A imagem a minha frente, vem como um maldito flashback. A mesma posição, o mesmo ambiente, o mesmo corte. Mas, eu não conheço a garota. — Não faço ideia de quem seja. Ela me dá outra foto para olhar. Dessa vez eu vejo um apartamento, parecido com o de Kate, com exceção dos moveis e da cor da parede. Há sangue para todo lado, marcas de mãos, parece uma volta no tempo. — Onde foram tiradas essas fotos? — Pensei que você pudesse me dizer. Minha irritação começa a beirar o descontrole. Começo a ficar com raiva, aperto a mandíbula tentando conter as palavras quando elas saírem. — Eu não tenho como saber. Por acaso acham que fui eu? Por que eu faria isso agora? Ela não diz nada. Apenas me observa. Eu já fiz tudo o que ela está fazendo, eu sei qual é o jogo. E apesar de saber da minha inocência convictamente e de reconhecer que ela segue os protocolos, não posso evitar a fúria que queima em meu peito. — Eu já repeti isso inúmeras vezes, eu sou inocente. Eu fui incriminado no c
Na manhã seguinte, ao sinal do primeiro raio de sol que atinge meu rosto, sinto o sono se dissipar e minha mente ficar desperta. Ao tatear a cama, vejo que a mesma se encontra vazia. Levanto rapidamente e começo a chamar por Eva enquanto desço as escadas apressadamente. Ela me responde com um som bem fraco e abafado. Ao mesmo tempo que me sinto aliviado de ouvir sua voz, a tensão surge quando lembro do depósito. — Onde você está? — Aqui no porão. Vejo a porta da escada entreaberta, e sigo em direção ao piso inferior. Faz muito tempo desde a última vez em que pisei aqui. E Eva também ao julgar pela quantidade de teias e poeira que consigo enxergar. — O que você está procurando? — Pergunto genuinamente curioso. Eva não se esforça em sair do meio das caixas, apenas me chama com a ponta dos dedos e eu me aproximo. — Eu acordei pensando no que me disse ontem. — Ela começa— Eu não quero ficar me sentido desprotegida. Não sei exatamente aonde ela pretende chegar, mas algo me
O departamento como sempre estava agitado. O burburinho das vozes e os sons dos telefones que tocavam ao fundo, faziam daquele ambiente um lugar muito familiar. Embora, eu nunca tenha gostado da parte da papelada, nem do moinho barulhento, naquela situação, me recordei da minha rotina de alguns meses atrás. Onde minha única preocupação era investigar crimes e prender bandidos. Minha localização era privilegiada em relação ao meu trabalho, poderia ter chegado em poucos minutos, no entanto, quando notei que estava sendo seguido por um paparazzo, precisei despistá-lo. Levei aproximadamente mais vinte minutos do que o esperado. Ao chegar na entrada do prédio, deixei o carro estacionado na calçada e corri em direção ao Jhonatan, assim que ele apareceu no saguão. Direcionado por ele, fui levado a uma parte do departamento que pouco frequentávamos. A sala de investigação dos nerds. Ou “ O cérebro” como chamamos entre nós. Os corredores daquele ambiente eram limpos, pintados com um bran
Como se tudo ja não estivesse difícil, me sinto ainda pior quando a encontro chorando. Eu sabia que exercia culpa sobre isso. Todo esforço que ela provavelmente tem feito para aceitar as coisas como elas estão, foi testado hoje quando me vi obrigado a abandoná-la, e sair correndo sem nenhuma explicação. Tenho tomado decisões erradas, desde que conheci Kate. Me meti nessa confusão por estar no lugar errado, com a pessoa errada. E Eva continua pagando por minhas más escolhas. “Que grande babaca eu sou” Por conta, do chuveiro ela não me ouve aproximar, abro a porta de vidro com cuidado e depois desligo a torneira. Assim que a água para de correr, ela apressadamente tira a mão do rosto e ergue a cabeça assustada. Seu semblante suaviza quando me vê, embora seu olhar não tenha mudado com a expressão. Parece sem o mesmo brilho. Pego a toalha e coloco sobre seu corpo, me ajoelhando até atingir sua altura. Ela abaixa os olhos e evita contato visual. No momento desejo abraça-la, mas não
