A roda gigante ainda continuou girando atrás deles.E então, após da roda gigante descerem, eles decidiram se unir para o karaokê. Enquanto ela foi ao palco, ele estava convencendo as pessoas a estarem na plateia e dar a nota 10, quando ao final o apresentador perguntasse qual nota ela merecia.Feito sua parte o trato, Ben a observou da plateia. Ela ainda estava escolhendo qual música iria apresentar. E lembrou da música que sempre tocava pelas manhãs na livraria.The Way To My Heart a lembrava de um momento específico na sua vida. Ela sempre sonhou em ganhar de presente um disco da Mandy, mas sua mãe não tinha condições de comprar. Então, sempre que a música era tocada nas rádios, ela pegava uma fita k7 e gravava. E assim, teve sua própria playlist física com as condições que lhe permitiam.Ao voltar para o seu presente, decidiu cantar a música nos versos: When you're close meAnd all that I doIs think about a way to make you stay with mePara quem não sabia cantar,
Com uma bola de futebol se desenrolando no seu pé e chutando de volta o objeto para as crianças que brincavam na rua, Catarina ainda tinha a mesma aparência de antes, mas ela estava mudada. Era o fim de setembro que durou para sempre. - Não entendo o que aconteceu. Faz tanto tempo que até assusta... – Disse olhando um dos seus discos preferidos da loja e que ele estava presente ali desde aquele determinado momento. O álbum se chamava Wild Hope, ele nunca foi de interesse de ninguém naquela cidade. Catarina disse: Talvez um dia, se ninguém te quiser, eu vou te levar. E abraçou o disco, colocando em seu peito, cantando Gardenia, uma de suas músicas preferidas. Bem, eu ouço minha própria vozSoa tão bobaFica dizendo minha história por aíE, em seguida, Catarina entoava o refrão. Um dia, ela ainda o compraria e acompanharia aquela jornada, lendo as letras e vendo o encarte, sorrindo. Catarina só conhecia uma versão de si mesma, para os seus pais, ela conhecia a versão ma
Mas Amanda teve que voltar à vida presente, quando alguém a chamou dizendo: - Lembra de mim? Ela balançou a cabeça com uma expressão confusa ao gesticular não. - Eu sou a Amélia! - Que Amélia? - Não se lembra?!- Não. É alguma cliente antiga? - Talvez...Antes que a conversa pudesse ser continuada, a mãe de Amanda chegou e perguntou: Vamos almoçar, Mandie? Ela disse sim e Amélia saiu. Mas quem poderia ser Amélia? E o que ela queria recordar? Naquele dia, a rua parecia estar cinza. A chuva estava forte. Talvez, não haveria que abrir a livraria. Menos mal, assim haveria uma chance a menos de querer saber quem era Amélia e o porquê dela querer recordar...Não tinha nada do que lembrar-se.Voltou para casa ao meio-dia e meia.Enquanto sua mãe praticava ioga, ela decidiu ir ao seu antigo quarto. Lá ainda estava aquele velho computador. De certa forma, assustava. Assusta não saber do que se tratava a sua mágoa e porque até hoje, isso ainda tinha um domínio grande so
Os dois se reencontraram não apenas fisicamente, mas emocionalmente, em uma dança silenciosa de sentimentos. Quando Amanda falou com Benjamin, era como se o mundo ao redor desaparecesse. Cada conversa que eles tinham, cada troca de olhares, fazia com que ela sentisse que estava, de alguma forma, voltando para casa, para um lugar onde sempre pertenceram um ao outro.O tempo não apagou o que eles tinham, apenas fez amadurecer. Amanda percebeu que havia passado tantos anos buscando palavras para descrever seus sentimentos, quando, na verdade, ao falar com Benjamin, tudo que ela precisava estava ali, no silêncio, no olhar, na cumplicidade que nunca desapareceu. Para Benjamin, Amanda sempre foi a pessoa que ele nunca esqueceu, mesmo sem nunca ter dito isso abertamente.Eles passaram aquela tarde juntos, caminhando pelas ruas, falando de coisas simples, e ao mesmo tempo de tudo o que importava. Quando se despediram, Amanda não tinha todas as respostas sobre o que aquilo significava para o f
