Oi Pessoal. Tudo bem, morecos? Fiquei feliz ao perceber uma crescente no livro, na ultima semana. Infelizmente peço desculpas pela ausência, fiquei presa no trabalho. Mas, vou manter as postagens frequentes. Obrigada pela paciência e compreensão!
Lembro-me como se fosse hoje... Dia 23 de novembro de 2003. 19:00 horas, aproximadamente. 3th avenue st com a E144th st Mott Haven — Bronx — O que você vai fazer amanhã? — Kate me perguntava entusiasmada. — Amanhã...? —Fingi surpresa, embora nós dois soubéssemos a resposta— Vejamos?... vou trabalhar e depois passar o jantar de ação de graças com a minha mulher! — respondi serenamente. O rosto dela apoiado sobre meu peito se contorceu em desprezo. E por instantes pareceu estar concentrada, talvez pensasse no que iria dizer em seguida. — Por que você continua indo pra aquela casa? — Kate andava me questionando sobre isso, muitas vezes, nos últimos meses. A minha resposta era sempre a mesma: — Como assim? Eu moro lá, é pra onde eu vou todos os dias depois do meu expediente.— Ela odiou ouvir isso, por que sabia que era verdade Mesmo assim, se levantou e ficou sentada na cama ao meu lado, me observando atentamente enquanto insistia naquela conversa. — Mentiroso! — me di
Horas mais tarde, eu acordei. Mas, algo havia acontecido durante meu sono. Assim que abri os olhos, percebi que minha visão estava embaçada, tentei me levantar da cama, mas não conseguia. Me sentia fraco e a cabeça estava girando. Eu não enxergava um palmo a minha frente sem ser borrões e sombras, e o braço estava dormente. Com muita dificuldade olhei para baixo e vi que tinha um elástico segurando minha circulação e um pontinho arroxeado ao redor do que parecia ser um furo. Alguém havia me drogado. Passei a mão na cintura. O coldre ainda estava lá. Mas, minha arma havia desaparecido. Por um momento de sobriedade, me lembrei de Kate. Olhei para o lado, mas ela não estava lá. Me forcei a levantar outra vez, e por fim, sentei na cama. Apoiei os braços no colchão e me pus de pé. Não conseguia andar um passo sem sentir que minhas pernas, poderiam ceder a qualquer momento. Comecei a chamar por Kate e nada de resposta. Fechei os olhos e parei, precisava de um minuto antes de tent
Dia, 4 de agosto de 2004. 160 W 87th St — Upper West Sideᵐⁱⁿʰᵃ ᵛⁱᵈᵃ ᵉˢᵗᵃ ᶜᵃᵒᵗⁱᶜᵃ...Depois de alguns meses longe do conforto de uma cama decente e um banho relaxante, nosso corpo fica mal-acostumado. Coisas simples e cotidianas acabam ganhando importância excessivamente desnecessária. Eu deveria estar saboreando este momento como uma segunda chance, mas tudo que eu consigo pensar é sobre aquele dia. Nada tem me tirado mais o sono, do que aquela maldita noite. Detesto não ter respostas.Infelizmente, na vida de um policial seja ele bom ou não, lidar com a frustação deveria ser algo natural. Vivemos uma profissão cheia de surpresas e reviravoltas."Droga! Nem nos meus piores pesadelos, imaginei viver algo assim."Pela primeira vez aqui, depois de tanto tempo, observo cada detalhe atentamente. Noto que minha casa permanece igual, embora eu não a reconheça. O mesmo papel de parede bege, o piso laminado escuro e a decoração vintage que Eva escolheu. Todavia o que aconteceu comigo, faz c
— Não vai me convidar para entrar? Em geral receber uma visita do sogro não costuma ser ruim. Mas, isso não se encaixa, se o mesmo for Raul Thomas Budwin.— Tenho outra opção? — Pergunto com certa aspereza. Raul, passa pelo batente observando cada detalhe. — Eva deve estar trabalhando. — Ele afirma diretamente — Então, vou poupar nosso tempo. Pela expressão em seu rosto, é evidente que essa, não será uma conversa amistosa.— Eu nunca gostei de você, isso é obvio. Gosto menos agora. No entanto, Eva não quis seguir meu conselho e aceitar a entrada do divórcio, quando você ainda estava preso. Não posso dizer que o teor seja uma surpresa. Sempre esperei o dia em que esse momento chegaria.— Estou bem, obrigado! — Uso todo meu sarcasmo— Sendo assim, porque se deu ao trabalho de vir aqui? Ela não costuma voltar atrás no que quer. Eu nunca o deixei se sobrepor. Raul é do tipo de cara que usava sua posição e seu dinheiro, para dominar as outras pessoas. Ele era um babaca com poder, não
