Os dois se reencontraram não apenas fisicamente, mas emocionalmente, em uma dança silenciosa de sentimentos. Quando Amanda falou com Benjamin, era como se o mundo ao redor desaparecesse. Cada conversa que eles tinham, cada troca de olhares, fazia com que ela sentisse que estava, de alguma forma, voltando para casa, para um lugar onde sempre pertenceram um ao outro.O tempo não apagou o que eles tinham, apenas fez amadurecer. Amanda percebeu que havia passado tantos anos buscando palavras para descrever seus sentimentos, quando, na verdade, ao falar com Benjamin, tudo que ela precisava estava ali, no silêncio, no olhar, na cumplicidade que nunca desapareceu. Para Benjamin, Amanda sempre foi a pessoa que ele nunca esqueceu, mesmo sem nunca ter dito isso abertamente.Eles passaram aquela tarde juntos, caminhando pelas ruas, falando de coisas simples, e ao mesmo tempo de tudo o que importava. Quando se despediram, Amanda não tinha todas as respostas sobre o que aquilo significava para o f
Era uma tarde nublada quando Amanda decidiu entrar na pequena livraria da cidade, uma das poucas que ainda resistia ao tempo. O cheiro de papel e tinta sempre a confortava, como se ali o mundo pudesse parar por um momento. Ela estava folheando distraidamente um livro de poesias quando ouviu o som suave da porta se abrindo. Quando levantou o olhar, seu coração quase parou. Era Benjamin.Ela não o via desde o dia em que conversaram na loja de discos, meses antes. O silêncio entre eles desde então havia sido preenchido por saudade, arrependimento, e incerteza. Amanda sabia que o caminho até ali havia sido tortuoso, mas algo a fez perceber que aquele momento era inevitável. Benjamin, com sua postura calma, olhou em sua direção, surpreso e hesitante.Ele se aproximou lentamente, com aquele mesmo jeito tranquilo, mas carregando uma expressão que misturava tantas coisas: mágoa, saudade, e talvez um vestígio de algo que ainda resistia ao tempo. Quando finalmente ficou de frente para ela, os d
Querida senhorita Pouplain,Espero que esta carta se encontre bem, envolta na sua elegância habitual e na serenidade que sempre exala. Te escrevo com um misto de saudade e gratidão, pois, ao longo do tempo, percebo o quanto a sua presença moldou minha vida e minha arte. Às vezes, sinto que as palavras têm dificuldade em capturar a essência de quem você é e da sua influência que ainda é exercida sobre mim. Contudo, tentarei expressar em letras o que, por tanto tempo, habitou meu coração.Desde o primeiro momento em que cruzamos olhares no seu ateliê, ficou claro que algo especial na amizade se formava entre nós. A maneira como você falou abertamente sobre sua vida e como ela te movimenta, como riu e escutou o mundo, é como se a sua persona tem um magnetismo que me atrai como um ímã. A sua essência é quase etérea, como se fosse uma figura saída de um quadro renascentista, e eu, uma mera espectadora admirando a obra-prima diante de mim. Fui capturada pela luz que você emana, pela sabedor
para você, amado J:"Como é bom te amar e dizer, mesmo que escondido, olhando dentro dos seus olhos”.Entrando em cena, abro uma porta. Falas ensaiadas, uma cena que começou do contrário. — Eu hei de ser uma mulher sofisticada — disse quando me mudei. Você era aquela jaqueta jeans que eu esperava encontrar todos os dias no meu guarda-roupa. Mesmo que meu corpo e meu gosto estejam diferentes, ainda afetuosamente lembro do dia que usei-a para te encontrar...mas vamos começar do início. Você me buscou no ateliê, era uma noite escura de leve tempestade, os faróis do seu carro estavam desligados, mas os seus olhos guiavam o caminho, perigoso, mas de bom instinto. Como um mote de poesia, a gente nunca saiu de moda.— Um brinde aos velhos tempos! — você me disse, quando eu abri a porta.— A condução é sua, vamos! — sorri. Apenas frisei o que acabara de escutar numa música estrangeira que tocava em suas rádios experimentais. — Será uma longa jornada. — te ouvir dizer isso parecia
