Raul Trajano: O Barão de Gran Sierra
Raul Trajano: O Barão de Gran Sierra
Por: E.J.Cruz
A carona

Era um dia festivo na Fazenda Bela Vista. Felícia, a filha caçula do fazendeiro Dante Molina, estava completando dezoito anos. A família e alguns amigos da jovem comemoravam com uma festa simples, mas com bastante música, comida e alegria.

“Amiga, você está linda!”

Elogiou Sarah, melhor amiga de Felícia. Desde a infância as duas compartilhavam os melhores momentos da vida juntas.

Elas tinham a mesma idade, estudavam na mesma escola desde o primário e estavam quase terminado o colegial. Conversavam sobre tudo e às vezes Sarah dormia na casa da amiga, elas se consideravam irmãs.

“Deixa eu colocar mais base, vai te dar mais brilho... Pronto! Agora só falta arranjar um fazendeiro rico.”

“Já falei, não quero namorar com ninguém agora”, respondeu Felícia revirando os olhos.

“Tudo bem! Só toma cuidado para não ficar donzela.”

“Prefiro ficar donzela do que casar com esses homens daqui de Santa Rita.”

“Agora vamos descer? Todos estão esperando para os parabéns.”

[...]

Felícia Molina era uma jovem encantadora que acabara de fazer dezoito anos, cobiçada por todos os rapazes da cidade de Santa Rita.

Seu sonho era estudar moda e design na capital e se tornar uma estilista renomada.

Planejava terminar o colegial e partir para a universidade. Era focada, casaria só depois da faculdade.

A jovem era extremamente linda, de olhos e cabelos castanhos, traços faciais delicados, de aparência refinada e um corpo modelado.

Além de vistosa, era inteligente, aprendeu com a sua avó francesa a falar um francês intermediário, dominava a matemática e adorava filosofia. Todos os rapazes de Santa Rita admiravam sua postura graciosa e estilosa. Sua compostura exalava elegância e, ao mesmo tempo, modéstia.

Sua compostura exalava elegância e, ao mesmo tempo, modéstia.

A família da jovem Felícia era descendente de franceses, uma família nobre dona de muitas terras, afortunada na agropecuária.

O seu pai, Dante Molina, era um fazendeiro conhecido pela criação de vaca leiteira, distribuía leite em toda a região. Era um homem ambicioso e respeitado por todos.

[...]

No período da tarde, depois das aulas, Felícia se juntava aos seus amigos Sarah e Otávio na biblioteca pública, onde estudavam e prosavam assuntos da idade deles.

Otávio era o irmão gêmeo de Sarah, um rapaz culto, sábio e estudante de filosofia. Era um moço de boa aparência com uma prosa diferente, falava igual um poeta! Por isso, Felícia o admirava e gostava de estar perto dele. Ele desejava também ingressar na universidade, no entanto, ajudava seu pai no comércio da família que ficava no centro da cidade de Santa Rita.

[...]

Durante a semana, Felícia tinha a mesma rotina habitual. Logo cedo, partia para a escola, pedalava cinco quilômetros na sua bicicleta e retornava meio-dia.

Numa segunda-feira comum, um dia tranquilo depois do seu aniversário, voltava da escola quando tomou um baita susto ao perceber que o pneu da sua bicicleta estava totalmente esvaziado e, sem alternativa, partiu empurrando a bicicleta até a fazenda no sol quente de meio-dia.

Se animou ao ouvir um barulho de ronco de motor vindo em sua direção acreditando que seria seu pai, já que eram poucos os moradores da região que usufruíam de um automóvel.

Uma caminhonete branca parou ao seu lado e um homem de chapéu e de boa aparência a abordou educadamente:

“Boa tarde, senhorita! Você é a filha do Sr. Molina, estou certo?”

“Sim, sou eu mesma!”

“Sou o engenheiro Raul Trajano, sempre presto serviço na fazenda da sua família.”

Ela respondeu tímida:

“Eu sei, as vezes te vejo por lá.”

“Está com problema com a sua bicicleta?”

“Sim, estourou o pneu.”

“Deseja uma carona? Irei passar na sua fazenda.”

“Eu aceito, obrigada.”

A moça aceitou a carona desconfiada e sem alternativas. Raul conhecia bem aquela jovem, era a filha caçula do fazendeiro Molina. A moça mais cobiçada pelos rapazes de Santa Rita.

Ele pegou a bicicleta e a colocou na carroceria da sua caminhonete, abriu a porta do passageiro como um cavalheiro e pediu que ela entrasse.

No pouco percurso, ela permanecia em silêncio. Ele a observava de canto, depois puxou assunto:

“Você está vindo do colégio?”

“Sim.”

“Está concluindo o colegial?”

“Isso.”

“Pretende ingressar na universidade?”

“Possivelmente.”

A jovem respondia monossilábica, discretamente e sem interesse.

O trajeto acabou, o homem estacionou em frente à cancela, desceu e retirou a bicicleta da moça.

“Obrigada pela carona!”

“Disponha, senhorita, passar bem!”

Ela agradeceu, abriu a cancela e se foi, sem dar ousadia para o homem.

Raul a espiava partir, admirando a graciosidade da jovem. Externalizava seus pensamentos em um murmúrio: “Oh, mulher bonita da porra!”

[...]

Raul Trajano era um homem atraente e de boa aparência, tinha cabelos negros e pele clara, era parrudo e de estatura alta.

Desde pequeno era esforçado, conseguiu ingressar na universidade logo cedo e sua turma de engenharia agrônoma foi a primeira do país.

Era o primeiro filho de uma mãe solteira, Dona Quitéria, uma mulher parda e sofrida. Quando ele fez três anos, Dona Quitéria conseguiu se casar e teve mais duas filhas, Bibiana e Catarina, depois ficou viúva.

O engenheiro agrônomo era conhecido na região por seu trabalho inovador de uso de técnicas eficientes na agricultura e na pecuária.

Seus pensamentos não saiam da bem-afamada Felícia, filha do fazendeiro Molina. Desde o primeiro dia que a conheceu enquanto trabalhava na fazenda da família dela, vivia alucinado com a imagem da moça na sua cabeça.

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