Após as dezoito horas, o relógio parecia correr em câmera lenta.Absolutamente entediado estou terminando de colocar a louça na máquina, quando sinto meu bipe vibrar. Deixo o serviço inacabado para olhar o remetente. Número desconhecido. Minha intuição grita “armadilha”, porém minha curiosidade acaba gritando mais alto. Movo a tecla para o lado e uma sequência numérica aparece. Analiso o que vejo por uns instantes, até perceber que se tratam de altitude e latitude. Uma localização. Minha primeira reação é disfarçar o quanto fico perturbado com o conteúdo. Olho ao redor, a procura de Eva. A encontro entretida, remexendo em alguns papéis. Sem me importar com que fazia antes, saio da cozinha e caminho até onde ela está. Ela levanta ligeiramente o olhar e sorri ao me ver. Tento retribuir sem que ela perceba minha inquietação. Me sento ao seu lado e retiro o celular do bolso. Eu sei que devo reportar para o capitão e não me envolver, mas há algo que me impede de obedecer. — Está tudo
Usando minhas habilidades de furtividade, adquiridas no tempo de serviço ao exército, chego do outro lado sem nenhuma dificuldade. Estacionei em um local estratégico, mal consigo ver a lanterna dianteira com a escuridão ao redor. Sigo de costas para o concreto, fazendo reconhecimento do terreno. Ao que posso ver, encontro algumas câmeras de segurança distribuídas em locais calculadamente planejados. Foi assim que nos viram chegando da outra vez e grande parte das pessoas fugiram, inclusive o traficante que estava vendendo êxtase. Desvio de cada um dos aparelhos de segurança, me esgueirando por pontos cegos até finalmente alcançar as escadas laterais. A escada enferrujada se partiu com a degradação do tempo, parte dela caiu e só me resta uma ponta quebrada. Para minha sorte, estou com meu físico em dia e decido subir. Próximo de mim, jogado entre o mato alto, vejo um pedaço de caixote de madeira. Não preciso dela inteira, só uma estrutura que aguente ao menos meu peso. Subo na caixa e
— Isso, só pode ser brincadeira. — Sussurro, escondido contra a parede.Volto para a sala de onde sai e fico observando a movimentação da janela quebrada. três viaturas comuns, um carro do corpo de bombeiros e dois carros do DICS. Departamento de investigação de Crimes Especiais. Meu departamento. Me sinto aliviado quando vejo Jonathan e o Capitão saindo de um dos veículos. No outro a nossa equipe da perícia. Cassie e Roger.Eu sei que não posso ser visto aqui. Mas, com certeza eles virão até onde estou, quando estiverem periciando. Não há outra pessoa que eu confie mais, que o meu parceiro. Pego meu celular e digito uma mensagem de texto. Vejo quando Jay, recebe a mensagem, com certeza ele solta um palavrão, porque nesse exato momento o Capitão se vira para ele. Permaneço parado, vejo mais duas viaturas chegando, e os policiais que estavam conversando, começam a dar a volta no prédio. Se eles virem a caixa, eu estarei perdido. Da outra vez, que atendemos o chamado aqui no caso suspeit
— Que diabos você está fazendo aqui, Vondrivick? — O Capitão Stuart me olha aborrecido — E você está com ele, Walker? Com a arma ainda apontada para mim, lentamente desço a mão até o pager. — Fica parado, Alexander — Ele adverte impaciente — Sem movimentos bruscos. — Calma, eu só quero mostrar uma coisa. — Aproveito seu silêncio para pegar o aparelho e colocar na mensagem, depois aponto em sua direção — Aqui. O capitão libera uma das mãos para pegar o aparelho, enquanto a outra continua com a arma engatilhada. Ele olha o conteúdo e seu semblante suaviza. — Você deveria ter me ligado. Venha aqui. O Capitão olha em volta e me leva para um lugar afastado. Jay nos segue atento a cada movimentado. Uma vez sozinhos ele também pega seu pager e me mostra a mesma mensagem. — É óbvio que isso é uma armadilha. — Ele começa coçando a cabeça — Eu e o Major, pedimos para você não se envolver. Por que você não escutou? — Eu disse a mesma coisa — Jay nos interrompe. Apenas para ser intimidado