Após as dezoito horas, o relógio parecia correr em câmera lenta.Absolutamente entediado estou terminando de colocar a louça na máquina, quando sinto meu bipe vibrar. Deixo o serviço inacabado para olhar o remetente. Número desconhecido. Minha intuição grita “armadilha”, porém minha curiosidade acaba gritando mais alto. Movo a tecla para o lado e uma sequência numérica aparece. Analiso o que vejo por uns instantes, até perceber que se tratam de altitude e latitude. Uma localização. Minha primeira reação é disfarçar o quanto fico perturbado com o conteúdo. Olho ao redor, a procura de Eva. A encontro entretida, remexendo em alguns papéis. Sem me importar com que fazia antes, saio da cozinha e caminho até onde ela está. Ela levanta ligeiramente o olhar e sorri ao me ver. Tento retribuir sem que ela perceba minha inquietação. Me sento ao seu lado e retiro o celular do bolso. Eu sei que devo reportar para o capitão e não me envolver, mas há algo que me impede de obedecer. — Está tudo
Usando minhas habilidades de furtividade, adquiridas no tempo de serviço ao exército, chego do outro lado sem nenhuma dificuldade. Estacionei em um local estratégico, mal consigo ver a lanterna dianteira com a escuridão ao redor. Sigo de costas para o concreto, fazendo reconhecimento do terreno. Ao que posso ver, encontro algumas câmeras de segurança distribuídas em locais calculadamente planejados. Foi assim que nos viram chegando da outra vez e grande parte das pessoas fugiram, inclusive o traficante que estava vendendo êxtase. Desvio de cada um dos aparelhos de segurança, me esgueirando por pontos cegos até finalmente alcançar as escadas laterais. A escada enferrujada se partiu com a degradação do tempo, parte dela caiu e só me resta uma ponta quebrada. Para minha sorte, estou com meu físico em dia e decido subir. Próximo de mim, jogado entre o mato alto, vejo um pedaço de caixote de madeira. Não preciso dela inteira, só uma estrutura que aguente ao menos meu peso. Subo na caixa e
— Isso, só pode ser brincadeira. — Sussurro, escondido contra a parede.Volto para a sala de onde sai e fico observando a movimentação da janela quebrada. três viaturas comuns, um carro do corpo de bombeiros e dois carros do DICS. Departamento de investigação de Crimes Especiais. Meu departamento. Me sinto aliviado quando vejo Jonathan e o Capitão saindo de um dos veículos. No outro a nossa equipe da perícia. Cassie e Roger.Eu sei que não posso ser visto aqui. Mas, com certeza eles virão até onde estou, quando estiverem periciando. Não há outra pessoa que eu confie mais, que o meu parceiro. Pego meu celular e digito uma mensagem de texto. Vejo quando Jay, recebe a mensagem, com certeza ele solta um palavrão, porque nesse exato momento o Capitão se vira para ele. Permaneço parado, vejo mais duas viaturas chegando, e os policiais que estavam conversando, começam a dar a volta no prédio. Se eles virem a caixa, eu estarei perdido. Da outra vez, que atendemos o chamado aqui no caso suspeit
— Que diabos você está fazendo aqui, Vondrivick? — O Capitão Stuart me olha aborrecido — E você está com ele, Walker? Com a arma ainda apontada para mim, lentamente desço a mão até o pager. — Fica parado, Alexander — Ele adverte impaciente — Sem movimentos bruscos. — Calma, eu só quero mostrar uma coisa. — Aproveito seu silêncio para pegar o aparelho e colocar na mensagem, depois aponto em sua direção — Aqui. O capitão libera uma das mãos para pegar o aparelho, enquanto a outra continua com a arma engatilhada. Ele olha o conteúdo e seu semblante suaviza. — Você deveria ter me ligado. Venha aqui. O Capitão olha em volta e me leva para um lugar afastado. Jay nos segue atento a cada movimentado. Uma vez sozinhos ele também pega seu pager e me mostra a mesma mensagem. — É óbvio que isso é uma armadilha. — Ele começa coçando a cabeça — Eu e o Major, pedimos para você não se envolver. Por que você não escutou? — Eu disse a mesma coisa — Jay nos interrompe. Apenas para ser intimidado