coração por mágoas.

Quando abrimos os olhos, morremos, porque viver é mesmo um sonho ilimitado, mas que exige um certo descanso.

Acho que estava em atraso. O relógio despertou, quase meio-dia, eu deveria ter acordado vinte minutos antes...

Apenas escovei os dentes, após uma ducha rápida, penteei o cabelo, peguei a cesta, o walkman e, claro, vesti o meu vestido.

Dessa vez, usava sapatos diferentes. Era isso o que a pressa poderia causar. Corri, aqueles dois quilômetros foram percorridos em tempo recorde.

Tim estava olhando para o relógio e eu disse: Estou aqui!

Ele me mirou de forma direta e apontou para o relógio.

— Eu sei! — disse entoando desculpas.

— Bom, não temos muito para reclamar. Agora, terá sua cesta de flores guardadas com meus instrumentos. E, por favor, você terá que trocar de roupa rapidamente.

— E o que vou usar?

— Tome, são algumas vestimentas da minha avó. — ele me entregou um pacote.

Assenti, e entrei no banheiro da lanchonete para trocar de roupa.

Percebi, ao me olhar no espelho, que faltava algo: O chapéu! — e pus a mão na boca como se aquilo fosse resolver.

Mas coloquei as luvas, a cesta nas mãos, e, pus as minhas roupas ali dentro, além, claro, de um walkman, os sapatos seriam os mesmos que eram meus e que estavam trocados pela pressa.

Quando Tim me viu, declarou: Está muito elegante, senhorita.

Eu agradeci.

Mas ele observou o fato de que: Eu tinha sapatos diferentes e não tinha o chapéu.

O que o fez indagar: E o chapéu? E esses sapatos?

— É apenas a pressa e o atraso.

— Como você será apresentada assim, milady?

— E como me espera apresentar?

— Eu diria que você é minha prima, a lady Lara Pouplain, vinda diretamente de terras estrangeiras, que estuda botânica e, que precisa da flor rara.

— Mas, será que alguém aqui não teria um chapéu?

Ele olhou de um lado para o outro.

Eu acompanhei o olhar para outro canto e, em determinado momento, eu disse: Ei!

E corri em direção à uma moça em um banco da praça.

Ela estava em lamúrias.

E com uma cara inchada.

— Desculpe atrapalhar o seu momento de infortúnio, mas preciso que você me diga, quanto custa o seu chapéu.

— Por que ele estaria a venda?

— Não sei, mas preciso que sim.

Tim chegou bem de repente e, disse: Senhorita, preciso que aceite essa quantia pelo seu chapéu.

— Então, agora, todos querem o meu chapéu?! E por que não querem meu coração partido?

— Porque não é de um coração partido que nesse momento precisamos.

— Quer saber, podem levar a porcaria desse chapéu mesmo, eu não quero mais ter lembranças daquele infeliz.

— Desculpe, então, mas obrigada!

Ela continuou a chorar no banco, agora sem um chapéu. Tim me acompanhou até à um fusca. E disse: A Senhorita Pouplain não poderá chegar a pé naquela mansão.

— Onde você arrumou essa lata-velha?

— É minha máquina ultrapassada, Senhorita.

— Me desculpe. — entrei no carro.

Ele também entrou e, com a cesta que pus no colo, atravessamos a praça, indo em direção ao lado da cidade que continuava o mesmo, sem refletir em uma boa mudança.

Ao chegar na mansão, Tim desceu do carro. A propósito, ele estava vestido em um terno elegante.

O porteiro perguntou: O que deseja, meu senhor?

— Quero falar com o doutor Horácio.

E, sem hesitação, ele voltou para o carro e, deu partida naquele fusca.

Entramos na mansão às sete horas.

E, minutos depois, fomos recebidos, pelo Frederico Horácio.

— Olá, jovens! O que desejam?

— Doutor Frederico, tem-se percebido que seu jardim é vasto e cheio de espécies especiais. Minha prima, a Senhorita Lara Pouplain, estuda botânica na Universidade e gostaria de saber se há possibilidade de fornecer amostras de suas espécies para estudos. — proferiu mexendo nos botões do terno.

— Que interessante! E há quanto tempo estuda, Senhorita Pouplain?

— Há quase três anos. Esse é um dos meus experimentos para o trabalho de conclusão do curso. — falei de forma suscinta.

— Bom, sintam-se à vontade. Eu não vou poder ficar porque tenho reunião com o prefeito, mas vocês terão a companhia do meu mordomo Erlan. Tenham uma excelente pesquisa.

Agradecemos e, após a saída do chefe, nos dividimos pelo jardim, a fim de encontrar a flor de Estralim.

O mordomo tinha um ar sórdido. E ficava me perguntando o nome das espécies. Minha sorte por ser florista, era que sabia de cada uma delas, mas da flor de Estralim, era a única que não estava em minhas memórias.

Tim chegou minutos depois, denotando que também não encontrou o que desejava.

E nos perguntamos: Será que ela existe?

— Do que se referem?

— Da flor de Estralim.

— Aqui não temos essa espécie, Senhorita.

— Mas você poderia me dizer onde posso encontrar para encomendar?

— Eu não sei. — e ele saiu.

Tim e eu, achamos melhor irmos embora.

Talvez a flor não existisse e estávamos nos arriscando demais.

O bairro era perigoso para ser frequentado por nós, caso descobrissem nossa verdadeira identidade.

Voltamos ao fusca, frustrados.

— Eu vou para a praça, preciso pegar algumas flores para vender.

— E eu preciso de um violino.

Dito isso, fomos para o nosso lugar, antes de irmos trabalhar trocamos de roupa. Entreguei as roupas da avó dele e, peguei as minhas.

Coloquei o walkman no pescoço, tirei as luvas e, quando fui entregar o chapéu, ele disse: Esse é seu.

— Verdade. — corei.

Ele sorriu para mim.

— Vamos?

— Vamos.

Ficamos embaixo de uma árvore na praça. Enquanto ele distribuía música, eu vendia flores. Naquele dia, o dinheiro estava escasso para o nosso bolso. Principalmente para o dele.

Ele se foi antes que eu pudesse ver e ajudar.

Consegui vender as flores antes do pôr-do-sol. E voltei para casa.

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