Recolho o maço e retomo minha atividade primordial. Decido separar as manchetes por relevância e aproveito para descartar as especulações. No fim, só me restam alguns recortes. As informações levadas a corte e as informações vazadas pela imprensa. De posse dos recortes que valiam minha atenção, utilizo o barbante e a fita para organizar uma linha do tempo. Embora seja pouco, consigo analisar as evidências que tenho e chegar numa direção. Infelizmente nesse caso, a imprensa não conseguiu imagens de dentro do apartamento. As principais evidências que possuo são essas: A arma do crime desaparecida. Um corpo desaparecido, cadáver sem digitais e nossos aparelhos celulares também foram levados. Não houve sinal de arrombamento naquele dia. O assassino deve ter tido acesso ao apartamento em alguma outra ocasião ou usado habilidade de destrancar fechaduras. Muito recorrente a ladrões de carro e assaltantes profissionais. Kate trancou a porta, me lembro disso. A única janela com acesso esta
Aproveito que ela segue em direção as luzes acesas e procuro um disco de vinil especifico. Não é meu estilo musical favorito, mas aprendi a apreciar quando a conheci. Ao encontrar, coloco o disco no tocador e volto para a cozinha. Ando em passos lentos para surpreendê-la, assim que passo pelo batente, ela está distraída, remexendo o molho na panela. Mais perto do que estava antes, o aroma doce de baunilha e o toque floral de sândalo, se infiltram em minhas narinas. Respiro fundo e coloco a mão cobrindo seus olhos. — Eu conheço essas mãos — Apesar do susto, ela relaxa o corpo quando me toca — Posso ver o rosto agora? Retiro as mãos e a viro de frente a mim. Seus olhos azuis delineados por longos cílios, me encaram por alguns segundos. O aroma de comida, o perfume doce de Eva, a sonata tocando ao fundo. Por um momento, me lembrei de como éramos no começo. Nossas aventuras na cozinha, as vezes que fizemos amor nas bancadas. A ideia do jantar parecia melhor agora. — Seja, bem
Em um gesto de carinho ela levanta o braço e me puxa para mais perto, passa por trás do meu pescoço e me abraça. Fico ali parado por um momento, sem saber ao certo, se devo prosseguir ou não. Noto que seu corpo está relaxado, e devido a falta de tensão encaro aquilo como um sinal verde e retribuo o gesto. Seu corpo comparado ao meu é pequeno e se encaixa perfeitamente. Desço a cabeça e apoio em seu peito, ouço o seu coração batendo descompassado. " Noto que Eva está tão apreensiva quanto eu, mas sera que sente por mim o mesmo desejo que sinto por ela ?" Uma vontade quase irrefreável de beijá-la me consome, sinto rua respiração mudar de ritmo, e tenho certeza de que isso responde a minha pergunta. Mas, não sei se essa é uma boa ideia. A imagem do apartamento volta outra vez. Não consigo me livrar dessa cena, minha mente insiste em me punir. Preciso desesperadamente tirar isso da cabeça. Me afasto o suficiente para olhar seu rosto novamente. Eva não se move. Talvez ela também que
A imagem a minha frente, vem como um maldito flashback. A mesma posição, o mesmo ambiente, o mesmo corte. Mas, eu não conheço a garota. — Não faço ideia de quem seja. Ela me dá outra foto para olhar. Dessa vez eu vejo um apartamento, parecido com o de Kate, com exceção dos moveis e da cor da parede. Há sangue para todo lado, marcas de mãos, parece uma volta no tempo. — Onde foram tiradas essas fotos? — Pensei que você pudesse me dizer. Minha irritação começa a beirar o descontrole. Começo a ficar com raiva, aperto a mandíbula tentando conter as palavras quando elas saírem. — Eu não tenho como saber. Por acaso acham que fui eu? Por que eu faria isso agora? Ela não diz nada. Apenas me observa. Eu já fiz tudo o que ela está fazendo, eu sei qual é o jogo. E apesar de saber da minha inocência convictamente e de reconhecer que ela segue os protocolos, não posso evitar a fúria que queima em meu peito. — Eu já repeti isso inúmeras vezes, eu sou inocente. Eu fui incriminado no c