Era uma tarde nublada quando Amanda decidiu entrar na pequena livraria da cidade, uma das poucas que ainda resistia ao tempo. O cheiro de papel e tinta sempre a confortava, como se ali o mundo pudesse parar por um momento. Ela estava folheando distraidamente um livro de poesias quando ouviu o som suave da porta se abrindo. Quando levantou o olhar, seu coração quase parou. Era Benjamin.Ela não o via desde o dia em que conversaram na loja de discos, meses antes. O silêncio entre eles desde então havia sido preenchido por saudade, arrependimento, e incerteza. Amanda sabia que o caminho até ali havia sido tortuoso, mas algo a fez perceber que aquele momento era inevitável. Benjamin, com sua postura calma, olhou em sua direção, surpreso e hesitante.Ele se aproximou lentamente, com aquele mesmo jeito tranquilo, mas carregando uma expressão que misturava tantas coisas: mágoa, saudade, e talvez um vestígio de algo que ainda resistia ao tempo. Quando finalmente ficou de frente para ela, os d
Querida senhorita Pouplain,Espero que esta carta se encontre bem, envolta na sua elegância habitual e na serenidade que sempre exala. Te escrevo com um misto de saudade e gratidão, pois, ao longo do tempo, percebo o quanto a sua presença moldou minha vida e minha arte. Às vezes, sinto que as palavras têm dificuldade em capturar a essência de quem você é e da sua influência que ainda é exercida sobre mim. Contudo, tentarei expressar em letras o que, por tanto tempo, habitou meu coração.Desde o primeiro momento em que cruzamos olhares no seu ateliê, ficou claro que algo especial na amizade se formava entre nós. A maneira como você falou abertamente sobre sua vida e como ela te movimenta, como riu e escutou o mundo, é como se a sua persona tem um magnetismo que me atrai como um ímã. A sua essência é quase etérea, como se fosse uma figura saída de um quadro renascentista, e eu, uma mera espectadora admirando a obra-prima diante de mim. Fui capturada pela luz que você emana, pela sabedor
para você, amado J:"Como é bom te amar e dizer, mesmo que escondido, olhando dentro dos seus olhos”.Entrando em cena, abro uma porta. Falas ensaiadas, uma cena que começou do contrário. — Eu hei de ser uma mulher sofisticada — disse quando me mudei. Você era aquela jaqueta jeans que eu esperava encontrar todos os dias no meu guarda-roupa. Mesmo que meu corpo e meu gosto estejam diferentes, ainda afetuosamente lembro do dia que usei-a para te encontrar...mas vamos começar do início. Você me buscou no ateliê, era uma noite escura de leve tempestade, os faróis do seu carro estavam desligados, mas os seus olhos guiavam o caminho, perigoso, mas de bom instinto. Como um mote de poesia, a gente nunca saiu de moda.— Um brinde aos velhos tempos! — você me disse, quando eu abri a porta.— A condução é sua, vamos! — sorri. Apenas frisei o que acabara de escutar numa música estrangeira que tocava em suas rádios experimentais. — Será uma longa jornada. — te ouvir dizer isso parecia
Para você, amada D.Então você foi, numa meia-noite. Da mesma forma que você chegou. Te levei para casa, com os mesmos faróis desligados daquele carro. — Por que você não vai ficar? — ela perguntou. — Alguém nesse momento provavelmente está chorando pedindo colo. — eu disse. — É a nossa bebê? — perguntei. — Talvez. Não posso te dar promessas. E assim ela suspirou, beijou-me e abriu a porta. Sua companhia nunca soube disso, deveríamos ter terminado, mas nós nunca pudemos colocar um ponto final. Eu me mudei, mudei o cabelo, troquei o carro e de amor, também deveras saber sobre isso. Tenho ainda alguns amigos, problemas e solidões. Mas nunca sei quando posso te ter. Lembre-se daquela cabine telefônica e de nós, você estava em um orelhão e eu em uma cabine. Será que isso é importante? Esses objetos transitam em minha natureza, pelas memórias que eles pesam em meus botões. Um carro, duas bicicletas, um lixo. Na vitrine, sacos de dormir, um bote e coturnos. Você sabe