Para você, amada D.Então você foi, numa meia-noite. Da mesma forma que você chegou. Te levei para casa, com os mesmos faróis desligados daquele carro. — Por que você não vai ficar? — ela perguntou. — Alguém nesse momento provavelmente está chorando pedindo colo. — eu disse. — É a nossa bebê? — perguntei. — Talvez. Não posso te dar promessas. E assim ela suspirou, beijou-me e abriu a porta. Sua companhia nunca soube disso, deveríamos ter terminado, mas nós nunca pudemos colocar um ponto final. Eu me mudei, mudei o cabelo, troquei o carro e de amor, também deveras saber sobre isso. Tenho ainda alguns amigos, problemas e solidões. Mas nunca sei quando posso te ter. Lembre-se daquela cabine telefônica e de nós, você estava em um orelhão e eu em uma cabine. Será que isso é importante? Esses objetos transitam em minha natureza, pelas memórias que eles pesam em meus botões. Um carro, duas bicicletas, um lixo. Na vitrine, sacos de dormir, um bote e coturnos. Você sabe
Sentada na calçada, com um vestido de conto de fadas, ela lê essas cartas, se perguntando porque tudo aconteceu de uma maneira tão fascinante. Era só uma adolescente que as encontrou em meio ao lixo que havia numa correspondência de uma casa bem antiga que agora seria seu novo lar. Sempre que olhava para a placa se perguntava: Por que ainda não a venderam? E agora, certamente, sabia a resposta. Aquele lugar parecia irreal para ser continuado por outras pessoas. Ali, havia um pertencimento de um casal para sempre. Mas, ela poderia continuar com uma nova história para aquela que nunca poderia terminar. Fez o trajeto, mas nunca à meia-noite noite, pois acreditava não ser uma boa aventura para uma garota. Com as coordenadas, encontrou uma cabine telefônica e, certamente a mesma vitrine das citadas em suas leituras. Dessa vez, o que se encontrara eram lindos vestidos. Entrou na loja, foi atendida por uma simpática senhora e, pelos lábios vermelhos, jaqueta jeans e calças de
Quando a jovem chega no dia seguinte, Diana disse: sente-se! Essa é uma longa história. A jovem que trouxe um gravador consigo mesma, pediu permissão para gravar, pois queria transformar a história de vida de Diana em um best-seller.Diana começou narrando o cenário da história: Uma flor caiu do ramalhete. Tropeço no vestido longo. Usava headphones conectados à uma espécie de walkman. O ano era 1986, antes de me tornar modista, eu era florista. Estava numa praça. Vendi poucas flores aquele dia.Uma mão atravessou o meu olhar e me deu uma flor. Era de um violinista que trabalhava na praça.Agradeci.Ele tão jovem quanto eu, me convidou para tomarmos um sorvete numa lanchonete. Eu não aceitei. Era a primeira vez que o vi ali. Não seria bom aceitar convite de estranhos.Mas não foi a única vez, eu achei que fosse uma exceção. Não era.No outro dia, vendi todas as flores, mas o dinheiro não foi bom. Tive que vender "a preço de banana". Ser mulher é saber que certamente
Tudo é uma questão de querer. Se há disposição, comprometimento, tempo e oportunidade, as histórias de romance vão bem além de um papel. É por isso, que seja bom não perder o controle da situação, mesmo quando se perde um coração por mágoas. Quando abrimos os olhos, morremos, porque viver é mesmo um sonho ilimitado, mas que exige um certo descanso. Acho que estava em atraso. O relógio despertou, quase meio-dia, eu deveria ter acordado vinte minutos antes... Apenas escovei os dentes, após uma ducha rápida, penteei o cabelo, peguei a cesta, o walkman e, claro, vesti o meu vestido. Dessa vez, usava sapatos diferentes. Era isso o que a pressa poderia causar. Corri, aqueles dois quilômetros foram percorridos em tempo recorde. Tim estava olhando para o relógio e eu disse: Estou aqui! Ele me mirou de forma direta e apontou para o relógio. — Eu sei! — disse entoando desculpas. — Bom, não temos muito para reclamar. Agora, terá sua cesta de flores guardadas com meus instrument