Tanto Cassie quanto eu, ficamos estagnados. Imóveis, absorvendo a descoberta que fiz. Poderia ser uma coincidência, se não fosse óbvio demais. Foi preciso pensar além da caixa. Para quem coleciona pequenos objetos como suvenires, que passam despercebidos, e é meticulosamente inteligente para não deixar rastros e esconder suas digitais, nenhuma anomalia, poderia ser considerada erro ou desatenção. Mesmo tendo observado e identificado, o fio de cabelo, essa descoberta alimenta outras perguntas. Uma coisa que eu preciso descobrir. Por que usar o cabelo de Kate como assinatura? Tudo o que ele apresentou até aqui, parece feito especificamente para chamar minha atenção. O coração e o sangue ainda estão em análise. Preciso ter certeza, se pertencem ou não a Kate. Olhando mais uma vez para as fotos, e os resultados dos testes, percebi mais um pequeno detalhe. As cenas estão distribuídas com outro pequeno padrão. — Você reparou na disposição das duas primeiras vítimas? — Stones olha as co
Esse nome outra vez, volta a me assombrar. Depois de tantos anos me culpando por nunca ter pego o desgraçado, que cometeu aquelas atrocidades, ele volta dos recantos sombrios da minha mente para me visitar. Começo a analisar as cenas dos crimes recentes e os crimes do Da Vinci, as cenas são exatamente bem meticulosas, sem sujeira, além da sua distorcida visão de arte. — Não faz sentido. — Digo depois de passar um tempo processando a informação. Kobayashi me olha esperançoso, na procura de que eu lhe dê alguma coisa para acrescentar no sua pasta. — O que não faz sentido? — As vítimas. O caso do Da Vinci, não foram prostitutas. E sim alguns críticos corruptos, cobradores de propina, gente dessa laia. — Ele também teve uma garota de programa. Você não lembra? — dessa vez é o capitão quem se pronuncia. Ele se levanta e caminha até o quadro de suspeitos, com uma caneta ele escreve o codinome e lista as vítimas. Lara Smith. Esse último nome me desperta lembranças. — Essa não era
O que eu temia, está acontecendo de novo. Vejo a sequência numérica, exatamente igual a mensagem no pager. Minha primeira reação, é pensar em como ninguém notou isso antes? No entanto, minha preocupação se concentra em Jhonatan. — Kobayashi, não saia daqui. Tome cuidado, eu vou ver onde está o Walker. Ele assente e permanece em posição. A mensagem terá de esperar, eu preciso encontrar meu parceiro. Sem desviar os olhos da porta, caminho lentamente, iluminando o trajeto com a lanterna. Estamos complemente no escuro. Meu coração está acelerado, sinto as palpitações se misturando com o nervosismo. Não quero pensar que isso tenha algo a ver, com o nosso suspeito. Me aproximo da porta, e uso a mão que segura a lanterna para abri-la. — Não siga ele. — Ouço a voz do agente me alertar— Se for mesmo o psicopata, essa é mais uma armadilha. — Infelizmente, não posso prometer. — Respondo assim que atravesso o batente. O corredor e tudo ao meu alcance, está envolto num breu absoluto. A lu
Fixo meus olhos na tela do pager. Frisch percebe minha inquietação, e me chama para fora da sala. O corredor está vazio. —Aí, Tenente, o que está pegando? Ele olha ao redor, como se o que estou prestes a contar, pudesse ser um segredo. — Eu já sei o que encontraremos em Bradford. —Respondo em baixo tom, exigindo que ele me peça para repetir. No entanto, não tenho tempo a perder. Entro na sala de observação, com ele atrás de mim, e encontro os presentes com a mesma feição. — Vocês também receberam os resultados dos exames? O capitão confirma. Ele soca a parede ao lado e Kobayashi se aproxima de mim. — O xerife ligou. Acharam outro corpo. Infelizmente, eu previ. Meus instintos me dizem que é Amber Collins. Olho através do vidro e vejo Jayson sentado, impaciente e aparentemente irritado. — Talvez, devêssemos perguntar se ele conhece a garota da mensagem. — Digo. Frisch no canto da sala com os braços cruzados, não diz nada. Mas, percebo que o diretor está perdido em pens
