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Red Fire - Vermelho Fogo
Red Fire - Vermelho Fogo
Por: A.R Pamella
Prólogo 1 pt- Um erro

Lembro-me como se fosse hoje...

Dia 23 de novembro de 2003.

19:00 horas, aproximadamente.

3th avenue st com a E144th st

Mott Haven — Bronx

— O que você vai fazer amanhã? — Kate me perguntava entusiasmada.

— Amanhã...? —Fingi surpresa, embora nós dois soubéssemos a resposta— Vejamos?... vou trabalhar e depois passar o jantar de ação de graças com a minha mulher! — respondi serenamente.

O rosto dela apoiado sobre meu peito se contorceu em desprezo. E por instantes pareceu estar concentrada, talvez pensasse no que iria dizer em seguida.

— Por que você continua indo pra aquela casa? — Kate andava me questionando sobre isso, muitas vezes, nos últimos meses.

A minha resposta era sempre a mesma:

— Como assim? Eu moro lá, é pra onde eu vou todos os dias depois do meu expediente.— Ela odiou ouvir isso, por que sabia que era verdade

Mesmo assim, se levantou e ficou sentada na cama ao meu lado, me observando atentamente enquanto insistia naquela conversa.

— Mentiroso! — me disse convicta— Você sempre vem pra cá, sempre me procura.

— Exatamente e depois volto para minha casa, onde eu costumo morar — fiz questão de enfatizar essa parte.

Eu já tinha dito que não queria continuar aquele assunto, nenhuma vez. Mas, Kate insistia sempre.

— Fica comigo amanhã? — o biquinho se formando, enquanto encenava um ar de tristeza.

— E por que eu faria isso? — Respondi secamente.

Eu não conseguia compreender por que de repente, ela passara a se incomodar com a minha vida, com as nossas regras. Eu não estava disposto a ceder o que havíamos combinado, então furiosa, Kate mudou drasticamente de comportamento. Eu sabia que era apenas, algo passageiro. Ela já havia agido daquela maneira outras vezes. Permaneci imóvel, enquanto ela se levantava e começava a recolher minhas roupas do chão e as jogava sobre mim, praguejando alguma coisa sobre eu precisar ir embora. Foi o que eu comecei a fazer, enquanto ela seguia a trilha que se estendia até o sofá, onde meus sapatos estavam, eu comecei a me vestir.

Observei calmamente toda a histeria até que segundos depois, desapareceu do meu campo de visão virando em direção a cozinha.

Já havia vestido minhas roupas, estava verificando a pulseira do meu relógio de pulso, quando ela voltou. Segurava uma garrava de cerveja na mão direita, e na outra um maço de cigarros. Permaneci em silêncio, esse era o nosso jogo. Ela ficava furiosa, saia batendo o pé, e eu a ignorava completamente.

O lugar era pouco arejado. Por isso o aroma de cigarro e suor, mesclado com um incenso de lavanda barato, criava um ambiente um tanto desagradável. Kate estava visivelmente irritada, mas já havia parado de xingar, naquele momento estava séria, me observava através da fumaça que escapava por entre os lábios. Se aproximou de mim e me estendeu a garrafa.

— Já acabou?

Ela não se prestou o trabalho de me responder, tragou o cigarro e começou a soltar círculos de fumaça em minha direção.

— Nós não precisamos, fazer isso todas as vezes. É um desperdício de tempo— Alertei.

— Eu sei — revirava os olhos enquanto, se aproximava cada vez mais— É só que...eu odeio ser só isso.

Sai do quarto e deixei a garrafa na pia minúscula, depois voltei até onde Kate estava. Tirei o cigarro de sua boca e o joguei no chão, tomei o cuidado de apagar as cinzas e puxei o pequeno corpo contra o meu.

— Não quero ter essa conversa de novo. Você sabe das regras...

— É eu sei, mas e se eu não quiser mais? — Kate parecia suplicar, os olhos verdes cerrados, formando pequenas rugas ao redor.

— Vai perder seu cliente favorito...— Enrolei a mão direita no emaranhado de cabelo da nuca e beijei seu pescoço— É isso o que você quer?

Sem esperar por uma resposta, mordi levemente o nódulo de sua orelha. Kate resmungou, mas depois cedeu. Passou os braços no meu pescoço e pulou no meu colo, sustentei seu corpo até encostá-la contra a parede e a beijei com ferocidade. Rapidamente suas mãos hábeis foram retirando minha roupa novamente e voltamos de onde havíamos parado, seguindo por mais um longo tempo.

Depois que terminamos, tomei um banho quente e me troquei. Já era tarde, eu precisava ir embora. Enquanto ajustava o coldre conferindo as balas do revólver, ouvi meu celular sinalizar uma nova mensagem. Kate ainda estava no banheiro, peguei o aparelho e fui conferir o remente. Era um novo recado de Eva.

— Você tem mesmo que ir embora agora?

Ignorei quando Kate apareceu fazendo perguntas e continuei digitando a resposta. Depois de confirmar o envio, voltei a me sentar na cama apertada e encarei a ruiva parada a minha frente.

Kate continuava nua, só usava uma calcinha preta e o cabelo comprido de camiseta. Era possível ver a enorme tatuagem lateral de serpente, que seguia do quadril e descia até o tornozelo. 

— Eva vai passar a noite de plantão! A emergência está agitada hoje! — Comentei furtivamente.

Kate não esboçava nenhuma resposta, apenas ouviu e ficou em silêncio. Percebi que ela estava diferente. Inquieta e calada ao mesmo tempo. Parecia preocupada. Eu não precisava mais ficar, já havia desfrutado das horas em que paguei. Mas, naquele momento não parecia uma ideia ruim. Kate sorria, mesmo que minha intuição dissesse que ela estava fingindo.

Subiu na cama e se jogou sobre mim. Eu continuava vestido, a ruiva encostou a cabeça em meu peito e ligou a televisão no canal de culinária. Tentei prestar atenção no conteúdo, mas meus olhos pesavam. A rotina da delegacia nos últimos meses, estava frenética, por isso eu havia passado dias virado, dormindo mal. Não era surpresa nenhuma que naquele momento de paz, sem telefonemas, eu acabasse dormindo.

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