O engenheiro morava em Santa Rita com a mãe e a irmã mais nova num sobrado modesto e aconchegante de três quartos com um quintal extenso. A irmã mais velha, Catarina, vivia na capital estudando enfermagem. Já em casa, a sogra Dona Quitéria apresentava a moradia para a nora: “... E esse será seu quarto e do seu marido. Lá na frente é o banheiro. Amanhã, lhe apresento o quintal.” “Obrigada, Dona Quitéria, agora vou tomar um banho, estou muito cansada.” Na simplicidade do seu novo lar, Felícia olhava tudo com desgosto, lembrando do luxo da sua vida na fazenda. Já no quarto, ela não estava com nenhuma disposição de ter a sua primeira noite numa cama velha e num colchão duro. Enquanto mexia na sua mala, Raul entrou no quarto. “Você pode usar essa parte do armário e o que precisar pode me solicitar, farei de tudo para que se sinta feliz aqui.” Ela só respondeu “Obrigada”, bem baixinho. “Agora você pode sair, pois vou me trocar.” “Não precisa ter vergonha, agora somos casados, vamo
“Agora preciso trabalhar, volto meio-dia para o almoço. Espero que fique bem.” “Vou ficar sim, bom trabalho!”, ela falou com afago, esboçando um sorriso discreto, porém carregado de docilidade e gentileza. Raul prestou serviço numa fazenda durante a manhã e voltou para casa para almoçar e matar a saudade da esposa. Quando passava pelo centro da cidade com sua caminhonete, foi abordado por seu amigo Vicente. “Bom dia, camarada, você está com tempo? Preciso falar com você, tenho algo importante para conversar. A gente pode ir ali no boteco do seu Zé?” “Só vou porque fiquei curioso, seja breve. Não vejo a hora de chegar em casa para cheirar o meu brotinho.” “Vamos, então.” Eles pediram uma bebida. Depois disso, Vicente muito inquieto começou a relatar os boatos que vinha ouvindo na cidade. “Meu amigo, quero falar com você sobre uma história que escutei de uma pessoa aqui na cidade.” “Do que se trata?” “Dizem que a sua esposa fugiu com outro homem na véspera do seu casa
“Raul, por favor, já falei que Otávio é meu amigo. Imagina a vergonha que vai ficar para a minha família.” “Vergonha?! Agora imagina eu e a minha família quando a cidade toda souber o que aconteceu, onde ficará a minha honra?” Nessa ocasião, Felícia já não sustentava mais o choro. “Eu não te toquei, posso anular o nosso casamento. Você segue a sua vida, assim como planejou. Agora, faça as suas malas, te espero lá na sala.” “Eu não vou, não posso voltar.” “Infelizmente acabou, Felícia!” Felícia desmoronou, pensando na vergonha que ela e a sua família iriam se submeter. As pessoas iriam julgá-la por estar desonrada e seu pai não iria aceitá-la de volta. “Otávio nunca me tocou, ele é meu amigo. Eu ainda sou pura!” Evidentemente, aquela afirmação o impactou de forma abrupta e inesperada. Ele mirou a mulher, atordoado com a declaração. “Você não está mentindo para mim, não é mesmo?” “Não, não estou mentindo. Eu ainda sou pura.” “Escuta aqui, Felícia, vou acreditar no que está diz
“Como está a minha filha? Ela está bem?” “Está sim. Vim falar sobre ela. Não sei se o senhor está ciente sobre o boato que me deixou muito enfurecido envolvendo a minha esposa.” “Mas que boato?” “Andam dizendo por aí que Felícia fugiu com outro homem na véspera do nosso casamento e eu quero que o senhor me esclareça essa história, pois estou preocupado com a minha reputação.” O Sr. Molina ficou atordoado com a descoberta do genro, ele respondeu com um nó na garganta: “Meu genro, isso é apenas boato. Realmente, Felícia não queria casar com você e resolveu se esconder na casa de uma amiga, foi só isso que aconteceu.” “Mas não foi dessa forma que o boato se espalhou, fazendeiro. Dizem que o filho do padeiro a pegou aqui e levou para casa dele. Ela fugiu com ele, é essa a história que eu soube em Santa Rita.” “São só fofocas de gente maldosa, filho. Eu te entreguei a minha filha por ela ser uma moça decente, ela jamais teria um caso com um filho de padeiro.” “Sr. Mo