Lembro-me como se fosse hoje... Dia 23 de novembro de 2003. 19:00 horas, aproximadamente. 3th avenue st com a E144th st Mott Haven — Bronx — O que você vai fazer amanhã? — Kate me perguntava entusiasmada. — Amanhã...? —Fingi surpresa, embora nós dois soubéssemos a resposta— Vejamos?... vou trabalhar e depois passar o jantar de ação de graças com a minha mulher! — respondi serenamente. O rosto dela apoiado sobre meu peito se contorceu em desprezo. E por instantes pareceu estar concentrada, talvez pensasse no que iria dizer em seguida. — Por que você continua indo pra aquela casa? — Kate andava me questionando sobre isso, muitas vezes, nos últimos meses. A minha resposta era sempre a mesma: — Como assim? Eu moro lá, é pra onde eu vou todos os dias depois do meu expediente.— Ela odiou ouvir isso, por que sabia que era verdade Mesmo assim, se levantou e ficou sentada na cama ao meu lado, me observando atentamente enquanto insistia naquela conversa. — Mentiroso! — me di
Horas mais tarde, eu acordei. Mas, algo havia acontecido durante meu sono. Assim que abri os olhos, percebi que minha visão estava embaçada, tentei me levantar da cama, mas não conseguia. Me sentia fraco e a cabeça estava girando. Eu não enxergava um palmo a minha frente sem ser borrões e sombras, e o braço estava dormente. Com muita dificuldade olhei para baixo e vi que tinha um elástico segurando minha circulação e um pontinho arroxeado ao redor do que parecia ser um furo. Alguém havia me drogado. Passei a mão na cintura. O coldre ainda estava lá. Mas, minha arma havia desaparecido. Por um momento de sobriedade, me lembrei de Kate. Olhei para o lado, mas ela não estava lá. Me forcei a levantar outra vez, e por fim, sentei na cama. Apoiei os braços no colchão e me pus de pé. Não conseguia andar um passo sem sentir que minhas pernas, poderiam ceder a qualquer momento. Comecei a chamar por Kate e nada de resposta. Fechei os olhos e parei, precisava de um minuto antes de tent
Dia, 4 de agosto de 2004. 160 W 87th St — Upper West Sideᵐⁱⁿʰᵃ ᵛⁱᵈᵃ ᵉˢᵗᵃ ᶜᵃᵒᵗⁱᶜᵃ...Depois de alguns meses longe do conforto de uma cama decente e um banho relaxante, nosso corpo fica mal-acostumado. Coisas simples e cotidianas acabam ganhando importância excessivamente desnecessária. Eu deveria estar saboreando este momento como uma segunda chance, mas tudo que eu consigo pensar é sobre aquele dia. Nada tem me tirado mais o sono, do que aquela maldita noite. Detesto não ter respostas.Infelizmente, na vida de um policial seja ele bom ou não, lidar com a frustação deveria ser algo natural. Vivemos uma profissão cheia de surpresas e reviravoltas."Droga! Nem nos meus piores pesadelos, imaginei viver algo assim."Pela primeira vez aqui, depois de tanto tempo, observo cada detalhe atentamente. Noto que minha casa permanece igual, embora eu não a reconheça. O mesmo papel de parede bege, o piso laminado escuro e a decoração vintage que Eva escolheu. Todavia o que aconteceu comigo, faz c
— Não vai me convidar para entrar? Em geral receber uma visita do sogro não costuma ser ruim. Mas, isso não se encaixa, se o mesmo for Raul Thomas Budwin.— Tenho outra opção? — Pergunto com certa aspereza. Raul, passa pelo batente observando cada detalhe. — Eva deve estar trabalhando. — Ele afirma diretamente — Então, vou poupar nosso tempo. Pela expressão em seu rosto, é evidente que essa, não será uma conversa amistosa.— Eu nunca gostei de você, isso é obvio. Gosto menos agora. No entanto, Eva não quis seguir meu conselho e aceitar a entrada do divórcio, quando você ainda estava preso. Não posso dizer que o teor seja uma surpresa. Sempre esperei o dia em que esse momento chegaria.— Estou bem, obrigado! — Uso todo meu sarcasmo— Sendo assim, porque se deu ao trabalho de vir aqui? Ela não costuma voltar atrás no que quer. Eu nunca o deixei se sobrepor. Raul é do tipo de cara que usava sua posição e seu dinheiro, para dominar as outras pessoas. Ele era um babaca com poder, não