Depois de passar horas, sentado de forma desconfortável. Finalmente me liberaram para ir embora. O capitão conseguiu uma ordem liminar com a promotoria, devido a apuração do conteúdo da mensagem e me deixou em casa, por volta das três horas da manhã. Eva estava dormindo no sofá, quando eu cheguei . Envolvi seu corpo pequeno e frágil, nos braços e a pus na cama. Em seguida, me sentei na poltrona próxima a janela e fiquei observando seu peito subir e descer. Ela estava calma e serena. Um vislumbre da foto, me veio a memória e eu senti o mesmo desconforto de antes. Por um instante, imaginei Eva correndo o mesmo perigo e meu coração disparou. Senti quando os músculos do braço saltaram, a medida que apertei os nós dos dedos. Eu precisaria medir cada passo, até receber a retração que me foi prometida. Não quero que restem dúvidas entre os meus colegas de trabalho, quando voltar a ativa. Somente quando tiver acesso a todas as provas e evidências, relatório e testes, eu poderei avançar com a
Endireitei a postura, e mantive os olhos fixos na figura masculina à minha frente. — Eu já tenho a minha decisão. — ele ajeita os óculos antes de começar a leitura — Com base em todas as provas periciadas, tanto antigas quanto recentes, e dado em vista também, a averiguação conjunta de ambas as linhas de investigações apuradas até o presente momento. Exaltando a carência de fatos, ainda não apurados e a índole do réu acusado, na participação dos crimes ao qual foi sentenciado anteriormente como principal suspeito. Eu, juíz John Manfield, meritíssimo da primeira corte dos Estados Unidos, do Distrito de Nova Iorque... Sinto o coração parar de bater, quando ele finalmente anuncia a fim da sentença. —... considero o réu INOCENTE! de todas as acusações devido a falta de provas contundentes, que afirmam a natureza de suas ações. Peço também, em nome da suprema corte e do estado de Nova Iorque, uma retratação imediata a honra do seus serviços prestados à este país. O réu será realocado
Uma maldit@ caixa de madeira, com um grande laço vermelho. Quando tropeço a estrutura tomba, mas não se abre. No entanto, pela fresta de sua tampa, um líquido escuro e espesso escorre. Me agacho ao lado da caixa sem tocá-la, apenas de olhar vejo que é sangue. — Puta merda! — minha reação espontânea, não contém o palavrão. Eva que até o momento estava escondida, aparece na porta. Os olhos vidrados, presos na caixa, sem expressão. Fica paralisada, em choque. Me levanto e vou até ela, com delicadeza, a puxo pela mão e a levo até o sofá. Em seguida ligo para o Capitão e aviso sobre o carro e o "presente". Aproximadamente, trinta minutos depois, Jhonatan e Cassie, estão na minha porta. Assim, como o carro particular de Raul. — Querida, eu preciso que você fique com sua família essa noite. Tudo bem? Eva ergue os olhos. — Você vem comigo? Eu quero ficar com ela. Mas, não posso. Tenho certeza que o presente, foi enviado pelo assassino. Esse cara precisa ser pego. — Querid
Tanto Cassei quanto eu, ficamos estagnados. Imóveis, absorvendo a descoberta que fiz. Poderia ser uma coincidência, se não fosse óbvio demais. Foi preciso pensar além da caixa. Para quem coleciona pequenos objetos como suvenires, que passam despercebidos, e é meticulosamente inteligente para não deixar rastros e esconder suas digitais, nenhuma anomalia, poderia ser considerada erro ou desatenção. Mesmo tendo observado e identificado, o fio de cabelo, essa descoberta alimenta outras perguntas. Uma coisa que eu preciso descobrir. Por que usar o cabelo de Kate como assinatura? Tudo o que ele apresentou até aqui, parece feito especificamente para chamar minha atenção. O coração e o sangue ainda estão em análise. Preciso ter certeza, se pertencem ou não a Kate. Olhando mais uma vez para as fotos, e os resultados dos testes, percebi mais um pequeno detalhe. As cenas estão distribuídas com outro pequeno padrão. — Você reparou na disposição das duas primeiras vítimas? — Stones olha