Felícia, ao ver o marido naquelas condições, o levou para o banheiro e o ajudou a tomar um banho, repreendendo-o com um sermão: “Nunca mais faça isso, não vou aturar esse comportamento. Você é um homem casado e tem que se comportar de acordo. As pessoas vão falar e vão comentar. Isso é feio!” Ele retrucou, ressentido e com a voz embargada pelo efeito do álcool: “Feio foi o que você fez... nosso casamento já está na lama. A sua família e a minha são uma vergonha.” “Raul, se você quer vingança, você não terá. Não vou tolerar humilhações, da próxima vez juro que te deixo e vou embora. Não quero continuar com você agindo dessa forma.” “Você não está presa a mim, mulher! Quando desejar, pode partir.” Felícia o deixou e deitou na cama, emburrada e tristonha. Raul terminou seu banho e também caiu na cama. No outro dia, ele não lembrava de nada. Acordou com uma tremenda ressaca e com raiva de si mesmo por ter sido tão depravado. Felícia seguia o seu dia na rotina de sempre, a
Ao amanhecer, ela se achegou ao marido, abraçando-o. Ele retribuiu beijando sua testa. Com a luz do dia iluminando o quarto, Raul percebeu o corpo da mulher marcado, cheio de hematomas principalmente na parte do pescoço e mamilos. Acariciando o rosto da mulher, ele perguntou em tom de preocupação: “Eu te machuquei?” “Não, estou bem!” Timidamente, ela perguntou com tom de voz hesitante: “Agora é possível a gente ser feliz, depois dessa noite?” Ele respondeu serenamente: “A felicidade é construída no dia a dia com a lealdade, fidelidade, confiança e honestidade. E isso só o tempo dirá.” Em clima de paixão, ela confessou ainda acariciando o rosto dele: “Saiba que eu estou disposta a fazer esse casamento dar certo.” Ele apenas acariciou a cabeça dela e beijou os seus lábios corados com desejo. Ela levantou primeiro e se preparou para tomar um banho. “Espere, vamos tomar banho juntos”, pediu Raul. “Não, está louco? E se sua irmã ou sua mãe nos ver entr
Numa sexta-feira à noite, Felícia tinha acabado de tomar banho e entrou no quarto de toalha, secando o cabelo com uma outra toalha. A sua pele estava macia e brilhante e o seu semblante mais leve e, ao mesmo tempo, sedutor enquanto Raul a observava, contemplando-a com um olhar penetrante. “O que foi?” Depois de um suspense, ele respondeu: “Você é tão bela, minha gatinha, ainda não acredito que será minha para sempre.” Ele chegou mais perto e a beijou com desejo. “Quero tê-la agora!” “Agora não, precisamos descer para jantar, a sua mãe está esperando.” “Rapidinho, prometo!” Ele a jogou na cama já ofegante e lhe arrancou a toalha, admirando o seu corpo esculpido. Ela se sentiu envergonhada e tentou cobrir sua intimidade. “Não precisa ter vergonha. Você é minha, só estou contemplando seu corpo perfeito.” Deitou em cima dela e lhe deu um beijo quente e sedutor. Quase como uma fera sedenta, sugou os seus os seios e pescoço com prazer. Em meio ao desejo, ela o puxou par
Raul arregalou os olhos, paralisado com a revelação. Ele não sabia quem era o seu pai biológico já que a sua mãe nunca revelou a informação e sempre lhe dizia que o seu pai havia morrido. Ele perguntou incrédulo: “Tem certeza que o senhor está falando com a pessoa certa?” “Tenho sim. Não é o senhor o engenheiro agrônomo Raul Trajano?” “Sim, sou eu.” “Então estou conversando com a pessoa certa.” “Aqui estão todos os documentos da herança assinados pelo seu pai, com todas as cláusulas. Ele deixou tudo pronto antes de falecer, como uma reparação pelo tempo que não permaneceu com o senhor. A única exigência que ele tem é que o senhor mantenha o seu nome, honra e prestígio. Ele deixou essa carta explicando toda a situação.” Raul pegou a carta e todo o documento da herança, as escrituras, o testamento e as declarações. Ele havia herdado setenta por cento dos bens que o Barão deixou. Também herdaria a sede da fazenda Gran Sierra e as suas duas meias-irmãs ficariam com uma pequ